O silêncio de dois funcionários do governo goiano na CPI

Da Agência Senado

Para relator, silêncio de convocados evidencia envolvimento em esquema de Cachoeira

Anderson Vieira

O silêncio dos dois convocados para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações criminosas de Carlinhos Cachoeira evidencia o “pacto” e a “clara unidade de defesa” dos acusados de integrar a quadrilha comandada pelo contraventor goiano. A análise é do relator Odair Cunha (PT-MG), que lamentou o comportamento dos depoentes desta quarta-feira (22) na comissão.

Amparados por habeas corpus, Aredes Correia Pires, ex-corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública de Goiás, e Jayme Rincón, atual presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), limitaram-se a dizer que foram instruídos por advogados a não responder a qualquer indagação e foram rapidamente dispensados.

Para o relator, no entanto, há evidências da relação de Aredes Pires com a organização de Cachoeira.

– É evidente que Aredes Pires colaborou de forma sistemática com a organização criminosa. Tinha aparelho Nextel, dialogava permanentemente com Carlos Cachoeira e vazou informações de dentro da cúpula de segurança de Goiás – afirmou o deputado, com base nas escutas telefônicas e em dados de quebras de sigilos do acusado.

Em relação a Jayme Rincón, Odair Cunha chamou atenção para a apreensão feita pela Polícia Federal do computador de Vladimir Garcez. Na máquina, segundo o relator, estavam arquivos com minutas de editais de licitações a serem realizadas pela Agetop.

– São questões que precisam ser esclarecidas. Vladimir Garcez era um braço político da organização criminosa e se encontrava sistematicamente com Jayme Rincón – afirmou o relator, que destacou ainda a suspeita de favorecimento da empreiteira Delta em outras licitações da agência goiana.

Rito

Diante do silêncio dos convocados, mais uma vez o rito adotado pela comissão foi questionado por alguns parlamentares, que não concordam com a dispensa imediata dos depoentes.

– É preciso sim questionar os depoentes. Se eles não querem se defender, cabe a eles decidir. A nós, integrantes da CPI, cabe questionar e denunciar – afirmou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), sinalizou a possibilidade de se mudar novamente o rito, mas somente diante de uma decisão colegiada dos integrantes da comissão. Em julho, a tentativa de mudança foi votada, mas foi rejeitada pela maioria.

Marconi Perillo

Na terça-feira (21), o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, deputado estadual Jardel Sebba (PSDB), apresentou pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a CPI do Cachoeira não investigue ou indicie o governador Marconi Perillo (PSDB). Se acatado, a comissão ficaria impedida de reconvocar o chefe do Executivo goiano, conforme determina requerimento já aprovado pelos parlamentares.

De acordo com o mandado de segurança impetrado no STF, uma reconvocação de Perillo afronta o princípio federativo, uma vez que a competência originária de processar e julgar supostos crimes de governadores seria do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após autorização da respectiva Assembleia Legislativa.

Em 12 de junho, Perillo foi ouvido pela CPI, depois que se ofereceu para ir espontaneamente à comissão.

A próxima reunião da CPI está marcada para terça-feira (28). Os convocados são o ex-diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, e o empresário Adir Assad.

Agência Senado

Luis Nassif

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