Mesmo sob investigação, Giniton Lages continuará cuidando do caso Marielle Franco

Ex-miliciano, apontado pela Delegacia de Homicídios do Rio como principal suspeito, acusa Lages de pressioná-lo a assumir autoria do crime 
 
Giniton Lages. Imagem: Reprodução
 
Jornal GGN – As investigações sobre morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes se arrastam há dez meses, sem respostas. Durante discurso de posse nesta quarta-feira (09), o diretor do recém-criado Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (PHPP) no Rio de Janeiro, o delegado Antônio Ricardo, declarou que Giniton Lages, chefe da Delegacia de Homicídios da capital carioca, continuará a frente das investigações dos assassinatos com exclusividade. 
 
Giniton assumiu o caso no dia seguinte ao atentado que aconteceu em 14 de abril, quando o carro onde estavam Marielle e Anderson foi atacado com 13 tiros, por um grupo que estava em outro veículo. Quatro dias antes, Marielle utilizou seu perfil nas redes sociais para fazer uma denuncia contra policiais do 41º Batalhão da Polícia Militar de Acari que estariam “aterrorizando e violentando moradores” do bairro carioca.
 
“O delegado Giniton ficará exclusivo nesse caso. Nós vamos colocar mais delegados e mais agentes na Delegacia de Homicídios. A equipe que está à frente da investigação já me apresentou o trabalho [que vem sendo feito ao longo desses meses]”, destacou Antônio Ricardo ontem. 
 
Em julho, o Jornal Nacional divulgou uma reportagem, após ter acesso exclusivo ao depoimento de Orlando Oliveira de Araújo ao Ministério Público Federal, conhecido como Orlando de Cariacica. O ex-policial e miliciano é apontado pela Delegacia de Homicídios do Rio como um dos principais suspeitos de matar a vereadora. 
 
Ele pediu para ser ouvido pelo MPF e fez acusações contra a Polícia Civil do Rio, alegando que estava sendo pressionado para assumir a autoria do crime. O depoimento levou a Polícia Federal a abrir uma investigação sobre a conduta da delegacia de homicídios neste inquérito. 
 
Orlando foi chefe de uma milícia na zona oeste do Rio. Em 2017, terminou preso por homicídio e porte ilegal de arma sendo encaminhado ao Complexo Penitenciário de Bangu. 
 
Ele contou que, em maio, foi visitado pelo delegado Giniton e pressionado a confessar que matou Marielle a mando do vereador Marcelo Siciliano (PHS-RJ). Orlando negou o envolvimento no crime, quando Giniton teria pedido para acusar o vereador Siciliano como mandante. Ao recusar o pedido, disse que foi ameaçado pelo delegado com a transferência a um presídio federal e que mais homicídios seriam incluídos na sua ficha criminal. 
 
Em julho o ex-miliciano foi transferido para a penitenciária federal de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, de onde pediu para ser ouvido pelo MPF.
 
Nesta quarta-feira (09), ainda durante o discurso de posse, o delegado Antônio Ricardo disse à imprensa que o trabalho das investigações do assassinato de Marielle está avançando. 
 
“Eu não posso prever prazos de conclusão, mas eu posso afirmar que a investigação avançou muito. Temos suspeitos e uma série de dados ainda em análise, e não queremos concluir essa investigação com a menor margem de dúvida para a defesa. Queremos concluir a investigação o quanto antes, mas com a maior riqueza de provas possível”, argumentou sobre a demora, prosseguindo que irá manter dados em sigilo. 
 
“Nós temos suspeitos da prática desse crime. Nós temos uma riqueza de evidências, mas nós não queremos que essas evidências depois sejam questionadas em juízo. Ao ponto que essas pessoas que efetivamente cometeram esse crime sejam condenadas na Justiça”, completou. 
 
Redação

3 Comentários

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  1. Giniton Lages deveria ter

    Giniton Lages deveria ter sido afastado desse caso com tantas suspeitas que pairam sobre seu trabalho. O caso Marielle vai terminar assim: vão encontrar um bode expiatorio e jogarão em cima a culpa pelo assissanato da vereadora e do seu motorista porque ha suspeitas de que gente grauda esteja envolvida, além de policiais e milicianos. Nos so saberemos a verdade, se um dia soubermos, daqui ha uns trinta anos. 

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