Papa Francisco realiza missa inaugural

Do Correio Braziliense

“Não devemos temer a bondade e a ternura”, diz papa em missa inaugural

Aos dirigentes do mundo, ele fez o pedido de que eles não permitam que “os sinais de destruição” guiem o mundo. Cerimônia foi acompanhada por milhares defiéis

O papa Francisco falou, durante a homilia, sobre responsabilidades, meio ambiente, caridade e humildade, em um discurso voltado diretamente para o papel do ser humano no mundo. Nesta manhã de terça-feira (19/3) foi realizada a missa inaugural do primeiro papa latino-americano e jesuíta da história, acompanhada por milhares de fiéis na Praça de São Pedro, que ouviram com atenção o sermão. Trinta e um chefes de Estado também acompanharam o momento solene, incluindo as presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do Brasil, Dilma Rousseff.

A palavra foi voltada às questões práticas da vida, ao respeito por cada criatura e por cada ser vivo, sempre ressaltando a necessidade de apego a Deus e à Igreja. Em um pedido pela defesa do meio ambiente, o novo pontífice explicou que “a vocação de proteger não diz respeito apenas a nós, os cristãos, mas tem uma dimensão que antecede e que é simplesmente humana, corresponde a todos. É proteger toda a criação, a beleza da criação, como afirma o livro do Gênesis e como nos mostra São Francisco de Assis. É ter respeito por todas as criaturas de Deus e pelo entorno no qual vivemos”, disse.

Ele pediu aos dirigentes do mundo a não permitir que “os sinais de destruição” guiem as nações. “Não deixemos que os sinais de destruição e de morte acompanhem o caminho deste nosso mundo”, disse diante de vários chefes de Estado e de Governo. Lembrou que cuidar significa vigiar os sentimentos, o coração, que é de onde vêm as “coisas boas e as más intenções. Aquelas que destroem e aquelas que constroem”. “Quando o homem falha nessa responsabilidade de cuidar, a destruição encontra espaço. O coração torna-se pedra”. Ao falar que o ódio e a inveja sujam a vida, o papa foi aplaudido pelos fiéis. “Não devemos ter medo da bondade e da ternura, que demonstram fortaleza de ânimo”.

Para ele, o “verdadeiro poder” de um pontífice é o trabalho com humildade. “Nunca esqueçamos que o verdadeiro poder é o serviço e que também o papa, para exercer o poder, deve entrar cada vez mais neste serviço que tem seu cume luminoso na cruz. Ele deve colocar seus olhos no serviço humilde, concreto, rico de fé”, ressaltou.

Leia mais notícias no especial Novo papa

Diante de vários presidentes da América Latina, o primeiro Papa de língua espanhola explicou como entende o comando da Igreja, uma instituição com 1,2 bilhão de fiéis e que passa por uma grave crise de credibilidade após uma série de escândalos. Com perguntas e respostas, Francisco centrou a homilia na figura de São José, “custódio” de Maria e de Jesus, mas também da Igreja. “Como vive José na custódia de Maria, de Jesus e da Igreja? “Sempre disponível”, respondeu, antes de afirmar que “José é custódio porque sabe escutar Deus” e “sabe ler com realismo os acontecimentos”, completou.

Ao fim da missa, Francisco seguiu novamente pela Praça de São Pedro no papamóvel, saudando os presentes e indo em direção à basílica. Ele deve receber os cumprimentos dos chefes de Estado, incluindo a presidente Dilma Rousseff.

Quebrando as regras

Durante a cerimônia religiosa, o papa Francisco recebeu o anel do Pescador e o pálio (longa estola), os dois símbolos da autoridade papal. No entanto voltou a usar sapatos pretos e não adotou o múleo, os sapatos vermelhos característicos do posto máximo da Igreja Católica. O cardeal protodiácono, o francês Jean-Louis Tauran, foi o responsável por colocar sobre os ombros do novo papa o pálio de lã branco com cruzes vermelhas que pertenceu ao antecessor Bento XVI até sua renúncia no mês passado. Em segunda, o decano do colégio cardinalício, Angelo Sodano, colocou o anel do Pescador no dedo anular da mão direita.

Francisco, que em menos de uma semana conquistou os fiéis com sua simplicidade e espontaneidade, escolheu um anel de prata, e não de ouro. Os dois símbolos estavam guardados junto ao túmulo de São Pedro, onde o novo Papa rezou antes da cerimônia pública de “início do ministério petrino de bispo de Roma”.

Aclamado

Ao entrar na Praça de São Pedro no papamóvel, às 8h50 (4h50 de Brasília), o papa Francisco foi aclamado fortemente. No carro aberto, ele sorriu e saudou com carinho os fiéis entusiasmados, que agitavam bandeiras de todos os países, muitas delas de nações latino-americana. No trajeto, ele parou e desceu do carro várias vezes para beijar bebês levados pelos pais ao Vaticano para acompanhar o momento histórico. Ele também cumprimentou um homem com deficiência, que estava no colo de um religioso franciscano. 

Pouco depois, o papa entrou na basílica de São Pedro, onde depois de vestir os ornamentos litúrgicos rezou diante do túmulo do primeiro Papa e fundador da Igreja, localizado debaixo do altar-mor, acompanhado de representantes das igrejas católicas orientais, o que deu início ao ritual de sua primeira missa como bispo de Roma.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador