Até agora, polícia do Rio é que investiga assassinato de Marielle Franco

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por trás da liberação do presidente Michel Temer de autoridades federais estarem à disposição de investigação, delegados da PF que apuram são de grupo integrado à PM e polícia civil local


Foto: Fernando Frazão/ABr

Jornal GGN – A Procuradoria-Geral da República (PGR) está analisando se pede a transferência das investigações sobre o assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco, à Justiça Federal. Enquanto isso, Dodge já pediu ao secretário de Direitos Humanos da Procuradoria-Geral da República (PGR), André de Carvalho Ramos, que acompanhe as investigações do Ministério Público Estadual.
 
Paralelamente, à pedido da PGR, a Polícia Federal está acompanhando o andamento das apurações. Entretanto, de acordo com informações do blog de Matheus Leitão, a PF que atua no caso é por meio do Grupo Integrado de Operações de Segurança Pública (Giosp), integrado por agentes de inteligência da PF, mas em conjunto com a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Secretaria de Administração Penitenciária e a Polícia Rodoviária Federal.
 
Por isso, ainda que sob os olhos da PF, o caso até agora está nas mãos de investigadores locais, por meio da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro, além de o grupo que leva representantes da esfera federal atuar em parceria com autoridades locais. 

 

Da ABr

PGR abre procedimento que pode federalizar caso sobre morte de vereadora

Por Felipe Pontes

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, determinou a abertura de um procedimento instrutório para a possível federalização das investigações sobre a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada na noite de ontem (15) no Rio de Janeiro.

O procedimento instrutório é uma fase preliminar do processo que pode levar à instauração de um Incidente de Deslocamento de Competência, instrumento pelo meio do qual o Ministério Público Federal (MPF) solicita à Justiça a federalização de algumas investigações.

Por meio de nota, Dodge também informou ter feito solicitação formal à Polícia Federal (PF) para que adote providências para investigar o assassinato.

Apesar da providência, Dodge disse prestar total apoio ao procurador de Justiça Eduardo Gussen, que comanda o Ministério Público do Rio de Janeiro, na apuração do caso. “O Ministério Público está unido e mobilizado em torno do assunto”, diz o texto.

O secretário de Direitos Humanos da Procuradoria-Geral da República (PGR), André de Carvalho Ramos, foi enviado ao Rio de Janeiro para acompanhar o início das investigações feitas pelo Ministério Público do estado, informou Dodge.

Assassinato

Marielle, de 38 anos, foi assassinada com quatro tiros na cabeça na noite de ontem (14), quando ia para sua casa no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, retornando de um evento do movimento no negro, na Lapa. A parlamentar viajava no banco de trás do carro quando os criminosos emparelharam com o veículo da vítima e atiraram.

O motorista Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, que dirigia o carro da vereadora, também morreu na hora. Uma assessora da vereadora que também estava no veículo sobreviveu ao ataque.

Atuação política

Marielle foi a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016 no Rio de Janeiro, com 46.502 votos. Nascida no Complexo da Maré, era socióloga, com mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tendo feito dissertação sobre o funcionamento das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) nas favelas.

Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Também coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio.  Recentemente, Marielle havia assumido a relatoria da comissão da Câmara de Vereadores do Rio responsável por monitorar a intervenção federal na Segurança Pública do estado. Com frequência, ela fazia denúncias contra a violência policial em comunidades.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. Leviandades

    Num momento de dor, luto, tristeza, consternação, cabe uma reflexão sobre o valor da vida humana. As propostas, os ideais, a luta e o exemplo de cidadã carioca, ficarão entre nós.  Infelizmente a mulher, a mãe, a amiga, a voz, a presença de Marielle nos foi roubada. Discordo totalmente do Sakamoto quando ele diz em seu editorial, que “não importa quem puxou o gatilho, o estado foi cúmplice “. É leviano. Ela não tinha segurança pessoal como o Marcelo Freixo, ou como as autoridades que necessitam ou solicitam. Parece cedo para dizer algo sobre os criminosos ou suas motivações. Mas fica a sensação de que o estado brasileiro acordou tarde para o drama que os moradores do Rio de Janeiro vivem todo o dia.

  2. Incansáveis

    O deputado federal pelo PSOL/RJ Jean Wyllys protocolou pedido de instauração de uma comissão para

    acompanhamento externo da investigação. 

    https://www.facebook.com/jean.wyllys/videos/1735862056461794/

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=gnKR3KZwiAE%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=gnKR3KZwiAE

     

    Os lutadores e as lutadoras caídos na batalha podem contar apenas com seus/suas companheiros/as, sempre foi assim e

    não tem porque ser diferente agora. 

     

    Sampa/SP, 15/03/2018 – 20:52 (última atualização às 21:04).

  3. Caro Nassif
    Isto está

    Caro Nassif

    Isto está acontecendo para que ninguém descubra quem fez e muito menos o mandante.

    Está tudo encoberto.

    A dita justiça deve estar rindo dos que esperam resultados.

    Isto é um golpe. Já morreram alguns e outros morrerão.

    O que são 5 ou 6 diante dos mais de 1 milhão no Iraque??????

    Quem fez, tem a segurança de que nada lhe aconteceria.

    A morte dos dois, também pode servir para ver como seria o reflexo de  uma prisão do Lula.

     

     

  4. Uma investigação que

    Uma investigação que resultará no arquivamento do caso e na promoção para os autores/mandantes: por merecimento, assim como ocorreu com a delegada Erika Marena, que praticou abusa de poder e outras práticas ilegais que resultaram na morte do reitor Cancellier…

    Delegada que prendeu Cancellier tem promoção ratificada após sindicância

    https://www.revistaforum.com.br/delegada-da-pf-que-prendeu-cancellier-tem-promocao-ratificada-apos-sindicancia/

  5. Além do arco-íris

    SEU ARTIGO NO LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL 

    ” FEMINISMOS E DIVERSIDADES

    EDIÇÃO – 126 

     BRASILari

    Janeiro 8, 2018

    Imagem por Flavia Bonfim

    O feminismo brasileiro hoje não é só jovem e empoderado. O bonde das feministas históricas e o bonde das feministas hashtag dialogam na construção das ações. O feminismo como um todo é plural, diversificado e capaz de produzir convergências

    Em 1975, um grupo de mulheres organizou um evento na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, sobre a situação das mulheres no Brasil. Foram mais de quatrocentas participantes, num movimento que deu início ao Centro da Mulher Brasileira (CMB), primeira organização feminista no país. Mais de quatro décadas depois, ocupamos o mesmo espaço, agora como mulheres, negras, trans, faveladas, professoras, nordestinas, mães, enfim, mulheres em toda a sua diversidade.
    No evento de outrora, mulheres negras fizeram críticas contundentes à organização que, apesar de contar com personagens importantes da luta contra a ditadura, não abarcou a diversidade de experiências do que é ser mulher. No final de novembro de 2017, fizemos da ABI um espaço de debate político. Um debate vivo, cheio de nuances, em que cinco centenas de nós afirmamos que vamos ocupar a política, os espaços de poder; contudo, não em uma ocupação meramente “cotista”. Há, inegavelmente, um novo momento, uma marcha em fermentação de mulheres rumo à apropriação dessas engrenagens.
    Chegamos a 2018 colhendo frutos de décadas de lutas das mulheres por melhores condições de vida e por mais igualdade nos espaços de tomada de decisões. Nesse período, é inegável que o feminismo se tornou mais diverso, em especial com os avanços das pautas de raça, orientação sexual e identidade de gênero, e também nas reflexões sobre as diversas experiências pelas quais as mulheres passam, como a maternidade. Essa diversidade se expressa nas ruas, em manifestações, e nas redes sociais, por meio de páginas, aplicativos, blogs e vídeos.
    Fala-se muito que estamos vivendo uma nova onda feminista, embora a ideia de onda indique um rompimento maior do que como acontece na história de fato. A mídia propaga a ideia de que há um “novo feminismo”, mas na verdade o que vivemos é o resultado de uma convergência de diferentes expressões do feminismo que, mesmo com estratégias de atuação muito diversas, têm em comum a compreensão de que a internet é um espaço de diálogo e articulação política. O feminismo brasileiro hoje não é só jovem e empoderado. O bonde das feministas históricas e o bonde das feministas hashtag dialogam na construção das ações. O feminismo como um todo é plural, diversificado e capaz de produzir convergências.

     

    Desde a eleição de 2010 vivemos uma conjuntura marcada por contradições importantes no que se refere às questões de gênero. O saldo das manifestações e campanhas que se seguiram foi a necessidade de uma representação política mais diversa. As mulheres se colocaram como uma força política importante no cenário nacional, em especial as negras e indígenas. Assumimos o papel de apontar para o que seria o “novo” de verdade na política: inverter o jogo, sair da posição de subalternidade na sociedade para ocupar espaços de formulação, de desenvolvimentos programáticos e de projetos, de tomadas de decisão.
    Apesar de termos chegado a alguns lugares importantes, a representação política das mulheres ainda é ínfima, e a das mulheres negras é ainda pior. Mulheres negras somos cerca de 25% da população brasileira, segundo censo do IBGE de 2010. Segundo o “Retrato das desigualdades de gênero e raça” (Ipea, 2015), somos também a maior parte das pessoas desempregadas, que trabalha sem carteira assinada, como empregada doméstica ou com menor renda domiciliar per capita. Essa situação não é por acaso, é fruto de um desenvolvimento civilizatório que foi capaz de desumanizar e objetificar o corpo das mulheres negras.
    Em meio a tanta desigualdade, ao racismo e ao sexismo que insistem em nos violentar, a chegada da mulher negra à institucionalidade surpreende. Nossa presença assusta o conluio masculino, branco e heteronormativo. Ao mesmo tempo, nos vemos diante do desafio de construir um projeto político que não exclua as questões que nos trouxeram até aqui, que não as torne secundárias e que se mantenha afinado com as lutas dos movimentos.
    Ironicamente, se em 1975 as mulheres reunidas estavam em luta contra a ditadura militar, agora estamos em enfrentando um governo ilegítimo e os golpes cotidianos que ele promove em nossos direitos e em nossas liberdades. Em um cenário de graves retrocessos e da ação articulada das forças religiosas no Congresso Federal, as mulheres estão conseguindo impedir as mudanças de legislação pela articulação de formas muito diversas de fazer feminismo por meio do fortalecimento mútuo. Estamos resistindo aos ataques racistas cotidianos e tentando encontrar caminhos para superar a situação de miséria em que a crise colocou as pessoas que moram nas favelas, periferias e no campo, fortalecendo as iniciativas de economia solidária e de fortalecimento de movimentos como o MTST e o MST.

    Graças ao surgimento de grupos como o PretaLab, à formação sobre segurança digital da Universidade Livre Feminista, à MariaLab e às Blogueiras Negras, estamos resistindo à difusão do discurso de ódio e às novas formas de violência que acontecem no âmbito virtual. Quando ouvimos o Slam das Minas, levando a poesia falada das mulheres para os diferentes territórios e reinventando a ideia de batalha – elas não competem nos recitais, elas estão lado a lado, se complementando na performance –, sabemos quem somos, as vozes que se escutam, que se acolhem, que fazem política o tempo todo. Essa resistência é nova também em sua estética!
    A PartidA Feminista está mobilizada para lançar candidatas e fazer o debate sobre a importância de eleger feministas comprometidas com os projetos de transformação. O movimento, surgido em 2015, quando ativistas se reuniram para discutir o sentido e a possibilidade de um partido feminista brasileiro, reúne coletivos de mulheres de partidos e movimentos diversos de todo o Brasil. Ou seja, de forma articulada, as eleições de 2018 estão sendo gestadas. Iniciativas para uma representação mais diversa devem ser reeditadas, além de instrumentos para o financiamento coletivo das campanhas.
    Em nosso encontro recente na ABI, partimos da ideia de que “uma mulher puxa a outra” – um dos motes da Marcha das Mulheres Negras em 2017. Reunimos mulheres que se destacaram no cenário político do Rio de Janeiro e que são potenciais candidatas a diversos espaços de poder – câmaras estaduais e federal, sindicatos, partidos e associações diversas –, com destaque para as mulheres negras. Isso porque o recado foi dado nas eleições de 2016, e aqui no Rio de Janeiro seguimos à frente da Comissão da Mulher para pautar o debate de gênero na Câmara partindo da nossa perspectiva. Talíria Petroni tem enfrentado o desafio de construir um mandato negro, popular e feminista como a única mulher na Câmara de Niterói. Áurea Carolina, em Belo Horizonte, inova ao criar a “gabinetona” aberta às mais diferentes lutas e ao mesmo tempo atenta aos afetos, à poesia e ao autocuidado. Nós aprendemos umas com as outras, estamos buscando formas de fazer política que não sejam mera reprodução do que sempre foi feito, porque isso nos deixa mais fortes para ocupar espaços da institucionalidade, apesar de todos os retrocessos. Mas não queremos ficar sozinhas nesse espaço, queremos outras e que transformem a política.
    O evento recente da ABI foi gestado dentro de um mandato parlamentar, mas não só por ele. Uma rede de mulheres independentes de filiações partidárias se uniu para demandar e organizar o encontro. Por si só essa movimentação descortina um novo momento. O sistema político, tal qual (não) funciona hoje precisa ser urgentemente transformado. Nossa aposta é que outras mulheres sejam fortalecidas para ocupar os espaços de poder. E, para isso, qualquer projeto político de esquerda não pode ignorar as questões que trazemos. 2018 que nos aguarde!

    *Marielle Franco é vereadora do Rio de Janeiro pelo Psol.” 

     

    (Fonte: http://diplomatique.org.br/o-novo-sempre-vem/)

     

    Como música é o melhor bálsamo para muita coisa, em homenagem à lutadora social Marielle Franco, ao trabalhador Anderson Gomes, suas famílias, amigos, e a todos nós que nos importamos. 

     

     

    SOMEWHERE OVER THE RAINBOW – COM JUDY GARLAND

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=U016JWYUDdQ%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=U016JWYUDdQ

     

    STAND BY ME – PLAYING FOR CHANGE

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=oiPzU75P9FA%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=oiPzU75P9FA

     

    JUÍZO FINAL – COM NELSON CAVAQUINHO

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=rgcTGJQNNe8%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=rgcTGJQNNe8

     

    WHAT’S GOING ON –  PLAYING FOR CHANGE

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=JEp7QrOBxyQ%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=JEp7QrOBxyQ

     

    A CHANGE IS GONNA COME – COM ARETHA FRANKLIN

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=k6YCxXQ6Scw%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=k6YCxXQ6Scw

     

    THE SOUND OF SILENCE – COM SIMON AND GARFUNKEL 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=NAEppFUWLfc%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=NAEppFUWLfc

     

    BRIDGE OVER TROUBLED WATER – COM GARFUNKEL 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=WrcwRt6J32o%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=WrcwRt6J32o

     

    MR. TAMBOURINE MAN – COM BOB DYLAN

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=OeP4FFr88SQ%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=OeP4FFr88SQ

     

    EVERYBODY HURTS – COM PATTI SMITH

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=OTOi-cG9g2Q%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=OTOi-cG9g2Q

     

    PEOPLE HAVE THE POWER – COM PATTI SMITH E JOAN BAEZ 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=OzwpihgPhUE%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=OzwpihgPhUE

     

     

    UM COMUNISTA – COM CAETANO VELOSO

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=pM-V3f28Oqc%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=pM-V3f28Oqc

     

     

    Sampa/SP, 15/03/2018 – 23:30 (última atualização em 16/03/2018 às 00:36).

  6. Sistema

    O Brasil é refem de um sistema em que uns que se dizem “maiorais” fazem de tudo para perpetuar o seu poder em cima da classe menos favorecida. Se alguém se levantar contra o sistema, o resultado é sempre igual: acaba sendo exterminado. Não estou generalizando, pois ainda bem que existe muita gente séria e de boa índole nesse meio, mas que infelizmente não pode fazer muito pois têm familiares e prezam pela sua segurança. 

    A vereadora Marielle, foi, infelizmente, vítima desse sistema, onde muitos “maiorais” se beneficiam das mazelas existentes no Rio e no Brasil. Precisamos de mais “Capitães Nascimento” para que esse sistema seja extinguido de uma vez por todas.

     

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