Apple não se preocupa com sustentabilidade

Por Rodolfo Machado

Nassif, parece que a Apple não se preocupa com sustentabilidade e nem com o a possibilidade de seus tablets poderem ser consertados, veja a sequencia de artigos no “Guia do Hardware”, do Carlos Morimoto, é de assustar.

Primeiro artigo:

Desmontando o iPad

Do hardware.com.br

Nem chegou às lojas e o iPad 3 já ganhou um manual de desmontagem do iFixit. Ele mantém o mesmo layout básico do iPad 2, com poucas mudanças na processo de desmontagem, mas a repairabilidade continua muito baixa, recebendo uma nota 2 de 10 da equipe.

Assim como nos modelos anteriores, a abertura precisa ser obrigatoriamente feita a partir do vidro frontal, já que a parte de trás é uma carcaça inteiriça de alumínio. O vidro não é parafusado e nem encaixado, mas sim colado, o que torna a abertura difícil e perigosa. O truque é usar uma pistola de ar quente para derreter a cola e ir gentilmente (gentilmente!) descolando-a com uma alcova, e usando paletas de violão para evitar que as partes desgrudadas voltem a aderir. Trata-se de um vidro com menos de um milímetro de espessura, por isso qualquer descuido será fatal.

Uma vez retirado o vidro, o LCD é um passo simples, já que ele não é grudado no vidro, sendo preso á carcaça através de parafusos. Uma vez retirado o LCD chega-se à bateria, que por não ser soldada nem colada à base pode ser removida com relativa facilidade uma vez que se chega a ela. Fora a tela e a bateria não existe mais muito que possa ser reparado, já que todos os circuitos são concentrados em duas pequenas placas de dificílimo reparo e os botões e conectores são todos presos ao mesmo chicote, que é frágil e difícil de remover devido ao uso de múltiplos adesivos.

Uma coisa boa que pode ser dita sobre os iPad em geral é que a construção simples e relativamente robusta faz com que eles tendam a apresentar um índice de defeitos relativamente baixo. Por outro lado, quando eles acontecem, ou mesmo quando você precisa substituir a bateria, as dificuldades são grandes. É o típico design de aparelho que é feito para ser usado dois anos e depois substituído pelo modelo mais recente quando a bateria começa a arriar ou surge um defeito qualquer fora da garantia.

Conclusão:

iFixit: Um protesto contra o iPad 3

Do hardware.com.br

Na notícia anterior sobre a desmontagem do iPad 3, chamei a atenção para a dificuldade de desmontar o iPad 3 (já que o fino vidro da tela é colado por adesivos, que precisa ser cuidadosamente derretido usando uma pistola de ar quente e separado para que você consiga chegar na parte interna) sem falar na grande dificuldade em substituir a bateria, que é fortemente colada à carcaça de alumínio, tornando a substituição não apenas difícil, mas também perigosa.

Como não é possível utilizar ar quente para soltar a bateria, como no caso da tela (a menos que você ache engraçado ver uma bateria Li-ion explodindo a 30 centímetros da sua cara), a única maneira de removê-la é por vias mecânicas, usando algum objeto pontiagudo para soltá-las. Esta é uma operação que também envolve grandes riscos, já que você pode facilmente perfurar as baterias, o que também pode levar a uma explosão. Em outras palavras, substituir a bateria de um iPad 3 não é muito diferente de desarmar uma bomba relógio. De fato, substituir a bateria do iPad 3 (bem como do iPad 2) é tão complicado que nem mesmo a Apple faz isso, preferindo cobrar uma taxa alta de substituição (US$ 299 para o iPad 3, mais frete) e simplesmente devolver um iPad novo.

Baterias substituíveis são um pré-requisito se você deseja um gadget que funcione de forma confiável por mais de dois anos, já que depois disso a capacidade de bateria tende a degradar rapidamente. A Apple afirma que as baterias do iPad 3 são capazes de suportar mais de 1000 recargas, mas este é um número obtido em testes de laboratório, onde a bateria é carregada e descarregada continuamente, em um período curto de tempo. Em uso real, entra em cena a degradação do lítio, que progride com o passar do tempo, quer a bateria seja usada ou não. Mesmo que fique simplesmente guardado dentro da caixa, depois de 3 ou 4 anos a bateria do iPad 3 já não segurará carga alguma praticamente.

Mesmo no caso de outros gadgets com baterias internas, como no caso do iPod touch, substituir a bateria é relativamente simples, bastante ter à mão algum guia encontrado no google e algumas ferramentas para desmontagem de eletrônicos. O iPad 2/3 é um caso novo, de um dispositivo que foi deliberadamente projetado para ser substituído e não consertado.

Tendo isso em mente, a iniciativa da Apple de levar o iPad às escolas parece quase humorística. Um dispositivo descartável como iPad é uma das piores opções para um ambiente onde telas quebradas e outras manutenções precisam ser feitas com frequência e os mesmos aparelhos precisam ser usados por anos a fio.

O editorial do iFixit sumariza estas queixas, incluindo um vídeo de protesto, onde a escore de repairabilidade do iPad 3 (apenas 2 de 10, que é junto com o iPad 2 a score mais baixa já dada a um dispositivo) é justificada:

Luis Nassif

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