Um ano sem Bruno e Dom: Grupo político que sustenta crimes na Amazônia ainda precisa ser investigado

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
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Cobrança por políticas públicas no Vale do Javari é prioridade para segurança da região

justiça Bruno e Dom

Após um ano dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no Vale do Javari (AM), a justiça pelos crimes e a cobrança por políticas públicas a fim de garantir segurança em toda a região seguem com uma intensidade maior. 

Eliesio Marubo, procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), declara que o trabalho a ser feito deve se concentrar não apenas nos mandantes do crime, mas em todo o entorno do grupo político que envolve os responsáveis pela destruição da região.

“A questão da investigação em cima do grupo que dá sustentação política àquele conjunto de atividades ilegais que funcionam na região. Um outro ponto que também é necessário que se investigue é o caminho do crime na região. É necessário que essa investigação analisando esses dois pontos aconteça justamente para que a gente garanta a segurança da região, não só para terra indígena como também para a população do entorno”, declara.

Ele aproveita para cobrar o governo sobre as propostas realizadas durante a transição da gestão, e que elas precisam sair do papel.

“O policiamento ostensivo nos moldes que nós propusemos ao governo, ao atual governo, na comissão de transição, a prioridade que nós indicamos dentro dos 100 dias de governo também não aconteceram e isso faz com que a região fique mais vulnerável”, declara.

O grupo de trabalho

O Ministério dos Povos Indígenas criou um grupo de trabalho para o combate à criminalidade na região. O intuito é ampliar a prevenção dos crimes e facilitar a expulsão dos invasores que ali transitam ilegalmente. Integrarão a equipe os seguintes órgãos e entidades:

•   Ministério dos Povos Indígenas, que coordenará o grupo; Advocacia-Geral da União;  Casa Civil da Presidência da República; Ministério da Defesa; Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania; Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; Ministério da Justiça e Segurança Pública; Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Ministério de Planejamento e Orçamento; Ministério da Saúde, por meio de sua Secretaria Especial de Saúde Indígena; Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

Além do grupo ter um representante das seguintes entidades, mas sem direito a voto. Ministério Público Federal; Defensoria Pública da União; Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e União dos Povos Indígenas do Vale do Javari.

A presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, também se posicionou sobre a expectativa com a ajuda do governo atual ao dizer que o órgão elabora um termo de cooperação entre organizações indígenas para cobrar por uma política permanente na região.

“É necessário investir para que haja prioridade para fazer o fortalecimento dessas fases, em que os outros órgãos dos ministérios possam também compartilhar a responsabilidade de uma política de proteção mais permanente. E que possa ter também respeito a esses direitos por parte do próprio Estado nas terras indígenas”, diz Wapichana.

Wapichana aproveita para criticar e culpabilizar a última gestão do órgão, atribuindo a responsabilidade do crime ocorrido pela falta de diálogo com os indígenas, não à toa, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente da Fundação, Marcelo Xavier, por não ter tomado providências para combater a insegurança gerada pelos conflitos na região amazônica da Funai por omissão. O ex-vice presidente, Alcir Amaral Teixeira, também foi indiciado.

“Se eu estou vendo que há uma ameaça de morte, ameaça a servidores, eu tenho que caminhar para entender. Depende de uma força de segurança. Digamos assim, [uma força] para que dê suporte a essa segurança. Então assim, naquele momento é que mais frágil em que se deu a morte de Bruno, não houve condições de proteção ao seu próprio servidor”, pontua.

Por justiça e pela memória de Bruno e Dom

Bruno e Dom foram encontrados mortos em 15 de junho de 2022, após os desaparecimentos, na região do Vale do Javari, no Amazonas. Ambos viajavam para entrevistar líderes indígenas e ribeirinhos nas comunidades próximas ao local. 

Atualmente, o empresário Rubens Villar Pereira, suspeito de ser o mandante do crime, segue em liberdade provisória desde outubro, após fiança de R$ 15 mil. Outros três acusados seguem presos e aguardam julgamento. Ao menos 8 pessoas são suspeitas.

Dom preparava um livro sobre a Amazônia, além de ver “Deus na natureza”, segundo a viúva do jornalista, Alessandra Sampaio. Já Bruno, era conhecido por sua atuação completa no indigenismo brasileiro.

Com informações da Agência Brasil

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