Como encontrar um lugar no mundo do trabalho?

Por Estrangeiro

Alterei um pouco o texto para dificultar a identificação. No julgamento dos pares também não vejo muita tolerância. Como se existisse uma caminho definido e certo para uma formação. E qualquer anomalia passa a ser uma “Anomalia”. Fica, portanto, um relato ficcional baseado na minha história.

Já estou passando dos quarenta e não me considero improdutivo. Passei por todo processo de escolarização, desde o ensino básico até o superior (inclusive pós). Não posso dizer que tenha sido uma história de sucesso, já que precisei, por muitas vezes, dos processos de recuperação, no ensino básico (fundamental e médio). Já no superior segui um caminho mais próximo da “normalidade”, se é que ainda existe algum tipo de normalidade, considerando todo rol de síndromes e desvios materializados na área médica. Mas a normalidade foi evidenciada em notas aceitáveis e suficientes para alcançar a titulação.

Não me considero uma pessoa com dificuldades para lidar com leitura e a escrita. Sou leitor voraz desde o momento em que percebi que era uma pessoa neste mundo. Mas minhas buscas sempre foram marcadas por minhas questões internas, sempre intensas e densas. Adquiri um domínio relativo dos saberes das exatas. Mas me considero mais afinizado com as humanas, já que fornecem mais sentido para toda experiência pelas quais passamos, considerando o sentido de uma existência e a intensidade de toda carga emocional exigida de um humano na caminhada. Compreeender a sociedade onde eu estava presente, as relações familiares, as relações mais amplas, e a própria ideia do que significava tudo isto me levou para a história/filosofia/sociologia. Fantasticamente poderosas para elucidar algum sentido aceitável, pelo menos para mim. Com uma formação marxista bem ortodoxa, e depois mais próxima do que Marx escreveu e não prescreveu, mas sem levá-lo para além do que ele disse, percebi que poderia ler mais coisas. Surgiram os pós-modernos no meu universo de pensamento. Foi então que não encontrei mais receitas e previsões de como cada indivíduo deveria se comportar, pensando em um modo de absolutismo total. As possibilidades estavam nas lutas do dia-a-dia. O que torna qualquer luta mais complexa e mais difícil. Questiono se a prórpia vida não estaria destinada a se tornar mais difícil. Acho viável a ideia. E é neste momento que pergunta tema pode fazer algum sentido.

Posso dizer que segui o caminho de uma licenciatura. Achava que poderia resolver minhas questões internas neste processo. Estar em sala de aula, desde todo trabalho de preparação para isto, me deixava bastante realizado. Não foi um caminho linear e contínuo. Passei por avanços e retrocessos. Mas, enfim, alcancei algum grau de titularidade. Entendo que ainda são poucos que passam por todo este processo. E que meu relato/desabafo pode parecer egoísta, em uma sociedade que mal conseguiu acabar com as mortes por doenças primárias. Mas,…

É verdade: as segundas-feiras não são bons dias porque a própria vida se impõe como questionamento de forma mais intensa. Não sei se concordei direitinho, segundo as normas, segundas-feiras. Também não vou pesquisar. Percebi que eu comecei a me tornar um estrangeiro neste mundo. Já cometi erros gramaticais neste sítio que foram devidamente corrigidos pelos policiais de plantão. Então, se eu pisar na bola, saberei que os policiais gramaticais vão me comunicar. Agradeço e aprendo com vocês.

Sempre invejei, em um bom sentido, as pessoas que conseguiam ganhar seu dinheiro, um dinheiro razoável para que a pessoa não se preocupasse com questões básicas de modo quase natural. Sabe aquelas pessoas que tem certeza de tudo e muitas vezes a gente vê que falam merda. Parece que o mundo das pessoas de sucesso é o mundo das pessoas que têm mais certezas do que dúvidas, mesmo fazendo e falando merda. Já fiz alguns concursos públicos e realmente fiquei em dúvida se os elaboradores das questões não estavam falando merda. Muitas questões mal elaboradas. E um péssimo equilíbrio nas questões. Sem falar do aspecto tipográfico: já vi provas de concurso que compartilhavam vários tipos de formatação. Fico por aqui, para não ficar aqui.

Vejo poucas pessoas por aqui como eu. Com uma formação razoável, mas com questões fervilhando na mente. Talvez porque se manifestem apenas quando as dicotomias esquerda-direita aparecem. Talvez por motivos que eu nunca venha a conhecer. Talvez… porque não existam mesmo.

Para desbaratinar, já que a escritura de um texto também produz adrenalina, vou ouvir Chico:

“Amanhã vai ser outro dia…
Hoje vc é quem manda,
Falou tá falado, não tem discussão…”

Assinado por um estrangeiro no próprio país.

Luis Nassif

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