Os estudos sobre o sono

Do Último Segundo

Cientista brasileiro desvenda como o sono consolida a memória

Sidarta Ribeiro mostrou os resultados de sua pesquisa hoje de manhã na reunião anual da SBPC

Maria Fernanda Ziegler, enviada a Natal | 26/07/2010 17:27

Dormir faz bem para o aprendizado. O sono, além de servir para a conservação de energia, faz a reposição das biomoléculas na vigília e atua para o processamento da memória. Freud, já dizia, em 1900, que o sono contém restos diurnos. E estudos ainda da década de 20, chegaram à conclusão que o sono favorece a consolidação da memória.

Agora, uma pesquisa dirigida pelo neurologista Sidarta Ribeiro, do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS,) vai estudar os mecanismos biológicos que comprovam tais afirmações. O pesquisador apresentou seus resultados hoje de manhã na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Natal.

A memória adquirida transita por regiões do cérebro até se transformarem em aprendizado ou lembrança. Primeiro elas ficam no hipocampo, migrando depois para a região córtex. Este processo é consolidado durante o sono. “Agora conseguimos medir como isto é feito”, diz Ribeiro.

A memória é construída numa sequência específica do ciclo do sono – na fase de ondas lentas (sono profundo) e na fase REM, aquela em que sonhamos. O pesquisador analisou a movimentação de neurônio de ratos quando acordados e durante o sono, após os animais terem tido contato com objetos que nunca haviam visto antes.

Foi observado um intensa movimentação de impulsos eletricos durante o sono de ondas lentas. Os neurônios foram ativados neste periodo, quando a memória foi reverberada do hipocampo para o córtex. Durante o sono REM foi registrado um aumento no córtex mas não no hipocampo. “As duas fases do sono tem funções complementares”, explicou o pesquisador. Na fase de ondas lentas ocorre a reverberação da memória e durante o sono REM, os genes são ativados e a memória é armazenada.

Em outro estudo, desta vez com alunos de uma escola de Natal, a equipe constatou que o sono ajuda no aprendizado.

Em uma aula de 10 minutos, os alunos aprenderam palavras novas. Logo depois, dormiram por 2 horas. O grupo que dormiu conseguiu lembrar mais das palavras que o grupo que não dormiu. Aqueles que ficaram de olhos fechados, mas não conseguiram cair no sono, ficaram em posição intermediária. “O sono facilita a reestruturação da memória”, disse. 

Luis Nassif

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