Em Mato Grosso o campo jorra sangue

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto – Sebastião Salgado

Em Mato Grosso o campo jorra sangue

A Prelazia de São Félix do Araguaia, em reunião com suas/seus agentes de pastoral, seu bispo dom Adriano Ciocca Vasino e o bispo emérito dom Pedro Casaldáliga, na cidade de São Félix do Araguaia – MT, manifesta sua dor, indignação e solidariedade com as famílias assassinadas na Gleba Taquaruçu, município de Colniza – MT, no dia 20 de abril.

Este massacre acontece num momento histórico de usurpação do poder político através de um golpe institucional, com avanços tão graves na perda de direitos fundamentais para o povo brasileiro que coloca o governo do atual presidente Temer numa posição de guerra contra os pobres, isso refletido de forma concreta nos projetos, como as Medidas Provisórias 215 e 759, que violam direitos dos povos do campo e comunidades tradicionais, como também no acirramento do cenário de violações contra as/os defensores de direitos humanos. Diversos políticos expõem abertamente seus discursos de ódio e incitação à violência contra as comunidades que lutam pelos seus direitos. Vivemos um clima de “Terra sem lei”, uma verdadeira guerra civil em nosso país.
Como consequência, o ano de 2016 foi o mais violento dos últimos 13 anos, apontando para uma perspectiva desoladora no campo. E esta situação de Colniza, onde assassinaram inclusive crianças, nos expõe diante dos objetivos de ruralistas que não temem nada para conseguir as terras que buscam.

As famílias de agricultores da Gleba Taquaruçu vêm sofrendo violência desde o ano de 2004. Neste período, em decisão judicial, a Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt ganha reintegração de posse concedida pelo juiz de Direito da Comarca de Colniza, como anunciada na Nota da Comissão Pastoral da Terra, de 20 de abril deste ano. Em 2007, ao menos 10 trabalhadores foram vítimas de tortura e cárcere privado e, neste mesmo ano, três agricultores foram assassinados.

Como estão, neste momento, as famílias que vivem em Colniza? O município já foi considerado o mais violento do país. Sabemos que na região existem outros conflitos de extrema gravidade, como o da fazenda Magali, desde o ano 2000, e o conflito na Gleba Terra Roxa, desde o ano de 2004. A população teme que outros massacres possam acontecer.

Clamamos justiça e que os autores desses crimes sejam processados e punidos. A conseqüente impunidade no campo, fruto da omissão dos órgãos públicos, perpetua a violência.

Na semana em que lamentamos o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1997, que vitimou 19 lutadoras e lutadores do povo, somos surpreendidos por outro massacre no campo, que quer amedrontar, calar as vozes e submeter a dignidade do povo brasileiro.

Temos a certeza que o massacre ocorrido jamais roubará os sonhos e as esperanças do povo.  E jamais calará a voz das comunidades que lutam. 

O sangue dos mártires será sempre semente de JUSTIÇA e VIDA!
São Félix do Araguaia, 21 de abril de 2017.
Obs: Segundo informe da CUT, entre os mortos estão idosos e crianças. Há ainda 20 desaparecidos.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Há 7 anos e meio denunciei no

    Há 7 anos e meio denunciei no Observatório da Imprensa o desejo mais ou menos evidente do Jornal Nacional e de Gilmar Mendes de purificar o Brasil mediante a destruição do MST http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/o-mst-e-o-jornalismo-homicida/.

    A queda de Dilma Rousseff parece ter aumentado a sede de sangue dos protagonistas da destruição do Estado de Direito.

    Tanto isto é verdade que a imprensa, o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e a Justiça Federal estão criando um contexto em que o terrorismo estatal e extra-oficial possa ser livremente empregado no campo e nas cidades contra os sem terra, os sem tetos e, principalmente, contra aqueles que estão inconformados porque não tem mais o direito dever seu voto num candidato a presidente do PT respeitado pela Câmara dos Deputados, Senado e STF.

    A guerra civil que se torna aberta e sanguinolenta não começou hoje. Ela começou há quase uma década e se aprofundou no exato momento que Aécio Neves rejeitou o resultado das eleições iniciando o processo político que resultaria na chegada ao poder do usurpador Michel Temer.

  2. Doutrina do choque – Terrorismo oficial

    Tenho visto críticas especificamente a esse filme e no geral, ao trabalho de Naomi Klein:

    1 – Apesar de denunciar a política de violência que os EUA impõem a praticamente todos os países do mundo, esse filme reforça o gigantismo dos EUA. Há quem admire um vilão, mesmo quando se é vítima da vilania, pelo seu tamanho.

    2 – Os “segredos” aqui expostos não são segredos de fato, são fatos de conhecimento público e amplo. Não há revelações como as de Snowden ou Assange, por exemplo. (Se fossem, Klein estaria na mesma situação desses dois.) O que faz os fatos aqui expostos parecerem segredo é o medo que cada pessoa traz em si de ser agredido de expor o que sabe, seja através de palavras ou até de ações como o voto, por exemplo, e mesmo a desobediência civil.

    3 – O filme critica o terrorismo institucional, o estabelecimento do medo como norte para nossas ações, trazendo aos espectadores mais medo. O terror é o nicho de mercado em cima do qual a autora ganha dinheiro e fama.

    Et cetera.

    Mas como no filme há relatos e fatos interessantes, a quem estiver vacinado contra as segundas intenções do filme, tomo a liberdade de trazê-lo:

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=Y4p6MvwpUeo%5D

     

  3. DESGOVERNO INTESTINO DE EXCLUSÃO SOCIAL

    Essa corja que desgoverna o país não está nem um pouco preocupada com o povo, pra eles é só mais uma matança desses desordeiros criadores de caso sem causa, querendo mordomias à custas dos senhores da propriedade.

    1. desgoverno….

      É coincidência onde esta quadrilha do MST está tentando pregar seu bolivarianismo, sua venezuelização, a revolução marxista através do campo serem  justamente os locais mais violentos do país. E locais onde a agropecuária pode trabalhar com tranquilidade, se tornarem pólos de riqueza e desenvolvimento, expurgando atraso, miséria, ignorância, analfabetismo e coronéis de quaisquer ideologias, como MATOPIBA? Mas nossa Gestapo Ideológica, crente que a Ditadura Cubana é nosso referencial, não aceitam nada que seja contrário. Logicamente apoiados por grande parte da Imprensa, Intelectuais e parte da Igreja Católica. A mesma que se calou quando um Bispo, a utilizou para seus fins politicos e amorosos. Ou uma paróquia do interior de SP, para acobertar vultosas contribuições de Deputado corrupto. Democracia? Livre, direta, transparente e facultativa? Nem pensar. Bando de hipócritas.  

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