Sobre o fuzil que sumiu no maior batalhão do Exército Brasileiro, por Hugo Souza

FAL ficou conhecido como “braço direito do mundo livre”, por Israel usar para matar árabes nas guerras dos Seis Dias e do Yom Kippur.

do Come Ananás

Sobre o fuzil que sumiu no maior batalhão do Exército Brasileiro

por Hugo Souza

Sumiu um fuzil na escola que brindou o Brasil com Jair Bolsonaro, Braga Netto, Eduardo Pazuello et caserna, desculpe, caterva. A arma desapareceu no último domingo, 12, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende, no sul fluminense, pouco mais de dois meses após o furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo.

O fuzil estava sob a responsabilidade de um soldado do Batalhão de Comando e Serviços da Aman (BCSv/Aman), conhecido como Batalhão Agulhas Negras. Trata-se do maior batalhão do Exército Brasileiro em efetivo, com dois mil militares.

O fuzil que ninguém mais viu, por seu turno, é um FAL 7.62. O fuzil FAL ficou conhecido na segunda metade do século passado como “o braço direito do mundo livre” por causa do seu emprego, por exemplo, por Israel para matar árabes no Sinai nas guerras dos Seis Dias e do Yom Kippur…

De Gallant à Aman

O FAL 7.62, especificamente, era uma das armas usadas pela Shayetet 13, “tropa de elite” da Marinha israelense, décadas atrás, quando lá servia como comandante o atual ministro sionista de Matar Palestinos, perdão, ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant.

Em nota divulgada na última segunda-feira, 13, a Aman disse que “por questões de segurança e a fim deapoiar as investigações em curso, os militares do Batalhão permanecem aquartelados”, e mais não disse desde então.

O Comando do Exército não se pronunciou. A notícia do sumiço do fuzil tampouco saiu, na segunda, no boletim semanal “Exército na Mídia”, clipping do que sai na imprensa sobre a Força – mas só o que enobrece a “família militar” – elaborado pelo seu Centro de Comunicação Social.

Além de outras, digamos, idiossincrasias que se repetem na História, o Exército Brasileiro é conhecido por ter a transparência de um insulfilm fumê G5, que bloqueia 95% da luminosidade. A página de documentos à imprensa do site do Exército costuma ser atualizada assim:

Leônidas e o ladrão de diamantes

Sumiu um fuzil e parece que não serviu o segundo preceito do “decálogo do soldado” gravado em placa da Aman: “o verdadeiro soldado é agressivamente honesto, irrepreensivelmente leal e arraigado à verdade”.

O “decálogo do soldado” da placa da Aman é da lavra do general Leônidas Pires Gonçalves, o ministro do Exército do governo Sarney que em 1987 preferiu acreditar – ou disse que preferiu – na inocência de um certo capitão quando a imprensa mostrou que esse capitão pretendia, “irrepreensivelmente leal”, explodir bombas em quartéis para forçar o governo a aumentar o soldo, 35 anos antes de ingressar no ramo do contrabando internacional de diamantes.

“Quando alguém desmente peremptoriamente e é um membro da minha instituição, em quem vou acreditar? Eu sei quem é minha gente”, disse na época o general Leônidas.

Para tentar frear o roubo de armas em Organizações Militares, o Exército Brasileiro pode tentar, em vez da placa do “Decálogo do Soldado”, a tábua dos 10 Mandamentos – “não roubarás” – dada por “Eu Sou Quem Eu Sou” a Moises lá na península do Sinai, onde o fuzil FAL 7.62 cuspia fogo em nome de Javé.

Hugo Souza é jornalista

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Hugo Souza

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