O PCC e os Bandidos de Hobsbawn

do leitor André Araújo

Eric Hobsbawn é um dos maiores historiadores britânicos em um País pródigo de grandes historiadores.

Um dos seus livros menos conhecidos chama-se Bandidos, já publicado no Brasil há muito tempo.

O tema do livro trata de imbricação recorrente na História, entre os excluídos sociais, o crime comum e uma bandeira política.

Nesse livro Hobsbawn analisa, entre outros grupos, as máfias siciliana, calabresa e corsa como movimentos que nasceram com um sentido de proteção da população contra o opressor e derivaram depois para o crime comum.

Tratou também do cangaço do Nordeste brasileiro, onde Hobsbawn viu muito dos elementos da reação dos excluídos contra os poderosos através do crime de bando.

No nosso ambiente latino americano não é preciso ir muito longe no espaço e no tempo: as FARC e os paramilitares na Colômbia, , a guerrilha de El Salvador, as forças de repressão na Argentina entre 1976 e 1983, constituíram-se entre muitos outros em grupos onde se mesclaram o crime comum e a bandeira política. No passado os milicianos armados formadores da Revolução Mexicana, liderados por Emiliano Zapata ao Sul e Pancho Villa ao Norte, também tinham essa mescla de componentes.

Na Europa, entre os primeiros agrupamentos do Partido Nazista, estavam as SA, bandos de assalto, considerados criminosos por boa parte da sociedade alemã. , tendo Hitler que dissolve-los na famosa Noite dos Longos Punhais em 1934, após chegar ao poder. Para conseguir o apoio do Exército e da burguesia, que não podiam admitir a existência daquele bando de celerados ligados ao próprio poder, Hitler agiu friamente e liquidou a liderança das SA em ação fulminante, onde mais de mil foram eliminados em uma noite.

Estamos agora observando sob nossos olhos a estruturação de um grupo criminal em busca de uma bandeira política, o PCC. Não vai demorar muito e teremos uma força violenta com motivação legitimadora, já visível em certas atitudes e posturas do grupo.

Para atingir tal estágio o PCC necessita liderança, que aparentemente já tem e uma ideologia coerente, que está em formação. A matéria prima é e será a vasta massa de excluídos, muitos na linha fronteiriça entre a necessidade de sobrevivência e a atração do crime.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador