Congressistas nos EUA tiveram aumento quando votavam acordo

Por Francisco A. de Sousa

Do Infomoney

Com salários maiores, Obama comprou o Congresso para resolver o abismo fiscal?

Principais líderes do Congresso norte-americano tiveram aumento salarial nos mesmos dias em que votavam sobre o evento

Por Felipe Moreno 

SÃO PAULO – O Ibovespa registra forte alta no primeiro pregão do ano, com os investidores animados com a “resolução” do problema do abismo fiscal. Nos EUA, o Congresso – tanto o Senado quanto a Casa dos Representantes – aprovou um plano para evitar o corte automático de gastos combinados com aumento de impostos, que provavelmente jogaria o país em recessão.

Em meio às negociações, Barack Obama, presidente norte-americano, optou por ordenar o fim do congelamento dos salários de congressistas nos EUA – garantindo que nomes como John Boehner, líder republicano da Câmara Baixa, Harry Reid, líder democrata do Senado e Joe Biden, vice-presidente e, por tradição, membro do Senado, visse seus rendimentos se elevarem. Ele comprou o apoio de seus opositores?

Na visão de Pedro Amaro, economista da PAX Corretora, não se pode afirmar isso. “Não sei até que ponto isso influenciava, no jogo político alguém tem que abrir mão, mas isso é quase insignificante, é praticamente só um agrado”, avalia. Para o deputado comum, o aumento foi irrisório: somente US$ 900 por ano.

Biden, Boehner e os demais líderes, porém, receberam um aumento significativo: o salário anual deles agora supera em US$ 50 mil o salário de um deputado ou senador comum. Entre as principais liderenças, Boehner era o principal opositor do plano previamente planejado por Obama: enquanto o presidente queria um aumento de impostos apenas para os mais ricos, o deputado não queria fazer distenção entre faixas salariais. 

A alta é sustentável?
Amaro, porém, chama a atenção para o fato de que o temor principal. “Comprados” ou não, o congresso evitou conversar sobre o tema mais espinhoso de todos: o teto da dívida norte-americana. E foi justamente a ausência de debate que fez com que o abismo pudesse ser evitado. “Isso já era esperado desde que o Timoty Geither [secretário de Tesouro dos EUA] anunciou que teria mais dois meses antes de um calote, o que acabou passando não tem nada demais”, diz. 

Para ele, o que acabou sendo aprovado – e que está impulsionando a bolsa – era fácil e esperado de passar no Congresso e que a verdadeira briga ainda está por vir. “Ainda tem muita água para rolar em meados de fevereiro [época estimada para que o país precise elevar o teto], a briga vai ser muito difícil”, destaca. O ponto fundamental será eliminar o déficit norte-americano para que o país não precise se endividar. 

Atualmente, o país deve US$ 16,32 trilhões e a dívida cresce em cerca de US$ 1 trilhão por ano. Com essas preocupações em mente, a forte alta do primeiro pregão do ano pode ser perigosa: “No momento é só euforia, mas tem vários fatores que puxam a bolsa, que já vinha em um rali muito forte”, afirma Amaro.

Contudo, o economista lança um alerta: se a euforia é o contrário do pânico, é possível que o humor volte a piorar conforme as discussões futuras ocorram. “Historicamente o início do ano é muito bom, mas quem sabe não pode acontecer uma realização?”, finaliza Amaro. 

Luis Nassif

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