Alckmin coloca sigilo de 50 anos em registros policiais

Geraldo Alckmin e o secretário de Segurança Pública

Jornal GGN – A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) decretou sigilo de 50 anos em dados de boletins de ocorrência registrados pela polícia de São Paulo. A classificação foi definida pela Secretaria de Segurança Pública e, na prática, pode impedir a comparação de estatísticas de crimes divulgadas pela secretaria.

A Secretaria de Segurança Pública afirma que “não houve mudança na divulgação de informações do histórico dos boletins de ocorrência” e que os registros só não são divulgados quando “expuserem dados pessoais ou permitir a identificação de envolvidos e testemunhas”.

No ano passado, o governo paulista tinha revogado sigilos estaduais após a imprensa divulgar que documentos do Metrô e da CPTM haviam se tornado ultrassecretos, impedindo o acesso de informações sobre obras de estações, por exemplo, por 25 anos.

Da Folha

Gestão Alckmin põe sigilo de 50 anos em registro policial

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) decretou sigilo de 50 anos sobre dados de boletins de ocorrência registrados pela polícia de São Paulo.

A classificação foi definida pela Secretaria da Segurança Pública e publicada no início deste mês no “Diário Oficial”, como parte de uma série de revisões prometida por Alckmin no segredo de documentos e informações do Estado.

A impossibilidade de acesso aos BOs, na prática, pode inviabilizar o confronto de dados estatísticos de crimes divulgados pela secretaria.

A publicação estabeleceu os 50 anos de sigilo ao “histórico de registro digital de ocorrência e boletim eletrônico de ocorrência, quando não for possível a proteção dos dados pessoais dos envolvidos e testemunhas”.

Ela abre margem para que seja negado acesso a todos os registros –já que esses documentos incluem informações de quem registrou a queixa, testemunhou ou foi citado.

A Secretaria da Segurança Pública não esclareceu se alguma parte dos documentos será de acesso público.

Ela diz que “não houve mudança na divulgação de informações do histórico dos boletins de ocorrência” porque, “conforme já vinha sendo decidido pela SSP e Ouvidoria”, os registros “só não poderão ser divulgados quando expuserem dados pessoais ou permitir a identificação de envolvidos e testemunhas”.

Em dezembro de 2013, a Polícia Civil havia estabelecido sigilo sobre dados de “qualificação em registros digitais de ocorrências, boletins eletrônicos de ocorrências e peças de polícia judiciária (físicas, eletrônicas e/ou digitalizadas)”. Neste decreto, a alegação é que se tratavam de dados pessoais, mas não havia a especificação de prazo.

Atualmente, a pasta só tem informado relatos resumidos de ocorrências por telefone. Já advogados de suspeitos, como partes envolvidas, têm acesso aos boletins.

Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, não existe justificativa para sigilo. Segundo ela, polícias e pesquisadores do país querem se debruçar sobre os dados de São Paulo para entender a redução dos homicídios nos últimos anos.

ULTRASSECRETOS

Alckmin havia revogado sigilos estaduais no ano passado, após a Folha mostrar que documentos do Metrô e da CPTM haviam se tornado ultrassecretos. Com isso, a população só poderia verificar motivos de atrasos em obras, por exemplo, em 25 anos.

O governo se comprometeu, em outubro, a divulgar em 60 dias novas tabelas de informações estaduais sigilosas –algo que está sendo oficializado agora, com atraso.

O novo decreto da Secretaria da Segurança também barra acesso a dados de efetivos policiais e normas e manuais das corporações, classificados como secretos –15 anos de sigilo. No total, informações de inteligência foram classificados como ultrassecretas –só podendo ser divulgadas depois de 25 anos.

O governo afirmou que as informações referentes ao planejamento estratégicos tem de ser preservadas pela “necessidade de garantir a segurança da sociedade”.

Neste mês, a Folha revelou que a gestão Alckmin havia decidido tornar públicos 263 conjuntos de documentos do transporte metropolitano. 

 

Redação

18 Comentários

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  1. A jóia da coroa

    De todos os sigilos tucanos, esse é o único que realmente importa, pois compromete as ambições presidenciais de Alckmim.

    Nesses documentos, provavelmente, devem estar os rastros do mega-acordo entre o PCC e governo tucano, o tal pacto de governabilidade que sucedeu ao massacre da PM em 2006 e que reduziu o número de crimes no estado depois disso.

    Sigilo nesse caso, é um escárnio que afronta o lei de transparência. O governo – todo governo – tem o dever republicano de dar a conhecer os seus atos. É obrigação, na democracia representativa, que os representantes prestem contas à sociedade que os escolheu.

  2. Mais transparente que esse

    Mais transparente que esse governo Alkmin, só a careca do próprio. Sobre trens e metrôs deve haver sigilo por 500 anos.

  3. O que realmente querem guardar?

    A cada instante um segredo de Estado que termina por cair em algum momento. Para quê? Tem algo que realmente seja secreto ou a atenção deveria estr em outro assunto? Salas de aula fechadas, superfaturamento da merenda?

  4. são ou não são…

    parecidos com os mesmos segredos da ditadura?

    quando prestar contas era perseguir mais, prender mais, interrogar mais, prender mais, matar mais…

    e por aí segue, cada vez mais ousados

    1. Não, não tem

      Mas Tucano faz o que quer, o Ministério Público nem pia, a mídia finge que não vê e o Judiciário, caso provocado, já tem prontinho o acórdão favorável o Alckmin…

  5. coisa boa não é
    Se precisa esconder (a palavra certa é essa) é por que tem algo errado.

    Não dá para acreditar nas estatisticas do alkmin.

    E o PIG, a assembleia, os procuradores etc não se importam com isso!

  6. Está certo ele

    É assim que se governa. Isto é Maquiavel com perfeição. Alckmin, é um gênio que lê Maquiavel. Se o Lula tivesse feito como ele, banido o republicanismo, controlado o Ministério Público e a Procuradoria geral da República como fez FHC, hoje o PT e o Brasil não estariam neste caos que vivemos hoje.

    O PSDB podem ser péssimos para o país por seu entreguismo, e por escravizarem os mais pobres, mas sabem governar com mão de ferro, como ninguém, e os petistas muito poderiam aprender com ele se tivessem humildade para tanto.

    1. Por outro lado haveria o

      Por outro lado haveria o risco de o partido se degenerar de vez e os problemas maiores serem empurrados com a barriga por décadas (veja a decadência de São Paulo!).

      Essa crise toda expõe a inviabilidade do presidencialismo de coalizão e de remendos ao Estado brasileiro; caso Lula seja eleito em 2018, ele não poderá seguir o mesmo modelo de 2003-2012: ele se esgotou totalmente.

      Aí sim sua dimensão de estadista será testada.

  7. Batem carteira e gritam “pega ladrão!”…

    Os eleitores e partidários do Alckmin são os que acusam o PT de ter instalado uma ditadura “bolivariana” no Brasil – mas é o Alckmin que decreta censura e sigilo em tudo que o rodeia.

    Aécio processa jornalistas que dele discordam ou que o criticam, e os seus eleitores e admiradores dizem que é o PT que quer censurar a imprensa…

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