Governo admite falta de força para aprovar reforma da Previdência

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O presidente Michel Temer enfrenta novas resistências no Congresso. Desta vez, apesar de contar com ampla maioria de adesão parlamentar, a Reforma da Previdência tem sido um desafio de embates de aliados que vem mostrando distanciamento do governo do mandatário.
 
A primeira manifestação ocorreu após uma reunião, nesta segunda-feira (06), com líderes da base aliada, em que o peemedebista teria jogado a tolha, após entender que sofreria resistência no Congresso. 
 
Em coluna, o jornalista Valdo Cruz do G1 conversou com interlocutores do presidente, que narraram o diagnóstico de que a reforma da Previdência possivelmente nem seria mais aprovada na atual gestão, uma vez que Temer não tem mais força política para bancar a aprovação, sozinho.
 
A reunião com os líderes parlamentares na manhã desta segunda teria confirmado a informação. “O governo sozinho hoje, está comprovado, não tem força política para aprovar a reforma. A pressão teria de ser feita também pelo Rodrigo Maia e Eunício Oliveira, empresários e governadores. Aí teríamos uma chance”, disse um interlocutor ao colunista.
 
O mandatário conta com o apoio de figuras fortes, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), mas que seria preciso mais apoio, de forma a pressionar outros deputados e senadores pela aprovação, o que não é garantido, em tempos de pré eleições.
 
Após as informações, o próprio deputado Rodrigo Maia afirmou que a reforma não deverá ser aprovada “em todo o conjunto”, manifestação já dada por Temer. Maia também mostrou que, apesar de ter interesse, não tem muita insistência. Para ele, se o Congresso não quiser aprovar o texto, “paciência”.
 
Ao ser questionado se o governo havia desistido da reforma, respondeu a jornalistas: “Não interpretei desse jeito tão pessimista”. Para o deputado, o governo peemedebista precisa articular mais: “Já disse isso ao presidente: para chamar os seus líderes individualmente e tentar mais uma conversa de forma bem tranquila, mostrando qual é o impacto da não realização da [reforma da] Previdência já em 2018”.
 
No início da tarde hoje, Temer informou que seguirá insistindo na aprovação, mas que concorda “que, sozinho, o governo não tem condições de aprovar” as mudanças nas aposentadorias.
 
“Alguns líderes disseram realmente que está difícil, que não temos votos para aprovar a reforma hoje, mas tenho dito que a questão da Previdência não é algo de interesse do nosso governo, mas do país”, desviou o presidente, ao ser questionado.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. O que está em questão é o que

    O que está em questão é o que sempre esteve: entrega o pacote que estanca essa porra, ou estanca essa porra que entrega o pacote.

    Agora que ele, MT, já livrou o cargo com a ajuda do congresso de picaretas, falta livrar o resto dos participantes da suruba. Não adianta a tucanalha e os mercadistas tirarem o corpo fora agora que perderam um bocado do poder de chantagem, caso contrário não tem reforma de previdência coisíssima nenhuma.

    O resto é discurso pra fascistada e pra trouxinhada. Eles adoram ouvir coisas como “articulação política”, “base parlamentar”, “tempo de televisão”, “melhorar o texto” desse ou daquele projeto, etc.

  2. Acho que é pra ganhar dinheiro na Bolsa

    Olha, eu li hoje que a Bolsa despencou quando “soube” (interessante, Bolsa tem vida, “mercado” tem vida) que o usurpador está sem cacife no Congresso para aprovar a destruição – ou reforma, para quem preferir – da Previdência.

    Ora, a Bolsa cai, os papéis ficam mais baratos, alguns (quem?) compram. Em alguns dias anuncia-se acordo no Congresso, e a “reforma” passa facilmente. Tudo que interessa a esses pulhas – congressistas, homens do Jaburu, algumas figuras carimbadas da República, seja em que Poder for, empresários bem informados – é ganhar dinheiro: compram na baixa, vendem na alta pós aprovação.

    Tudo o que a República do golpe tem feito, desde 12 de maio de 2016, é atender aos interesses pessoais dos empoderados. De quebra, colocam o Brasil no mapa do neoliberalismo, na antiga tradição de dependente, exportador de commodities, pátria dos fazendeiros, etc. Voltamos à República Velha, um pouco menos católica, um pouco mais pentecostal, mas o gado é o mesmo.

  3. Políticos de Proveta

    Empresários e artistas articulam criar “Políticos de Proveta” imitando o “Plano Cunha” de assalto ao poder.

    O Parlamento Brasileiro se divide em AC / DC – Antes de Cunha e Depois de Cunha!

    As distorções que foram introduzidas pelo golpe, não há como resolvê-las sem um amplo consenso – hoje não consigo vislumbrar algo parecido com consenso!

    A rede globo acredita que com estas distorções poderá colocar um boneco para governar este país!

    Hoje vejo pessoas que trabalhavam com extremo zelo, totalmente desleixadas em relação ao que produz…

    Houve uma quebra de sinergia…

     

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