Pedra da vez: Louras

Enviado por Otaviani
 
 
A vandalização da Vera Fischer, de que falamos antes, me deixou a cabeça pipocando com umas hipóteses, conversa boa para a prática salutar da sociologia de botequim (sou sociólogo de formação, e não se perde o cacoete por simples querer, e eu nem quero).
 
Ao contrário do que pode parecer aos mais jovens, a loirice como padrão geral de beleza é coisa pouco antiga. Misses, vedetes, socialites, cantoras, atrizes, costumavam, não faz muito, ostentar com classe e orgulho seus cachos negros ou castanhos.
 
Vera Fischer foi um marco nesse mercado da beleza. Especulando barato, acho que naquele miolo da ditadura militar, as elites se inspiraram, talvez, naqueles estertores dos sonhos arianos de nossos generais fascistões, bravos comandantes, vindos em vários casos do sul-maravilha. O sul tornava-se o padrão. Lá seria feita, sob as ordens de Médici, a primeira transmissão a cores da TV brasileira, exatamente a festa da uva, em Caxias do sul. Isso seria impensável poucos anos atrás.
 
Depois do sucesso da estonteante catarinense de sobrenome alemão, o sul louro invadiu os padrões de beleza da mídia, e foi se impondo ao restante do país. Os fabricantes de água oxigenada, Koleston e tais não imaginavam a explosão comercial que os aguardava.
 
O ápice dessa invasão, sem dúvida, se daria, na virada dos anos 1980 para os 90, em especial através de uma menininha loura, que chegou ainda menor de idade, pra conquistar o país, e cravar fundo a nova moda. Nossa querida Xuxa, extraordinária personagem, aportou no sudeste depois de umas capas de revistas e muita promoção. Em verdade, na arrancada, era tratada gentilmente como uma putinha arrasa quarteirões.

 
O rei Pelé veio disciplinar essa bagunça. Conquistou a loura, e a expôs ao país como um siciliano faria com seu lençol conjugal, manchado de vermelho e pendurado na janela. A Xuxa, habilíssima, se mostrou melhor no drible que o rei, e o usou, e deveria mesmo fazê-lo, como escada para uma explosão como, creio eu, nunca se vira em nossa mídia. E impõs, com suas paquitas, passadas pelo mais fino filtro ariano, um padrão de beleza que sobreviveu sem abalos à sua própria perda de relevância midiática.
 
No futebol, fortemente, e não sei se definitivamente, negro com loura, e umas criazinhas lindamente mulatas, significou sucesso e demonstração de superação da origem, em geral pobre e mulata. E nem adianta tentar a aleatoriedade do amor, pois, de cabeça, não consigo nem um mísero exemplo de jogador branco de sucesso, desfilando orgulhoso com sua conquista negra e bela. Esse padrão se espalhou confortável por vários outros setores desse Brasil que se finge imune ao racismo.
 
Fechando esse papo meio doido, fico imaginando se a Vera Fischer entendesse essas coisas, e inteligente como certamente é, esse país iria ouvir muitas e boas. Essa conta não iria ficar tão barata. Sua vida é um desvelamento da perversão dos que fazem a cabeça dessa terra. Juro que nesse momento, esquecido de libido e pinto, eu adoraria deitá-la em meu colo, e fazer um chamego de perdão, mesmo pelo pecado que não cometi. Aguenta firme, minha loura!

 

Redação

9 Comentários

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  1. “nossa loura” e ela nem sabe disso!

    Impressiona quando somos taxados culpados e a pena devidamente executada por crimes que não perpetramos, mas, no intimo, sabendo-nos inocentes gostaríamos de tê-los praticado.

    A máxima de vida seria aquele mal que cometemos em razão de um bem maior.

    Nesse nosso ‘’veredicto” eu também a absolvo por excesso de beleza em uma época em que eu, “com sofreguidão” lia (?) as revistas ‘O Cruzeiro” e a Fatos & Fotos e cometia várias covardias de “cinco contra um”. Naquela época eu ainda ganhava a absolvição do Padre Silvestre. Hoje nem mais procuro esse tipo de absolvição. Declaro-me sentenciado e culpado, ‘jurado prá morrer de amor.’

    1. LACosta:
      “Várias covadias”..é

      LACosta:

      “Várias covadias”..é dose prá leão, inda mais com o sóbrio

      aval do Djavan e sem citar-lhe o nome. De mestre.

  2. Falando em Xuxa

    aparentemente a dita causou um enorme problema populacional-sociológico no Brasil, o chamado “efeito Sacha”, ou como dizia o José Serra na época, “produção independente”. 

    A dita engravidou de um artista, apareceu no Faustão, onde esse artista era apenas mero figurante, para anunciar a tal gravidez, e depois resolveu criar esta filha, a Sacha, praticamente sozinha. 

    Até aí nada de mais, só que isso virou quase que uma “epidemia” de mães solteiras entre as fãs da Xuxa. 

    Em suma, esta pessoa não me parece ser muito recomendável, quanto ao quesito “família”. E ela ainda acha que dinheiro traz cultura. 

     

  3. Estou de pleno acordo com o

    Estou de pleno acordo com o texto, porque me sinto abalada, como se fosse parente da atriz, sempre que surgem matérias tentando afundar, nem digo mais denegrir a imagem, de uma mulher, que como todos nós é passível até de ser assassina, quanto mais de beber no carnaval e sair embriagada dele. 

    Vera Fischer ganhou o título de Miss Brasil por seus méritos. Era, e é, uma das mulheres mais belas do País. Não bastasse isso, se revelou uma atriz de dá gosto de se ver, não apenas na televisão, mas também no cinema (não sei se no teatro). Se estudou a arte de representar, como tantos, desconheço, nem por isso se tornou menor em suas personagens. 

    O amor pega todo mundo que não quer viver sem ele. Pode resultar numa parceria serena, de união e paz, como pode vir carregado de problemas, pelos quais, ao menos uma das partes sai perdendo, sai sofrida, baqueada, infeliz. O amor não correspondido, quando é forte, verdadeiro, desconstroi uma pessoa, seja ela quem for,. A imprensa, por tanto divulgar a vida íntima de Vera Vischer, deu-nos alguns subsídios pra entender que o pai do filho dela foi o amor de sua vida, com o qual esse amor teve seu fim. No fim do poço, creio eu, a moça partiu para as drogas. Mas, convenhamos que ela jamais fugiu da imprensa quando a interrogavam. Não se trata de uma qualquer, mas de uma mulher de fibra, que mesmo sendo assediada pelos sangue-sugas da mídia, que parecem uns vampiros, não os deixou sem resposta, inclusive sobre sua dependência química. Era o caso de se respeitá-la, de se permitir que a vida da artista segusse normal, sem mais atropelos dos que os já apresentado ‘por ela’. Tantos anos se passaram, mas a turma do mal não tem opção, senão a de enlamear, de fomentar mais venenos contra uma mulher que deveria receber do Brasil um tratamento digno e repeitoso, e não essa baixaria que assistimos.

    Com relação a Xuxa, a conversa é bem outra, Não que ela deva ser achincalhada e ferida nos brios como Vera. Não é isso. Comparativamente é outra mulher, é outra personalidade, e é outro departamento, se compararmos a Vera. Esta teve oportunidades como aquela, mas se mostrou capaz como atriz. A outra, é uma pessoa tão artificial que até nosos dias se esforça pra falar como carioca, quando carrega em si o sotaque sulista. Chega a ser ridículo aquele esforço pra chiar com os ss. Sempre teve a beleza a seu favor, e afora isso, o que mais? Nada. Teve e tem, sim, por trás, uma televisão que lhe dá apoio, que tudo faz para mantê-la, porém a mediocridade, sob todos os aspectos, sobe como ela. Aliás, há algum tempo Vera Fischer fez um comentário negativo sobre Xuxa. Disse que ligou a televisão e viu uma criança se arrastando enquanto Xuxa dava gargalhaas. A princípio pensou uma coisa, até observar que se tratava de uma criança deficiente, o que a chocou deveras. Por esse depoimento eu apenas constatei oq ue já desconfiava: que Xuxa nunca foi essa mocinha boa, cheia de amores por crianças. Ela não seria nada se não tivesse esse impulso da TV Globo.

    Enquanto saía a matéria sobre Vera Fischer no carnaval, também saiu matéria sobre o cantor Belo. A Record mesmo passou alguns bons minutos a notícia de que o cantor não pôd ver sua musa no carnaval por estar sofrendo de crise de pânico. Quem é esse cantor Belo, senão um ex-prisioneiro que se envolveu com traficantes? Um cara de pau que, por dinheiro, compra suas parceiras, uma mais bela que a outra (valendo o sentido de beleza pra elas). A Globo mostrou a cara de Gretch (não sei comoe screve), pois ela queria aparecer no carnaval, porém dizendo que se encontra em Paris ( deve star no 50º casamento). E a filha da que diz ter o maior bumbum, também não sai mais da mídia; já virou homem, um home inepressivo, que como a mãe, nada tem a oferecer nem como ator, nem como cantor, porque, de fato, o lugar dele poderia ser preenchido por muitos que tem qualificação artística. 

    Enfim, essa mesma mídia que deforma as notícias sobre políticos e política, também age assim em relação a todos: mais desconstruindo quem merecia todo o nosso respeito, e enaltecendo e endeusando quem tá a léguas de distâncias de uma real celebridade.

     

    1. A competência da atriz Verá Fischer

      Já a via no teatro na peça Desejo com desempenho excelente. Só as dores da alma  para levar uma pessoa, que a gente acha que tem tudo para ser feliz, a  se permitir seguir por caminhos tortuosos, sofridos e tristes. Eu desejo que ela tenha forças para dar uma guinada em sua vida e ser feliz de verdade.  Há um ditado que diz “que a beleza acaba e a feiura aumenta”, portanto Vera não se preocupe, pois a vida é assim mesmo.  Aprenda o desapego dentro da prática budista,  se dê uma chance, deixe  aquelas coisas que te machucam para trás. Se vc quiser vc consegue, vc é inteligente e sabe os caminhos, porém tem se machucado muito andando pelos caminhos tortos.

  4. Xuxa , não é loura,  é

    Xuxa , não é loura,  é morena. O cabelo é pintado e  assim  foi apresentada nos primeiros  filmes,alguns  de produção apelativa. Depois,enloirou,corrigiu o rosto plasticamente,foi namorada de Pelé que  a orientou  como tirar melhor partido  de seus dotes,administrar o resultado e ficar de olho  no tempo.Esse implacável algoz  de  atores  e  atletas…

  5. Eu imagino que o padrão de

    Eu imagino que o padrão de Loirice seja mais uma influência americanas em terras brasilis, o padrão Marilyn Monroe.

     

  6. Xuxa não é um pessoa é um

    Xuxa não é um pessoa é um mamulengo, operado a partir de Marte. É uma grife-robô para vender mercadorias – as mais supérfluas e suspeitas – e pior, para crianças. Não há uma molécula de senso didático-pedagógico na ação espetacularizada de suas apresentações show. Xuxa é um instrumento de deformação e não de formação. Seus programas promovem uma cruzada em favor do consumo, e só!… de preferencia dessas coisas “X”… mas merece uma “petit-homenage” pelo menos pelos filmes pornô do inicio de carreira.

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