Em Gaza, crianças sentem o cheiro da própria morte, por Hugo Souza

Em um mês, as bombas de Israel em Gaza já mataram 4,1 mil crianças, feriram 8 mil e deixaram 1,2 mil desaparecidas

do Come Ananás

No ‘mesversário’ do genocídio em Gaza, crianças sentem o cheiro da própria morte

por Hugo Souza

Nesta terça-feira, 7, faz um mês e 75 anos de atrocidades na Palestina decorrentes do assim chamado “direito de Israel se defender”.

Um mês e 75 anos de banhos de sangue, roubo, ocupação, prisões ilegais, toda sorte de violações e humilhações impostas ao povo palestino em nome da “autodefesa” de quem expulsou 750 mil palestinos da Palestina em 1948; mais 300 mil na Guerra dos Seis Dias, em 1967; outros 600 mil desde então da Cisjordânia e Jerusalém; 2.251 palestinos mortos na Faixa de Gaza em 50 dias de bombardeio em 2014, quase uma década atrás.

Quase uma década atrás, a mesma cambalhota da oligopólio internacional da mídia corporativa: o número exato de 2.251 mortos, fornecido pelo Ministério da Saúde de Gaza, não podia, na época, segundo essa mídia, ser “confirmado por fontes independentes”. Depois, confirmou-se, por fontes independentes, a produção de cada um daqueles cadáveres pelo Estado de Israel.

Há um mês, comandos terroristas do Hamas barbarizaram uma rave e kibutzin em Israel e Israel pôs em marcha, em “resposta”, o mais bárbaro capítulo do genocídio do povo palestino. Os números mais atualizados dão conta de que o número de palestinos mortos por Israel na Faixa de Gaza passou de 10 mil. O de feridos, de 25 mil.

Outros 2,6 mil palestinos de Gaza estão desaparecidos. Não se pode vê-los, mas é possível sentir o seu cheiro sob os escombros. Em toda a Faixa de Gaza paira no ar o cheiro exalado pelo corpo humano em decomposição – o cheiro da morte.

As bombas de Israel já mataram em um mês, em Gaza, 4,1 mil crianças, feriram 8 mil e deixaram 1,2 mil desaparecidas.

Mas não se pode confiar no Ministério da Saúde dos terroristas do Hamas, só no Ministério da Defesa, da “autodefesa”, do Estado Terrorista de Israel.

Nesta segunda-feira, 6, o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, foi às lágrimas ao informar à “comunidade internacional” que na Faixa de Gaza, neste adiantado do século XXI, crianças estão escrevendo seus nomes em seus corpos, para que seus cadáveres possam ser identificados.

Em Gaza, crianças sentem o cheiro da própria morte.

Mas a “comunidade internacional” e o oligopólio da mídia corporativa dirão assim: nem a informação nem o choro de Shtayyeh podem ter a autenticidade “confirmada por fontes independentes”.

Hugo Souza é jornalista

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Hugo Souza

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