A crise econômica e a prostituição infantil

Da Reuters

Crise econômica faz meninas se prostituírem mais cedo, diz ativista

Por Belinda Goldsmith

LONDRES, 5 Dez (Reuters) – Meninas cada vez mais jovens estão sendo arrastadas para a prostituição por causa da crise econômica global, disse nesta quarta-feira uma participante de uma conferência sobre os direitos femininos.

Cerca de 21 milhões de pessoas, 3 em cada 1.000 seres humanos, são submetidas a trabalhos forçados por coação ou por serem atraídas a situações das quais não podem escapar, segundo cifras divulgadas neste ano pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Segundo o estudo, 4,5 milhões dessas pessoas, principalmente meninas e mulheres, são vítimas de exploração sexual. Estima-se que o tráfico humano movimente 32 bilhões de dólares por ano.

A fundadora da entidade indiana Apne Aap Women Worldwide, Ruchira Gupta, que trabalha com prostitutas em dez zonas de meretrício, disse que cortes de verbas em projetos sociais para mulheres reduziram as opções de mulheres e meninas.

“Estamos vendo o número (de prostitutas) crescer nesses dez bairros de meretrício, enquanto a idade das meninas está caindo”, disse Gupta, acrescentando que a idade média das prostitutas na Índia é de entre 9 e 13 anos.

“Precisamos investir mais em meninas e mulheres para que haja opções além da prostituição, do comércio de órgãos, ou (se tornar) soldados infantis”, afirmou ela.

Embora as cifras da OIT sugiram que a escravidão moderna atingiu um nível recorde, os dados vêm com a ressalva de que é difícil estimar números, pois as vítimas costumam ter medo de se apresentar, e na maioria dos países há carências de registros.

O presidente e cofundador da organização de combate ao tráfico humano Not For Sale, David Batstone, disse que a crise financeira global e instabilidades políticas criam comunidades vulneráveis sob risco de exploração.

“Onde há privação econômica, sem Estado de direito para assegurar os direitos das pessoas, vão tirar proveito delas”, disse Batstone à conferência organizada pela Fundação Thomson Reuters e o jornal International Herald Tribune.

Batstone disse que sua organização descobriu que atualmente três quartos das prostitutas que se expõem nas vitrines do Bairro da Luz Vermelha, em Amsterdã, são originárias de comunidades economicamente desesperadas na Romênia, Bulgária e Hungria.

Uma dessas moças, a búlgara Tsvetelina Ivanova, disse que, quando as mulheres são forçadas para a prostituição e têm um cafetão é difícil escapar e ter um emprego normal.

“Mesmo quando você foge, você precisa voltar para o mesmo trabalho. A única parte boa é que pelo menos você pode trabalhar por conta própria”, disse Ivanova, que se mudou para Amsterdã em 2008, e que depois de trabalhar para dois agenciadores agora é autônoma.

Advogados disseram à conferência que há leis para combater o tráfico humano, mas “lamentavelmente poucos” processos em países ricos como os Estados Unidos, onde o problema costuma ser ignorado, ou em nações pobres, onde algumas famílias vendem seus filhos para a servidão.

“O tráfico de trabalho forçado em qualquer lugar do mundo tem a ver com a exploração no setor de frutas, legumes e verduras, em barcos pesqueiros, em olarias”, disse Batstone.

Luis Nassif

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