Reforma política do século 21, por Ronaldo Lemos

Enviado por Superperplexo

Reforma política do século 21

Por Ronaldo Lemos

Da Folha de S. Paulo

As novas mídias, que já fomentam mudanças nas regras sociais, precisam ser integradas à democracia

Qual é o nível de confiança que nós, brasileiros, temos uns nos outros? De acordo com pesquisa feita pelo economista Max Roser em 2014, o índice muito baixo. Quando questionados “de forma geral, você acredita que dá para confiar nos outros?”, apenas 9% responderam “sim”. Na Noruega, foram 74%. Perdemos de vizinhos como México (15%), Colômbia (14%) e Chile (12%).

Nesse cenário de deficit de confiança, como fica a democracia? Foi sobre isso que conversei na semana passada com um grande especialista na relação entre democracia e tecnologia, Ethan Zuckermann.

Ele é diretor do Centro de Mídia Cívica do MIT Media Lab nos Estados Unidos e um dos fundadores do site Global Voices (vozes globais).

Para ele, a falta de confiança entre as pessoas é uma grande oportunidade. Na sua visão, é em situações como essa que mudanças sociais qualitativas acontecem. Em outras palavras, a falta de confiança inspira nossa capacidade de imaginar novas instituições. Basta pensar na Magna Carta, originada em um momento de profunda crise de confiança na Inglaterra.

Só que nosso tempo é muito diferente daquele momento inglês. Vivemos na era em que celulares abrem portas para novas formas de participação e cidadania. Por isso, Zuckermann acha que é possível aproveitar a falta de confiança atual para criar novas estratégias para suprir esse deficit. A tecnologia é elemento central para isso.

Nos EUA, graças às novas mídias, normas sociais estabelecidas há décadas foram reformuladas: a aprovação do casamento gay em vários Estados, a mudança da política de drogas relativa ao consumo de maconha e, mais recentemente, a aprovação da regra da neutralidade da rede –implementada após a Comissão de Comunicações receber mais de 3,7 milhões de comentários pela internet sobre o tema. Todos são exemplos vivos de mudanças sociais que só ocorreram por causa das novas formas de comunicação.

No Brasil há evidências da mesma hipótese: a aprovação da Lei da Ficha Limpa ocorreu graças a uma grande mobilização social, possível também por causa de novas mídias. O mesmo se pode dizer do Marco Civil da Internet, cuja formulação e mobilização aconteceram on-line. E, é claro, os protestos que tomam as ruas desde 2013.

Não basta discutir apenas reforma política na sua acepção tradicional. É preciso discutir qual será a reforma política do século 21, já sintonizada com as novas tecnologias. Precisamos aproveitar a oportunidade em que o sistema político do país está em debate para dar um salto qualitativo.

O celular é realidade para a maioria dos brasileiros. A internet também será. Nada justifica ignorarmos isso. É preciso pavimentar mecanismos para que a tecnologia se integre à democracia desde já. O debate da reforma política, aqui e agora, é oportunidade para se fazer isso.

JÁ ERA fazer propaganda sem target específico

JÁ É propaganda com target comportamental

JÁ VEM propaganda com target de acordo com o humor no momento

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RONALDO LEMOS é advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro

 

Redação

2 Comentários

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  1.  
    [Dos

     

    [Dos comparsas!]

     

    PRÓ-GOLPE, PAULINHO PODE PEGAR 15 ANOS DE CADEIA

    Deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, deve ser julgado hoje pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por falsificação de documento particular, falsidade ideológica e estelionato; caso envolve a compra de uma fazenda com recursos públicos, que teria sido superfaturada em R$ 1 milhão; um dos principais aliados do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na oposição, Paulinho prometeu recolher 1 milhão de assinaturas pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff antes do Primeiro de Maio

    28 DE ABRIL DE 2015 ÀS 07:17

    (…)

    FONTE: http://www.brasil247.com/pt/247/sp247/178708/Pr%C3%B3-golpe-Paulinho-pode-pegar-15-anos-de-cadeia.htm

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