Ruim sem água, pior com água contaminada

Por Sergio de Moraes Paulo

LN, 

mais uma vez abro meu coração e tento debater um assunto que julgo relevante a partir de minha experiência como professor em São Paulo. Agradeço mais uma vez sua consideração. Grande abraço. 

Sou professor desde outubro de 1993.

Ao longo desse tempo já tive muitos casos de alunos afastados por doenças. Desde as mais corriqueiras, exageradas pelo zelo que apenas as mães podem ter, até as mais graves, com tristes casos de óbito

– Obs.: nenhuma situação de sala de aula é mais triste do que a perda de alguém: aluno, colega professor ou professora, pai ou irmão de aluno. Tudo se supera, menos a morte.

Sem estudos cientificamente válidos ou metodologicamente confiáveis afirmo: infecções renais por superbactérias não são normais. Não digo pelo que estudei ou li. Afirmo pelo que vivi, em mais de 20 anos de exercício de magistério, com experiência em nas zonas Norte, Sul, Oeste, Leste e cidades da região metropolitana de SP, como Osasco, Barueri-Santana de Parnaíba (leia-se Alphaville), Cotia (Alô, Granja Viana) e Suzano. Inclua-se Campinas também.

Por todo esse tempo, em diferentes lugares, juntando Grande São Paulo e Grande Campinas, num total que tranquilamente ultrapassa hoje a cifra de 20 milhões de habitantes, NUNCA TESTEMUNHEI tantos casos de infecções renais por superbactérias.

Em 2015 tenho pelo menos 2 alunos e parentes de conhecidos com infecções renais de grandes proporções.

Meu palpite: água contaminada.

Em São Paulo há uma empresa irresponsável, estelionatária (pois cobra o que não entrega) e incompetente ( pois perde pelo menos 25% do que diz distribuir de água) que atende pelo vulgo de SABESP.

Há meses sabemos que essa empresa, conhecida pela ALCUNHA de SABESP, diminui ou simplesmente fecha os fluxos dos dutos de abastecimento de água pretensamente potável da Grande São Paulo.

O corte diário de água em São Paulo não reduz o consumo nas casas, pois a maioria possui caixas d’água.

O corte diário de água em São Paulo reduz as perdas que os dutos rachados e furados da SABESP provocam. Para quem não sabe, a maior DESPERDIÇADORA de água de São Paulo atende pelo vulgo de SABESP.

Ao reduzir a pressão dos canos, diminui-se a perda de água para o solo. O problema é simples: com maior pressão a água sai dos canos para o solo. Com menor pressão, a água dos solos, CONTAMINADA, volta para os canos. Essa é a razão das caixas d’água terem o fundo com terra. De onde você acha que veio essa terra???????

O problema é que, a água que infiltra nos canos, vinda dos solos, vem CONTAMINADA. Natural que tenhamos portanto uma elevação de casos de doenças provocadas por bactérias e outros microorganismos passíveis de sobrevivência na água. Mesmo clorada.

Esta é a explicação que encontro para os casos de viroses e infecções renais que tenho testemunhado ou tomado conhecimento nos últimos meses e, em especial, nas últimas semanas.

Não sou médico sanitarista ou especialista no assunto. Admito e aceito qualquer argumentação contrária. E provoco: quem pode me desmentir?

(Caso você saiba de algum caso de infecção renal ou algo a respeito dos índices normais de incidência, por favor informe. A imprensa paulistana está muito preocupada com as ciclofaixas do Haddad e não tem tempo para tratar de assuntos banais como gente doente e com risco de morte provocadas pelo consumo de água podre…)

Minha proposta: levantar dados dos casos de infecções passíveis de contaminação pela água, comparar com o histórico registrado pelos serviços de saúde e produzir um mapa com as área com maior e menor incidência. Difícil para uma única pessoa. Com a colaboração de muitas pessoas sérias fica mais fácil. Quem topa?

Redação

8 Comentários

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  1. Ensaio sobre a Cegueira

    Então é essa a razão da diminuição da pressão! É óbvio! Como ninguém percebeu? Fomos cegados por uma imprensa cega. Estamos vivendo um Ensaio sobre a Cegueira…

    Além de infecção nos rins estamos ameaçados de infecção nos olhos e ouvidos.

    Parabéns e obrigado, professor!

    1. Imprensa cega?

      A imprensa, na realidade, enxerga até demais e, em verdade, é ilusionista porque consegue produzir nos olhos incautos apenas a impressão sensorial que interessa ao sistema a que ela serve. Por isso Pulitzer anunciou, lá nos idos do século XIX, quando ainda só se distribuia informação por meios impressos, que se formaria uma sociedade totalmente alienada e deformada. Ei-la que surge diante de nossos olhos, indiferente a essas questões irrelevantes de saude pública e perfeitamente enquadrada nos padrões descritos pela professora Marilena Chaui.

  2. Não é possível que estudos e

    Não é possível que estudos e pesquisas não estejam sendo feitos pelas grandes universidades paulistas e seus institutos, fundações, ONGs, OSCIPs, OSS, 3º Setor, PPP e outras siglas, cujas atividades parecem duplicação de meios para mesmo fim, não tenham estudos abalizados sobre a qualidade da água de São Paulo. Não é de São Paulo o ilustre Man of the year? Apesar que, São Paulo já está dando pena, ontem noticiaram que até armas sob a guarda da justiça paulista desapareceram e suspeitam estarem sendo comercializadas para o PCC.

    Agora, um bem essecncial como a água como bem diz o professor sendo enegiigenciada a esse ponto, São Paulo está passando dos limites. E parece que os paulistas não consideram isso como problema de gestão e votam para que o próximo ano seja pior do que esse.

  3. Atente para os reservatórios domesticos

    A análise é boa, mas tem tb, como o próprio autor escreve, os reservatorios domésticos que via de regra nunca são limpos, formando o lodo no seu fundo. Com a falta de água, o nivel destes desce até fim ou quase o fim. Quando a água volta entra em queda livre no reservatorio (vazio) revolvendo o lodo do fundo, que é tb um importante depósito de microorganismos. Assm, a boa noticia é que a falta de água constante esta ajudando a limpar estes reservatorios. A má é que esta mesma água esta sendo limpa novamente pelos rins dos consumidores.

  4. Enquanto isso a mídia …

    À midia só interessa desconstruir Haddad e o governo federal. Jamais informou aos paulistas o real motivo da crise hídrica em São Paulo. Muito pelo contrário. Faz crer que todo o sudeste vive o mesmo caos dos paulistas. É mentira. Aqui no Rio não falta água. O governo de São Paulo foi negligente ao não fazer uma grande campanha ao povo, alertando sobre o correto armazenamento da água, tendo em vista a época da proliferação do mosquito da dengue. E deu epidemia em São Paulo. Tendo em vista o exposto pelo professor, caso fosse moradora desse abandonado estado, recolheria água e mandaria para exame. E usaria água filtrada e FERVIDA até para escovar dentes. Lamentável tal situação !

  5. O Estado merece processo…

    Professor, boa sorte, porque se depender da imprensa paulista para falar de casos de infecção na periferia ou bairros populares, não teremos nada. Como hoje ha um grande nada sobre o assunto agua-São Paulo. 

    E ai a Folha, o Estadão, todos perdendo leitores e ficam telefonando para perguntar o porquê. São tolinhos ou preferem continuar a fazer o jornalismo-ultra partidario?

  6. O próprio articulista admite

    O próprio articulista admite que sua hipótese de água contaminada devido à baixa pressão é mero palpite. Ora…então não há o que discutir… A questão é (se for mesmo verdadeira) o aumento de casos de “infecções renais por superbactérias”. Como o professor não se baseia em nenhuma pesquisa, nem aparentemente catalogou casos comprovados daquelas infeccões, tudo não passa de mera especulação.

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