Cientistas criam lente de contato telescópica para deficientes visuais

Jornal GGN – Cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos (EUA), desenvolveram um protótipo de lente de contato que pode alternar entre a visão normal e a ampliada, usando, com ligeiras modificações, a mesma tecnologia presente nas lentes dos atuais óculos de TV 3D. Batizado de “lente telescópica”, o protótipo foi testado em olhos mecânicos e pode ajudar pessoas com dificuldades para enxergar. O resultado do trabalho foi publicado no fim de junho na revista científica Optics Express.

Entre os problemas de visão que a nova lente poderia ajudar, estão doenças como a AMD, que provoca a perda de visão no centro do campo visual. Nesses casos, os pacientes geralmente não são capazes de fazer leituras ou mesmo de reconhecer rostos. Além disso, a tecnologia pode ajudar também a minimizar os efeitos da chamada degenerescência macular, relacionada à idade do paciente.

“Embora haja uma grande quantidade de trabalho ainda pela frente, vemos um caminho claro para um confortável apoio de baixa visão alimentado por uma lente de contato, o que vai ajudar um número significativo de pessoas que têm deficiência na visão”, explica Joseph Ford, um professor de engenharia elétrica da Universidade da Califórnia e chefe da equipe de pesquisas da lente telescópica, que teve bons resultados no ano passado e promete novos testes ainda neste ano.

Estrutura

A lente de contato criada pelos cientistas tem apenas um milímetro de espessura. Foram usados espelhos de alumínio para criar um tipo de telescópio em forma de anel, que fica embutido na própria lente. Enquanto o centro da lente permite a visão normal, as laterais – ou visão periférica –, que é onde acontece o efeito telescópico, amplia as imagens em até 2,8 vezes.

Os pesquisadores trabalham para aperfeiçoar a lente, mas garantem que a estrutura atual é capaz de captar o máximo de luminosidade, melhorando a visão dos pacientes. A lente telescópica é menos volumosa que o conjunto de lentes extras montado em óculos tradicionais. A ótica da lente de contato “torna possível alternar entre a visão normal e a ampliada por meio da combinação das lentes de contato com os vidros, tais como o ‘obturador ativo’ de óculos, usado para ver em alguns televisores 3D”, diz trecho da pesquisa.

Para alternar entre a visão normal e a ampliada, é necessário usar os óculos similares aos de TV 3D. Os pesquisadores trabalham para que a troca de tipo de visão seja feita usando um sensor infravermelho instalado nos próprios óculos, que poderão captar o movimento das pálpebras para, seguindo as instruções do usuário, alternar entre as visões. A ideia é que o usuário pisque com os dois olhos ao mesmo tempo ou com um olho apenas para ativar uma das duas funções.

As lentes dos óculos 3D são equipadas com cristais líquidos, que alternam as duas seções telescópica entre os estados “ligado” e “desligado”. São os cristais que mudam a maneira como a luz é refratada na lente de contacto, atingindo tanto a porção telescópica como a área que projeta a visão normal.

Testes e obstáculos

Os testes foram feitos em um modelo mecânico que simula o olho humano em tamanho natural. Conectado a um sistema de processamento de imagens, o modelo do olho permitiu que os engenheiros pudessem ver, por meio da tela de um computador, o que o olho mecânico viu. Eles também usaram o computador para simular o desempenho da lente. A imagem ampliada mostrou um campo de visão bem maior do que outros tipos de lente atualmente em uso. A qualidade das imagens captadas por meio da lente também foi considerada satisfatória pelos cientistas.

Um dos empecilhos observados pelos pesquisadores é que a lente telescópica, do jeito que foi projetada, não pode ser usada por longos períodos. Isso porque, por ser impermeável, não permite o contato das córneas com o ar. A equipe trabalha em novos materiais que permitam que a lente possa ser usada por maiores períodos sem comprometer os olhos. Outro problema é que, por ter sido desenhada para se adaptar perfeitamente ao formato dos olhos, a lente acaba por distorcer as cores reais do ambiente. “No futuro, pode ser possível ir além dos problemas e realizar tratamentos eficazes ou mesmo criar próteses ligadas diretamente à retina”, explica Eric Tremblay, coautor do trabalho.

Redação

3 Comentários

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  1. Já estão a venda ? Se nãim onde encontro ?
    Eu tenho doença de stargardt , queria saber se seria útil para mim queria mais informações pq achei muito poucas informações em outros lugares , então se poderem me ajudar obrigado

  2. Essa lente ajuda uma pessoa que não enxerga só de um olho e um pouco vesgo tem uma mancha crescendo no olho e tá atrofiado ele só tem 16 anis

  3. Eu sou portadora de baixa visão distrofia retiniana gostaria de saber se essas lentes me ajudariam e onde posso comprar aguardo contato obg

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