As declarações desastrosas do presidente da Microsoft

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Não pedir aumento traz ‘karma bom’ a mulheres, diz presidente da Microsoft

No G1

Mulheres que não pedem aumentos salariais possuem “superpoderes” e aquelas que se submetem caladas a um cenário de defasagem salarial para seus colegas homens têm “karma bom” e são dignas de confiança, afirmou nesta quinta-feira (9) o presidente-executivo da Microsoft, Satya Nadella, durante um evento para celebrar a presença feminina na computação.

O executivo da maior desenvolvedora de software do mundo participou da conferência Celebração da Mulher na Computação Grace Hopper, em homenagem à analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos criadora da linguagem de programação que deu origem ao Cobol.


Durante o evento, Nadella teve que responder a pergunta: “O que você aconselha às mulheres que estão interessadas em progredir em suas carreiras, mas não estão confortável em pedir um aumento?”.

‘Karma bom’

O executivo afirmou que um antigo presidente da Microsoft afirmava que “os sistemas de recursos humanos eram eficientes no longo prazo e ineficientes no curto prazo”. “E eu acredito que essa frase captura isso”, afirmou. A partir daí, Nadella começou a falar especificamente de como as mulheres poderiam lidar com a situação. “Não é sobre pedir um aumento, mas sobre saber e ter fé de que o sistema irá, na verdade, dar a você os aumentos devidos à medida em que você avançar.”

“E isso, creio eu, pode ser um dos superpoderes adicionais que, francamente, as mulheres que não pedem aumentos possuem. Porque isso é karma bom, isso irá voltar para elas. Porque alguém saberá que elas são o tipo de pessoa em que eu quero confiar; elas são o tipo de pessoa a quem realmente eu quero dar mais responsabilidade; e no longo prazo, a eficiência irá equiparas as coisas”, continuou.

E concluiu: “E eu me pergunto – e eu não estou dizendo que essa é a única abordagem – eu me pergunto se considerar o longo prazo ajuda a solucionar o que deve ser percebido como essa coisa desconfortável de ‘Eu estou sendo pago direito?’, ‘Eu estou sendo recompensado direito?’; porque a realidade é que o seu bom trabalho não é seguido por melhores recompensas. Assim que o seu bom trabalho tiver impacto, as pessoas o reconhecerão e então você será recompensado.”

‘Não seja estúpida como eu’

As declarações causaram um desconforto imediato. A mediadora da conferência, Maria Klawe, presidente do Harvey Mudd College e membro do conselho de diretores da Microsoft, não concordou com a resposta. Além disso, contou sua própria história: quando foi contratada pela Universidade de Princeton, descobriu que ela recebia US$ 50 mil a menos por ano do que deveria ganhar. Voltando-se para as mulheres na plateia, Klawe falou: “Faça seu trabalho”. “Não seja estúpida como eu fui”, completou.

Nadella tentou consertar a situação. “Fui desarticulado ao respondem como mulheres deveria pedir um aumento. Nossa indústria precisa encerrar a lacuna de pagamento entre os gêneros para que aumentos não sejam necessários como um viés”, escreveu no Twitter. O mal-estar só aumentou, inclusive entre os acionistas da Microsoft. “Como acionista, eu espero que você fará a coisa certa e tomará providências para fechar as lacunas na Microsoft primeiro. Ações falam mais alto do que palavras”, afirmou um acionista.

Para tentar apagar o incêncio, ele enviou uma carta enviada aos funcionários da Microsoft na noite desta quinta-feira (9). “Eu respondi a essa questão de forma completamente errada”, escreveu Satya Nadella. “Eu acredito que homens e mulheres devem receber um mesmo pagamento por empregos iguais. E quando se tratar de um conselho sobre como pedir um aumento quando você acha que merece, o conselho da Maria é o conselho correto. Se você acredita merecer um aumento, você deveria apenas perguntar.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. Mais um a se apropriar de

    Mais um a se apropriar de filosofias e crenças espiritualistas para o uso mesquinho na selva do poder financeiro. Nada diferente do blá, blá, blá do tal Gianetti sobre a busca da cidadania e da felicidade (a FIP budista). Enquanto tentam enrolar os otáros com essa conversinha mole, os espertos cuidam dos negócios e da riqueza. Deles.

  2. O problema foi ele ter usado

    O problema foi ele ter usado “mulher” ao se referir ao proficional que busca melhores salários.

    Infelizmente nessa industria não tem diferença se vc é homem ou mulher quando vc é um subornidado e tem que mostrar não só competencia, mas lealdade e confiança.

    Pedir aumento é um risco para todas os proficionais não importando a cor ou o gênero.

  3. senvergonha!

    Se eu fosse mulher iniciaria um boicote aos produtos da Microsoft.

    É por isso que sempre fui a favor do softwere livre, prefiro o fire fox ao goolge e IE.

  4. Este cara se encaixaria como

    Este cara se encaixaria como uma luva na cmapanha do Aécio. Extreta direita preconceituosa e delinquente.

  5. Bakhtin sempre aludia a um

    Bakhtin sempre aludia a um fator, chamado por ele de “presumido social”, para indicar que falantes não nativos jamais poderiam dominar completamente uma língua não materna. Acredito que só isso possa explicar uma gafe tremenda dessas ainda mais em pleno USA. E fica a pergunta… Como um gênio como Gates deixou alguém que não domina inteiramente a língua inglesa ser o CEO de sua empresa? 

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