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OpenAI boss Sam Altman wants $7tn. For all our sakes, pray he doesn’t get it
Por John Naughton
O homem por trás do ChatGPT está cortejando os Emirados Árabes Unidos para que invistam em IA que consome muita energia. Mas se descobrir que sua tecnologia não consegue consertar o mundo, ele tem seu plano de fuga
Era uma vez, ninguém fora dos círculos tecnológicos tinha ouvido falar de Sam Altman. Mas então a sua empresa, OpenAI, lançou o ChatGPT e, de repente, ele estava em todo o lado – viajando pelo mundo, dando entrevistas a jornalistas entusiasmados, concedendo audiências a políticos incríveis, etc. Magro como um chicote, com um rosto de bebê encantador e de olhos arregalados, ele instantaneamente se tornou o rosto aceitável do capitalismo digital.
Então o conselho da OpenAI o demitiu abruptamente, aparentemente alegando que ele não tinha sido totalmente sincero com eles. Porém, quando Satya Nadella, CEO da Microsoft (que havia investido US$ 13 bilhões na OpenAI), ouviu falar disso, ficou extremamente chateado. E em pouco tempo, Altman foi demitido e reintegrado no comando da OpenAI. E o mundo ficou paralisado pelo drama de tudo isso. O que só mostra que as aparências enganam.
Se o mundo tivesse lido o perfil de Altman de Tad Friend, que apareceu na New Yorker em 2016, poderia ter ficado menos intimidado. “Tenho interesses limitados em tecnologia”, disse ele a Friend. “Não tenho paciência para coisas que não me interessam: festas, a maioria das pessoas. Quando alguém examina uma foto e diz: ‘Oh, ele está sentindo isso e isso e aquilo’, todas essas emoções sutis, eu observo com uma intriga alienígena.”
Os grandes pontos fortes de Altman, concluiu Friend, “são a clareza de pensamento e uma compreensão intuitiva de sistemas complexos. Sua grande fraqueza é a total falta de interesse por pessoas ineficazes, o que infelizmente inclui a maioria de nós. Achei sua assiduidade alarmante no início, depois gradualmente cativante.”
Dois eventos recentes sugerem que talvez seja hora de diminuir a parte “cativante”. A primeira foi a revelação de que a OpenAI estava recuando em sua versão anterior ao uso “militar e de guerra” de sua tecnologia. A segunda foi o anúncio de que Altman estava cortejando os Emirados Árabes Unidos por até US$ 7 trilhões (£ 5,6 trilhões) para o negócio de chips e IA.
Para contextualizar as aspirações de Altman, a soma que ele procura arrecadar é pouco menos de um terço do PIB dos EUA e muito próxima do seu orçamento federal de 6,3 bilhões de libras para 2022. E, numa nota histórica, é 3 bilhões de dólares a mais do que os 4 bilhões de dólares (ajustado pela inflação) que os EUA gastaram na Segunda Guerra Mundial.
Sua aspiração parece louca. Mesmo assim, o pessoal do Vale do Silício acha que ele é um gênio. Então o que está acontecendo?
Então, quanto você ganharia com US$ 7 trilhões? Bem, como o Register aponta de forma útil, é dinheiro suficiente “para engolir Nvidia, TSMC, Broadcom, ASML, Samsung, AMD, Intel, Qualcomm e todos os outros fabricantes de chips, designers, detentores de propriedade intelectual e fornecedores de equipamentos importantes em seus totalidade – e ainda restam trilhões.”
Mas Altman não pretende apenas tornar-se o John D Rockefeller dos nossos tempos – possuir tudo. Ele quer fazer coisas – especificamente as GPUs (unidades de processamento gráfico) que os sistemas de aprendizado de máquina exigem. Isso significa construir unidades de fabricação de semicondutores (fabs). Cada uma delas custa cerca de US$ 20 bilhões e leva quatro ou mais anos para serem comissionadas e se tornarem produtivas. Eles também exigem pessoal altamente qualificado – o que falta à indústria de semicondutores dos EUA em cerca de 70.000.
Além disso, estas plantas são grandes consumidoras de água, num mundo que está rapidamente a ficar sem água. Mas Altman teria dinheiro suficiente para construir 350 monstros. Eu poderia continuar, mas você entendeu a mensagem. Essa aspiração parece louca. Mesmo assim, o pessoal do Vale do Silício acha que ele é um gênio. Então o que está acontecendo?
A resposta é que a maioria deles pertence à igreja da tecnocracia, da qual Altman é um membro carismático. Os membros devotos desta seita acreditam que o mundo está completamente ferrado e que a única maneira de consertar isso é com a tecnologia. Estão extasiados com a IA porque finalmente chegou uma tecnologia que aparentemente poderia resolver tudo – o crescimento económico, os cuidados de saúde, a produtividade, a educação e até a crise climática. Estranhamente, porém, a guerra parece estar faltando na lista.
A única dificuldade é que esta tecnologia mágica precisa de quantidades excessivas de dados e poder computacional. O nosso futuro, aparentemente, depende de quantidades infinitas daquilo que a indústria agora chama de “computação”, e Altman é elogiado porque só ele teve a coragem de dizer em voz alta quanto disso é necessário para salvar a civilização.
Ele está profundamente consciente da responsabilidade que carrega. “A democracia só funciona numa economia em crescimento”, disse ele a Friend em 2016. “Sem um regresso ao crescimento econômico, a experiência democrática irá falhar.”
Se isso acontecer, Altman estará pronto. Numa discussão sobre a IA agressiva e as nações que lutam com armas nucleares por recursos escassos, ele disse: “Tento não pensar muito nisso. Mas tenho armas, ouro, iodeto de potássio, antibióticos, baterias, água, máscaras de gás das Forças de Defesa de Israel e um grande pedaço de terra em Big Sur para onde posso voar.” É bom saber que esses US$ 7 trilhões estarão em boas mãos.
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