Alagoas é o Estado mais violento do Brasil

Da Carta Maior

Condenação no caso Ceci Cunha é pequeno alento no faroeste alagoano

Alagoas é hoje o Estado mais violento do Brasil. São 66,8 assassinatos por 100 mil habitantes ao ano, ante 26,2 no país. Em Maceió, a taxa atinge trágicos 100,7 homicídios por grupo de 100 mil. A origem do faroeste alagoano: extrema desigualdade, falta de aparelhamento das forças de segurança, migração dos criminosos a partir dos grandes centros e avanço das drogas.

Dados do Mapa da Violência de 2012 indicam que Alagoas subiu do décimo-primeiro posto no ranking, em 2000, para o primeiro, em 2010. São 66,8 assassinatos por 100 mil habitantes ao ano, ante uma média de 26,2 no Brasil. Na capital, Maceió, a taxa atinge trágicos 100,7 homicídios por grupo de 100 mil.

Ao longo da década, Estados que antes sofriam com elevada violência conseguiram reduzir índices de criminalidade. São Paulo, por exemplo, ocupava o quarto posto no ranking em 2000 e, em 2010, já era apenas o vigésimo-quinto. Naquele ano ocorreram 13,9 homicídios por 100 mil habitantes, abaixo da média nacional.

De acordo com Julio Waiselfisz, diretor de pesquisas do Instituto Sangari, que produz o Mapa da Violência, uma série de fatores de diferentes naturezas contribuíram para a mudança espacial da criminalidade no território brasileiro. A primeira delas, ele explica, é a a nova dinâmica de desenvolvimento econômico do país nos anos 80 e, sobretudo, nos 90.

“Pólos tradicionalmente mais dinâmicos da economia, como São Paulo e Rio, estagnaram, ao passo que surgiram outras áreas de desenvolvimento, no interior dos Estados e em capitais do Norte e Nordeste. Isso atrai as pessoas, mas os criminosos também vieram junto”, explicou o pesquisador à Carta Maior

Em resumo, eles seguiram atrás do dinheiro que passava a circular com mais intensidade nessas economias regionais. E estas, apesar das transformações, não conseguiam atenuar acentuadamente a desigualdade entre suas populações.

Mas isso não explica tudo, diz Waiselfisz. Segundo ele, nos anos 90 houve um esforço do governo federal, em parceria com administrações estaduais, para reforçar as forças de segurança nos Estados mais violentos na época, como São Paulo e Rio. Isso significou mais fundos públicos para contratar policiais, equipar a tropa e construir presídios. 

“O criminoso acabou fazendo uma análise de custo benefício. Para que ficar em São Paulo, onde o aparelho repressivo avançou, se no Norte e Nordeste a estrutura policial permanece desorganizada?”, poderou. Por causa disso, o número de homicídios saltou quatro vezes em Estados como Bahia e Ceará e três no Pará.

Em Alagoas, a situação piorou ainda mais porque o Estado vive há anos uma crise institucional em suas forças de segurança. Polícias civil e militar têm entrado periodicamente em greve por aumento de salários. No início deste mês, durante paralisação de PMs e bombeiros, o comércio, a prefeitura de Maceió e até o Tribunal de Justiça tiveram de fechar as portas diante da falta de segurança.

Para a professora Maria Aparecida Batista de Oliveira, da Universidade Federal de Alagoas, que estuda a violência no Estado, os índices de criminalidade também avançaram na última década com a disseminação das drogras por lá.

“O crack chegou a Alagoas há pouco tempo, inclusive em cidades do interior como Arapiraca”, afirmou ela àCarta Maior. Com isso, crescem os assaltos para a compra de drogras e as disputas e acertos de contas entre traficantes, impulsionando os índices de homicídio. 

Luis Nassif

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