A lei do cão impera em São Paulo

Em setembro de 2012, a PM executou oito pessoas. Declaração do governador Geraldo Alckmin: “Quem não reagiu está vivo”.

O governador anda com escolta. PMs da ativa e aposentados, agentes penitenciários, funcionários de presídios, não. Quando Alckmin liberou geral, todos – de integrantes do PCC a oficiais da PM, de inocentes de periferia a agentes penitenciários – viram-se na linha de fogo.

Repetiram-se as loucuras de 2006. Primeiro, o PCC invadiu a cidade, com atentados múltiplos. Depois, o então Secretário de Segurança Saulo de Castro Abreu negociou uma trégua com a quadrilha. No dia seguinte à trégua, a PM iniciou a maior chacina da história de São Paulo, mais de 500 pessoas assassinadas em uma semana, a grande maioria executada com tiros nas costas e na cabeça, grande maioria jovens da periferia sem antecedentes criminais.

Esse crime nunca foi apurado. É uma mancha que paira sobre São Paulo e deixou frutos pesados, que estão sendo colhidos agora.

Diz-se que a falta de punição à tortura do regime militar deixou de herança a violência como rotina institucional. Os assassinatos de maio de 2006 deixaram por herança uma Polícia Militar sem controle.

Em todo aparelho repressivo há duas estruturas de comando: a oficial e a paralela. Foi assim na ditadura; é assim com as PMs de todo o país. 

O liberou geral de Alckmin criou um poder corrosivo nos aparatos repressivos. A autoridade não estava mais na hierarquia, mas naqueles que se destacavam pela violência cega, pela capacidade de executar os inimigos.

Justamente para evitar esse descontrole, o grande fator de contenção da estrutura paralela é a punição dos excessos cometidos. Destruída a hieraquia, os grupos paralelos viram-se com enorme liberdade para atuar. E não se conseguiu mais separar os que atuavam como justiceiros daqueles que passaram a agir a mando do crime organizado contra quadrilhas rivais.

Participei de alguns seminários sobre a militarização da Polícia Militar. Lá, especialistas relataram depoimentos colhidos de soldados da PM. Hoje em dia, só são respeitados PMs que atiram primeiro para perguntar depois. Nesse quadro, as referencias maiores não são os oficiais que atuam nos limites da lei; são os violentos, os que comandam chacinas, sejam oficiais ou simples PMs. É a lei do cão se impondo sobre as regras legais.

Do lado do crime, o efeito foi similar. As organizações criminosas seguem uma lógica de custo x benefício. Evitam atirar em policiais, porque sabem que a reação atrapalha seus negócios. Em um quadro de guerra total, não há o que perder. Então partem para o confronto total.

Um mês depois de Alckmin ter liberado geral, ocorreram 16 assassinatos na Baixada, atribuídos ao PCC. Reação de Alckmin: “Há muita lenda sobre o PCC”.

No final do mês de outubro de 2012, dados da Secretaria de Segurança indicavam 38 mortes de policiais no ano, e dezenas de mortes de supostos criminosos em várias partes da cidade, Alckmin insistia haver “muita lenda” sobre o PCC.

Nesses dois momentos – 2006 e no liberou geral de Alckmin – , a disciplina militar da PM foi para o espaço. Tanto em 2006 quanto em 2012, aumentaram as suspeitas de grupos clandestinos da PM sendo utilizados para acerto de contas.

Em nenhum momento Alckmin se deu conta de que o combate ao crime exige planejamento, inteligência e aparato de segurança sob controle. Jamais entendeu que a liberação à violência é a forma mais rápida de perder o controle sobre a PM.

Levou meses e meses para substituir um secretario de Segurança violento e inepto, por não ter um nome para substituí-lo. Ou seja, o governador do mais importante estado do país não dispunha sequer de informações básicas sobre especialistas da área, para proceder a uma substituição inevitável.

O novo Secretário de Segurança Fernando Grelha tem boa imagem. Mas tem dois desafios quase impossíveis pela frente: o de reconstruir a PM; e o de desmontar o PCC.

Luis Nassif

65 Comentários

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    1. Parabéns!!

      Isenção é coisa que o Nassif tem mesmo!!! concordo!!!! por isso mesmo que se fala, aqui, que SP tem um dos melhores índices nacionais acerca da criminalidade!!! parabéns, Nassif, pela sua isenção!!

  1. Lei do Cão

    A minha impressão, Nassif, é que em termos de segurança pública, em São Paulo, nada possa ser reconstruído, como a PM, ou desmontado, como o PCC.

    As raízes postas pelos sucessivos governos conservadores, no Estado, antes pelos indicados por militares, depois pela sequência malufismo, quercismo e, finalmente, tucano, se espalharam, apropriando-se de uma visão utilitarista do tema segurança pública e sempre em oposição a uma marca que foi destroçada pela mídia com uma ajuda, às vezes até insensata, da esquerda: os direitos humanos.

    Hoje em dia, isso está refletido em qualquer pesquisa de opinião sobre o assunto. Alguém tem dúvida de que quando se acusa a impunidade, não se está pedindo exatamente a truculência da polícia de Alckmin e secretários como Saulo? A quantos incomoda a situação do sistema carcerário paulista, como se este fosse praia e coco gelado, e não condições bárbaras de permanência prisional?

    “Reconstruir a PM” significa extirpar a corrupção na Corporação. “Desmontar o PCC” significa, antes, definir uma política inteligente de legalizar o uso de drogas.

  2. Alkmin, Fleury filho, os capachos dos ditadores…

    Uma longa história de barbarie e mediocridade que deixou e deixa em São Paulo um rastro de sangue que não incomoda em nada a opinião publicada.

    Alias a participação de veja/OESP/FSP nisso tudo foi e é fundamental.

  3. Correção

    A lei do cão impera em todos os lugares e no mundo.

    Tudo isso foi fruto de uma política intencional para submeter pessoas e povos.

    Trata-se de uma cultura e por isso sua formação vem de longos anos.

    Se na chamada Guerra Fria a forma de controle da sociedade era dada através do divertimento na qual Hollywood e Disney eram as suas máximas expressões, após a queda do muro de Berlim a forma de controle passa a ser substituída pela era da repressão, onde o medo foi lentamente implementado para que as formas de repressão fossem aceitas.

    Dentro desta nova forma de controle…

    O inimigo está em toda parte

    É exatamente em nome da “preocupação com o terrorismo” que os EUA bisbilhotam a nossa vida, que ameaçam invadir países e lascam o pau nos manifestantes.

    Tudo isso para garantir o imobilismo da sociedade, para resguardar o direito de alguns pouquíssimos.

    Tudo para manter a sociedade manietada e o seu efeito de tornar as pessoas  bovinas.

    A era do divertimento está sendo substituída pela era da repressão.

    Medidas draconianas de segurança continuam sendo implementadas.

    Nos EUA a crise (medo/repressão)  é tão grande que alguns recentes episódios demonstraram que a sociedade parece viver em estado de esquizofrenia, por exemplo a perseguição de um carro que invadiu uma barreira e um verdadeiro “exército” foi mobilizado, ruas foram fechadas, isolou-se repartições públicas mantendo seus ocupantes internos. O automóvel era dirigido por uma mulher e tinha uma criança no carro.

    No Brasil se procura aprovar a lei anti-terrorismo que irá demonizar quaisquer movimentos e manifestações públicas.

    É a repressão substituindo a política na sua responsabilidade de trazer equilíbrio e organização social. A grande imprensa ao privilegiar a cultura do medo, sempre mergulhando no sensacionalismo quando trata de questões de segurança, desenvolveu e justificou esta cultura. Vinte e quatro horas por dia assistimos repórtagens de crimes e violências. Programas como o de Datena fazem sucesso. 

     

     

  4. A guerra contra o crime. Falhas nas abordagens.

    Uma contribuição para o excelente artigo de Nassif

    A discussão acerca do sistema de justiça criminal entra definitivamente na agenda política, repercutida exaustivamente nos meios de comunicação.

    O aumento da criminalidade e da violência pode ser explicado pela desagregação do sentido coletivo e familiar da sociedade moderna e pelo impacto da televisão na criação de padrões de consumo que trazem consequências na vida política e sociocultural.

    As leis, a Polícia, o Ministério Público, o Judiciário e o sistema carcerário passam a ser cenário de discussão.  As acusações de ineficácia proliferam e atingem a todos.

    A retórica do debate sobre a punição invoca a figura da vítima tipicamente uma criança, mulher ou idoso, sempre um cidadão correto e íntegro que deve expressar toda a sua angústia e sofrimento e que deve ser absolutamente protegida e ter seus direitos garantidos. A vítima é tomada como uma figura que representa uma experiência comum e coletiva e não uma experiência individual e atípica. A grande mídia dramatiza e reforça a criminalidade, que além de criar o medo como forma de dominação obteve como efeito colateral o aumento das taxas de criminalidade.

    Com a insatisfação aumenta a cobrança ao Estado constituindo um complicado e recorrente problema político.

    As soluções normalmente apontadas para a diminuição dos crimes se limita a concentrar nos efeitos do crime muito mais do que nas causas. Os resultados são modos mais intensivos e expressivos de policiamento e de punição cujo objetivo é convencer a população de que o Estado ainda mantém sua autoridade.

    No calor dos debates muito se tem apontado para quadros comparativos entre os sistemas brasileiro e estrangeiro, deixando de mostrar o mais sugestivo e abrangente que são as formas de controle, onde o Brasil desde a sua formação adota o sistema de controle penal, repressivo, enquanto países europeus preferiram adotar o controle social como forma de prevenir a formação do crime.

    Os países que adotam a forma de controle penal encontraram grande respaldo com o aumento da repressão ao crime ocorrido nos EUA a partir da década de 60, onde o Estado aprimora a estratégia de segregação punitiva com a formação de sentenças pesadas e aumento do aprisionamento (encarceramento em massa), restrições à defesa, construção de presídios de segurança máxima, prisão de crianças e adolescentes, punição corporal, inflação do código penal, publicização dos condenados, entre várias outras formas que são instrumentalizadas para advertir, confortar, e ao mesmo tempo controlar a população.

    É sempre responsabilidade do Estado o controle da criminalidade e a sua ineficiência é causa do aumento da violência, e não podemos ignorar esta realidade.

    Se por um lado o Estado deve agir preventivamente criando condições dignas para a sua população, como um sistema público de ensino de qualidade para todos, moradia digna, entre outras funções sociais, por outro lado deve oferecer as condições igualmente dignas para que o aparato de controle penal funcione a contento.

    A deficiência das condições de vida de muitos brasileiros é notória, mas, as condições precárias do nosso controle penal são pouco estudadas.

    A ineficiência pode ser apontada logo na abordagem das origens das nossas polícias, onde a militar parece mais preparada para a guerra do que para o controle e repressão, situação bem demonstrada nas cenas recentes de um helicóptero policial na cidade do Rio de Janeiro metralhando todo um bairro na perseguição de três bandidos, enquanto a polícia civil se mostra ineficiente na sua responsabilidade de investigação do crime pelo modelo original de elucidação de crimes via confissão, ou depoimento de testemunhas, e não raro são observadas situações de violência e chantagem para se buscar a confissão ou a acusação mesmo que leviana.

    Essas condições acima deveriam ser a origem de qualquer debate sobre a ineficiência do nosso controle de criminalidade, e tentar deslocar este foco para prometer à sociedade a solução dos problemas via diminuição da maioridade penal, ou, e, pelo outro preferido pelo mainstream do discurso de que nossas penas são brandas.

    Resolvendo esses problemas de raiz se partiria para o segundo ponto, igualmente pouco difundido, das precárias condições como a falta de investimentos em contratação, capacitação e remuneração de policiais e peritos, bem como em infraestrutura nas delegacias, o que acarreta não só o despreparo dos policiais como também sobrecarga de procedimentos.

    Portanto, o problema da segurança no Brasil passa pelo cumprimento das leis já existentes,  pela certeza da sua aplicação e execução, e não pelo aumento da pena. A impunidade se combate com efetividade.

    Ocorre que o índice de efetividade da Justiça criminal brasileira é baixíssimo, onde um relatório da Associação Brasileira de Criminalística demonstra que a taxa de elucidação dos inquéritos de homicídio no Brasil varia de 5% a 8% do total de crimes, o que vale dizer que de cada 100 homicídios no Brasil no máximo oito são devidamente apurados, segundo estimativa de Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa Mapas da Violência 2011, divulgada pelo Ministério da Justiça.

    Enquanto a lei vigente não for aplicada, enquanto não se oferecer condições para a elucidação dos crimes, é ilógico se postular aumento de pena.

    O Ministério Público deveria no exercício do seu controle externo da Polícia apontar estas precárias condições para solucionar todos esses crônicos problemas. Mas, preferem reivindicar o aumento de pena!

    Essa sensação de impunidade é clara e muito grande e isso estimula o cometimento de novos crimes, daí o aumento assustador deles.

    Um terceiro problema está na forma, onde não há integração entre delegados, promotores e a Justiça no andamento dos inquéritos, provocando um excesso de inquéritos devolvidos para novas investigações e muitos são mandados arquivar por irregularidades ou por estarem prescritos, situações que seriam evitadas se o trabalho fosse conjunto.

    Finalmente não é desprezível constatar que esse temor alimenta a grande indústria de segurança.  Pessoas receosas de serem vítimas de violência adotam precauções e comportamentos defensivos na forma de seguros, carros blindados, sistemas de segurança eletrônicos, cães de guarda, segurança privada, grades e muros altos, alarmes, o aumento de frequência nas catedrais de consumo, os shoppings, e o afastamento dos equipamentos urbanos como praças e parques.

    http://assisprocura.blogspot.com.br/2013/05/a-guerra-contra-o-crime-falhas-nas.html

  5. Caro Nassif e demais
    É uma

    Caro Nassif e demais

    É uma luta interquadrilhas. A lei do cão, já vigora no Brasil, desde a sua colonização. Um pouco desse rompimento, via, Lula/Dilma,   é declaração de guerra.

    Saudações 

  6. “O aumento da criminalidade e

    “O aumento da criminalidade e da violência pode ser explicado pela desagregação do sentido coletivo e familiar da sociedade moderna e pelo impacto da televisão na criação de padrões de consumo que trazem consequências na vida política e sociocultural”:

    Nao, Assis!  Um fenomeno unico, que aconteceu no terceiro mundo inteirinho, demonstra claramente que o aumento da criminalidade foi causado pelo sucateamento das policias e do judiciario:  os muros altos.

  7. Essa balela da maior

    Essa balela da maior investigação sobre o PCC feita pelo MP e governo de sp é de uma artimanha sem tamanho. Isso é para esconder e abafar o maior de todos os escandalos: o TRENSALÃO  do psdb. E o mp, como sempre, em parceria com o governo tucano de sp. O mesmo mp que dorme sobre os escandalos do trensalão há DOZE ANOS e ainda reclamam do CADE, dizendo que este está fazendo politica.

    Esse blá blá blá de PCC é somente para esconder e desviar o foco para um problema maior;  O TRENSALÃO DO PSDB. 

    No JN todos os dias aparece o governador alkmin posando de heroi e competente em combater a violencia, quando na realidade, a coisa está FORA DE CONTROLE. E o pior é que muita gente ingênua e inocente acredita.

  8. CINISMO

    O cinismo do governador é o que tem de mais assustador – e revoltante !

    Em relação às denuncias de cartel nas licitações do metrô , colocou seu aparato de marketing para agir agressivamente : propagandas melosas de funcionários do metrô dando depoimentos de como adoram trabalhar na empresa . Quem tem que encarar esse transporte diariamente fica revoltado em ver aquilo. Tanto que a estratégia da propaganda foi mostrar depoimentos de funcionários ; jamais cogitariam em colocar um usuário , mesmo que fosse um ator contratado , para dizer o quanto admira a operação do metrô paulista. 

    Ontem começou a segunda fase da estratégia de marketing  , mais agressiva : propaganda que diz que o governador agiu rápido e não se escondeu diante da denúncias de cartel ; ah! como seria bom se todos agissem como o Alckimin , disse a mocinha que conduz a peça publicitária !

    Se as denúncias de corrupção no metrô por si só não fossem suficientes , a crise da segurança que se arrasta desde agosto do ano passado é outro ponto a provocar constrangimento ao governador . Pra quem se recorda , logo que os ataques do PCC contra policiais começaram em agosto do ano passado , o governador se apressou em ir na mídia e negar que se tratava de ações do PCC , disse que eram casos isolados. Como a situação se agravou e demorou para ser controlada , o governador passou pelo constrangimento de ter que admitir que realmente eram ações do PCC. E ainda custou a aceitar a ajuda do governo federal , com medo de mostrar sua fraqueza política.

    Com a divulgação pela imprensa das recentes investigações do Ministério Público , demonstrando quão forte  o PCC está em São Paulo , o governador fez aquilo que qualquer político faz quando não há nada a fazer – seja porque não quer , seja porque não pode : instituir uma “comissão de investigação” . 

    Mas a  boa lógica manda perguntar :  Ora , esse sujeito e seu partido participam , de forma direta ou indireta , da administração do Estado há vinte anos ininterruptos. Quando se empossaram no poder o PCC não existia. Essa facção nasceu , cresceu e se consolidou debaixo do nariz de Alckimin e do PSDB. Dispondo de todo o aparato da administração pública para lidar com o problema , as polícias civil e militar , por quê diabos está criando agora uma “comissão ” para investigar o caso ? Quê ações concretas fez durante esses vinte anos ?

    Evidentemente que os dois desafios do secretário da segurança pública Fernando Grella apontados no texto ficarão intocados , pois exigem enorme vigor e disposição políticos para sua realização – e o governo de Alckimin é apagado e vacilante ; não precisa ser gênio , nem grande observador da cena pública ,  para entender que a ordem geral é ir tocando com a barriga  , sem provocar grandes polêmicas ou ações que gerem discussão política ,  até o fechar das urnas no final de 2014 .

    Até lá vamos instituindo “COMISSÕES” de apuração para tudo o quê de inconveniente estourar na mídia ! E daí , qual o problema que estamos por aqui há vinte anos ? 

  9. Vou me apegar apenas a uma

    Vou me apegar apenas a uma parte do texto: a que remete ao massacre de mais de quinhentas pessoas quando da vindita da polícia de São Paulo contra o PCC naqueles idos tempestuosos de 2006. 

    Quem responde por essas vítimas, muito delas, se não a maioria, INOCENTES? Pode até ser que entre os executados  houve algum criminoso responsável por um dos assassinatos contra policiais e guardas penitenciários. Mesmo assim, não justificaria em hipótese alguma uma eventual eliminação sumária porque atentaria contra  o Estado de Direito, 

    Cadê a OAB, Ministério Público, e as aguerridas frentes de lutas(justas) a favor de que se punam os crimes ocorridos na ditadura militar?

    A grande tragédia da miséria, do fosso social  pela desigualdade, é a assimetria na defesa da cidadania com relação aos mais abastados, aos que são “visíveis”. 
    Só por uma momento imaginemos um massacre desse em Higienópolis ou Ipanema: mundo e fundos já teriam sido arrebanhados para a descoberta e punição do culpados. 

     

     

  10. Para a população em geral ,

    Para a população em geral , seria muito melhor que se fizesse um acordo com o PCC , e ceder território , do que vivenciar esse clima de violência urbana generalizada diariamente. Claro está que o estado não é capaz de resolver o problema , mas tem que manter as aparências. C om o compromisso do PCC em eliminar a violência urbana indiscriminada de São Paulo , seria vantajoso para todos ;  o clima de selvageria em que se vive : não se pode sacar dinheiro em caixa eletrônico , não se pode circular à noite –  e mesmo durante o dia a tensão é permanente , não se pode parar em semáforos ,  não se pode frequentar restaurantes , não se pode circular em motocicleta , é arriscado entrar e sair de casa , estabelecimentos comerciais , taxistas , frentistas vivem todos em risco permanente , o número de residências invadidas e carros roubados beiram o indescritível. O estado faliu completamente  nessa questão e não consegue mais resolver o problema ; a facção criminosa conseguiu agregar e articular a criminalidade em torno de si; pode livrar  São Paulo dessa criminalidade banal de rua , se quiser. Em troca fica com o tráfico de drogas ,  limpo , organizado , altamente lucrativo . Em troca também , as pessoas comuns podem viver suas vidas mais civilizadamente , sem que ocorram casos como daquele estudante assassinado no estacionamento da USP , ou ainda outro estudante assassinado por um menor na porta do edifício em que morava no Belém , apenas para roubar um celular.

    Este último caso , inclusive , serviu para que o  governador aproveitasse a deixa para fazer uma ação de marketing à época e  defender a redução da maioridade penal . Sobre essa questão inclusive , Alckimin nunca mais tocou no assunto dado o alarido que causou na mídia. Provavelmente , sua assessoria de marketing se assustou com a repercussão do caso , não surtiu o efeito desejado , e o governador esqueceu o assunto .

    Em ambos os casos – do estudante assassinado no estacionamento da USP e do estudante assassinado na porta de casa no bairro do Belém  – foi a ação do PCC  que possibilitou a prisão dos criminosos. Quando ocorrem esses crimes com repercussão na mídia , a estratégia da polícia é sempre a mesma para dar uma resposta à sociedade : prejudica o movimento da facção em algum ponto de droga até que se entregue os autores do crime.  Pra se ter uma idéia do absurdo em que se chegou , no caso do estudante no estacionamento da USP , o  criminoso – um nóia que rouba pra comprar pedras de crack –  se apresentou na delegacia “espontaneamente” acompanhado de um advogado .

  11. Esse assunto eu tenho que

    Esse assunto eu tenho que comentar de maneira totalmente anônima infelizmente.

    Hoje posso garantir que só uma medida simples como a federalização dos crimes praticados por policiais, do dia para a noite, a criminalidade diminuiria em geral em 30%, e nesse ponto acho que estou sendo muito conservador nos números.

    Em se tratando de homicídios os números poderão chegar a 50% num primeiro momento e depois se a medidas investigatórias começarem de fato os números caíram para 70% ou até 80%.

    Quem conhece minimamente o meio sabe que chegou ao ponto que fica difícil de saber quem é mais bandido a polícia ou o efetivo bandido.

    Conheço oficiais sérios que vivem com medo, pois, quem manda de fato hoje na polícia: é o policial bandido.

    Pra vocês terem uma idéia, ouvi de um policial outro dia a seguinte frase: “70% dos policiais são bandidos e os 30% restantes são corruptos”.

    Tanto é que hoje em dia, por conhecer minimamente o meio, eu chego a ter muito mais medo de policial do que de bandido, a frase em si pode parecer absurda, mas, pergunte para qualquer pessoa que teve um problema com policial (fora da criminalidade), como sua vida se transformou em um inferno, isso é, os que sobreviveram para contar.

    Assim, não adianta… as medidas terão que vir de cima para baixo, isso é: a nível Federal, se deixar as questões para nível de Corregedoria vai continuar essa merda… e a tendência é piorar.

     

    1. comentário

      Cavaleiro, é exatamente isso q vc diz!! Enquanto as tais corregedorias continuarem exercendo a fiscalização e punicção de policiais bandidos continuaremos com esta guerra do medo. Faço processo administrativo disciplinar na instituição que publica trabalho (nao militar) e percebo que já difícil fiscalizar colegas, imaginemos fiscalizar colegas bandidos, que a qualquer momento pode colocá-lo sob sete palmos. Esse modelo de fiscalização da polícia (civil e militar) é uma falácia e a garantia da perpetuação da impunidade!!

  12. Como combater o PCC?

    Há quatro pilares sobre os quais é possível lidar com o crime organizado de São Paulo que se espalha país afora:

    1. Inteligência. Isso quer dizer saber quem faz o que aonde e quando. Escutas fazemos muito, mas não infiltramos, não temos integração das polícias, não temos foco em acompanhar os movimentos;

    2. Tecnologia. Bases de Dados unificadas, bloqueio de celulares (alguém já ouviu falar em Gaiola de Faraday?), rastreadores, controles eletrônicos;

    3. Repressão. E repressão sob controle, garantindo que a Justiça – e apenas ela – seja cumprida; o único pilar que cumprimos, e mal;

    4. Direitos Humanos. Hoje, o flanco mais desguarnecido na lide com o crime. Melhorar a qualidade dos presídios e das assistências médica e judiciária esvaziaria um contingente considerável de ‘soldados’ do crime. Mas, deixemos de ser hipócritas, ninguém quer falar sobre isso.

    1. 1. Com certeza.
      2. Cada vez

      1. Com certeza.

      2. Cada vez que falam em bloquear dão um jeito de não bloquear… todos os governadores e prefeitos.

      3. Sim.

      4. As cadeias precisam melhorar. Precisam ser mais seguras. Precisam impedir contato com o exterior. 

    2. Eu não consigo compreender

      Eu não consigo compreender como é que existem tomadas disponíveis nos presídios(sobretudo os de segurança “máxima),para recarregar as baterias dos celulares .

      Somente Stanislaw Ponte Preta ,no seu famoso Febeapa ,é que poderia explicar esta medida simples e eficaz.

      Simples não é mesmo

    3. Eu não consigo compreender

      Eu não consigo compreender como é que existem tomadas disponíveis nos presídios(sobretudo os de segurança “máxima),para recarregar as baterias dos celulares .

      Somente Stanislaw Ponte Preta ,no seu famoso Febeapa ,é que poderia explicar esta medida simples e eficaz.

      Simples não é mesmo

      1. Não…não é mesmo…..sabe

        Não…não é mesmo…..sabe que nas celas não exitem tomadas, mas tem luz eletrica…e adivinha da onde eles puxam os fios para carregar os celulares???!!!…compreendeu ou quer uma maquete explicando???

      2. Condições das celas

        A eletricidade pode ser puxada do chuveiro ou da lâmpada – porque as celas não são construídas para serem celas, são pocilgas para punir pessoas; imagine você com raiva construindo algo bem vagabundo para alguém morar entulhado. Os colchões são inflamáveis e camas e louças de banheiro – quando as há – não são específicas para esses ambientes. 

  13. Para Alckmins da vida, esta

    Para Alckmins da vida, esta tudo bem. Matar “bandido” na periferia não é problema, é solução. Menos um. O fato de a população não ter jamais cobrado justiça pelo grave massacre de 2006 so reforça essa atitude dos “homens bons” desse Pais. Pior ainda: reelegem esses capangas modernos. 

  14. Nesses últimos dias a grande

    Nesses últimos dias a grande imprensa e seus aliados, o MP-SP e o governo tucano de São Paulo, colocaram no agendamento noticioso “a organização criminosa que age de dentro dos presídios”, autodenominada e popularmente conhecida como PCC. Reparem que, pelo menos, desde 2006 a imprensa paulista e nacional referiu-se a esta organização com muito cuidado, tratando sempre de omitir o nome da sigla e praticando a mais clara autocensura. Por quê? Suponho que para ambas as partes, MP e governo de um lado e o PCC, do outro, não permitir a real visibilidade desse fato interessaria. Devido a interesses econômicos envolvidos e, fundamentalmente, políticos.

    Ao PCC não interessa ou interessaria ver morta a “galinha dos ovos de ouro” em que se transformou o crime de roubo e tráfico de drogas em São Paulo e no Brasil. À polícia paulista, ou à sua “banda podre”, tampouco interessaria modificar o status quo, uma vez que, segundo o noticiário diário ela lucra e muito com o crime organizado. O MP paulista é o de sempre: para não contrariar e instabilizar o governo que o representa e do qual é representante, finge que faz e, na verdade, não faz nada. Entra ano e sai ano e a coisa continua no mesmo diapasão.

    Depois de 20 anos no governo e todos vendo uma real ameaça à continuidade de seus “mandatos” com o pleito eleitoral que se avizinha em 2014, onde a principal fraqueza são os fatos candentes de corrupção, como no Metrô e Trens (e isto sem contar o que poderá aparecer a mais), a luz vermelha acendeu. Há que se colocar “um bode na sala”. Escolheram o PCC, que a imprensa carinhosamente alcunhou de “a organização criminosa que age de dentro dos presídios”. Tal manobra diversionista presta-se para embaralhar o noticiário sobre os grandes crimes de corrupção cometidos sob as barbas do governo tucano e do Ministério Público de São Paulo.

    Havendo ou não um acordo implícito entre o PCC e o Estado, aos dois parece claro que mudanças de comando que possam advir com o pleito de 2014 não interessam a ninguém, principalmente se estas vierem com uma possível vitória do PT.

    Esgotada essa manobra diversionista, outros factoides virão e, certamente, cada vez mais intensos e direcionados contra o inimigo potencial comum.

  15. Putz, denovo essa ladainha de

    Putz, denovo essa ladainha de São Paulo. O Estado mais rico tem a pior polícia, a pior justiça, o pior MP etc, e pensam porque tem estradas boas (todas privadas) são o melhor estado do país. São Paulo vai dar muito problema para o país, principalmente ao não combater de forma eficaz essa criminalidade e permitir que ela cresça tanto que assombre todo o Brasil. Podem ter certeza, enquanto a picaretagem vigorar na administração paulista – é picaretagem sim, porque um partido no centro econömico do país não ter um pessoa para nomear como secretário de segurança só comprova a falta de capacidade para administrar – nada vai mudar.

    Engraçado é que o MPsdb de SP mais uma vez se supera em termos de proteção ao governo de plantão. Nunca descobriu nenhum problema no metrö, nas privatizações, na licitações com a ABril. Esse MP é uma vergonha para os membros do MP de todo o Brasil. 

    1. Seria  de bom alvitre que o

      Seria  de bom alvitre que o Jornal GGN, o blog e seus comentaristas  pegassem  o Mapa da Volencia no Brasil http://mapadaviolencia.org.br/ e analisassem o mundo cao da vilolencia do Brasil, na Bahia, em Alagoas, Pernambuco, estados do nordeste, Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, etc.. e nao ficassem batendo diuturnamente no governo de Sao Paulo, justamente o estado que apresenta os melhores indices do pais.  

       

      1. Nenhum supera SP em valores

        Nenhum supera SP em valores absolutos, e isto que assombra o país. E para começar, Alagoas, Pernambuco e outros estados do NE não têm a porcentagem de riqueza de SP. O problema da violëncia nos estados do nordeste se resolve com milhões de reais, e não bilhões com em SP. O Rio é igual SP, tenho que concordar. Há anos não há falcatruas no Estado do RJ, e o MP de lá provavelmente também é parceiro do governo, veja-se os salários que recebem. Para ser assim algum compadrio deve existir…..

      1. Sim duas vezes

        Como já bancou a industrialização de SP na república velha. Como já recebeu mandou mão-de-obra barata na época da ditadura, em prejuízo do investimento em desenvolvimento dos outros Estados. Como hoje se financia uma política rentista que beneficia uma classe econömica que em SP é maior. O país criou SP como ele é hoje, e não SP se fez sozinho. E mais uma vez o país vai ter de investir lá se quiser resolver os problemas que os próprios paulistas criaram. 

  16. Mais uma vez , a falácia

    Mais uma vez , a falácia provinciana de dividir com o país as misérias locais. Colocaram o PCC no Rio de Janeiro. Quando o tráfico de drogas dá demonstraçao de força no Rio , a imprensa paulista , indignada e blasé , refere-se a ação como se fosse o resultado da incompetência das forças de segurança e do “life style” carioca. As análises , distantes , enxergam um quadro de tragédias mundanas , distantes anos-luz de São Paulo. Agora , quando o bicho pega  em terras bandeirantes , o status quo local , corre para jogar logo a culpa no colo do governo federal , tentando colocar uma cortina de fumaça entre a realidade e a notória incapacidade de solucionar as misérias e tragédias locais…

  17. Piada

    Parece aquela piada do cara bêbado procurando sob um poste de iluminação a chave perdida. Alguém se propõe a ajudar e ele diz que não vai adiantar; ele perdera a chave em outro lugar, só estava procurando ali porque estava claro.

    Essa de cerebrinar e avaliar “políticas” de segurança somente – somente – a partir de dados de homicídio é igualzinha; só porque é o único dado minimamente confiável para além das “impressões” dos profissionais de segurança. Aí esses fazem acordo com a bandidagem para diminuir as rebeliões nas cadeias e pronto: reduziu-se a “criminalidade”!

    Sem negar que a vida é o bem mais importante, o fato é que os crimes conttra o patrimônio são os que acontecem mais e que mais causam insegurança na população das cidades brasileiras. É aí que está a questão: ninguém quer falar de patrimônio. O homicídio brutal dá mais azo pra sensacionalismo e moralismo.

    Só isso pra justi0ficar a inércia em se fazer pesquisas sérias de vitimização (inclusive nacionais).

  18. O PCC se tornou uma espécie

    O PCC se tornou uma espécie de muleta, como é a Al-Qaeda para os EUA.

    É só se intensificarem as denúncias de corrupção contra o governod e SP, que imediatamente aparece o fantasma do PCC para monopolizar a atenção de todos(principalmente da condescendente mídia).

  19. Desculpe Nassa

    “o combate ao crime exige planejamento, inteligência e aparato de segurança sob controle”

    Esqueçam as filosofadas nassifianas e façam um raio-X em cima proliferação desenfreada da borbulhante geração de  menores traficantes que resulta, rapidamente, na ascendente escalada econômica e social das suas famílias que experimentam e se regalam, em curto espaço de tempo, com os lucros dos pequenos assaltos que, em pouco tempo, transformam, os seus autores, em grandes mercadores do tráfico que ninguém que encarar – nem a PM.

    Deus é Pai!

    1. opinião do comentario

      “Esqueçam as filosofadas nassifianas”, como esquecer, vivemos em uma sociedade onde tem que prezar a paz e o bom censo, primeiro os jovens e menores não pediram, não se programaram para serem criminosos, a sociedade que apresentou a situação a eles, todas as forças vivas tem que se unir para evitar que Jovens e menores tenham o primeiro contato com o crime. Como?, existe muitas formas, estuda-las e por em pratica, isto para ontem, com inteligencia investigar, julgar e prender as pessoas foras da lei de todas as camadas sociais….este é o começo para a solução, ainda não é a solução.

    2. O INFERNO É AQUÍ

      Portal PLOX | 20/10/2013

      Comerciante é brutalmente assassinado dentro de sua loja em Ipatinga

      A Polícia Militar de Ipatinga prendeu na noite desse sábado (19), três pessoas apontadas de terem planejado e executado um crime bárbaro que chocou a cidade. O comerciante Munir Augusto da Silva, de 50 anos, foi encontrado morto dentro de seu estabelecimento comercial, denominado São Jose Ferramentas, localizado na Avenida Selim José de Sales. O crime teria ocorrido por volta das 18h.

      Ele era separado e estaria morando no próprio local de trabalho.

      “Dei machadada na cabeça dele, arranquei a orelha dele fora”. Com essas palavras um assaltante confessou ter matado o comerciante e contou detalhes da barbaridade ocorrida nesse fim de semana em Ipatinga.

      http://www.plox.com.br/caderno/policia/comerciante-e-brutalmente-assassinado-dentro-sua-loja-ipatinga

      ***

      [video:http://www.youtube.com/watch?v=zQi9R2Rzti8%5D

      ***

      Diário do aço | 27/10/2013

      Presos cinco acusados de envolvimento com tiroteio
      Homens encapuzados e armados dispararam contra vítimas em frente a lanchonete

      Jovens abusados 

      O telefone da vítima estava de posse de um jovem de 15 anos, com diversas passagens pela polícia por tráfico de drogas. Questionado sobre o fato, o rapaz insistiu que “achou o telefone jogado no chão perto do campo do bairro Ana Moura”. O outro adolescente apreendido tem 17 anos e, igualmente, negou participação no crime. 

      Perguntado sobre seu envolvimento com o mundo do crime, ainda tão novo, com risco de morrer a qualquer momento, o adolescente retrucou:

      – “É que chegar velho lá no inferno é ruim. O bão é chegar lá mais novo. Não tenho medo do morrer. Ninguém nasceu para ser semente não. Um dia todos vamos morrer mesmo, uai. Estamos aqui só de passagem e mais uma coisa, morrer deve ser gostoso, todo mundo vai e ninguém volta. Vai ver que todos gostaram de lá”, esnobou.

      http://www.diariodoaco.com.br/noticias.aspx?cd=76119

  20. Tudo bem: SP é o ultimo lixão

    Tudo bem: SP é o ultimo lixão em matéria de segurança pública no Brasil. De qual outro estado vamos “importar” um modêlo que funcionou / funciona? PE, BA, RJ, PA, …?

  21. Tese premiada – As origens do mal

    A atuação dos profissionais ligados à segurança pública, quando esta se faz por práticas de corrupção, suborno e tortura, somada à arbitrariedade do não cumprimento dos códigos de justiça, influencia no aumento da criminalidade em São Paulo e no aspecto violento da cidade. É o que a jurista e socióloga Alessandra Teixeira chama de “gestão de ilegalidades”.
    A conclusão está no doutorado de Alessandra, defendido em 2012, que recebeu menção honrosa do prêmio Tese Destaque USP, área de Ciências Humanas, em julho de 2013. A pesquisa foi desenvolvida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, sob orientação do professor Sergio França Adorno de Abreu, do Departamento de Sociologia.

     

    http://espaber.uspnet.usp.br/jorusp/?p=32135

    Origens do mal

    Publicado por admin – Monday, 9 September 2013

    VIOLÊNCIA

    Má gestão da segurança pública resulta no aumento da criminalidade, mostra tese de doutorado defendida na FFLCH

    MARIANA MELO
    Agência USP de Notícias

    A atuação dos profissionais ligados à segurança pública, quando esta se faz por práticas de corrupção, suborno e tortura, somada à arbitrariedade do não cumprimento dos códigos de justiça, influencia no aumento da criminalidade em São Paulo e no aspecto violento da cidade. É o que a jurista e socióloga Alessandra Teixeira chama de “gestão de ilegalidades”.
    A conclusão está no doutorado de Alessandra, defendido em 2012, que recebeu menção honrosa do prêmio Tese Destaque USP, área de Ciências Humanas, em julho de 2013. A pesquisa foi desenvolvida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, sob orientação do professor Sergio França Adorno de Abreu, do Departamento de Sociologia.
    Os agentes dessa gestão de ilegalidades não são apenas os policiais, mas todo o sistema envolvido, que inclui os seus responsáveis nos poderes Executivo e Judiciário. Alessandra percebeu que as formas do aparelho policial de se inferir nas economias criminais, por meio de mercadorias políticas, extorsões, cobranças e execuções, transformam as percepções que a sociedade tem de violência e segurança. “Ao não cumprir a lei, eles (os policiais) taxam a execução dela”, diz a autora, e continua: “Não se trata só da Polícia, mas sim da estruturação moldada de forma a fazer entender que a supressão da lei é aceitável”. No caso, para a aceitação de uma ordem pública pretensamente segura.

    Prisões – Na elucidação de ilegalidades que alteraram a concepção do que é a prática legal de contenção do crime, Alessandra estudou como se davam as chamadas prisões correcionais, também conhecidas como prisões de averiguação. As prisões correcionais são diferentes porque acontecem sem que um inquérito ou sentenças oficiais sejam implantados.
    Para exemplificar, a pesquisadora cita as detenções por vadiagem ou alcoolismo, comuns nos anos 1930. A mentalidade por trás dessa prática, que transformou em banal o conceito de detenção mediante generalização dos crimes cometidos, é, até os dias de hoje, uma das responsáveis por fazer crescer a criminalidade e a violência, no que a autora chama de “prender pessoas à margem da legalidade.”
    A estruturação da Polícia, para Alessandra, favorece esse paradoxo porque a militarização traz um traço de gerir populações com controle e repressão, que acabam se voltando contra a população. “A delinquência é o resultado de um processo extenuado de radicalização operado pelo aparato repressivo, e a partir da violência do Estado.” A extrapolação desses tópicos também acaba influenciando a forma como a população reage à violência, ou seja, a aceitação fria de eventos que deveriam chocar, como chacinas em regiões periféricas da cidade.

     

     

    Vítimas da repressão policial: extorsões e execuções

     

    Economia do crime – A violência e a corrupção dos agentes da segurança pública, segundo a pesquisadora, condiciona a “economia do crime”. Nos anos 1930, a cobrança de subornos para que se mantivesse rentável a exploração da prostituição potencializou a articulação criminal junto à região do Bom Retiro, na área central de São Paulo, que ficou conhecida como Boca do Lixo.
    Outra observação da pesquisa é a cristalização do conceito de delinquência urbana, que ocorreu nas décadas de 1960 e 1970, o que coincide com a criação da Polícia Militar. No entanto, segundo Alessandra, desde o início do século 20, a Polícia em São Paulo, mesmo sendo predominantemente civil, possuía caráter militarizado. “Desde o Império temos esses traços repressores na atuação da Polícia. A reformulação das ações da segurança pública acaba se dando a partir dessas vertentes”, conta.
    Para realizar sua pesquisa, Alessandra levantou estatísticas criminais do período de 1930 a 1990 e material publicado pela imprensa, principalmente nos anos 1970 e 1980, além de entrevistas com internos da Fundação Casa e com Luiz Alberto Mendes, autor do livro Memórias de um Sobrevivente.

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    1. Na Carta Capital

      http://www.cartacapital.com.br/sociedade/policia-militar-historicamente-impulsionou-a-delinquencia-urbana-diz-sociologa-6903.html

       

      Repressão policial impulsionou a delinquência urbana, diz socióloga

       

      Sociedade

      São Paulo

      Repressão policial impulsionou a delinquência urbana, diz socióloga

      Estudo de Alessandra Teixeira, da USP, mostra que a mistura de omissão e violência proporcionou as condições para a articulação do crime organizado

      por Paloma Rodrigues — publicado 24/07/2013 13:54, última modificação 24/07/2013 13:57

           

      Marcelo Camargo/ABr

       

      Reintegração de posse de um terreno ocupado no Jardim Iguatemi, zona leste da capital paulista, em março deste ano

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       Conteúdo

      Veja a pesquisa de Alessandra Teixeira na íntegra

       

       

      O processo da construção da criminalidade no Brasil foi diretamente influenciado pela atuação das polícias. A conclusão é da socióloga Alessandra Teixeira, que em sua pesquisa analisou a construção da ilegalidade no Estado de São Paulo da década de 1930 até os dias atuais e verificou que a base do policiamento do Estado se fincou em dois pontos: repressão violenta e uma mistura de omissão e corrupção, características comuns nas polícias civil e militar. O estudo também indica que o aumento da repressão antecede a disseminação do crime organizado e que essa repressão colabora para sua massificação.

       

      A pesquisa de Alessandra é um doutorado realizada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e analisou depoimentos de ex-presos, biografias e relatos policiais, além de relatos e reportagens jornalísticas de todo o período (a pesquisa em PDF pode ser acessada AQUI).

       

      Segundo Alessandra, o atual modelo do crime em São Paulo se configurou no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. A organização da “economia da droga”, termo usado pela socióloga, se dá em grande parte dentro dos presídios. “Neste período ocorreu a prisão em massa, direcionada aos autores de roubo e da ‘criminalidade patrimonial desarticulada’, proporcionando um ‘recrutamento’ da população para o espaço da prisão”, diz. A partir disso, afirma Alessandra, o Estado brasileiro teria permitido a formação de uma situação particular que influenciaria os moldes do novo mercado do crime: um misto de omissão do controle das forças dentro das prisões ao mesmo tempo em que usava de repressão violenta. “O Estado não se interessava em controlar o monopólio da violência dentro das prisões e permitia que acontecesse uma luta permanente por poder entre os presos”, afirma. Por outro lado, o Estado fortalecia a tortura e a violência dentro das cadeias. “Foi o caldo de onde nasceu o PCC. Ele não só nasce, como se consolida e se expande por meio da prisão”, diz.

       

      A base da omissão das polícias, que Alessandra chama de permissividade, está nas origens das instituições de policiamento. Nos anos 1960, a ilegalidade se concentrava em regiões específicas da cidade, como o quadrilátero da Boca do Lixo, no centro da capital paulista. Nesses locais, funcionava o esquema da “mercadoria política” em torno da prostituição. “A mercadoria política é o ‘acerto’, o preço pela liberdade, o dispositivo que se estabelece com o agente que deveria aplicar a lei, mas que cobra para se omitir de aplicá-la”. Os crimes giravam em torno da exploração da prostituição em si, do jogo e do pequeno tráfico de drogas. “Nos anos 60, as prostitutas tinham que pagar a ‘caixinha’ para os policiais para continuar exercendo a profissão nas ruas.” O perfil dessa mercadoria política muda ao longo dos anos, mas a lógica se mantém.

       

      A “gestão de ilegalismos”, segundo Alessandra, vai para além da esfera dos órgãos policiais. “As secretarias e o judiciário também têm um modus operandi. O judiciário brasileiro é absolutamente tolerante a qualquer violência institucional promovida. As instituições se blindam internamente, é preciso que escândalos aconteçam para que algo mude”.

       

      Histórico. No período do Império até meados do século XX, a repressão era voltada para o controle da vadiagem. “A definição do que era o vadio era subjetiva e feita a partir de critérios discriminatórios”, diz. A socióloga explica que a criminalização daqueles que não trabalhavam e eram considerados improdutivos (os “vagabundos”) pode ser relacionada à libertação dos escravos. “O fim da escravatura colocou um enorme contingente de negros nas ruas, o que fez com que as elites quisessem controlar essa demanda, muitas vezes definindo essa massa como insubmissa ao trabalho”, diz.

       

      Para operar esse controle foi criado um sistema de prisões para averiguação. Essas casas de detenção abrigavam aqueles que a polícia acreditava ter potencial para a ilegalidade, um critério que, segundo Alessandra, era subjetivo e discriminatório, considerando que muitas suspeitas surgiam sem que houvesse provas. “O local passou a ser chamado de ‘mofo’, porque as pessoas eram colocadas lá e ficavam por muito tempo, até que se averiguasse se elas eram culpadas ou não. Era um número excessivo de prisões para um baixo número de investigações e inquéritos.”

       

      O crescimento urbano gerou um boom populacional a partir de meados dos anos 1960, fazendo com que as periferias das cidades passassem a receber contingentes cada vez maiores de pessoas. “É um momento que, apesar da expansão, é de crise. Vão nascer dali as formas mais precárias de habitação”, diz Alessandra. É neste período que surge o fenômeno da marginalização, com o marginal já nascendo como uma figura vista, a priori, como perigosa. “Você tem aqueles farrapos urbanos – que de fato cometem pequenos crimes -, mas você não tem o número de roubos nem a organização que temos hoje”, diz. “Aquilo gerou uma distorção da realidade, incentivada pela ditadura.”

       

      A ditadura, em 1969, faz da Polícia Militar, seu braço armado, o único detentor do policiamento na cidade, enquanto a Polícia Civil se torna uma polícia judiciária e investigativa. Até então, o policiamento se dividia entre a Força Pública, uma instituição que apesar de ser moldada pelos preceitos militares, não tinha ligação direta com o Exército, e a Polícia Civil. “A PM nasce como uma força ambivalente: ao mesmo tempo em que era uma força de repressão do Estado, que reprimia contraventores e questionadores do regime, era a força que combatia o crime urbano”, explica a socióloga. O golpe de 64 e o policiamento por ele empregado estigmatizam a população às margens das grandes cidades e reforçam o sentimento de insegurança da população.

       

      Mesmo depois do fim da ditadura, a postura repressiva da polícia não se perdeu. Na verdade, o que Alessandra aponta é que a evolução caminha na direção contrária: na última década se observa uma política mais intensa de valorização da PM, com a transferência maciça de recursos para a corporação, em detrimento da Polícia Civil e de outros órgãos também ligados a segurança pública. Entre 2005 e 2010, diz a pesquisadora, a PM recebeu 35% a mais dos recursos previstos no orçamento do Estado, enquanto a Polícia Civil recebeu 13% a menos do que o planejado. Em valores, são quase 300 milhões de reais a mais para a PM e 65,6 milhões de reais a menos para a Polícia Civil. “O sucateamento de Polícia Civil continua e isso é grave, porque se perde o poder investigativo e o que passa a ter destaque são as ‘operações’. Tudo passa a ser com uma operação militar de guerra, com invasões de favela e combate ao tráfico”.

      Na

  22. Num programinha de tv desses

    Num programinha de tv desses de quinta categoria as cenas mostravam um policial descendo a cacete num pretinho.  

    O comentário orgulhoso da menina sentada na mesa da lanchonete: “tá certo, é assim mesmo que tem que ser!”

    Aí a outra lá do balcão emendou: “meu marido fala a mesma coisa”. Duas moças de classe média média, média baixa, ambas felizes com o espetáculo. O Brasizão tem dessas coisas assim curiosas. 

    Enfim. o discurso do tal do Alkimin é coerente, então. Ele é fruto de um meio que espera a vingança, não o cumprimento da lei.

    Apenas tem “coragem” de evidenciar este posicionamento e seu índice de popularidade aumenta em situações de “enfrentamento”. 

    Aliás, lei..? O que que é isso.? Não chegamos ainda num patamar que a torne compreensível. Estamos ainda na fase da justiça doméstica, particular, retrocedendo para a Lei do Talião.

     

    Terceira coisa: por que ninguem se ofende com o Sarney, com o Newtão, Maluf etc..?

    Por que – ao contrário – há inclusive que ressaltar de vez em quando a sagacidade do analista político maranhense como se fosse possível deixar de lado os crimes de lesa humanidade que comete naquele buraco dos infernos que manda e desmanda.? 

    Que lei que impera lá no Maranhão.?

     

    Por último: cadê a oposição em São Paulo que é de onde sai os principais quadros do país, a sede dos principais partidos e o berço dos últimos dois presidentes da república.?

    Por qual motivo essa galera fica tudo pianinho aí esperando a boa pra falar NADA sobre NADA..???

    Cadê o Lula pessoal..? Cadê o Rui Falcão..? o agora já nacionalmente conhecido ministro da saúde e futuro candidato..?

    Até quando vcs vão passar a mão na cabecinha desse pessoal que vê de longe a tragédia acontecer e nao FAZ NADA..???

    1. Estamos discutindo a

      Estamos discutindo a violência em SP, cujo governador me parece que é do seu partido. Quando falarmos do MA aí citaremos a dinastia Sarney, o Maluf dá mil motivos pra se falar nele, mas não é governador há mais de trinta anos.

      O PSDB está há 19 anos  no governo estadual , tem que assumir a responsabilidade.

      Só falta vc dizer que o Lula e o Falcão é que levava os 30% do propinoduto tucano.

    2. É interessante.Os black

      É interessante.

      Os black blocks, ou coisa que o valha, saem às ruas em SP para protestar não contra o roubo de mais de decada do metro, não contra um estado inquisitivo governado há mais de decada pelo mesmo partido, mas sim para protestar contra o ensino no RJ! A ilha permanece paradisiaca e idilica.

      Igualmente, temos aqui uma denúncia gravíssima de direitos humanos basilares, praticada sob o manto de política oficial paulista, referendada pela grande mídia, mas que gera indignação contra o… Maranhão, o Lula e o Rui Falcão…

      Que eu saiba o Brasil não aboliu a forma federativa, até porque cláusula pétrea.

      Ainda que tenhamos um presidencialismo de fato, acredito que não se pode fechar os olhos para todo o sistema de autonomias, prerrogativas, responsabilidades e competências que a constituição federal confere expressamente aos estados-membros.

      Daí que seria realmente Alckim alguém efetivamente corajoso, porque diria a que veio?

      É de ter realmente muita coragem para andar na mão fácil da vingança e atender –  via execuções sumárias de “indigentes”, –  a sede de sangue da classe média acuada que historicamente elege e reelege esse tipo de governo, sendo ainda endeusado por todos os veículos da grande mídia como se cuidasse de um homem de peito, intransigente com o “crime”.

      É de parar pra pensar.

      Obs: quanto à oposição do maior estado da federação, pelo que me informo a mesma busca há alguns anos a instalação de uma simples cpi na alesp relacionada às quadrilhas no mêtro, mas por algum motivo enigmático não consegue.

      O jogo, felizmente ou infelizmente, tem regras, e Lula ou Rui Falcão não são seres especiais, pairando sobre o país. Prontos a, por um desejo mágico, solucionar nossas mazelas do dia pra noite. Mazelas de 5 séculos de orientação conservadora e direitista. Ainda que tenhamos internet, comunicações rápidas e eficientes, o mundo continua real, com suas várias contradições, algumas milenares. O mundo mágico virtual permanece sendo o que é, um mundo mágico virtual.

      Lula, até onde sei, instituiu uma esfera de republicanismo desde 2002, com nomeação de pgrs fora de seu círculo e de mins. do stf desvinculados de seu âmbito político (exceção ao tofoli), diversamente de um anterior engavetador do mpf e do prezado min gilmar mendes.

      Republicanismo que resultou até na viabilidade da ap 470 ter conseguindo enveredar para o discurso neoliberal midiático que prega a deposição do estado para eleger o mercado como salvação, criminalizando com o esforço da violação do mais básico direito processual penal, o da presunção da inocência, a atividade política estatal que, fora do conceito pronto de moral, se torna apanágio das desgraças do estado, apontando sempre dedos para corruptos mas nunca para corruptores. Por que seria?

      Corruptores que estão com marinas e afins, livres e soltos, devendo bilhões ao erário, mas posando de paladinos da ética e da nova ordem política. Tão nova que faz marina remontar à política economica neoliberal do psdb de 90. Tão nova e tão prezada ética que faz marina e afins dizer que a lei eleitoral para ela não vale, já que sua ética é a superior e a bem quista, esquecendo-se que a isonomia é a pedra de toque da constituição que completou 25 anos.

       

       

       

       

  23. Caro blogueiro, Por que

    Caro blogueiro, Por que quando se analisa a destruição da capacidade de policiar em São Paulo não se reporta ao fato do secretário de segurança que leiloava as delegacias mais “rendosas” entre os delegados?  (Este secretário é o mesmo que você cita como inepto e violento? Pelo que me lembre este que estou citanto foi nomeado pelo Serra…). Creio que este fato é o suprasumo da deterioração de um governo e por si só explica o fundo do poço a que chegamos e desnuda a filosofia de segurança pública destes governos medíocres do PSDB de São Paulo.  Este fato seguramente em outra situação seria um motivo legítimo do impedimento do governador. 

  24. Violência e criminalidade: Uma equação isolada e binária?

    Há um aspecto da questão que é sempre colocado à margem. Os números mostram que a relação direta da violência com a criminalidade não é totalmente verdadeira. O aumento da violência é generalizado, incluindo aqueles por motivos fúteis, sem outras motivações. O crescimento do crime, é acompanhado pelo crescimento da violência.

    Se as ações contra o crime demandam políticas de longo prazo, uma ação efetiva para a redução dos danos causados pela violência é uma fórmula que produz ótimos resultados no curto prazo. É sabido que famílias que tem membros ligados ao crime, mesmo quando não cúmplices, estão muito mais sujeitas ao envolvimento com a violência do que as outras. Ou as pessoas que vivem num entorno violento. São quase desnecessárias estatísticas para comprovar este fato. Programas como o CRAVI (Centro de Referência e Apoio às Vítimas da Violência) por exemplo, cumpriram um papel central na diminuição da violência, junto com os programas de Proteção à Testemunha (aonde estão?). Tiravam as pessoas das situações de risco. O programa, que deveria ser expandido, foi jogado em uma situação de segundo plano e de falta de recursos.

    Há uma boa matéria no Observatório de Imprensa sobre o tema (aqui), da qual extrai um trecho:

    Mas os dados estatísticos podem enganar. Em geral, o noticiário induz o leitor a imaginar que a violência urbana está sempre relacionada à ação de criminosos. E como há décadas o crime vem se sofisticando, a conclusão é que a violência está sempre ligada à atuação de quadrilhas em busca de dinheiro. No entanto, alguns dados, como o aumento constante dos casos de estupro, que não têm relação direta com os crimes contra o patrimônio, indicam que há algo de errado com a sociedade. 

    Além da dificuldade das autoridades em conter o crime organizado e reduzir a corrupção policial, é preciso lidar com a cultura da violência entre civis. Esse é um desafio que vai além das estratégias de segurança pública.  

    É um resumo perfeito. O problema não está ligado, exclusivamente, à polícia ou ao crime. Assistimos cotidianamente cenas de violência. Algumas podem até ser consequência ou espelho da violência policial ou do crime, mas nem todas o são. A nossa exigência (com os governos), e nosso compromisso (pessoal) deve ser o de combate frontal à qualquer tipo de violência. Não com gestos piegas, mas com a cobrança e prática de políticas possíveis., Lutar pelo o fim da cultura do confronto como forma, por excelência, de resolução de conflitos.   

    _____________________________________________

    da Agência Brasil

    Campanha quer reduzir elevado número de homicídios por motivos banais no Brasil

     

    08/11/2012 – 13p1 Paula Laboissière*Repórter da Agência Brasil

     

    Brasília – Homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis representaram 100% do total de assassinatos com causas identificadas registradas no Acre em 2011 e 2012. Em outros estados, o índice supera os 80%, como em São Paulo (83%, nos últimos dois anos) e em Santa Catarina (82,13%, em 2012). Os dados foram divulgados hoje (8) pelo Conselho Nacional do Ministério Público durante lançamento da campanha Conte até 10. Paz. Essa É a Atitude.

    De acordo com o levantamento, a taxa de homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis chegou a 63,77%, em Goiás,em 2012; a 50,66%, em Pernambuco, em 2011; a 43,13%, no Rio Grande do Sul, em 2011; e a 26,85%, no Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2011 a setembro de 2012.

    Os estudo foi elaborado a partir de dados sobre homicídios remetidos ao Ministério Público por 15 estados e pelo Distrito Federal. Foram incluídos na categoria impulso e motivo fútil homicídios relacionados a casos de briga, ciúme, conflito entre vizinhos, desavença, discussão, violência doméstica e desentendimentos no trânsito.

    Algumas mortes decorrentes de vingança e rixa, por exemplo, podem ocorrer tanto por impulso quanto ser premeditadas. O estudo incluiu esses crimes na categoria impulso por estarem normalmente associados à atuação impulsiva do autor do crime.

    Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os resultados da pesquisa são impressionantes. “São crimes que decorrem de atitudes impulsivas ou de motivos fúteis e que poderiam ser facilmente evitados se houvesse mais tolerância, calma e uma atitude mais pacífica”, avaliou.

    Gurgel destacou que o estudo engloba os chamados crimes do dia a dia, como os cometidos dentro de casa, por vizinhos, nas escolas, em bares e em estádios. “É uma fechada no trânsito, uma discussão na fila do banco porque alguém passou na frente. Homicidas todos somos em potencial”, disse. “A tentativa da campanha é evitar a banalização da vida”, completou.

    O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltou que a cultura da violência é difícil de ser combatida e que o cenário só pode ser alterado por meio da integração entre o governo e a sociedade. Uma das ações que contribuem para a redução de homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis, segundo ele, é aCampanha do Desarmamento. “Ter uma arma ao lado, muitas vezes, faz com que as pessoas não contem até dez.”

     

    *Colaborou Manuela Castro, da TV Brasil

    Edição: Juliana Andrade

      

  25. Enquanto debates mais

    Enquanto debates mais avançados sobre direito penal colocam que a pena é mera vingança do estado, desmontando a panacéia da ressocialização, mas salientando, ao mesmo tempo, que o estado, como detentor de um mínimo ético não deveria operar via vindita, sob pena de seu colapso, o governo paulista aposta na vingança à luz do dia, feita pelo próprio executivo, abrindo até mão do controle repressivo tão bem feito pelos judiciários (sob o manto agora do STF) Brasil afora sob o verniz da falida, em âmbito mundial, “guerra ao crime”.

    1. Nosso, muito “avançado”,

      Nosso, muito “avançado”, realmente, esse debate…

      Até onde essa gente “humanista” do coração mole (e do miolo mais mole ainda) vai nos levar?

  26. Homicídios por motivos fúteis: 83 % em São Paulo

    Da Agência Brasil

    Campanha quer reduzir elevado número de homicídios por motivos banais no Brasil

     

    08/11/2012 – 13p1 Paula Laboissière*Repórter da Agência Brasil

     

     

    Brasília – Homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis representaram 100% do total de assassinatos com causas identificadas registradas no Acre em 2011 e 2012. Em outros estados, o índice supera os 80%, como em São Paulo (83%, nos últimos dois anos) e em Santa Catarina (82,13%, em 2012). Os dados foram divulgados hoje (8) pelo Conselho Nacional do Ministério Público durante lançamento da campanha Conte até 10. Paz. Essa É a Atitude.

    De acordo com o levantamento, a taxa de homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis chegou a 63,77%, em Goiás,em 2012; a 50,66%, em Pernambuco, em 2011; a 43,13%, no Rio Grande do Sul, em 2011; e a 26,85%, no Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2011 a setembro de 2012.

    Os estudo foi elaborado a partir de dados sobre homicídios remetidos ao Ministério Público por 15 estados e pelo Distrito Federal. Foram incluídos na categoria impulso e motivo fútil homicídios relacionados a casos de briga, ciúme, conflito entre vizinhos, desavença, discussão, violência doméstica e desentendimentos no trânsito.

    Algumas mortes decorrentes de vingança e rixa, por exemplo, podem ocorrer tanto por impulso quanto ser premeditadas. O estudo incluiu esses crimes na categoria impulso por estarem normalmente associados à atuação impulsiva do autor do crime.

    Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os resultados da pesquisa são impressionantes. “São crimes que decorrem de atitudes impulsivas ou de motivos fúteis e que poderiam ser facilmente evitados se houvesse mais tolerância, calma e uma atitude mais pacífica”, avaliou.

    Gurgel destacou que o estudo engloba os chamados crimes do dia a dia, como os cometidos dentro de casa, por vizinhos, nas escolas, em bares e em estádios. “É uma fechada no trânsito, uma discussão na fila do banco porque alguém passou na frente. Homicidas todos somos em potencial”, disse. “A tentativa da campanha é evitar a banalização da vida”, completou.

    O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltou que a cultura da violência é difícil de ser combatida e que o cenário só pode ser alterado por meio da integração entre o governo e a sociedade. Uma das ações que contribuem para a redução de homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis, segundo ele, é aCampanha do Desarmamento. “Ter uma arma ao lado, muitas vezes, faz com que as pessoas não contem até dez.”

     

    *Colaborou Manuela Castro, da TV Brasil

    Edição: Juliana Andrade

  27. Palácio dos Bandeirantes é fascista e Morumbi é mosca varejeira

    O que está por trás do protesto contra os bandeirantes em São Paulo

    Do Diário do Centro do Mundo

    Monumento pichado

    Monumento pichado

    Aconteceu o primeiro protesto contra os bandeirantes em São Paulo.

    O protesto foi no Monumento às Bandeiras, cartão postal da cidade esculpido pelo italiano Vitor Brecheret, em que os tupis mamelucos ostentam cruzes no pescoço e seguem portugueses gigantes montados a cavalo.

    O monumento foi pichado e os bandeirantes e mamelucos foram tingidos de vermelho. Merecidamente: os bandeirantes eram caçadores de escravos guaranis.

    São Paulo nasceu de uma aliança entre os jesuítas e uma tribo de mamelucos tupis liderada por João Ramalho, casado com Bartira, a filha do cacique Tibiriçá.

    A cidade surgiu de um acordo nepotista para a implantação de um colégio cristão às margens do Tamanduateí, o rio dos tamanduás. Esses escravos tupis integrantes das bandeiras escravagistas é que foram pichados no Ibirapuera – a árvore ou mata desaparecida.

    Mas os jesuítas fundaram muito mais que São Paulo. Fundaram mais de 30 reduções, ou missões, em território guarani, no sul do atual Brasil, Argentina e Paraguai. Na época, os territórios eram disputados por espanhóis e portugueses.

    Em São Paulo, Raposo Tavares – que dá nome à estrada que segue em direção às missões – é considerado herói. Nas missões jesuítas argentinas, paraguaias e gaúchas ele é chamado de bandido até hoje.

    Sob o comando dos sacerdotes jesuítas mais cultos e bem preparados – que incluíam artistas, cientistas e arquitetos – as missões alcançaram um nível avançado de desenvolvimento social, artístico e cultural.

    Os guaranis tornaram-se capazes de escrever e tocar música barroca, a esculpir a pedra e a construir e decorar igrejas como as florentinas ou sevilhanas.

    Os escravos eram artistas. Os escravizadores, semianalfabetos. Os paulistas acabaram com as missões e com as habitações comunitárias que circundavam a igreja e o colégio centrais de cada uma delas, porque a educação era central no projeto missioneiro.

    Liquidaram as escolas e a habitação popular. Reduziram a escombros as casas das reduções missionárias. Destruíram o Minha Casa Minha Vida guarani para obrigá-los a trabalhar de graça nas fazendas paulistas.

    Depois de transformar as missões em ruínas e escravizar seus habitantes – coisa que as escolas paulistas ensinam mas não criticam – os paulistas começaram a ser expulsos ao perder pela primeira vez na batalha de Bororé, às margens do rio Uruguai, selando definitivamente a fronteira entre o Brasil e a Argentina. Bororé é o veneno que os índios colocavam na ponta das flechas. O veneno funcionou tanto quanto as armas de fogo que os jesuítas  receberam da coroa espanhola, também inimiga dos bandidos paulistas.

    Daí em diante os bandeirantes foram caçar escravos na África e, depois, trouxeram mais imigrantes italianos. Porque eles já estavam aqui muito tempo antes.

    Em seguida chegou o capital estrangeiro que salvou os cafeicultores falidos e a indústria recém instalada.

    Os escravos passaram a vir do nordeste do país e a habitar as periferias das grandes cidades, que foram cercadas por eles.

    Mão de obra barata, recursos naturais à disposição dos caçadores de esmeraldas e mercado nacional cativo.

    Afastados os paulistas, os espanhóis expulsaram os jesuítas e os índios das missões. Elas acabaram em ruínas e seus ex-habitantes perambulam por ai até hoje.

    Jesus de Tabarangue – hoje no Paraguai – foi a última das missões e a mais bem preservada até hoje. Sua imensa igreja – em estilo mourisco – foi abandonada inacabada com a expulsão dos jesuítas, que deixaram inscrita na pedra a data da partida. Foi assim que a redução de Jesus passou a ser Tabarangue, a aldeia que não ficou pronta.

    Até que um jesuíta italiano do outro lado do rio Uruguai virou Papa. Hoje, o ítalo-argentino Jorge Bergoglio é o Papa Francisco. Não se sabe direito se em homenagem a Francisco de Assis – o frade maltrapilho defensor dos pobres e da pobreza – ou a Francisco Xavier, cofundador da Ordem de Jesus, criada com a missão de evangelizar os novos territórios conquistados na América e na Ásia.

    Provavelmente, em memória de ambos. Pois não há outra maneira de competir com os demais evangelizadores sem se aliar aos pobres.

    Os caçadores de escravos e esmeraldas tornaram-se escravos da escravidão. Derrotados na batalha de Bororé, os bandeirantes se refugiaram no Palácio dos Bandeirantes, uma fortaleza construída por um falso conde italiano em estilo fascista, situada no bairro mais rico da cidade e defendida por militares policiais.

    A próxima batalha do Bororé será assistida no Morumbi, que quer dizer “mosca varejeira”. Será que os bandeirantes sabem onde estão sentados?

    O Papa sabe. E também sabe que para reconquistar o povo não pode se aliar aos bandeirantes.

    O povo quer que Tabarangue, a aldeia inacabada, fique pronta um dia. No Paraguai todas essas traduções do tupi-guarani são dispensáveis. Lá todo mundo entende a língua que os bandeirantes já esqueceram.

     

  28. http://www1.folha.uol.com.br/

    http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u121733.shtml

    19/05/2006 – 07p9
    Polícia diz que SP errou com PCC e ajudou facção a crescer

    FÁBIO ZANINI
    LEONARDO SOUZA
    da Folha de S.Paulo, em Brasília

    Os dois delegados designados pelo governo de São Paulo para combater o PCC (Primeiro Comando da Capital) admitiram, em depoimento à CPI do Tráfico de Armas, que o Estado cometeu erros ao lidar com a facção, contribuindo para que ela se espalhasse por todo o país. E reconheceram o seu poder: “A organização é muito séria mesmo, e a tendência é crescer”, disse o delegado Godofredo Bittencourt.

    As declarações de Bittencourt e do delegado Ruy Ferraz Fontes, ambos do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), foram feitas em sessão secreta da CPI no último dia 10.

    O PCC acabou tendo acesso a essas informações após dois advogados terem corrompido o responsável pela gravação, pagando R$ 200 por cópias do áudio. A polícia suspeita que o vazamento da gravação contribuiu para que fosse deflagrada a maior onda de violência da história do Estado.

    Na sessão, os dois detalham o funcionamento da facção: o PCC envia armas pelos Correios, financia estudantes de Direito, arregimenta candidatos às eleições e faz empréstimos cobrando juros. Para Bittencourt, tal estrutura transformou o PCC numa “febre”. “Ser do PCC é um bom negócio”, afirmou o delegado.

    “O governo do Estado [de São Paulo] cometeu um erro. Pegou a liderança do PCC e redistribuiu pelo Brasil, entre Brasília, Rio Grande do Sul, Rio, Mato Grosso do Sul e Bahia”, diz Bittencourt.

     

    (continua…)

  29. “Reconstruir a PM”????

    A PM tem que acabar!!!

    O Brasil precisa de polícia civíl bem preparada e que atue com inteligência e preparo, tecnico e psicológico!

     

  30. http://www1.folha.uol.com.br/

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff3012200516.htm

    São Paulo, sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

    Deputada tucana fez lobby por presidiário

    ALEXANDRE HISAYASU
    DA REPORTAGEM LOCAL

    A deputada federal Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB) encaminhou ofício ao secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, para que este verificasse a “possibilidade de transferência” de um preso condenado a 30 anos por latrocínio (roubo seguido de morte) e formação de quadrilha a um centro de ressocialização -onde ficam presos considerados de baixa periculosidade.
    O pedido, datado de 27 de janeiro deste ano, foi atendido e o preso foi transferido em 24 de maio para Mogi Mirim. Quatro dias depois, ele foi resgatado. A polícia investiga a suspeita de o preso ser ligado à facção criminosa PCC.

    (continua…)

  31. 24/09/2010 – ELEIÇÕES

    24/09/2010 – ELEIÇÕES 2010
    Alckmin apóia candidato suspeito de ligação com o PCC

    Por: Júlio Gardesani  ([email protected])

    Alckmin e Ney, investigado por ter ligações com o PCC. Foto: Reprodução     
    Alckmin e Ney, investigado por ter ligações com o PCC. Foto: Reprodução
     

    Em vídeo, o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, pediu voto e apoiou a candidatura a deputado federal Ney Santos (PSC), preso no dia 17 de setembro por supostamente manter relações com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
    Confira o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=EjQu-ouQZOc

    “O futuro começa hoje e ele se chama juventude. Trago meu abraço e cumprimentos ao Ney Santos (…) que está coligado conosco e vamos trabalhar juntos por São Paulo e pelo Brasil”, diz Alckmin ao lado do investigado.

    Santos, apoiado por Alckmin, é acusado de acumular de forma criminosa um patrimônio de R$ 100 milhões desde que saiu da cadeia, há quatro anos. Ele é acusado de estelionato, lavagem de dinheiro e adulteração de combustível.

    Na casa do candidato foram encontrados equipamentos de última geração e sua fortuna é estimada em R$ 50 milhões. Entre outros bens, o que mais chamou atenção da polícia foi o carro da marca Ferrari, no valor de R$ 1,4 milhão. No entanto, no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o candidato declarou seus bens em R$ 1,2 milhão
     

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