A ambiguidade da Nota da Secretaria de Segurança Pública do Governo do Estado de São Paulo, quando devidamente contextualizada a partir de declarações atribuídas pelo portal G1, ao Delegado Geral da Policia Civil Maurício Blazeck, pode ter conseqüências terríveis.
Acompanhe a cronologia.
Mais cedo, o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Blazeck, disse ao SPTV que uma das vítimas da chacina era o autor das imagens gravadas que denunciaram os PMs.
Na nota divulgada posteriormente, a Secretaria de Segurança Pública diz que a hipótese sobre a vítima da chacina ter denunciado policiais militares “havia sido aventada por moradores do bairro”
E, de forma expressa informa que: “Não existem indícios que a pessoa que tenha filmado a referida cena tenha sido executada na chacina.
A motivação da tibieza do contido na nota, em que não é categoricamente afastada a hipótese de que o autor do vídeo tenha sido assassinado – é dito apenas que não há indícios – , revela-se em toda sua extensão, quando analisada a íntegra da reportagem.
Tal constatação, pode ser colhida nas respostas do delegado-geral ao ser perguntado, primeiro, qual o motivo da afirmação inicial dele, de que o responsável pelo vídeo estava entre os mortos na chacina, e, depois, se o responsável pelo vídeo estava sob proteção:
Sobre o primeiro questionamento, disse que: Questionado se alguma das vítimas dizia no bairro ser autora das filmagens, o delegado respondeu. “Foi exatamente por isso que chegaram à conclusão de que uma das vítimas poderia estar relacionada com aquelas filmagens, porque de alguma forma ela tinha notoriedade dentro do Facebook e que poderia até alegar que seria um dos responsáveis por aquilo (filmagens).”
A seguir, a segunda questão: Perguntado se a pessoa que fez as filmagens está sob proteção policial, o delegado respondeu: “Não, porque não sabemos quem fez as filmagens.”
O absurdo de tal Nota Pública, pode ser averiguado em relação a prováveis conseqüências futuras.
Em princípio, resta claro que a motivação da chacina foi exatamente a realização do referido vídeo.
Assim, a manifestação inicial do Delegado Geral, poderia até ser considerada correta, pois, se a motivação era essa e as pessoas do bairro, que estavam receosas de tais atos, diziam que o autor dos vídeos havia morrido, a providência correta, para que não houvessem outros atos bárbaros como esse, enquanto a policia investigava o caso, seria logicamente afirmar que o responsável havia morrido….
Obs: notadamente porque a policia não lograra ter dado segurança a estas pessoas.
Pois bem.
Ao emitir a referida nota, que não esclarece nada, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, simplesmente teve o condão de novamente instaurar a insegurança em toda a comunidade.
1 – É que, se a policia afirma que o autor do vídeo não foi morto, permanece (em tese) a motivação para que outras chacinas sejam levadas a cabo.
2 – Ainda, se cotejada com a motivação explicitada pelo Delegado, revela um dado fundamental, – O autor do vídeo não está sob proteção policial, e
3 – Acresce outro dado igualmente importante e, no caso, aterrador (para o verdadeiro autor – se ainda não foi morto – e para a comunidade ameaçada) conclui que … não sabemos quem fez a filmagem..,.
Enfim, estes são os dados…
Infelizmente, ao buscar uma justificativa (e ai não indago se destinada a proteger a imagem pública da administração estatal, dos órgãos de segurança, ou simplesmente esclarecer a opinião pública) a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo…. salvo melhor juízo… , colocou todos os moradores de uma comunidade.. como potenciais alvos de novas chacinas……
Investigação
Blazeck disse na tarde deste sábado que durante as investigações e levantamento dos vestígios, “comentava-se na localidade, por terceiros que são moradores de lá, que poderia uma das vítimas estar relacionada à pessoa que tivesse feito as filmagens.” No entanto, segundo o delegado, “as investigações avançaram neste sentido, na oitiva de pessoas ligadas às vítimas e ficou afastada essa hipótese.”
Questionado se alguma das vítimas dizia no bairro ser autora das filmagens, o delegado respondeu. “Foi exatamente por isso que chegaram à conclusão de que uma das vítimas poderia estar relacionada com aquelas filmagens, porque de alguma forma ela tinha notoriedade dentro do Facebook e que poderia até alegar que seria um dos responsáveis por aquilo (filmagens).”
Sobre a possível conexão entre o crime e a morte do servente, o delegado afirmou que “a única (conexão) que existe é que o bar é exatamente defronte aonde teriam ocorrido as filmagens.”
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