Os rumores sobre a venda da Globo, por Luis Nassif

Dependendo da maneira como o negócio for fechado, talvez seja hora de se avançar em normas de regulação da mídia, com leis anti-cartelização e proibição de proselitismo político.

Voltaram os boatos sobre a venda das Organizações Globo. Nos próximos dias será divulgado seu balanço, com prováveis resultados péssimos. E os boatos devem aumentar.

Mas não aposte todas suas fichas na informação de que a Globo será vendida para a JBS, intermediada pelo BTG Pactual. É uma das possibilidades, conforme informações que me foram passadas pelos autores da reportagem. O mais provável será buscar alguma parceria em tecnologia. A parceira mais habilitada parece ser a Comcast, que controla a NBC Universal. Mas não afaste da cena Carlos Slim, da Televisa.

A Comcast ganhou expressão como provedora de vídeo, Internet de alta velocidade e telefonia nos EUA. Depois, tornou-se um dos supergrupos que surgiram nas últimas décadas, a partir de empresas de telefonia adquirindo grupos de entretenimento. 

Ela controla a rede NBC, os estúdios de cinema Universal, a partir de empreendimentos pioneiros, iniciados no início do século 20. A NBC fundou a primeira rede de rádio do país em 1926.

Em 2002 deu início ao seu segundo avanço sobre países de língua espanhola, ao adquirir a Telemundo, tornando-se a segundo maior emissora em língua espanhola nos EUA. 

Em janeiro de 2011, a Comcast adquiriu o controle da NBCUniversal. Seguiram-se os lançamentos das várias marcas jornalísticas, para esportes, finanças e outras mais.

Tornou-se a segunda maior empresa de radiodifusão e televisão a cabo do mundo, perdendo apenas para a AT&T; a maior empresa de TV a cabo e maior provedor de serviços de Internet doméstico nos EUA. Tem controle familiar, e é conhecida por seu poder de lobby sobre o Congresso americano.

Tem sociedade com a Globo nos canais Telecine, distribuídos pelas empresas de telefonia. E conteúdos capazes de rivalizar com os grandes provedores globais de filmes sob demanda.

A parceria – ou aquisição do controle – com a Globo lhe interessaria. E consolidaria o destino manifesto da Globo – que a família Marinho relutou em aceitar – de se transformar apenas em um grande provedor de conteúdo para países e comunidades de língua portuguesa.

Atualmente, ambos os grupos mantém uma parceria nos canais Teletime, distribuídos pelas empresas a cabo.

Para a Globo seria o porto seguro, em um momento em que está enfrentando uma brava crise econômica, gastando suas reservas financeiras, e tornou-se politicamente vulnerável depois da prepotência de pretender comandar o Brasil.

Dependendo da maneira como o negócio for fechado, talvez seja hora de se avançar em normas de regulação da mídia, com leis anti-cartelização e proibição de proselitismo político.

Observação

Luis Nassif

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