Primeiro de Maio foi celebrado em meio a ataque sistemático aos direitos conquistados, diz CNBB

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1º de Maio da CUT na Av. Paulista. Foto: Paulo Pinto/AGPT
 
Jornal GGN – Em razão do Dia do Trabalhador, celebrado no 1º de maio, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou mensagem de apoio à defesa dos direitos dos trabalhadores e de solidariedade aos desempregados no país.
 
A mensagem da CNBB afirma que o trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, e que o trabalhador não é mercadoria e “não pode ser coisificado”. “Tem direito à remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à qualidade de vida digna”. 
 
A entidade também diz que o Dia do Trabalhador foi celebrado em meio a um ataque e “ostensivo” aos direitos trabalhistas conquistados,  “precarizando as condições de vida, enfraquecendo o Estado e absolutizando o Mercado”. A CNBB também critica as reformas proposta pelo governo Temer, dizendo que é “inaceitável” que decisões que afetam a vida das pessoas sejam realizadas sem um diálogo amplo com a sociedade. 

 
Leia a íntegra da mensagem abaixo: 
 
AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL
 
MENSAGEM DA CNBB
 
“Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (Jo 5,17)
 
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – SP, em sua 55ª Assembleia Geral Ordinária, se une aos trabalhadores e às trabalhadoras, da cidade e do campo, por ocasião do dia 1º de maio. Brota do nosso coração de pastores um grito de solidariedade em defesa de seus direitos, particularmente dos 13 milhões de desempregados.
 
O trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, constitui uma dimensão da existência humana sobre a terra. Pelo trabalho, a pessoa participa da obra da criação, contribui para a construção de uma sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que trabalha sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser coisificado. Ele é sujeito e tem direito à justa remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à qualidade de vida digna.
 
Ao longo da nossa história, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras pela conquista de direitos contribuíram para a construção de uma nação com ideais republicanos e democráticos. O dia do trabalhador e da trabalhadora é celebrado, neste ano de 2017, em meio a um ataque sistemático e ostensivo aos direitos conquistados, precarizando as condições de vida, enfraquecendo o Estado e absolutizando o Mercado. Diante disso, dizemos não ao “conceito economicista da sociedade, que procura o lucro egoísta, fora dos parâmetros da justiça social” (Papa Francisco, Audiência Geral, 1º. de maio de 2013).
 
Nessa lógica perversa do mercado, os Poderes Executivo e Legislativo reduzem o dever do Estado de mediar a relação entre capital e trabalho, e de garantir a proteção social. Exemplos disso são os Projetos de Lei 4302/98 (Lei das Terceirizações) e 6787/16 (Reforma Trabalhista), bem como a Proposta de Emenda à Constituição 287/16 (Reforma da Previdência). É inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade.
 
Irmãos e irmãs, trabalhadores e trabalhadoras, diante da precarização, flexibilização das leis do trabalho e demais perdas oriundas das “reformas”, nossa palavra é de esperança e de fé: nenhum trabalhador sem direitos! Juntamente com a Terra e o Teto, o Trabalho é um direito sagrado, pelo qual vale a pena lutar (Cf. Papa Francisco, Discurso aos Movimentos Populares, 9 de julho de 2015).
 
Encorajamos a organização democrática e mobilizações pacíficas, em defesa da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres.
 
Por intercessão de São José Operário, invocamos a benção de Deus para cada trabalhador e trabalhadora e suas famílias.
 
Aparecida, 27 de abril de 2017.
 
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Redação

5 Comentários

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  1. Muito bem

    A ICAR deve unificar e afinar seu discurso.

    O semanário “O São Paulo” da Arquidiocese de São Paulo defende a reforma da previdência como “inevitável”.

    Ou estaria  Vossa Excelência Reverendíssima sendo solenemente sabotada pelos seus colaboradores do setor de comunicação?

     

  2. Jornalismo? Onde?

    Estou ligeiramente desconfiado que existe uma máquina soltando uma grana preta para a globo e a rede record, para apoiarem a tal reforma da previdência. Ha tempos deixei de assistir os tais jornais televisivos porque não aguentava mais tanta  hipocrisia, cinismo e demagogia da mídia que se diz imprensa. Hoje, devido a morte do cantor Belchior, artista pelo qual sempre nutri muita admiração pelo seu poetismo,  tentei ver o tal  Fala Brasil. Começaram dizendo que iriam  mostrar uma série de reportagem sobre a tal reforma da previdência. Pensei que iriam  defender os trabalhadores  mas não, pra variar, as apresentadoras usaram o mesmo linguajar e argumentos  fajutos da globo. Desliguei a Tv na hora. Quem realmente está interessado em ferrar os trabalhadores para obter lucros exorbitantes? Ganha uma cocada quem “advinhar”.

  3. Não é diretamente ligado ao

    Não é diretamente ligado ao artigo mas eu considero que vocês deveriam ver isso. Os escravocratas brasileiros agora querem oficializar mais uma vez a escravidão. Vejam o artigo:

    http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/293330/PSDB-quer-oficializar-escravid%C3%A3o-no-campo.htm

    No artigo eu chamo a atenção para o seguinte trecho:

    …O projeto de lei de autoria do parlamentar tucano permite que as empresas não paguem seus funcionários apenas com salário, mas também mediante “remuneração de qualquer espécie”, como oferta de moradia e alimentação…

    O trecho em destaque deixa a porta aberta para que um trabalhador rural brasileiro poderia ser “remunerado” exclusivamente com um lugar para dormir e alguma coisa para comer. E se o trabalhador rural não concordar restará para ele passar fome, pois os outros empregadores também estarão oferecendo somente a mesma proposta.

    Fiquem de olhos abertos, porque os escravocratas estão agora tentando abolir a Lei Áurea e depois vai faltar pouco para abolirem também o direito dos “escravos” (vocês) ao voto.

     

  4. Três coisas me chamam a

    Três coisas me chamam a atenção na nota da CNBB.

    A primeira, é afirmação incisiva dos direitos dos trabalhadores e o repúdio às reformas neo liberais que estão sendo impostas pelo governo Temer nos campos do Trabalho e da Previdência;

    a segunda é o estímulo e a defesa dos sindicatos, movimentos e à organização e luta dos trabalhadores;

    a terceira é o rompimento a meu ver radical com a dinâmica do capitalismo, quando nega o trabalhador como mercadoria, repudia o salário como valor de mercado ou custo financeiro do trabalho, valorando-o também pelos requisitos necessários ao direito de uma vida com dignidade, coisa que o mercado nem sempre provê.

    A igreja já desenvolveu uma teologia e uma pastoral voltada para os pobres. Falta encarar o desafio de estendê-las profeticamente e de maneira incisiva às obrigações éticas dos cristãos de classe média para com a justiça e a equidade, em linha contrária ao que se observa nos movimentos leigos tradicionais, onde o despojamento, a gratuidade, a fraternidade e a solidariedade com os despossuídos nada mais são do que mera retórica, quando existem. A fé e a religião, quando voltadas às suas raízes evangélicas, são dos poucos instrumentos que tem poder para transformar em carne corações que são de pedra.

     

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