Com reversão de demissões, metalúrgicos da Volkswagen voltam ao trabalho

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Da Agência Brasil

Por Camila Maciel 
 
Protesto de metalúrgicos em São Bernardo do Campo, em 12 de janeiro. Foto: Daniel Sobral/Futura Press

Os trabalhadores da Volkswagen, que estavam em greve desde o dia 6, decidiram hoje (16) retornar ao trabalho após a montadora concordar em readmitir os 800 funcionários que haviam sido dispensados no final do ano passado. Em assembleia nesta manhã, eles concordaram em retomar as atividades na próxima segunda-feira (19). Segundo os trabalhadores, as demissões rompiam um acordo de estabilidade previsto até abril de 2017.

Além da readmissão, a empresa fez alterações no Acordo Coletivo da categoria, que havia sido rejeitado em dezembro. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, antes, o documento previa reajuste na forma de abono. Agora, será concedida a inflação do período, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor.

Na segunda-feira (12), os metalúrgicos fizeram um ato em defesa do emprego, bloqueando trechos das Rodovias Anchieta e Imigrantes. No dia seguinte, representantes do sindicato foram recebidos pelo secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto. Durante o encontro os trabalhadores entregaram uma pauta de reivindicações, incluindo temas como proteção do emprego, ampliação do crédito e recomposição da frota. A empresa, por sua vez, retomou as negociações.

A greve na Volks foi iniciada no dia em quem os trabalhadores voltariam de férias coletivas. Eles souberam da decisão da montadora por meio de telegramas recebidos no final do ano passado.

A Volkswagen avaliou, por meio de nota, que a aprovação do novo Acordo Coletivo resultou em uma proposta balanceada que possibilita a adequação dos custos e do efetivo na unidade Anchieta, em São Bernardo do Campo, região do ABC Paulista. De acordo com a empresa, o resultado vai permitir a continuidade dos programas de demissão voluntária, com incentivo financeiro. Além disso, “assegura a vinda de uma nova plataforma mundial de produto e modelos, solidificando as bases de um futuro sustentável para a unidade”.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Cartas marcadas!!!Cronologia

    Cartas marcadas!!!

    Cronologia dos acontecimentos:

    Discurso do Ministro da Fazenda dizendo que não haveria incentivos ao setor.

    As demissões foram anunciadas…

    Pouco após o anúncio das demissões, o Governo divulga incentivos às montadoras.

    Montadora volta a trás nas demissões.

    Greve combinada com a montadora para exercer pressão no governo acaba.

    Foi fácil! A dispisição do governo durou quase duas semanas. Tinha esta disposição toda ou só estava jogando para a platéia?

    1. Diga aí!

      Não tomei conhecimento de nenhum incentivo fiscal destinado ao setor automobilístico, como vc anuncia. Assim, gostaria que vc informasse que incentivos foram esses. Obrigado.

      1. Basta observar a cronologia para entender!

        12/01/2015

        http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/21169/bndes-dara-enfase-a-projetos-de-inovacao-de-montadoras

         

        BNDES foca em financiar inovação de montadoras

         

        Investimentos em engenharia são os mais relevantes apoiados pelo banco

        AGÊNCIA BRASIL

         

        O fim da expansão do setor automobilístico, que vem ocorrendo nos últimos meses, motivará o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a dar nova ênfase aos financiamentos para as montadoras que apostem em projetos de reengenharia, inovação e criação de modelos, disse o chefe do Departamento de Indústria Metalmecânica e Mobilidade do BNDES, Haroldo Prates, em entrevista à Agência Brasil.

        No entanto, ele ponderou que os investimentos para implantação de fábricas e ampliação da capacidade produtiva continuarão ocorrendo. Segundo Prates, os pedidos de empréstimo das montadoras para renovação do portfólio de veículos ocorrem com ou sem cenário de crise. “Se a empresa não modernizar o veículo que está vendendo, o consumidor vai comprar do concorrente.” Esse tipo de investimento e de financiamento do banco é algo mais perene. Não há relação direta com a demanda, mas mostra grande correlação com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços fabricados no País. 

        Segundo ele, o incentivo a novos projetos não é novidade, já que fazia parte da programação tradicional de financiamentos do banco. “De três em três anos, normalmente, a montadora troca o modelo. Esses projetos as empresas trabalham usualmente conosco na linha de financiamento”, disse. 

        FINANCIAMENTO DO CRESCIMENTO DAS MONTADORAS

        Nos últimos anos, o BNDES deu destaque aos financiamentos de projetos que apresentavam a maior demanda do mercado, que eram as ampliações do parque de produção das montadoras e a aprovação de novas plantas automobilísticas. As aprovações de financiamentos do BNDES para o setor automotivo somaram R$ 3 bilhões em 2014, até novembro. O valor inclui projetos de ampliações, desenvolvimento de novos produtos e exportação. Desde 2008, empréstimos do banco para o setor somam R$ 45,6 bilhões. 

        Prates observou que o setor automotivo brasileiro passou nos últimos dez anos por grande crescimento. Em 2013, o País foi o quarto mercado mundial de automóveis, caindo no ano passado para a quinta posição. “Por conta do grande crescimento do Brasil, várias montadoras entraram com pedidos de expansão, alguns financiados pelo BNDES. Houve um ciclo de expansão de capacidade grande no Brasil.” 

        O gerente do departamento de Indústria Metalmecânica e Mobilidade do BNDES Bernardo Hauch lembrou que muitos investimentos feitos ao longo dos últimos quatro ou cinco anos visaram a construção de novas fábricas. “A gente percebeu que, mesmo com a queda recente [das vendas], nenhum desses investimentos foi paralisado ou descontinuado em função dessa queda de demanda. Na minha visão, é uma aposta no longo prazo.” 

        NOVOS INVESTIMENTOS

        Os investimentos projetados para o setor automotivo entre 2015 e 2018 alcançam R$ 59 bilhões, mostrando estabilidade em relação aos R$ 58 bilhões projetados entre 2010 e 2013. “Não têm quedas substanciais no investimento”, comentou Hauch. 

        O BNDES considera os investimentos em reengenharia automotiva prioritários dentro da linha de inovação. Em termos de desembolsos, os investimentos do plano de engenharia são os mais relevantes apoiados historicamente pelo banco. Comparando o setor automotivo com outros setores da economia, observa-se que ele tem um perfil grande de inovação. “Em relação à receita, as empresas investem em pesquisa muito mais do que outros setores da economia”, disse Prates. 

        Bernardo Hauch completou que a indústria automotiva contribui para o investimento em inovação no País. Levantamento do BNDES apurou que o setor investiu cerca de um quarto do que toda a indústria investiu em inovação nos últimos anos. Hauch observou também que o perfil das empresas se alterou, com expansão do quadro de engenheiros acima do que havia nos últimos cinco anos. A quantidade relativa de engenheiros nos quadros das montadoras subiu de 3%, em 2008, para 4,3%, em 2012, com aumento de 53%, revela o estudo do BNDES. “Mostra uma mudança de perfil.” Com isso, muitas montadoras têm condições de projetar carros globais, com tecnologia nacional, reduzindo a dependência externa. 

        Os recursos liberados pelo banco para pesquisa e desenvolvimento (P&D) e engenharia na indústria automotiva representam cerca de 25% do total desembolsado para inovação no acumulado 2008/2013.

        Haroldo Prates disse que isso fortalece também a cadeia de fornecedores nacional. “Em vez de trazer um modelo importado, que é feito lá fora, você faz um projeto aqui e ele vai trabalhar em conjunto com fornecedores locais.”

         

        1. Curioso

          Não passo de curioso, nenhuma especialidade no assunto. Mas li as matérias lincadas e não vi nenhum incentivo decorrente da legitima paralisação dos metalúrgicos do ABC. O que as matérias trazem são informações sobre financiamentos do BNDES para inovação do setor, que vem desde 2008. Assim, concluo que sua manifestação em torno da greve é totalmente inoportuna.

  2. CHEGA DE CARROS!

    A economia nacional não pode apenas girar ao redor do carro. Parecia uma fórmula perfeita, privilegiando sindicatos metalúrgicos e mantendo a economia relativamente aquecida, mas, abusaram demais. Já era para ter mudado com Dilma a matriz de transporte urbano nacional.

    Simplesmente o Brasil já não comporta mais carros e, se comportar, não será por muito tempo, ainda sacrificando a nossa qualidade de vida e o tempo e estresse gasto no trânsito. O dilema é a matriz de transporte, que deveria ser orientada para trem de ferro (carga e passageiros), metrô, trens de alta velocidade, transporte fluvial (rios e costeira), no campo e na cidade.

    A economia familiar não pode girar apenas em função do pagamento da casa própria e do carro, que consome a grande maioria da renda do brasileiro de classe média. O foco no transporte coletivo de qualidade irá desonerar o bolso dos brasileiros e permitirá que uma boa parte da sua renda seja dirigida ao lazer, cultura, turismo, gastronomia, esporte e outras atividades, que possuem maior capilaridade na distribuição dos recursos dentro do país.

    Os metalúrgicos? Vão trabalhar na Santa Matilde (ou similar) revitalizada, fazendo locomotivas e vagões.

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