PM tenta implantar Policiamento Comunitário na USP

Jornal GGN – Kenji Konishi, coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo, falou sobre o modelo de Polícia Comunitária que a PM pretende implantar no campus da Cidade Universitária da USP. Inspirado em um modelo japonês, a ideia é trabalhar na aproximação com a comunidade e em uma ação mais preventiva.

Segundo Konishi, a polícia não vai interferir em manifestações na universidade, mas os alunos encontrados com drogas serão abordados.

Da Folha

‘PM na USP vai ser amigo do aluno, não do infrator’, diz coronel

JULIANA GRAGNANI

O coronel Kenji Konishi, 51, sabe que parte dos alunos da USP (Universidade de São Paulo) rejeita a presença da Polícia Militar na Cidade Universitária. “Nosso maior desafio é fazer com que a comunidade nos aceite”, diz ele, sobre a proposta de implementar um modelo de polícia comunitária na universidade.

Hoje, há 180 bases de policiamento comunitário no Estado de São Paulo –cerca de 3.000 PMs, segundo o coronel, trabalham com o modelo, implantado em 2005. Desde o início do ano, Kenji é diretor da Polícia Comunitária e de Direitos Humanos da PM.

Inspirado num programa japonês, o mecanismo prevê uma base física, o Koban, e uma ação mais preventiva e envolvida com a comunidade. A proposta desse modelo para a USP ainda será apresentada a professores.

Kenji disse que a polícia não irá interferir em manifestações na universidade, mas afirmou que alunos encontrados com drogas serão abordados –a PM deve ser amiga do aluno, não do infrator, disse ele à reportagem.

Folha – O que é a polícia comunitária e o sistema Koban?
Coronel Kenji Konishi – O sistema Koban fixa o mesmo PM numa determinada região. Esse policial inicia seu patrulhamento a partir de uma instalação física que no Japão é chamada Koban. É uma base de onde o PM sai para fazer visitas, palestras, entrevistas. Ou seja, ele se inteira dos problemas da comunidade para dirigir seus esforços em prol da resolução deles.

Por que esse modelo é a melhor solução para a USP?
A PM sempre esteve presente na USP. O que falta são as ações de polícia comunitária que os policiais que lá estão precisam realizar. Isso nunca ocorreu, até por causa da rejeição que existe em relação à PM por parte de alguns segmentos. Nosso maior desafio é fazer com que a comunidade nos aceite.

Como será a integração se existe essa rejeição?
A rejeição não é da maioria da comunidade uspiana, é de alguns segmentos. Não é total. Se realizarmos uma pesquisa que envolva docentes, alunos e servidores, vamos com certeza chegar à conclusão de que a esmagadora maioria é favorável à presença da PM.

E a integração com quem não é favorável?
Aqueles que ainda têm essa rejeição em relação à PM têm que entender que os tempos são outros. A sociedade é outra, e a polícia é outra.

Mas existe algum plano para fazer a aproximação com os segmentos que rejeitam a PM?
É justamente o policiamento comunitário. Serão sempre os mesmos policiais que vão atuar na USP, [isso] gera uma relação de confiança. A nossa ideia é que a comunidade conheça o PM pelo nome.

Qual será o perfil desses PMs?
Estamos apostando na empatia. Pretendemos que as características desse PM sejam o mais próximas possível da comunidade, com mais ou menos a mesma idade dos alunos, que sejam universitários ou que tenham concluído o ensino superior.

Quais são os pontos críticos da USP?
A USP não é mais um local isolado em que só entram alunos, professores e servidores. A USP hoje é uma rota de passagem porque possui três portões de veículos e várias entradas de pedestres. A USP é margeada por uma comunidade carente. Muitos criminosos se aproveitam da vulnerabilidade dessa comunidade para de lá partirem.

Qual será a ação preventiva direcionada a esses dois pontos?
A presença ostensiva, a integração com a guarda universitária, a aproximação da comunidade, orientações junto à prefeitura da USP naquilo que for da competência dela, como iluminação.
A USP é um local público. Em hipótese alguma pretendemos que ela restrinja a entrada. Mas podemos melhorar o controle de quem entra, através de um monitoramento por câmera, de um simples questionamento, como “podemos ajudar?” etc.

Como casos de assédio e de estupro serão prevenidos?
Muitas vezes a polícia não tem medidas diretas de prevenção ao assédio sexual. Isso tem que ser realizado com o auxílio da universidade. Agora, com casos de estupro que ocorrem no ambiente público, temos o dever e a capacidade de tentar evitar por meio da presença ostensiva.

Como vai ser a atuação da polícia comunitária em manifestações e greves na USP?
A PM que vai trabalhar na USP de maneira alguma interferirá em manifestações. Se houver quebra da ordem e violência, quem fará a intervenção serão outros policiais.
O policial comunitário da USP tem que ser amigo da comunidade. E muitas vezes essa amizade vai fazer com que o policial não possa intervir, para que não crie uma animosidade, rejeição posterior.

E quanto ao uso de drogas no campus?
O PM já recebeu um treinamento para que utilize o princípio da oportunidade. Se for o momento mais adequado de tomar uma providência, ele assim o fará.

Como assim?
Dou um exemplo. Um PM vê de longe três veículos, e em cada porta de um veículo tem um criminoso com um fuzil. Há mais dez criminosos, todos armados, roubando um caixa eletrônico. Posso exigir que o PM faça uma intervenção? Não posso exigir.
No caso da USP, se um PM vir um aluno consumindo drogas e houver a possibilidade de fazer uma abordagem segura, sem que tanto policial quanto aluno sofram qualquer tipo de lesão ou qualquer tipo de comprometimento, ele vai fazer a abordagem. Se não, vai aguardar o momento mais oportuno.

Que momento é inoportuno? Alunos da USP não costumam andar com fuzis.
Nem todos os momentos são oportunos. O policial vai avaliar o momento mais oportuno e conveniente.

Na prática, qual será o procedimento de um PM se encontrar um aluno fumando maconha na USP, por exemplo?
O PM, se vir qualquer ato que seja contrário à lei, por dever de ofício vai ter que adotar providências. Ele vai ter que fazer a abordagem.

E que momento é inoportuno?
Se esse aluno está no meio de uma sala de aula, de repente não é o momento mais oportuno de ir lá, invadir a sala de aula, causar um pânico, porque esse aluno pode resistir… É verificar o local, a conveniência. O policial sempre vai ter o dever de agir.

O sr. disse que o PM tem que chegar num ponto em que é considerado amigo do aluno… Como esse conceito vai funcionar nesses momentos?
Amigo do aluno, não do infrator. Se ele constatar que no meio daquela comunidade existe um infrator, independentemente de essa pessoa pertencer à comunidade, ela tem que ser levada à presença da autoridade policial.

  Adriano Vizoni/Folhapress  
O coronel Kenji Konishi, diretor da Polícia Comunitária da PM que deve atuar na USP
O coronel Kenji Konishi, diretor da Polícia Comunitária da PM que deve atuar na USP
 
Redação

14 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O plano me parece patético.
    O plano me parece patético.

    Não há justificativa para PMS dentro do campus.
    A USP é apenas uma Universidade mal administrada que não tem recursos para PAGAR por sua segurança, então usa a do Estado.
    O fornecimento de segurança pelo Estado é a própria prova da má administração.

    1. Qual o problema da PM no

      Qual o problema da PM no campus?

      Até onde sei o Campus da USP faz parte do territorio do estado de São Paulo e não constitui repartição com prerrogativa especial como se fosse uma embaixada ou cidade estado ao estilo Cingapura.

      A PM pode e deve estar no Campus.

      Se todos obedecerem a lei havera segurança e nenhum problema.

      Afinal que putaria é essa de não poder haver pms no campus?

      Só para que os vagabundos possam fumar maconha , pixar , beber por ele em paz?

      Isso é o cúmulo do absurdo, esse povo não tem mais o que fazer, não há razão alguma para esse tipo de debate.

      A Pm tem como obrigação cumprir a lei e o cidadão tambem.

      Se todos fizerem isso poderia haver um pm em cada sala de aula da USP e não haveria confusão alguma.

      Estão querendo achar problema onde não existe, essa é uma construção POLITICA de gente desavergonhada que acha que democracia é anarquia e que faz parte do direito do estudante ( PASMEN!!! RS ) contrariar o que diz a lei fumando entorpecente no local onde ele ( um privilegiado ) tem o melhor ensino as custas de todos os brasileiros que pagam para ele estudar de graça e ficar enchendo a cara de Erva /alcool ou quebrando tudo lá quando acha que tem motivos.

      E enquanto patrocinam esses vadios,  se mata de trabalhar e ainda estudar na Universidade particular que lhe custa muito caro e lá ele obedece a lei e tem que conviver com a PM ao travessar a rua.

      Essa mentalidade ridicula da esquerda  de ficar brincando de Maio de 68 para defender sem vergonhas  é patética…

  2. Muito faz quem não atrapalha.

    Isso é uma não notícia, só mais um serviço de assessoria de imprensa da Folha para o governo Alckmin.

    Então, um coronel “japonês” da PM do Alckmin vai implantar na USP um programa de policiamento comunitário que é um sucesso no Japão?

    O Japão realmente é um país com baixos índices de criminalidade, mas a Suécia e a Finlândia também.

    Caso fossemos adotar seus programas, Alckmin teria um coronel sueco ou finlandês para a missão?

    Não pode dar certo?

    Para começar, são culturas muito diferentes a japonesa e a brasileira, ou a sueca e a finlandesa. E é impossível dissociar a polícia da cultura que que ela está inserida.

    Depois, é a atitude do policial e não a nacionalidade do programa que faz a diferença ou causa a rejeição. 

    E, nesse campo, o coronel, parece que não entende nada de análise circunstancial, ou, como disse Haddad, não entendeu que a USP não é a cracolândia.

    Confunde isso com “princípio de oportunidade” que é uma ferramenta de redução de danos colaterais em uma intervenção policial – a um policial sacar uma arma para deter em flagrante um assaltante no meio da “25 de março”, é preferível segui-lo até seu esconderijo, correndo o risco dele fugir.

    A não aceitação da PM num campus não se dá “por causa da rejeição que existe em relação à PM por parte de alguns segmentos”. 

    “Se realizarmos uma pesquisa que envolva docentes, alunos e servidores, vamos com certeza…”.

    “Se”, Coronel? Se sua mãe fosse homem, o senhor teria dois pais, diria Souza, filósofo do nosso futebol. Vá fazer sua pesquisa, coronel, antes de chegar à conclusão ”de que a esmagadora maioria é favorável à presença da PM”.

    “O PM, se vir qualquer ato que seja contrário à lei [um aluno fumando maconha]… Ele vai ter que fazer a abordagem. O PM é amigo do aluno, não do infrator”.

    Quer dizer que a PM é amiga do aluno, não do infrator?

    Pois é, coronel, seu programa japonês não muda em nada o que já é hoje. Enquanto a PM não entender que aluno que fuma maconha no campus continua aluno e não infrator, aluno vai continuar considerando “meganha” como inimigo. 

    Meganha, na minha época, meu filho chamava coronel de “gambé”.

    E nem eu ou meu filho, até onde sei, fumávamos maconha. E se fumava, em minha opinião, isso seria uma questão entre mim e ele. Na qual, se o coronel não interferir, ajuda.

    1. “…  Enquanto a PM não

      “…  Enquanto a PM não entender que aluno que fuma maconha no campus continua aluno e não infrator, aluno vai continuar considerando “meganha” como inimigo… “

       

      O entendimento não é da PM…rs

      E da LEI

      Não gosta da lei?

      Faz o que pode para muda-la.

      Até lá  a PM pode, e deve ( POR OBRIGAÇÃO LEGAL)  deter qualquer indivíduo que fume maconha.

      O erro é do sem vergoha que esta lá para estudar e não agir patrocinando o trafico de entorpecente.

      Vc fala do Cel que não entende nada, e vem aqui dizer que o entendimento que faz do vadio fumando maconha ser infrator é da PM????? 

      kkkkkkkkkkkkkk

        1. Não tem como contraargumentar

          Não tem como contraargumentar né?

          kkkkkkkkkkk

          Mas é isso, o entendimento é da lei não da PM

          achou ruim?

          Muda ela…rs

  3. Dekasseguis no Brasil

    A PM precisa ir ao Japão para aprender a se aproximar da comunidade da maior universidade brasileira?

    Que país é esse?

    O Brazil não conhece o Brasil. Nem o Burajiru! ブラジル

    A favela São Remo e o núcleo de estudos da violência estão lá há muito tempo e sabem falar português!

    a colonização mestiça foi tão forte que nem sabemos mais quem somos nem de onde viemos.

    Mas os japoneses sabem e por isso não aceitam nem os dekasseguis.

     

     

     

  4. O Coronel é um completo

    O Coronel é um completo bonachão ao se submeter ao ridiculo de querer relativisar o cumprimento da lei ao politicamente correto potencilizado pela demagogia do Alckymin e da sem vergonhice desses vagabundos que estão na universidade para aprender e não vadiar.

    Fumar maconha é contra a lei e a PM não pode ignorar isso em nome de uma suposta ” amizade “

    Policia não tem que ser amigo de ninguem tem que cumprir a lei e isso no tocante ao abuso de autoridade tambem obvioi.

    Se o policial cumprir a lei desde já tera um comportamente digno e incorrigivel, cabe aos alunos tambem agir como cidadãos e respeitar as leis isso aqui é uma DEMOCRACIA não uma ANARQUIA e em democracias existe o IMPERIO DA LEI

    Ninguem esta acima dela desde  o policial ao aluno.

    Relativizar a função de policia em nome de programinha safado só pode resultar nessa patética entrevista onde um oficial comandante com pelo menos 20 anos de função comete uma barbaridade dessa onde deixa claro que um policial ira condicionar o comprimento do dever legal por parametros complemente ILEGAIS…RS

    Ou seja irão prevaricar em serviço por determinação do comando da PM…

    1. Que visão tosca

      Primeiro você deveria se informar sobre políticas de segurança em campi universitários, ai verá que, as universidades em outros países, não costumam utilizar um policiamente ostensivo, utilizam um corpo de segurnaça próprios, como exemplo distante a guarda municipal em São Paulo.

      Segundo, quando você fala em IMPÉRIO DA LEI, nem passa na sua cabeça tecer uma crítica á lei, mesmo que não aceitável moralmente. Você confunde conceitos, faz tudo parecer simples, tem uma visão muito particularizada e preconceituosa. Lei é uma questão de poder, não de justiça. Você confunde exatamente isso, por isso teceu o termo IMPÉRIO DA LEI. Não entende que uma lei pode não promover justiça. O que era o AI5? A escravidão era legalizada tempos atrás, ou não? 

      Antres que você comece deturpar minhas afirmações, não sou a favor de se desrespeitar a lei, mas deve refletir sobre a mesma.

       

      1. Sua argumentação pode ser

        Sua argumentação pode ser usada em infinitas hipóteses.

        Então a gente já deixa claro ( caso isso não seja obvio ) que me refiro ao fato de culpar a policia em deter maconheiro.

        Oras a lei determina isso…rs

        Se ela é errada ou não , é outro assunto.

        Sua citação ao AI-5 não é minimamente razoavel.

        Pois estou falando de lei em vigência em pleno estado de direito.

        Não há como eu querer relativizar o cumprimento de lei vigente em estado de direito alegando que ela pode não ser justa.

        Nem tudo que é moral é legal e nem tudo que é legal e moral.

        Há injustiças sim isso é obvio mas não se trata de querer ter o melhor sistema ou que seja mais justo.

        Pois tudo feito pelo homem tende a ter arbitrariedades, trata-se sim de aceitarmos pagar o preço para se viver em uma sociedade e em um estado de direito.

        Mudar a lei é função do legislativo sobre pressão legitima da sociedade, o que não pode é querer impedir o corpo policial de cumprir sua obrigação legal transferindo para ele a condição de algoz.

        É disso que falo.

        Sobre policia em campus universitario se há ou não há la fora é algo a ser observado a mas a questão a que me refiro e (  vc ja deve ter percebido ) é que a proibição por parte de certos alunos e certo corpo docente da presença policial NÃO TEM RELAÇÃO ALGUAM COM POLITICA DE SEGURANÇA é apenas a defesa que desocupados travestidos de estudantes possam infrigir a lei sem serem incomodados!!

        E disso que se trata, nada mais…

  5. Na prática a definição de

    Na prática a definição de “momento oportuno” pelo PM se dará da seguinte forma: se o maconheiro estiver bem vestido, for branco, ao lado de um carrão, ouvindo Marcelo Camelo, a abordagem será inadequada.

    Se for negro, estiver mal vestido, no ponto de ônibus, o meganha vai agir.

    Ou não?

    1. Nem sempre, Ulderico.
      No caso

      Nem sempre, Ulderico.

      No caso do “maconheiro” branco, bem vestido, num automóvel caro, é bem possível que o PM lhe sugira uma “colaboração”.

      Veja bem, escrevi “colaboração”.

      Não vá pensar que estou insinuando “achaque” ou coisas desse tipo, atitudes impensáveis no caso de nossos corretíssimos PMs. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador