Temer cancela balanço de um mês de intervenção no Rio com morte de Marielle

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Governo Temer parou de endossar a tese de que o assassinato motiva a intervenção. Mudança de postua ocorre logo após o início das investigações sobre a morte da vereadora
 
Fotos Públicas – PR
 
Jornal GGN – O presidente Michel Temer tinha em sua programação uma viagem ao Rio de Janeiro, neste domingo (18), para fazer o balanço de um mês da intervenção federal com o aumento dos militares nas ruas do Estado. Mas após a repercussão negativa da política de Temer, com o assassinato da ativista e vereadora Marielle Franco, o mandatário desistiu.
 
A princípio, a tática do governo e ministros do presidente era reafirmar a suposta necessidade da intervenção, levando como exemplo a morte da vereadora do PSOL. Dois dias se passaram, e a estratégia caiu abaixo. É que as investigações até agora vêm endossando a hipótese de que o crime teria sido cometido por policiais.
 
Desde que o crime ocorreu na noite desta quarta-feira (14), no centro do Rio de Janeiro, assassinada com o motorista a tiros dentro de um carro, o principal porta-voz de todos os tempos de Michel Temer, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, ironizou o fato da lógica de que a morte mostra o fracasso da política de Segurança do governo atual.
 
“Imbecil é quem imaginou que teríamos solucionado em 30 dias a violência no Rio de Janeiro. Temos um trabalho de longo curso”, disse o ex-deputado e ministro defensor de Michel Temer. Em seguida, mudou a fala, e passou a sustentar a tese do governo de que a morte da vereadora mostra que o governo estaria no caminho certo com a intervenção federal.
 
“É um crime bárbaro, que atinge uma representante do povo, e nós temos a mais absoluta certeza de que em breves dias, em função até da atuação da intervenção, nós teremos esse crime solucionado”, reverteu o parlamentar, na lógica invertida. 
 
Agora, entretanto, Temer teria neste domingo (18) uma agenda no Rio de Janeiro para revelar dados supostamente positivos da intervenção no Rio, contrariando a própria fala de seu ministro, chamando de “imbecil” aqueles que acreditaram que a intervenção teria resultados em um mês.
 
Por isso e diante da própria ironia de que Marielle Franco, ativista e vereadora do PSOL, era uma das críticas da política de Segurança de Temer, constantemente posicionando-se contrária a atuação das polícias, sobretudo o militar, no Rio de Janeiro e escancarando a violência militar e policial aos menos favorecidos, Temer preferiu cancelar a viagem.
 
Não fará o balanço de um mês da intervenção federal. A decisão não foi tão simples, segundo o blog de Andréia Sadi. Alguns aliados de Temer defenderam que o mandatário fosse ao Rio para reforçar a ideia de defesa da intervenção neste momento – e, consequentemente, seguir na estratégia iniciada.
 
Assessores, contudo, recomendaram a Temer que cancelasse a pauta e o presidente decidiu desmobilizar o evento já pré-planejado no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (16).
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Meu comentário nojento – II

    “Meus amigos, somente notícias a comemorar, fechamos o primeiro mês de intervenção no Rio de Janeiro com a morte de…”

  2. Foto emblemática

    Essa foto é emblemática pelo contraste . 

    De um lado General Villas Boas , do alto do cumprimento de suas funções militares , irreprimível. 

    Do outro Michel Temer : um ser rasteiro , que vendeu sua honra ao demônio em troca de um cargo , a sanha pelo poder , que faz um homem descer a niveis cada vez mais baixos , no desespero de conseguir algo para o qual não está a altura – a não ser através do achaque , da ameaça , do conluio , da trapaça. 

  3. Caraca ! Quando vejo o Estado
    Caraca ! Quando vejo o Estado maior das FFAA beijando a mão do Temer , não fico com raiva deste.

    Fico irado e indignado com esses milicos, vendo o Temer destruir uma nação, destruindo a defesa nacional e eles não fazem nada. Não dizem nada,não dão um pio .

    Estranho ! Muito estranho a postura desses milicos .

    Deve ter alguma coisa por detrás dessa postura inoperante das FFAA.

  4. Cenário..

    .. não sei porque, esse meu comentário foi deletado em outros sites (no Viomundo e o Sputnik), me parece civilizado, o que acham:

    .. meu palpite é que as esquerdas não estão interpretando corretamente o assassinato da vereadora do Psol/RJ, Marielle Franco, ocorrido quarta-feira passada, alguns até colocando a vereadora como vítima dos militares que estão intervindo no estado.

    Nas redes sociais surgem “guerrinhas” de uns que culpam os militares, outros que culpam as esquerdas defensoras de bandidos, outros estarrecidos com a ousadia do tráfico, enfim..

    Tem muito ruído nessa comunicação, então eu também vou criar a minha ficção, uma historinha um “parpite” para explicar o que aconteceu com a vereadora.

    É uma fantasia.

    Cada estado brasileiro tem 1 dono.

    Seja 1 imperador ou um grupo muito coeso, mas tem uma estrutura hierarquizada instalada em todos os poderes locais, e que explora com exclusividade aquele espaço geográfico.

    O tráfico é uma ramificação dessa quadrilha, mas ela é muito maior, é presente no seu dia a dia das mais variadas formas.

    As muitas aberrações que o sistema lhe impõem são, na verdade, reflexos das necessidades dessa quadrilha, vc trabalha para eles..

    A polícia é o braço armado desse poder, que inclui o judiciário, óbvio.

    Existe um equilíbrio local.

    Imagine a cidade do Rio de Janeiro..

    .. ali existe um equilíbrio entre essas forças que exploram aquele espaço das mais variadas formas..

    .. se vc não assistiu, assista Tropa de Elite, ali eles mostram um pouco como funcionam essas esferas de poder local.

     

    Pois bem, na minha ficção, não tem nada a ver com a realidade, na esfera federal se instalou uma outra quadrilha..

    .. como se fosse uma outra “famiglia”..

    .. não tem problema, é só respeitar o espaço de cada um e tá tudo certo..

    Porém, numa mistura que pode envolver interesse político com pressão para um golpe militar, os caras do plano federal resolveram fazer uma jogadaça de marketing e colocaram o exército (desse país da fantasia) para intervir no braço armado da força local..

    .. numa canetada, o presidente mandou o exército assumir a SSP do estado..

    Se esqueceu, ou talvez não pudesse evitar, que os caras do exército não sabem dançar funk carioca..

    .. e os brutos já chegaram arrepiando, falando grosso, e mechendo na estrutura local..

    .. o exército está mudando o comando da PM..

    .. isso faz uma enorme diferença..

    Na minha ficção, as forças locais deram um recado para as forças alienígenas: estão atrapalhando os negócios.

    E para dar esse recado, escolheram a dedo uma mulher de esquerda, preta, pobre e que também estava incomodando localmente.

    São 2 coelhos numa cajadada só.

    Resolveram a questão local, marcaram presença no terror, mostraram quem manda localmente, e ainda jogaram a opinião pública contra o exército que está atrapalhando seus negócios locais.

     

    Estão manipulando a opinião pública contra o exército..

    .. aí eu fico aqui pensando, agora no caso real: quem manda no Rio não é a globo?

    Mas, até onde eu sei, a globo apoia o exército?!

    Então quem está jogando contra?

    Nem pense que é o cara que vc acha que é o traficante e que mora lá na favela.

    Prá começar, os barões do tráfico nem moram na favela..

    .. seja como for, esse caso é maior do que o tráfico, hein?

    Eu acho que o exército chutou a canela de alguém muito poderoso (sem querer querendo)..

    .. nesse caso, o exército não é o algoz.

    Atualização: os caras usaram projéteis identificáveis? Sério isso? As balas já estão chegando lá em Brasília..

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