Neblinas e sombras nas pesquisas

Abaixo, o gráfico atualizado de todas as pesquisas que ocorreram desde que um instituto registrou empate técnico entre Serra e Dilma pela primeira vez (a Sensus, no finzinho de janeiro).

Dá para notar as violentas oscilações de preferência eleitoral, não dá? E mais, ainda que essas oscilações são ainda mais abruptas no caso de Serra, cuja linha parece um traçado de eletrocardiograma (ou, como uma colega comentarista disse aqui, a trajetória do avião de “Apertem os cintos, o piloto sumiu”; neste caso, o piloto tem jeito de ser o Serra).

Minha opinião é que há dois conjuntos metodológicos operando (para não falar em manipulação): o trio IBOPE/CNI, Vox e Sensus, e a dupla IBOPE/AC-SP e Datafolha (com aquela única IBOPE/Globo de brinde).

Se tirarmos a dupla da jogada, obtemos o segundo gráfico, que eu chamo de curva não esquizofrênica.

Repararam como a montanha-russa some, e tanto a ascensão de Dilma se torna suave e a estagnação de Serra se torna evidente?

Para mim – e este comentário apenas repete outro de igual teor que fiz quando saiu a última Datafolha -, isto é o que vem ocorrendo nos últimos meses, e não o primeiro gráfico. É mais fácil de explicar do que ficar procurando causas mágicas (efeitos dos programas partidários, por exemplo) para variações de vários pontos em poucos dias.

Nem Dilma disparou – sua ascensão foi firme e previsível -, nem Serra oscilou.

A dupla Datafolha-IBOPE/AC-SP só confunde a análise. Se essa confusão é simplesmente fruto de uma metodologia incompatível com os outros três, ou se é fruto de, digamos, interesse, não sei. Os dois grupos de séries de pesquisas deveriam estar analisando o mesmo universo de eleitores e chegando a resultados compatíveis entre si, mas parece que a dupla dinâmica está analisando outro universo que não o brasileiro. Vai ver é o de Higienópolis.

Dilma subiu treze pontos em seis meses (o que não é nenhum fenômeno e dispensa recurso a milagres eleitorais), e Serra está onde sempre esteve, nos 33%. O resto, a meu ver, é neblina e sombras.

Mas o Datafolha sai amanhã para redimir o “mais preparado”. 


Luis Nassif

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