Os ataques ao Bolsa Família

Coluna Econômica – 25/01/2009

“O Globo” tem movido uma campanha implacável contra o Bolsa Família – através de reportagens enviesadas e dos artigos de Ali Kamel e Merval Pereira. Chegaram a “acusar” o programa pelo fato de parte dos beneficiários ter adquirido geladeira e fogão. Segundo eles, o dinheiro deveria ser exclusivamente para comida. Como se geladeira e fogão servissem para assistir televisão.

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É curiosa essa posição de dois colunistas que se pretendem defensores do livre mercado mas cuja ideologia acaba tropeçando no preconceito puro e simples.

Nas grandes discussões sobre políticas sociais, nos anos 90, os verdadeiramente liberais – como Roberto Campos – defendiam políticas que permitissem aos beneficiários a livre escolha. No caso de escolas, uma das bandeiras era a concessão de bônus que o estudante poderia utilizar livremente, escolhendo a escola pública que lhe parecesse mais adequada.

No caso das transferências em dinheiro, a livre escolha do que adquirir.
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Nos últimos anos, a bandeira do liberalismo acabou empalmada por um direitismo renitente, preconceituoso e autoritário, sem nenhuma visão sobre a importância das políticas sociais, não apenas para aquilo que se propõe – atender os mais necessitados – como para todas as chamadas “externalidades positivas”, os ganhos indiretos, igualmente relevantes.

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Vamos a um deles, a reativação do mercado interno. Há dois pontos que segura o consumo das classes média e de menor renda. Um, a instabilidade em relação aos ganhos correntes – especialmente se a pessoa vive de bicos. Outro, a insegurança em relação ao futuro.

Quando se cria uma rede de proteção social, resolvem-se os dois problemas e revitaliza-se a economia.

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Por exemplo, na quinta-feira foi anunciado que o governo chinês irá gastar US$ 123 bilhões na criação de um sista universal de saúde pública até 2011. Hoje em dia, o cidadão chinês tem que pagar pela consulta, pelos medicamentos, pela escola dos filhos. Além das tensões sociais, essa falta de apoio o leva a guardar grande parte de seus ganhos, inibindo a formação do mercado interno.

O mercado de consumo popular no país explodiu quando as classes D e E conseguiram alguma estabilidade nos seus ganhos, através da Bolsa Família e da Previdência Social.

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Mas esta é apenas uma parte da história. Esses ganhos permitem a manutenção do núcleo familiar, reduzem a criminalidade, reduzem as doenças, a mortalidade infantil e os gastos com saúde e criam espaço para o aumento da população economicamente ativa.

No ano passado, por exemplo, o Bolsa Família assinou um convênio com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), para identificar obras do PAC com maior demanda de mão de obra para pedreiros, eletricistas, azulejistas.

O primeiro piloto não deu certo, por ter sido lançado em um período de eleições municipais. Mas agora se partirá para a segunda etapa, com o objetivo de incluir 185 mil pessoas.

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Há mil alvos de bom tamanho, se se quiser atingir o governo Lula. Mas atacar o Bolsa Família e seus beneficiários é um ato anacrônico, desinformado, preconceituoso. E, acima de tudo, covarde em relação aos necessitados.

Luis Nassif

38 Comentários

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  1. E se fosse para comprar TV,
    E se fosse para comprar TV, qual o problema?
    A única desvantagem é que teria de ver o Merval falar bobagem todo dia, pelo menos quem assinar a Globonews (hoje em dia besteiras além fronteira).

  2. eh isso aah, nassif, eh
    eh isso aah, nassif, eh estranha
    essa atitude, pois mostra que eles nao entenderam
    o objetivo e os resultados do programa., que beneficia a eles proprios, ja que abre possibilidades
    de inclusao no setor da informacao…

    Parece que sao especialistas em tiro no pe…

  3. Creio que o fato de o
    Creio que o fato de o dinheiro chegar direto ao beneficiário e o direito de livre escolha para a utilização dos recursos são prinicipais motivos pelo baixo custo do Programa Bolsa Familia e o seu grande resultado.

    Isto praticamente eliminou os gastos com a burocracia, a corrupção e os desvios, que em programas anteriores as vezes consumia a quase totalidade recursos.

  4. do Estadão de Domingo, 25 de
    do Estadão de Domingo, 25 de Janeiro de 2009
    http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090125/not_imp312498,0.php

    SP concentra cidades onde alunos do Bolsa-Família têm mais faltas
    Para ter direito ao benefício, pais precisam fazer com que os filhos compareçam a pelo menos 85% das aulas
    Lisandra Paraguassú

    São Paulo, o Estado mais rico da federação, concentra mais da metade dos 50 municípios do País onde é mais descumprida uma das principais exigências do programa Bolsa-Família: que as crianças frequentem pelo menos 85% das aulas. Levantamento feito pelo Ministério da Educação a pedido do Estado mostra que 26 das 50 cidades em pior situação nesse quesito são paulistas.

    Uma das constatações dos gestores do Bolsa-Família nessas cidades é que muitos pais só passam a prestar atenção na frequência escolar quando têm seu benefício bloqueado pela primeira vez. “Muitos pais não têm instrução, não leem a advertência. Quando o dinheiro para de chegar é que eles vêm saber o que aconteceu”, conta Maria Helena Mendes, gestora do Bolsa Família em Potim (SP), onde 22,1% das crianças não estavam com a frequência adequada…………..

    ………Uma das constatações dos gestores do Bolsa-Família nessas cidades é que muitos pais só passam a prestar atenção na frequência escolar quando têm seu benefício bloqueado pela primeira vez. “Muitos pais não têm instrução, não leem a advertência. Quando o dinheiro para de chegar é que eles vêm saber o que aconteceu”, conta Maria Helena Mendes, gestora do Bolsa Família em Potim (SP), onde 22,1% das crianças não estavam com a frequência adequada………

    ………As famílias que descumprem alguma das contrapartidas exigidas recebem duas advertências por escrito, informadas no mesmo aviso de depósito do benefício. Após duas advertências, o pagamento é bloqueado.
    Mais um bimestre de descumprimento e o benefício é suspenso, podendo continuar retido por mais um bimestre. Apenas na quinta vez seguida, se a criança não voltar às aulas, é que o pagamento é cancelado de vez.

    Até hoje, cerca de 100 mil famílias foram excluídas em definitivo do programa por descumprimento da frequência escolar. Desde 2006, 654 mil já foram bloqueadas pelo menos uma vez………………….

  5. mas falem de mim…

    Pra
    mas falem de mim…

    Pra aparecer esses camaradas são capazes de querer contrariar a lei da gravidade… E, afinal de contas, não foram eles que fizeram a maior chiadeira no início do governo Lula, porque se pretendeu justamente dar o benefício na forma de cartões de consumo restrito a alimentos e outros gêneros ?

    É só jogo de cena… Eles sabem que estão falando m….

  6. O chamado Sistema Globo está
    O chamado Sistema Globo está com a nata de jornalistas do que há de mais rancoroso, preconceituoso, ignorante cultural e humanístico e, simplesmente, atrasado. Agora de manhã, domingo, tentei assistir ao programa que W. Waack apresenta na Globonews. Normalmente nem gosto de vê-lo falando porque ele torce as feições do rosto de um jeito bastante desagradável. Acho que é o que lhe vai no íntimo, reflete sua alma, sei lá.

    Mas agora, era sobre o Plano Estratégico de Defesa. Esse assunto me interessa, e eram três convidados, inclusive o Godoy, do Estadão. Waack faz sua preleção e depois pergunta ao Godoy, torcendo a cara e a voz, se o Brasil precisa mesmo de um plano de Defesa. Godoy, para fazer jus ao convite, dá um sorriso de desdém e responde que, sim, o Brasil precisa de um plano, não se sabe se é esse que está aí, mas precisa. Como se o Godoy conhecesse ou fosse capaz de formular algo melhor do que os melhores cérebros civis e militares do país começaram a fazer há pelo menos dez anos! Doutores de Unicamp, UFF e outras universidades trabalharam duro em suas teses e, no governo Lula, foram estudadas, junto com os mais preparados militares para o atual plano.

    Bom, Waack continua a pergunta aos dois outros convidados, especialistas civis, e ambos garantem que precisa, sim. Waack insiste no assunto dizendo: “Mas com tantas mazelas que o Brasil tem…”

    Aí, desligo a TV. Waack ou é profundamente ignorante em assuntos macros, ou só sabe que no Brasil há mazelas (como nos demais países não houvesse), ou não sabe estimular um debate ou apenas tem uma eterna disposição para ser do contra a qualquer coisa que venha do governo federal. Resultado: ele é citado por professores-doutores em cursos de diplomacia e em outros de alto nível como um dos piores jornalistas do Brasil. Aquele que, se alguém ousasse novo golpe contra o Estado, Waack seria o primeiro a sair correndo com uma arma na mão. Essa é a imagem que ele transmite como jornalista. Merval e Kamel nem são lembrados. Existem apenas para os deformados que os admiram.

    Esses caras da Globo são péssimos. Outro dia assisti a entrevista do ministro das Relações Exteriores da França a uma repórter do Globonews. A todo instante o homem reconhecia o atual papel do Brasil no cenário mundial e ressaltava a liderança de Lula tanto no continente americano quanto no mundial, e a repórter da Globo sequer puxava um fio disso para questionar, por exemplo, se essa inserção mais ativa do Brasil poderia garantir ao país a cadeira no Conselho de Segurança, perseguida desde Vargas. Nada! A mulher mal ouvia os elogios do ministro. E olha que esse programa, o Milênio, às vezes é bom.

    Uma explicação: só assisto Globonews pq é a única emissora a cabo que consegui que se instalasse na minha rua. Para desespero meu.

    Conheço o William, é de muito bom nível, como alguns outros jornalistas da Globo. O problema foi o filtro ideológico pesadíssimo instituído pelo Ali Kamel. Criou pensamento único, inibiu a pluralidade e empobreceu o conteúdo como um todo.

  7. Nassif,

    Eu dou risada
    Nassif,

    Eu dou risada disso… não consigo entender mesmo a posição ortodoxa de alguns jornalistas.

    Apesar de todos os benefícios já mencionados sobre o assunto, não desistem, e acabam forçando a barra e dando tiro no pé!

  8. Nassif, para a direita deste
    Nassif, para a direita deste país os únicos “consumidores” que existem são a elite que pode trocar de carro todo ano, os demais para eles são “resto”. Eu cansei de tentar dialogar com este pessoal, concluí que a única “solução” para este bando é uma cadeia ou extradição, afinal traição à pátria é um crime grave não é?

    E eles são estúpidos sim… Egocêntricos, incapazes de raciocinar mais do que um ano à frente. Eles não se importam que o país exploda desde que ganhem a sua parte.

    Eu detesto este país, mas eu não me venderia alegremente para o primeiro “gringo” que aparecesse oferecendo dinheiro para sabotar o país como eles fazem sem pensar duas vezes

  9. LN,

    É por aí que o projeto
    LN,

    É por aí que o projeto 2010 vai tentar engrossar o caldo, ignorando as

    avaliações de organismos internacionais elogiando o programa Bolsa

    Família, numa atitude discriminatória não avaliando o impacto posito do

    programa, desinformando os leitores.

    Abs.

  10. É mais um erro da oposição,
    É mais um erro da oposição, qualquer cientista político percebe que o principal fator para a grande popularidade do Governo do Presidente Lula, é primeiro o Programa Bolsa Família e segundo os seguidos erros da oposição.

    Creioo que nem mesmo os aumentos reais do salário mínimo,nem as melhoras macroeconômicas, e nem o crescimento mundial tem tanto peso quando a incapacidade da oposição.

    Esse nova onda de ataques ao Governo do Presidente Lula que se iniciou com a marolinha e avançou aos renovados ataques ao Programa Bolsa Família são mais uma demosntração dos erros da oposição ao Governo do Presidente Lula.

    Ao destacar a gravidade da crise econômica e zombar das marolinhas, o oposição não só alertou o Governo do Presidente Lula, como abriu as portas para medidas efetivas contra a crise econômica internacional, até mesmo para medidas que até poucos meses eram inimagináveis, como a compra estatização de bancos privados, como o aporte ao BNDES, sem falar na redução do superávit primário.

    O ataque ao Programa Bolsa Família até que pode funcionar num ambiente de crescimento econômico, mas num ambiente de crise econômica e de risco de desemprego mais assusta do que agrada.

    Provavelmente isto se deu em função de que realmente a atual crise econômica á a maior crise econômica dos últimos 80 anos, o fato de que os EUA ainda é o principal país na economia mundial, e de que a recessão no Brasil é inevitável, mas não é bem assim.

    O Brasil tem o Programa Bolsa Família, altos juros da Selic para serem derretidos, reservas Cambias de US$ 200 bilhões que mesmo que vendidas para financiar a Balança de Pagamentos se transformam em reais para o tesouro nacional, e …………………., essa eu conto depois.
    Aí seria marmelada.

  11. Nassif.

    São dois “paus
    Nassif.

    São dois “paus mandados” da oligarquia Marinho.
    Vou repeitr suas palavras: anacrônicos, desinformados, preconceituosos e convardes. Agora nas minhas palavras: marionetes dos interesses mais obscuros desta elite branca, racista, plagiadora dos americanos e europeus. Imitam os arrotos e modos de vidas exuberantes destes países ditos “ricos” que vivem as custas da brutal exploração das nações pobres e de golpes financeiros. Serviam – se bem a retórica do FHC e seus tucanos amestrados, a mentalidade contábil que fez o país perder 4 anos em troca da reeleição e desprovida de qualquer sensibildade social. Estes dois aí, mais o deslumbrado e cara de pau do Jabour, formaram a fina flor dos puxa-sacos dos tucanos na mídia. Hoje o herói deles é o José Serra e seus estilo gerente de banco de cidade do interior. Acho que é por falta de opção, as elites gostariam de cooptar um personagem mais “fashion” como porta-voz de seus vícios elitistas. FHC serviu muito bem, já que de um simples professor universitário de oposição (com camisa xadrez, bem caipíra) que conheci na concha acústica da UERJ em 1978 se transformou em um “semi-deus” (Farol de Alexandria) e presidente da república mais premiado com o título doutor honoris causa do sistema solar e quiçá da galáxia. Tanto é que suspirou ser secretário geral da ONU. O falta de um personagem com os dotes adequados a estas elites, esta empurrando as mesmas para apoiarem a candidatura do Serra, mesmo que seu jeito centralizador, conspiratório, deselegante e traíra possa por em risco o projeto “renovação conservadora” das elites brasileiras, de manter o status quo perdido com a eleição do presidente – ex operário.

  12. Creio que o Governo do
    Creio que o Governo do presidente Lula tem tudo para superar a crise econômica internacional, só falta derrubar os juros da Selic o resto o Governo do Presidente Lula já fez tudo.

    Agora é só administrar as medidas que já foram adotadas.

    Com o aporte ao BNDES já tem dinheiro sobrando para o investimento, R$ 100 Bilhões é muito dinheiro aqui ou em qualquer parte do mundo, com a derrubada dos juros da Selic haverá uma forte redução da dívida pública, sobrando mais dinheiro para o restante da economia, e com menos compulsório o spread cairá por gravidade.

    O que sustentava os altos juros era a grande dívida pública interna e externa e elas praticamente não existem mais. A única coisa que sustenta os spread são os altos juros da Selic praticado pelo atuais membros do COPOM. Com juros a Selic menores os Bancos não poderão empoçar o dinheiro.

    Qualquer um que evetualmente venha susbstituir os membros do COPOM, a primeira coisa que irã fazer é jogar os juros da Selic no chão.

  13. Resumindo, eles são contra
    Resumindo, eles são contra qualquer programa social.
    Cansei de receber emails com piadinhas falando: “eu quero um bolsa ferrari”, “Os sem Mercedez, sem BMW”.
    Pra mim essa turma é SEM CÉREBRO.

  14. Em Fortaleza, a Companhia de
    Em Fortaleza, a Companhia de Eletricidade (que é privada) está trocando na periferia as geladeiras velhas por outras novas em folha. Para a companhia, é um ótimo negócio, porque os usuários pagam taxas fixas e as novas geladeiras proporcionam grande economia de consumo.

  15. Nassif,
    O posicionamento
    Nassif,
    O posicionamento elitista, preconceituoso, descabido e, por que não dizer, quinta-colunista do Ali Kamel e do Merval com relação ao Bolsa-Família, assim como o mal disfarçado desdém com que outros notórios direitistas da nossa mídia analisam andamento do PAC, só pode ser explicado pela intenção de desviar o foco dos efeitos da crise internacional aqui no Brasil, a qual se não é a marolinha do Lula, está muito longe de ser o tsunami do Obama. Os caras estão contrariados porque a crise não nos está atingindo com a intensidade e força que eles gostariam que ocorresse. A propósito, cabe aqui a pergunta: quantas empresas brasileiras ingressaram na situação de penúria em que se meteram algumas anteriormente poderosíssimas multinacionais americanas, como o a GM, a Ford, a Chrisler, o Bank of America, o Citybank ? Resposta: NENHUMA . Outra coisa, enquanto Bush, Obama, a Unão Européia e o Japão estão emitindo dinheiro a rodo ( o que, mais cedo, ou mais tarde vai gerar inflação ) para tentar salvar algumas tradicionais empresas, que, neste momento, encontram-se internadas na UTI, em estado de difícil sobrevivência ( algumas das quais, comentava-se, chegavam a derrubar Governos estrangeiros, que contrariassem os seus interesses privados). O Governo Lula liberou parte significativa do compulsório do Bancos, abriu as burras do Bancos Oficiais e agora mesmo, dias atrás, derrubou um pouco a taxa SELIC e injetou R$ 100 bilhões no BNDES, para financiar Empresas que operam no Brasil . Todas elas saudáveis, até o momento, ressalte-se. Como a crise não aportou por aqui com a intensidade almejada pelos urubus, resta a eles, em vista do fracasso do seu catastrofismo, tentar focalizar todas as críticas e despejarem toda sua bílis sobre os programas mais bem sucedidos, que vêm sendo implementados pelo atual Governo Federal.

  16. Pensamento de um
    Pensamento de um oposicionista fantasma:

    O triste é que em vez de um debate público de qualidade nas campanhas de 2010, teremos um cenário confortável para o candidato do Lula.

    Será muito, mas muito simples colar esses “jornalistas” à oposição. E aí… acabou… Será gestão Dilma 2011-2014.
    Será que a oposição não consegue ver isso?

  17. Nassif,
    Gosto do debate sobre
    Nassif,
    Gosto do debate sobre o Bolsa Família. Sempre que encontro alguém contrário ao Programa, não fujo da conversa. Utilizo todos os argumentos econômicos, sociológicos e políticos que disponho para defender essa política pública. Não é dífícil derrotar os preconceitos de quem acha que dinheiro público deve ir apenas para quem já tem poder econômico. Mas o que me faz apoiar o programa é principalmente algo que tem relação com minha estória de vida. Me emociona saber que às vezes é necessário muito pouco para garantir o mínimo de dignidade a uma família. Não gosto de personalizar esse tipo de discussão, porém me é impossível não constatar que minha infância e adolescência de trabalho infantil talvez tivesse sido diferente caso já existisse um programa de transferência de renda. Assim, não analiso o Bolsa Família apenas sob a ótica da eficiência do gasto público, mas principalmente, sob a ótica do afeto e da solidariedade social.

  18. E o previsivel nesta história
    E o previsivel nesta história é o fato dos Ali Kamel da vida não darem pio à respeito do bailout à brasileira como a mãozinha do BNDES no caso Aracruz/Votorantim. Como diria o brimu Nassim Taleb : “cuidado c/aqueles q fiscalizam tostões e não ligam p/milhões” (ou bilhões rs)

  19. Infelizmente o Ali Kamel
    Infelizmente o Ali Kamel encontra coro. Blogs de jornalistas dos maiores jornais aqui em Pernambuco reproduzem com suas opiniôes favoráveis as matérias da Veja e dos jornalões de São Paulo. Acredito, e você nassif é um exemplo, que a notícia é para ser imparcial independente da corrente folosófica, política, religiosa e tudo o mais. Ela, a notícia, tem que ser apresentada sem maquiagem, como surgiu. O contraditório vem de quem a lê. A interpretação não pode partir de quem a noticía.

  20. O Bolsa Família merece ser
    O Bolsa Família merece ser rediscutido.

    Da forma que está tende a ser usado como arma eleitoral e beneficiar muitos “gatos” vivos e mortos por aí.

  21. Nassif,

    como Kamel insiste
    Nassif,

    como Kamel insiste na direção de vender a implosão das politicas sociais e como Kamel é apenas a voz do dono, sobra uma responsabilização grave e aguda contra a globo referente aos quadros de miséria no país.

    Usar todo esta máquina midiática de globo&cia para condenar milhares à morte pela desnutrição, pela proposta de privatização da sáude, da aposentadoria como têm feito os seguidores desta linha de proposta, equivale a que se equiparem aos grandes genocidas de história da humanidade, sejam eles de que credo forem. Apesar de aparentemente exagerada a comparação é justa. Há muitas formas de destruição em massa.

    Eles nunca se lembram disso quando aparentemente detêm um poder que julgam inextiguível.

  22. Nassif, a posição destes
    Nassif, a posição destes jornais em relação ao programa Bolsa-Família é mais conservadora do que liberal. O pensamento liberal admite programas de assistência nos moldes do programa Bolsa-Família. Minha opinião é crítica em relação ao programa porque é um programa que oferece o mínimo a um público míinimo e que exige o máximo de quem passa pelas mais severas privações – que não são apenas econômicas.

  23. Esses dois jornalistas e mais
    Esses dois jornalistas e mais uma centena, têm e terão esse comportamento subalterno. Um pensamento independente, como algumas vezes acontece com Chico de Oliveira, Conceição Tavares, e mais alguns poucos, é difícil porque em algumas ocasiões provocam imensa dor e dúvida.

  24. Nassif, para você não achar
    Nassif, para você não achar que eu sou excessivamente chato: concordo com você.

    Por mais que eu desaprove o governo Lula em geral, acho o Bolsa Família um ótimo programa. E é evidente que as melhores pessoas para decidir COMO gastar o dinheiro são aqueles que recebem o benefício.

    Aliás, é muita pretensão imaginar que meia dúzia de burocratas sabem o que é que essas famílias devem fazer com a sua parca renda. Só quem está lá sabe onde o calo aperta.

    Sempre que esse assunto é discutido, vem aquele exemplo grotesco: “ah, mas o cara vai pegar o dinheiro e gastar em cachaça”… Bem, se ele fizer isso, é problema dele. As pessoas têm que saber arcar com suas escolhas e ninguém precisa de Estado-Babá.

  25. É difícil de acreditar como
    É difícil de acreditar como há ainda no nosso país pessoas que tentam denegrir, sujar a imagem de um programa que, embora tenha suas deficiências, mostrou-se muito eficiente em sua proposta. Muitas vezes ironizado como bolsa esmola, termo pejorativo, tem feito bem a estas famílias que recebem o benefício. Não é a solução para o problema da miséria no nosso país mas é uma assistência de emergência aos nossos pobres. Quando pessoas roubam, usam de má fé ao receberem esses benefícios é por causa da corrupção, impunidade, falta de caráter que indivíduos adquiriram com essa “velharia” que está no poder e não sai, por isso defendo a renovação de nossos políticos, policiais, entre outros q trabalham para nós. Devemos defender a unidade de nossa nação. Sermos no mínimo patriotas e defendermos nossos irmãos nessa guerra contra a fome. Devemos vencer a fome, conquistar a saúde e prover educação, só assim teremos uma base sólida para levarmos nosso povo para um futuro feliz.
    O bolsa família ajuda e é provado. Lembrei-me, ao ler esse artigo, de uma reportagem lida no site de um dos mais famosos jornais do mundo o The New York Times , onde li um artigo sobre esse governo que nos tirou de uma possível recessão e dos avanços de diversos projetos para nosso país.
    São projetos reconhecidos internacionalmente por sua eficiência. Devemos fiscalizar e controlar melhor para não haver corrupção e uso indevido do dinheiro. Mas com certeza não são os pobres que fazem isso.
    Com respeito aqueles que comentaram contra nosso governo, que tal controlar melhor a influência negativa de anos que vem corrompendo com prostituição, pornografia, mostrando uma realidade ideal para eles, com intuito de dominação. Como se autointitulam formadores de opiniões.
    Graças à Internet temos a liberdade de filtrarmos a informação. E quem só tem a Televisão aberta?
    Fiz questão de procurar no NYTimes o artigo que tinha lido. Não é específico do bolsa família, mas mostra a visão externa de nós. Segue o link abaixo.
    http://www.nytimes.com/2008/07/31/world/americas/31brazil.html

  26. Nassif,
    concordo plenamente
    Nassif,
    concordo plenamente com o comentário, a não ser por um aspecto: vc chamou Roberto Campos de “verdadeiramente liberal”….Não quero dizer que ele só tivesse pontos negativos, que fosse um monstro, mas chamar de “liberal” quem apoia e participa do governo de uma ditadura militar…..Bem, pode-se dizer que suas idéias econômicas eram liberais…mas Campos foi, no governo Castelo Branco, um dos grandes responsáveis por um modelo autoritário e institucionalmente centralizado de organização econômica, além de associado ao capital estrangeiro – o que há de “liberal” nisso? O vocábulo “liberal” tem a ver, obviamente, com liberdade, com tolerância à diferença e à diversidade, Campos, que xingava seus oponentes ideológicos de “dinossauros estúpidos” tinha a ver com isso? Pode ter sido muito culto e inteligente, e uma pessoa gentil e tratável no nível pessoal – mas chamá-lo de “liberal”, essa eu não engulo.

  27. Eles querem acabar com o
    Eles querem acabar com o Bolsa Família porque os políticos da oposição, os chamados coronéis, os mesmos de sempre, não estão conseguindo trocar alguns quilos de arroz ou de feijão por votos.

    A grande maioria dos políticos sempre foi de nordestinos desde quando o Congresso existe e o nordeste continua na miséria. Sem miseráveis e analfabetos a oposição não sobrevive.

    Fofocas:

    O Kamel foi um aluno medíocre no curso de jornalismo daqui da PUC-Rio. Não estranho esse comportamento dele porque ele foi editor-assistente da Veja-Rio. Ele só é diretor executivo de jornalismo da Globo graças ao Evandro Carlos de Andrade de quem o Kamel mantém a mesma linha editorial (desde a ditadura) até hoje.

    Para quem mora em um apartamento em Ipanema na Vieira Souto, de frente para o mar, com tudo pago pela Globo, é muito fácil falar do Bolsa Família. Mas, segundo ex-alunos que trabalham na Globo me disseram a batata do Kamel já está assando. Não está surtindo efeito o estilo Veja de “jornalismo”. Graças à Internet.

    O Merval foi chefe de redação do Globo, mas perdeu o cargo que tenta recuperar agradando aos patrões através de ataques ao governo que se volta para os pobres.

    Quem, já velho, foi contemporâneo do Kamel no jornalismo da PUC-Rio, mas foi jubilado por repetência da mesma matéria foi o baiano Nizan Guanaes.

    Bão, aluno por aluno, devo ter sido um dos piores do jornalismo da USP.

  28. Nassif,

    Você esqueceu de
    Nassif,

    Você esqueceu de citar o Roberto da Matta, que escreve semanalmente no “Globo”. Volta e meia ele também ataca o Bolsa Família, dizendo que esse tipo de programa torna o beneficiado um escravo do governo, que assim vai mantendo seu curral eleitoral.

    Gosto do Roberto, mas ele – com toda envergadura intelectual – atendendo a demanda dos jornais por neoconservadores, é um desrespeito com a própria biografia.

  29. Olá Nassif. Mais uma vez,
    Olá Nassif. Mais uma vez, parabéns pela sua independência e coragem, como atesta o excelente “Os Cabeças-de-Planilha”. A esses dois eu acrescentaria a M.Leitão (creio que ela se imagina a criadora de Deus) e o Sardenberg. Na realidade, o que eles desejam é cumprir a determinação do seu Chefe (o Marinho do dia), porta-voz dessa desprezível elite que deseja o fim do Estado que deseja cumprir os objetivos da República explicitados no art. 3º da Constituição Brasileira. Aliás, o Estado que eles almejam é aquele que só invista (e não preste serviços (gastos correntes)) para garantir encomendas, de preferência superfaturadas. A propósito, criaram a metáfora do superávit primário para encobrir os gastos com juros, maior despesa orçamentária individual corrente ,responsável direta pela retroalimentação inercial da dívida pública interna. Abs, Rildo .

  30. Nassif, não tenho nenhum
    Nassif, não tenho nenhum conhecimento em economia. Solicito se possivel, que você faça um comentário sobre estes dois pontos:
    1. Quando a classe média abate na declaração do imposto de renda as depesas com educação dos filhos (pois o estado não proporciona uma escola pública adequada as suas necessidade). Seria BOLSA EDUCAÇÃO?
    2.Quando esta mesma classe abate as despesas médicas da mesma declaração (pois o estado não conta com rede de saúde pública satisfatória, seria um BOLSA SAÚDE?
    Se estiver errado me desculpe. Abraço.

  31. Excelente texto, com
    Excelente texto, com ressalvas. Não concordo com a generalização do seguinte parágrafo:

    “Nos últimos anos, a bandeira do liberalismo acabou empalmada por um direitismo renitente, preconceituoso e autoritário, sem nenhuma visão sobre a importância das políticas sociais, não apenas para aquilo que se propõe – atender os mais necessitados – como para todas as chamadas “externalidades positivas”, os ganhos indiretos, igualmente relevantes.”

    Não temos apenas duas vertentes políticas, uma à direita e outra à esquerda. Tampouco há consenso dentro de cada uma das linhas de pensamento. Os liberalismos defendidos por Hayek e Mises, por exemplo, são humanitários, rivais declarados do autoritarismo e defensores da liberdade (inclusive a de cada um fazer o que quiser com a própria vida e renda).

    Pois é, e temos liberais consistentes aqui. O que estou denunciando é a apropriação desses temas por pretensos liberais sem nenhuma consistência teórica nem de princípios.

  32. Stanley, apenas dois
    Stanley, apenas dois comentários:

    1. A maioria dos “coronéis”, hoje em dia, está na base de apoio do Lula, e não na oposição.

    2. O Bolsa Família, que é um programa com o qual concordo, também é usado pelo Governo Federal como uma espécie de “trocar arroz e feijão por voto”. Agora, de fato isso seria feito por qualquer governo, não é exclusividade do Governo Lula.

    E nem por isso o programa deve ser combatido na sua essência. É aquela história de não jogar a criança fora junto com a água da bacia.

  33. Caro Luiz,

    Tomei
    Caro Luiz,

    Tomei conhecimento de seu comentário através da rede 3setor, com e-mail de Luiz Viana. Só este seu comentário sobre o Bolsa-Família á valeria manter-me inscrito nesta rede, da qual recebo diariamente uma média de 40 ou mais e-mails. Apagá-los é uma tarefa difícil, pois muitos são de boa qualidade. Mas este seu comentário é um dos que gravei no meu lap-top para depois reproduzi-lo em aula. É que dou aula de conversação sobre o Brasil contemporâneo na universidade de Hamburgo, e julgo muito pertinente apresentar temas para debate com o grau analítico de seu artigo. Parabéns. Continue assim. Aliás, tempos atrás, no dia 29 de janeiro de 2007, tive a ocasião de defender você, na rede 3setor, contra um spam em circulação desde 2006 sobre pretenso desabafo seu. Fique firme. Continue diferenciando argutamente.

  34. Caro Nassif, discordo de
    Caro Nassif, discordo de você.

    Willian Waak me dá azia…

    Na cobertura para a guerra de Gaza, então nem se fala. Se fosse bom jornalista não distorceria fatos descaradamente, mesmo sendo judeu. Num, programa na Globonews, chamou pra discutir a questão só gente contra os palestinos.

    Nas questões do gov. Lula, tb é crítico SEMPRE, independentemente do assunto.

    Isso é jornalismo?

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