A análise da pesquisa Datafolha

É… impressionante. À vantagem de 17 pontos (47 a 30) no primeiro turno corresponde uma de 14 (53 a 39) no segundo. A dianteira na espontânea foi para 14 pontos, também (31 a 17).

O Datafolha ficou igualzinho à Vox… de há dez dias: ambas mostram Dilma com 54% dos votos válidos, ou seja, vitória no primeiro turno mesmo que ela tenha o mínimo possível dentro da margem de erro.

Ela acaba de superar o teto de José Serra, que foram os 46,5% da Sensus de 2008, quando ninguém ouvira falar em Dilma e o Brasil estava no meio da histeria midiática frente à marolinha. E Serra ou rompeu ou está prestes a romper o piso de 30% do PSDB… para baixo. Há apenas nove meses, a diferença entre os dois era inversa.

Porém, nada de alegria antes da hora:

i. O mês de cachorro louco está quase acabando, mas agosto às vezes cai em setembro.

ii. O último rol de pesquisas para o senado ainda não nos dá motivos para alegrias: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=135465

iii. A Globo, como insiste o Rodrigo Vianna, não está morta e enterrada. Basta um factóide um pouco mais sólido, repercutido durante uma semana antes da eleição, para tirar de Dilma os 4% necessários para forçar um segundo turno. A diferença dela para a soma dos adversários é de apenas nove pontos, e não sabemos qual o grau de consolidação dos eleitores que optaram por ela nos últimos dias. E, se estimarmos que Dilma perde mais votos do que os demais candidatos por causa de documentação insuficiente ou abstenção pura e simples – já que suas bases incluem esmagadora maioria entre os mais pobres -, é possível que esses 47% correspondam a uns 43% efetivos no dia da eleição. Nada de salto alto.

iv. Pode já não ser realista esperar que as discrepâncias entre Vox, Sensus e Datafolha continuem. Os problemas do Datafolha eram: amostra de rua, negligenciar a zona rural e ausência da sigla partidária ao lado do nome no cartão de resposta. Com a aproximação da data do sufrágio e o aumento do nível de informação da população, é provável que, destes fatores, apenas a zona rural reste como relevante. Portanto, eu não me surpreenderia se a Sensus de terça desse apenas 19 ou 20 pontos de dianteira para Dilma sobre Serra, já não tão distante do Datafolha assim. Afinal, cedo ou tarde os institutos terão de convergir.

Por outro lado, a fração B/N/I chegou em 12%, que corresponde mais ou menos ao total de brancos e nulos da eleição. Ou seja, os oito por cento de indecisos dificilmente escolherão um candidato, devem ser inconformados tardios que vão votar em branco ou anular. Isso também significa que Dilma, agora, terá de tirar votos de Serra – de Marina parece ser mais difícil, a fração dela parece muito convicta – pois a outra fonte secou.

Esse resultado é ótimo, mas deve servir para animar as campanhas a governador e ao senado e reforçar a militância. Não nos esqueçamos que, em agosto de 2006, as pesquisas ainda davam a vitória de Lula no primeiro turno. O PIG não vai desistir.

Afinal, Dilma dá o exemplo a todos nós e não calça salto alto.

Debruçando-me rapidamente sobre os dados, é impressionante a velocidade com que o Datafolha acusou a subida de Dilma nos oito dias desde a última pesquisa deles: por exemplo, eles tiveram a desfaçatez de dizer que Dilma aumentou de zero para doze pontos sua dianteira entre as mulheres.

Ela há um bom tempo vence em todas as faixas de instrução, mas agora só não vence entre quem tem mais de dez salários mínimos de renda. Nas regiões, abriu 38 pontos de vantagem no Nordeste e está em empate técnico com Serra no Sul (40 a 38 para o tucano). É pena que eles não tenham feito uma expansão para São Paulo.

Agora os correligionários de Serra o esconderão mais ainda. Isso é uma tática revoltante, mas funciona: se conseguirem se desassociar do tucano-âncora (que arrasta tudo para o fundo), ou até conseguirem grudar em Lula, podem lograr eleger mais parlamentares do que se pode presumir apenas de observar a queda desenfreada de Serra. Afinal, Arthur Virgílio está em segundo lugar no Amazonas.

Como dizem, muita calma nessa hora. 

Luis Nassif

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