A pesquisa dos sensores de velocidade da UFRJ

Do G1

Pesquisadores do Rio tentam criar sensor melhor do que pitot do voo 447

Um dos professores perdeu a filha única na tragédia aérea de dois anos atrás.
Núcleo pretende se tornar em centro de excelência em segurança na aviação. 

A Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ) pretende desenvolver, em até três anos, sensores de velocidade mais robustos e de controle térmico mais preciso do que os chamados tubos de Pitot, usados no voo AF447. Com a novidade, os pesquisadores querem transformar o núcleo em centro de excelência internacional em segurança aérea.

O anúncio do projeto, avaliado em R$ 3 milhões, foi feito nesta terça-feira (31), na semana em que a tragédia do voo AF447 completa dois anos. Nos testes realizados no Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos da Coppe, os pesquisadores concluíram que os pitots usados na aeronave da Air France foram submetidos a condições de temperatura e altitude acima da capacidade do equipamento. O acidente no Oceano Atlântico matou 228 pessoas.

Os sensores que estão sendo desenvolvidos pela Coppe, a partir de análises de comportamento de controle térmico e ensaios em túnel de vento montado no laboratório de pesquisa, demonstraram uma maior resistência a situações adversas de voo. A conclusão do projeto será apresentada na quarta-feira (1º).

Pai de vítima do acidente coordena projeto
Os professores Átila Silva Freire e Renato Cotta, coordenadores do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, fizeram uma apresentação nesta terça-feira para mostrar as reações dos tubos pitots quando são submetidos às condições variadas de temperatura durantes os voos.

Renato Cotta é pai de uma das vítimas do voo AF447. Sua filha Bianca, de 25 anos, viajava com o marido após o casamento. Emocionado, durante a apresentação, ele falou do seu empenho no projeto.

“Tenho mais que um dever. É uma missão. A motivação profissional não é só pela Bianca, mas por essas famílias que estão sofrendo. Com certeza vai ser o projeto mais importante da minha vida”, disse.

Número de corpos resgatados chega a 127
A Associação de Vítimas Brasileiras do voo AF447 informou na segunda-feira (30) que já foram recuperados 127 dos 228 corpos de mortos no acidente aéreo. Segundo o presidente da Associação, Nelson Marinho, comunicado do Escritório de Investigações e Análises da França (BEA, na sigla em francês) informou que 75 corpos foram retirados do Oceano Atlântico nesta fase de buscas. 

Outros 52 corpos haviam sido recuperados em etapas anteriores.

“Tenho certeza de que vão tirar todos os corpos. A Justiça francesa havia dado a informação precipitada de que só retiraria os corpos em bom estado. Mas nós não queremos corpos inteiros, queremos os restos mortais, queremos um enterro”, disse Marinho, em entrevista ao G1, por telefone.

A Air France e a Airbus foram indiciadas em março por homicídios culposos dentro da investigação judicial sobre a catástrofe.

Relatório preliminar
O BEA divulgou na última sexta-feira, dia 27, um relatório preliminar que descreve o que já se sabe sobre a queda do avião. A análise dos dados das caixas-pretas recuperadas, segundo o órgão francês, mostra que os pilotos viram dois registros simultâneos de velocidades diferentes no painel de controle durante “menos de um minuto” e que um dos registros mostrava uma redução brutal da velocidade.

Isso impediu que a tripulação soubesse a velocidade real do aparelho. A queda do avião no Oceano Atlântico, em alta velocidade, durou cerca de três minutos e meio, de acordo com os dados retirados das caixas-pretas recém-recuperadas do mar. O Airbus caiu de barriga e com o bico para cima.

Luis Nassif

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