Violência contra mulher cresceu em 2022, aponta Anuário de Segurança Pública

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Todas as modalidades de crimes cometidos contra a mulher apresentaram alta no ano passado, em comparação a 2021

Mãos de mulheres no vidro embaçado
Foto: Agência Brasil

Todas as formas de violência contra a mulher cresceram em todo país no último ano, em comparação a 2021. Os registros perpassam todas as modalidades criminais, desde o assédio, até o estupro e os feminicídios, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado nesta quinta-feira (20). 

Os índices do Anuário correspondem aos registros administrativos, ou seja, são referentes a boletins de ocorrência, acionamentos da Polícia Militar por meio do 190 e solicitações de medida protetiva ao Judiciário. 

Os números em relação as mulheres são catastróficos e mostram que os registros de ocorrência de casos de feminicídios cresceram 6,1% em 2022, resultando em 1.437 mulheres mortas simplesmente por serem mulheres. Os homicídios dolosos, quando há intenção de matar, contra mulheres também cresceu e totalizou 4.034 vítimas, um aumento de 1,2% em relação ao ano anterior. 

No país, 35,6% dos assassinatos de mulheres foram classificados como feminicídios, mas com diferenças importantes entre os estados. A maior proporção se deu no Distrito Federal, onde 59,4% das mortes violentas foram classificadas no tipo penal específico. Já o menor percentual foi em Roraima, onde apenas 9,1% dos registros foram tipificados com a qualificadora do feminicídio. 

Foi no estado de Rondônia, contudo, onde se constatou as maiores taxas do país, tanto a de feminicídios (3,1 vítimas por 100 mil habitantes), quanto a de homicídios femininos (11,2 por 100 mil habitantes). Os dados também indicam a alta prevalência de homicídios com vítimas mulheres no Rio Grande do Sul, com taxa de 7,0 vítimas por 100 mil habitantes, o que significa um aumento de 18,0% em relação à taxa do ano anterior.  

Em termos de raça/cor das mulheres vítimas de todas violência no país, o racismo é reafirmado. Nos casos letais, as vítimas de feminicídio, têm-se que 61,1% eram negras e 38,4% brancas. Nos demais assassinatos de mulheres o percentual de vítimas negras é de 68,9% e 30,4% brancas.

Ainda sobre o perfil das mulheres em casos letais, 71,9% das vítimas de feminicídio tinham entre 18 e 44 anos quando foram mortas, sendo que o maior percentual se concentra na faixa entre 18 e 24 anos. Já para as demais mortes violentas, a faixa etária de maior risco está concentrada entre os 18 e os 29 anos.

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OUTROS CRIMES

Além dos crimes contra a vida, as agressões caracterizadas como violência doméstica tiveram aumento de 2,9% em 2022. Ao todo, 245.713 mulheres registraram boletim de ocorrência para agressões ocorridas no ambiente doméstico ou dele decorrente. Na prática, isso significa que, diariamente, 673 mulheres se deslocaram até uma delegacia de polícia para denunciar um episódio de violência doméstica. 

Já os casos de ameaças resultaram em um total de 613.529 registros, o que significa um aumento de 7,2% em relação a 2021. Vale ressaltar que a ameaça é uma das formas de violência psicológica que o agressor pode exercer sobre a mulher, causando dano emocional e mantendo-a sob seu jugo por medo. 

Outro crime é a perseguição, prática também conhecida como stalking, que resultou em 53.918 casos de mulheres vítimas em 2022, uma taxa de 56,5 por 100 mil. Essa modalidade criminosa é um grave risco para a ocorrência de feminicídios. 

Ainda, os registros de assédio sexual cresceram 49,7% e totalizaram 6.114 casos em 2022 e importunação sexual teve crescimento de 37%, chegando ao patamar de 27.530 casos no último ano.

ACIONAMENTOS DA POLÍCIA MILITAR 

Em 2022 foram registrados 899.485 acionamentos ao 190 relacionados a casos de violência doméstica. Isso indica que policiais militares receberam 102 acionamentos a cada hora para o atendimento dessas ocorrências no último ano. 

MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 

As Medidas Protetivas de Urgência (MPUs) são regulamentadas pela Lei Maria da Penha e buscam proteger a integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da mulher em situação de violência ou de seus dependentes. 

De acordo com índices de MPUs solicitadas e concedidas no ano de 2022, apesar do aumento percentual em relação ao ano anterior, chama atenção o fato de que apenas 85% das medidas solicitadas foram atendidas.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

1 Comentário

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  1. Nassif, ainda vai apresentar por vários anos, herança do que vivemos com o bolsonarismo, o curioso é que muitas mulheres ancoradas na desinformação e na religião, aprovam esses métodos misóginos, elegem quem é a favor de sucumbi, maltratar, humilhar e praticar violência contra elas próprias, e de até lhes tirar a vida, é um fenômeno inexplicável.

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