Mauro Iasi cita Brecht e depois sofre ataques pesados

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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do site PCB da Baixada Paulista

Sobre a campanha de difamações e ameaças nucleada pela extrema direita contra o camarada Mauro Iasi: não recuaremos!

Nos últimos dias, um articulista vinculado a uma organização de extrema direita iniciou uma campanha de difamação contra o camarada Mauro Iasi, o qual é um militante veterano do campo da esquerda brasileira, sendo conhecido e respeitado não só por nós comunistas do PCB mas também por militantes de diversas outras organizações e independentes por se tratar de um verdadeiro intelectual orgânico da classe trabalhadora. Esta campanha sórdida foi engrossada pelo deputado Jair Bolsonaro, pessoa que tem ganhado fama por proferir declarações homofóbicas, machistas, fascistas, entre outras características que ultrapassam em muito os limites da decência, entre as quais estão: “O erro da ditadura [militar brasileira] foi torturar, e não matar!”, “Pinochet dev[er]ia ter matado mais gente!”, “Não vou combater nem discriminar, mas se eu ver dois homens se beijando na rua vou bater! [sic]”, “Mulher deve ganhar salário menor!”, “O objetivo [da tortura] é fazer o cara abrir a boca, o cara tem que ser arrebentado para abrir o bico”, “Não te estupro porque você não merece” (!!!), “Gayzice é falta de porrada!”,etc.

Primeiro cabe elucidar para quem não o conhece: Quem é Mauro Iasi? Poderíamos dizer que Mauro Iasi é um professor, um educador de excelência, quer na educação básica, quer na educação universitária, quer na educação popular. Poderíamos dizer que também é pai, fato que a direita raivosa “defensora da família” parece esquecer por conveniência. Poderíamos dizer também que é um militante político desde a década de 70, porém nunca vislumbrando obter cargos e vitórias no “vale tudo” eleitoral, tendo se candidatado em 2006 (como candidato a vice-governador de São Paulo, na chapa de Plínio Arruda Sampaio) e em 2014 (como candidato a presidente) não como projeto pessoal, mas como tarefa do PCB; porém, fez muito mais política – no sentido da grande política – em prol do trabalhador e da trabalhadora que todos os políticos profissionais abençoados por gordos investimentos empresariais de campanha. Poderíamos dizer, outrossim, que é um grande poeta e artista, um disciplinado camarada, ou ainda um excelente palestrante que costuma dar deliciosas conferências.

Em uma destas conferências, proferida no 2º Congresso da CSP-Conlutas, central sindical na qual o sindicato de sua categoria – a de professores universitários – é filiada, no final de sua preleção o camarada leu o seguinte poema de Bertolt Brecht (1898-1956): 

Avança: ouvimos
dizer que és um homem bom.
Não te deixas comprar, mas o raio
que incendeia a casa, também não
pode ser comprado.
Manténs a tua palavra.
Mas que palavra disseste?
És honesto, dás a tua opinião.
Mas que opinião?
És corajoso.
Mas contra quem?
És sábio.
Mas para quem?
Não tens em conta os teus interesses pessoais.
Que interesses consideras, então?
És um bom amigo.
Mas serás também um bom amigo de gente boa?
Agora escuta: sabemos
que és nosso inimigo. Por isso
vamos encostar-te ao paredão. Mas tendo em conta os teus méritos
e boas qualidades
vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te
com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-te
com uma boa pá na boa terra.

Este poema, para os que escutaram a fala inteira do camarada, que o contextualizava, tinha um papel claro: ilustrar a hipocrisia – que chega a enganar a esquerda – dos cúmplices do fascismo, os quais seriam “bons”. Alertava, portanto, contra a ilusão da colaboração de classes, contra a perspectiva moralizante da política, e pela necessidade de não subestimar a violência fascista. Não seria necessário dizer que poemas utilizam-se, entre outras alegorias, de metáforas, e são contextualizados no tempo em que são escritos. Entretanto, oportunisticamente, o vídeo recortado, onde se encontra a leitura isolada do poema, foi veiculado nas diversas redes sociais e consorciado com “memes” ultrajantes. O autor e os cúmplices desta engenharia social afirmaram que Mauro Iasi aberta e literalmente clamava pelo fuzilamento de todos os que não concordam com o comunismo, atitude cruel que seria típica de todo e qualquer comunista, com a evidente intenção de estigmatizar o nosso partido e promover uma guerra de contrainformação por meio de falácias. E assim, o camarada Mauro tem sido vilipendiado e ameaçado não só por uma corja de fascistas assanhados e “justiceiros de plantão” (os quais chegaram a dizer que matarão o camarada Mauro “por legítima defesa, afinal ele me ameaçou primeiro com sua espingarda”), mas também por uma massa de desavisados que engrossam o caldo dos crimes contra a honra.

Todo este acontecimento nos entristece. Todavia, como nada é binário, também nos deixa satisfeitos pelo fato de significar a concretização da excelente análise apurada de nosso camarada! E declaramos aqui que não recuamos, que todo o ataque desferido a qualquer um dos nossos serão respondidos na devida proporção necessária, e que fascistas não passarão!

Aproveitamos o ensejo, já que uma poesia deixou vários fascistas assanhados, disponibilizamos uma outra, desta vez de autoria do próprio Mauro Iasi:

Há hora de somar
E hora de dividir.
Há tempo de esperar
E tempo de decidir.
 
Tempos de resistir.
Tempos de explodir.
Tempo de criar asas, romper as cascas
Porque é tempo de partir.
 
Partir partido,
Parir futuros,
Partilhar amanheceres
Há tanto tempo esquecidos.
 
Lá no passado tínhamos um futuro
Lá no futuro tem um presente
Pronto pra nascer
Só esperando você se decidir.
 
Porque são tempos de decidir,
Dissidiar, dissuadir,
Tempos de dizer
Que não são tempos de esperar
 
Tempos de dizer:
Não mais em nosso nome!
Se não pode se vestir com nossos sonhos
Não fale em nosso nome.
 
Não mais construir casas
Para que os ricos morem.
Não mais fazer o pão
Que o explorador come.
 
Não mais em nosso nome!
Não mais nosso suor, o teu descanso.
Não mais nosso sangue, tua vida.
Não mais nossa miséria, tua riqueza.
 
Tempos de dizer
Que não são tempos de calar
Diante da injustiça e da mentira.
É tempo de lutar
 
É tempo de festa, tempo de cantar
As velhas canções e as que ainda vamos inventar.
Tempos de criar, tempos de escolher.
Tempos de plantar os tempos que iremos colher.
 
É tempo de dar nome aos bois,
De levantar a cabeça
Acima da boiada,
Porque é tempo de tudo ou nada.
 
É tempo de rebeldia.
São tempos de rebelião.
É tempo de dissidência.
Já é tempo dos corações pularem fora do peito
Em passeata, em multidão
Porque é tempo de dissidência
É tempo de revolução

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. É insano o que esses

    É insano o que esses escroques fazem, pois que seja sã a resposta: levem essas ameaças ao Ministério Público. Esses reacionários não podem ficar impunes! Calar, outra vez, dá no que deu.

  2. o que faz falta é dar poder a malta!
    De brecht pulo para jose afonso (cantor portugues)
    ele tem uma musica que diz:

    quando o fascista conspira na sombra
    o que faz falta!
    o que faz falta
    é dar poder a malta!
    o que faz falta
    é dar poder a malta
    o que faz falta!

    malta= povo!

  3. Os assassinatos no Brasil

    são constantes contra os mais pobres que querem terra ou pra roubar as que têm. Contra os pretos: pagina do face “contra o genocídio do povo preto”.

         Deve se defender com essas denúncias e partit para o ataque.

  4. Verdade alienada

    Acredito que o melhor para nos posicionar sobre o fato é ver diretamente o vídeo e, a partir daí, tirar nossas conclusões se o indivíduo agiu com metáfora ou se o seu discurso realmente extrapolou na incitação à rivalidade esquerda x direita (o título do vídeo, embora já indique a opinião de quem o divulgou, esclarece razoavelmente os fatos:

     

    https://www.youtube.com/watch?v=hQVHzFxMakw

  5. A história mostra uma série

    A história mostra uma série de atrocidades cometidas em nome do comunismo ou daquilo que se acreditava ser o comunismo. Países que passaram pelo terror vermelho, como Polônia e Romênia, tratam o comunismo de maneira semelhante ao nazismo, criminalizando qualquer manifestação que exalte a doutrina de Karl Marx. O trauma se estende por todo leste europeu e grande parte do mundo civilizado. Portanto, nada mais natural que pessoas se atemorizem e se choquem quando alguém, em pleno século atual, ainda se diga comunista e, pior, faça menções ao paredão e à execução de opositores. O que o povo trabalhador não deve fazer é responder a violência vermelha com ainda mais violência, pois isso acaba por os igualar na bárbarie. 

  6. Crise brasileira

    Caro Mauro Iasi

     

     

     

    Solicito sua atenção para a proposta abaixo, que além de defender toda o pensamento liberal, introduz a variante social. Seria muito construtivo que os tecnocratas neoliberais entendessem que, embora necessário, ajuste das contas orçamentárias não é o valor supremo do universo do desenvolvimento. É necessário, mas não suficiente

     

     

    Embora o texto abaixo se refira à crise brasileira, os argumentos listados se aplicam a discussão central no mundo atual. Se substituirmos, neste texto, o conflito brasileiro de neoliberais x socialistas  por americanos republicanos conservadores x liberais democratas ou ainda por gregos socialistas x conservadores alemães – genericamente falando o mundo discute atualmente: austeridade x necessidades sociais e exige respostas claras, objetivas, de aplicação prática e convincentes.

     

     

     

    Empresários e trabalhadores: uni-vos!!!!

     

    “Os lugares mais quentes do inferno são destinados àqueles que escolhem a neutralidade em tempos de crise” – Dante Alighieri (1265-1321)

     

    Coletivismo é a crença que o individuo deve ser subserviente ao grupo, significa que seus valores e crenças são, muitas vezes, irrelevantes.

    Há apenas um tipo de liberdade, que é a liberdade individual. Nossas vidas vêm de nosso Criador e nossa liberdade vem do nosso Criador. Não tem nada a ver com concessão de governo”. Ron Paul – ex senador americano republicano

     

     

     

    Crise e confronto de ideias, este o Brasil de hoje, milhões de brasileiros nas ruas de ambas as ideologias dominantes: coxinhas e petralhas. Vamos tentar radiografar isto, olhando além de interesses pessoais e políticos. Certamente o foco é a visão de mundo, a economia e posturas politicas.

    Coxinhas acreditam e priorizam a austeridade, colocar as contas do governo sob controle, não gastar mais que arrecadam e deixar os problemas sociais por conta de programas que serão ativados conforme disponibilidade de recursos. Algo como: este é o salario mínimo possível, se os petralhas conseguirem comer é problema deles, não da pra pagar mais. Estes neoliberais ou neocon acreditam na possibilidade de gerenciar as leis econômicas!!! Priorizam, sobretudo, o pagamento aos banqueiros que são nossos credores e financiadores de nosso desenvolvimento, geradores de empregos. Em outras palavras, coxinhas acreditam que o econômico, baseado na credibilidade do País, vai avançar sobre o social e todos viverão felizes. Seria muito construtivo que os tecnocratas neoliberais entendessem que, embora necessário, ajuste das contas orçamentárias não é o valor supremo do universo do desenvolvimento. FMI e neoliberais acreditam nesta meia verdade. É necessário, mas não suficiente. Resultado da filosofia dos coxinhas é uma elite de privilegiados, capitaneada pelos banqueiros, e uma multidão de excluídos. Sabe quando os petralhas conseguirão comer – nunca.

     

    “O melhor programa econômico de governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam, empregam, trabalham e consomem”.

    (Barão de Mauá – 1813-1889)

     

     

    Petralhas priorizam o social, descobriram na própria pele, que para gerar trabalho produtivo é preciso estar alimentado, com saúde e educação – o que é uma verdade biológica, ate o automóvel precisa de combustível a priori para rodar.  Entretanto, isto fornecido pelo governo, vale dizer pelos impostos capturados de trabalhadores e empresários, vai gerar um tremendo déficit e inviabilizar o governo que perde credibilidade internacional e reduz os investimentos. Acreditam, sobretudo, que pessoas bem alimentadas, com saúde e educação, vale dizer com o social resolvido o econômico se expande e todos viverão felizes. Sabe quando esta equação vai fechar – nunca.

     

    Nesta bagunça de concepções distintas, os políticos, legitimados por neo keynesianos, interferem na economia de forma desastrada – se intrometem até sobre compra de plataformas de petróleo de empresas estatais – absurdo dos absurdos – isto não pode dar certo!!! Esperteza de toda sorte, eles descobriram que eleição é um bem econômico com preço no mercado – bombeiam recursos dos prestadores de serviços, dependentes do governo, para suas campanhas eleitorais, deixando um pedaço nos próprios bolsos!!! Aqui coxinhas e petralhas agem de forma semelhante. Não tem Madre Teresa nesta casa de tolerância!!!

    O que podemos aprender disto tudo. Como podemos conciliar visões tão distintas?

     

    “O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar” (Roberto Campos)

     

    Coxinhas estão corretos em manter um orçamento equilibrado. Petralhas, corretíssimos, descobriram o óbvio: todos precisam se alimentar e ter acesso aos sistemas de saúde e educação. 

    Temos que transformar estes 3 setores: nutrição, saúde e educação de despesa orçamentaria de governo em investimento empresarial – através de um novo Pacto Social onde empresas assumem estas responsabilidade sociais e governo reduz a tributação correspondente. A partir dai livre mercado, laisser faire, laissez passer!! Meritocracia, redução de governo, responsabilidade individual, reversão da migração campo-cidade, agricultura, saúde e educação altamente rentáveis, enfim resgatam-se os valores tradicionais que fizeram prospero e rico o mundo ocidental.

    Desta forma economia fica, definitivamente, separada de politica – são como óleo e agua – não se misturam.

     

    Esta proposta representa um chamamento a responsabilidade de empresários e trabalhadores – uni- vos !! É a única forma de tirar o governo de suas costas: assumir aquilo que representa intervenção legitima do governo: subsidiar os setores de agricultura, saúde e educação. Mais mercado, menos governo, mais comida menos pobreza. Difícil imaginar uma sociedade onde o lucro depende da saúde das pessoas. Aos céticos, oportuno lembrar que o fiador deste Pacto Social proposto será o pleno emprego produtivo e a ampla competição de mercado. Somente com pleno emprego não precisamos da supervisão do estado – mão invisível age de forma inexorável!!

     

     

     

    Uma palavra de gratidão ao juiz Sergio Moro que resgata a dignidade de todo o povo brasileiro, podemos andar de cabeça erguida, corrupção é caso de policia, não importa se coxinha ou petralha.

     

     

    Cordialmente

    Ronaldo Campos Carneiro – 16/4/16ex diretor da Associação Comercial do DF

    Engenheiro de produção, ex professor

    da USP/FGV/PUC. Ex negociador de projetos do governo brasileiro com

    Banco Mundial e BID. Foi proprietário e executivo de empresa privada na área de café e

    maquinas de café. Governador de Rotary 2008-9 – distrito 4530.

    [email protected]http://ronaldocarneiro.wordpress.com http://rcarneiro4.blogspot.com.br

     

     

     

     

     

    __,_._,___

  7. fascismo stalinista

    Quer um facínora mais fascista (na concepção prática) que o teu camarada supremo comunista Stalin e aliado traído do nazista Hitler…. convenhamos “camarada” garganta… acorda que sua casa caiu. 2019 é o início do seu fim já tardio por esse emisfério. E por todo mal que aqui nos plantou a tantos e tantos jovens ingênuos que enganaste utilizando-se de seus ávidos sonhos, eu te desejo que vá como o diabo que lhe carregue “camarada”.

  8. Baixada Paulista?!

    PCB da Baixada “Paulista”?! Onde fica essa tal de Baixada “Paulista”??? Desconheço essa região! Conheço Baixada SANTISTA.

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