A prostituição como válvula de escape à miséria

Comentário ao post “Padilha errou ao recuar em campanha para prostitutas

O problema é que a sociedade é ainda muito atrasada para reconhecer certos fatos, sendo um deles: nem toda prostituta o é por pressão econômica. Mas há outro fato que a campanha preferiu não contemplar, no seu afã anti-hipocrisia: a maioria das prostitutas continuam sendo o que são por… pressão econômica. Assim, disseminar o “orgulho da prostituta” não combate apenas a hipocrisia social, principalmente daqueles que usam seus serviços, mas também briga contra o fato de que a atividade é, no mais das vezes, escolhida (em o sendo: algumas vezes, também, mulheres são obrigadas a se prostituir – também uma minoria no meio) no último caso, como válvula de escape à miséria, notando-se que a maioria absoluta das prostitutas pode conseguir fugir à fome, mas não à miséria, que prevalece na profissão.

Não acho que devemos estigmatizar as prostitutas, mas não vejo também porque promover o orgulho do exercício da atividade. Não é uma profissão como outra qualquer, apesar de qualquer trabalhador, em última instância, também “vender o corpo” como força de trabalho, mercantilizando assim seus atributos.

Assim, percebo na campanha um grau de infelicidade, que até não deveria ser punido com a demissão de alguém, mas as coisas acontecem assim no governo: deixam que vá até o final e só aí, depois de dispendidos recursos públicos, se chega a conclusão que eles foram mal gastos, e aí sobra para o responsável, quando há uma cadeia deles que se omitiu diante do produto que chegou à sua finalização.

Há de se pensar em uma maneira de integrar à sociedade as prostitutas sem, no entanto, promover a atividade como uma entre outras, principalmente porque somente em alguns casos a escolha é livre, e mesmo nesses casos as consequências psicológicas não tendem a ser das melhores, ainda que no casamento a mulher possa sofrer também das piores consequências possíveis. Fazer o que? As relações humanas são muito complicadas.

Luis Nassif

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