Record promove ataque contra as Crianças Sem Terrinha

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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"A Rede Record, ao disseminar mentiras, não leva em consideração critérios mínimos de apuração e imparcialidade, faltando, entre outras questões, com a ética jornalística."

Foto Folha/Uol

Jornal GGN – No último domingo, dia 10, o Programa Domingo Espetacular, da Rede Record trouxe as crianças do MST como alvo. A reportagem usou o Encontro das Crianças Sem Terrinha e manipulou de forma a criminalizar mais ainda as organizações populares, que lutam por seus direitos.

O MST soltou nota de repúdio contra tal prática, que fere, inclusive, a ética jornalística. O encontro em questão foi realizado em parceria com a organização Aldeias Infantis SOS, respeitada entidade que trabalha com a infância no país, além de ter tido as autorizações necessárias dos órgãos responsáveis e feita dentro dos padrões de segurança exigidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Além disso, o MST obteve autorização de todos os pais, conforme reza a legislação e todos os alvarás foram emitidos pelos órgãos competentes, incluindo aí a Vara da Infância e da Juventude.

Para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a Rede Record não levou em consideração ‘os critérios mínimos de apuração e imparcialidade, faltando, entre outras questões, com a ética jornalística’.

Confira a nota a seguir.

Nota do MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público denunciar e repudiar a distorção de informações veiculadas na noite deste domingo (10) no Programa Domingo Espetacular. A reportagem “A Polêmica dos Sem Terrinha” tem como único objetivo manipular a opinião pública e fortalecer o processo de criminalização de organizações populares, que lutam pela defesa de seus direitos.

Em um país, em que o número de analfabetos supera a marca de 11 milhões de pessoas e que 1 a cada 5 crianças está fora da escola, nos surpreende que um Encontro Nacional de Crianças Sem Terrinha, onde foi discutido temas como os direitos das crianças e a produção de alimentação saudável, seja classificado como doutrinário.

Reafirmamos que o Encontro, realizado em parceria com a organização Aldeias Infantis SOS, uma das mais respeitadas entidades que trabalha com a infância no país, teve as autorizações dos órgãos responsáveis e respeitou todos os padrões de segurança exigidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Destacamos ainda, que todas as crianças tiveram autorização dos pais, conforme prevê a legislação, e além disso, todos os alvarás necessários foram emitidos pelos órgãos competentes, incluindo a Vara da Infância e Juventude.

A Rede Record, ao disseminar mentiras, não leva em consideração critérios mínimos de apuração e imparcialidade, faltando, entre outras questões, com a ética jornalística.

O Artigo 6º da Constituição Federal do Brasil prevê, dentre outras coisas, o direito à educação. Nesse sentido, o MST não só luta para que esse direito seja respeitado como também trabalha cotidianamente para que nos tornemos um país mais digno e, sobretudo, menos desigual. Temos uma longa trajetória de lutas pelo acesso à educação pública, gratuita e de qualidade em todos os níveis para as crianças, jovens e adultos.

Em toda a nossa história, foram conquistadas mais de 2 mil escolas públicas, reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC), nos acampamentos e assentamentos em todo o país, que atendem a crianças, adolescentes e adultos. Milhares de camponesas e camponeses, organizados pelo MST, tiveram acesso a alfabetização e se formaram no ensino fundamental, médio, cursos técnicos e em nível superior. Há filhos e filhas de famílias assentadas em mais de cem turmas de cursos formais e mais de 4 mil professores foram formados, a partir das lutas pela educação pública, considerada pelo Movimento enquanto um direito básico.

Enfatizamos, que enquanto movimento de luta pela terra, pela reforma agrária e pela transformação da sociedade, continuaremos defendendo os direitos e a cidadania plena para todas as pessoas, em especial aquelas que vivem no campo.

Por isso, nós não só lutamos como fomentamos a educação no país e, diante de tudo isso, exigimos não só imediato direito de resposta, como desafiamos a mesma emissora a se propor a um jornalismo sério e de qualidade que preze pelos fatos e não interesses políticos.

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST

11 de fevereiro de 2019, São Paulo – SP

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

6 Comentários

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  1. Parece piada que uma das empresas do bispo Macedo venha (logo ela!) falar de doutrinação. Como pode uma empresa que pertence a um dos maiores doutrinadores do mundo e também um dos homens mais ricos do mundo, que esbanja dinheiro com o luxo conquistado a custa do dinheiro ganho facilmente de doutrinados arrebanhados através da sua hábil arte de doutrinar? Essa piada é muito boa. Kkkkkkkkkkk…

    1. Certamente desconhece o termo: liberdade religiosa. Outra coisa é: quem vai a igreja, seja ela qual for…o faz pq precisa de ajuda!( outro caminho é o suicídio q muito escolhem por serem tão arrogantes quanto vc). Leve tambem em consideração q liderar adultos é uma prarica lícita( pois estes tem cabeça esclarecida).Mas fazer crianças ficarem dando gritos de guerra quando o assunto é política…. é o fim da picada, e quem aceita isso ou é mau-caráter, ou um perfeito ignorante. Prefiro pensar q seu caso seja de ignorância q mau-caratismo.

      1. Liberdade religiosa não quer dizer licença para estelionato. A Universal faz coisas absurdas como estimular aposentados a não comprar remédios e dar o dinheiro para ela, ensinar a como fzer testamentos doando o patrimônio para o titio Macedo, Eu não ponho o pé em uma igreja (Nem terreiro, nem mesquita, nem sinagoga, etc.) há mais de 20 anos e nunca pensei em suicídio… Mas se continuar lendo comentários como o seu posso chegar a conclusão que essa vida não vale a pena!!!

  2. Não li no post alguma citação a um dos âncoras do “jornal” da Record de domingo. Trata-se do famoso PHA. Encaminhem este texto para o ínclinto jornalista. Ele certamente, pela sua reconhecida imparcialidade e o independência profissional, irá publicá-lo no seu tribal “Conversa Afiada”

  3. Criança tem que ta é na escola, estudando, brincando, cantando musicas educativas, sendo crianças, puras, inocentes , acreditando no mágico, imaginando um futuro melhor do que vivem, um futuro onde buscam suas coisas, possuem terras que o trabalho lhes deu! Não nestas condições, lamentável ver os futuros adultos que teremos.

    Péssimo título.

    1. Que escola ? O novo Ministério da “Educação” (Entre aspas mesmo) cortou verbas da educação rural. Não existe crianças puras e inocentes, especialmente se os pais delas e elas mesmas estão sobre o constante risco de serem chacinadas por jagunços dos latifundiários… Agora podendo ter seis armas em casa. Sr. Lisoba, acorde e para de repetir a bobagem que a mídia tradicional fala.

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