Pesquisa da USP descobre processo para bloquear dor inflamatória

Jornal GGN – As dores que se manifestam em virtude de inflamações podem estar com os dias contados. Uma pesquisa do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), em Ribeirão Preto (SP), pode, no futuro, resultar no desenvolvimento de novas fórmulas de medicamentos que sejam mais eficazes para conter dores desse tipo e, ainda, com menos efeitos colaterais. O estudo foi publicado recentemente na revista científica Proceedings of the National Academy of Science, dos EUA (Estados Unidos).

Há mais de 20 anos, os pesquisadores trabalham para entender os mecanismos biológicos que resultam nas dores inflamatórias, como conta o professor Thiago Mattar Cunha. “Nossa ideia é que, se conseguirmos entender como a dor aparece e o que está por trás do surgimento da dor inflamatória, a gente possa, baseado nesse conhecimento, desenvolver um novo medicamento”, disse, em entrevista à Agência Brasil.

Uma proteína, conhecida como fractalcina, está envolvida na ativação das dores crônicas de origem inflamatória, de acordo o estudo. Os pesquisadores sugerem ainda que as dores inflamatórias, a exemplo das que ocorrem na artrite reumatoide, poderão ser controladas quando os receptores da proteína forem bloqueados. O estudo foi realizado em cobaias e também relacionou um tipo celular, chamado de células-satélite, que estabelecem o último contato com os neurônios que transmitem a dor. 

“Nós demonstramos que essas células, que estão envoltas no corpo desse neurônio, e que não tinham uma função patológica conhecida, são fundamentais para esse processo de dor inflamatória”, explica. Outro sucesso da pesquisa foi demonstrar como elas são ativadas e quem é a responsável por essa ativação: a fractalcina, proteína diretamente responsável por todo o processo da dor. “Essa proteína, a fractalcina, é liberada durante o processo inflamatório e ativa essa célula-satélite. Existe um local específico onde essa fractalcina atua, que chamamos de receptor. A ideia, então, é desenvolver um fármaco ou uma molécula que bloqueie esse receptor e que impeça que a fractalcina se ligue a esse receptor e ative a célula-satélite”.

Novos medicamentos

As indústrias farmacêuticas já estão desenvolvendo medicamentos para bloquear o receptor da fractalcina, mas os pesquisadores da USP esperam que, em médio prazo, possam ser desenvolvidos novos remédios contra a dor inflamatória, com menos efeitos colaterais. A expectativa é que esses remédios possam amenizar dores de pessoas que sofrem com artrite reumatoide, osteoartrite, gota e até traumas cirúrgicos e torções.

“O que queremos é desenvolver fármacos que sejam efetivos no tratamento da dor e que tenham menos efeitos colaterais para melhorar a qualidade de vida do paciente. Já existem fármacos no mercado contra a dor inflamatória. Estes anti-inflamatórios que se tomam, como a aspirina, são efetivos. O grande problema está relacionado com os efeitos colaterais que eles apresentam e que têm muito a ver com os sistemas cardiovascular e gastrointestinal”, diz.

O pesquisador afirma, ainda, que os efeitos colaterais limitam a eficácia. “Um paciente que tem artrite reumatoide e que vai precisar tomar medicamento por mais de um ou até 20 anos não vai suportar esses efeitos colaterais por muito tempo. Nossa ideia é achar um mecanismo importante e, a partir disto, compor novas drogas para conter esse processo”, explica o professor.

Com informações da Agência Brasil

Redação

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