Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
[email protected]

É preciso fulanizar o recheio do câncer, por Rui Daher

imprensa-e-o-papel-das-midias-no-brasil.jpg

Imagem: Reprodução

Por Rui Daher

Não acham que estamos lhes dando muita folga? Vou à banca de jornais pegar charutos caribenhos menos puros. “Los puros” só os têm Fernando Morais, com todo respeito e mérito. Enquanto converso com o dono, torcedor do Peixe como eu, noto as manchetes dos diários e as capas das semanais, linhas auxiliares do Poder Judiscricionário. Sem exceção, condenam Lula.   

Despeço-me do “peixeiro” da Praça Pan-americana e, qual Baby do Brasil, alucino, “reviro os olhinhos”, e chamo a “preta, pretinha” alma de todas as mães.

Vem a ideia. Quem está lá dentro? Quero saber, conhece-los, ouvi-los explicar o porquê de aceitarem tal papel. Passariam fome, sendo honestos? Pouco se importam, pois vivemos a despersonalizá-los. Centramos fogo em carnes de vacas fracas e podres. Marcas onde diluem seus venenos. São Veja, IstoÉ, Época, Globo, Folha, Estadão.

Só? Sei que estamos numa Federação de Corporações, mas isso não deveria nos condicionar a tratar política apenas de forma institucionalizada e corporativa.

Por que não dar nome aos bovinos e bubalinos? Por que não fulanizar? Ou, por acaso, o que lá sai impresso é gerado espontaneamente na tipografia?

Como fazem eles conosco? Não se referem com o nome das páginas eletrônicas de sites e blogs. Vão direto às pessoas físicas. É GGN ou Luís Nassif? É Conversa Afiada ou Paulo Henrique Amorim? É Blog da Cidadania ou Eduardo Guimarães? Viomundo ou Azenha? DCM ou Paulo Nogueira? Vez ou outra, dão currículo, RG, CPF, e os mais escabrosos chegam às famílias. Talvez, por também ser impressa, misturam CartaCapital e Mino Carta.

Por isso, fora os colunistas que não decidem capa e linha editorial, embora a maior parte no diapasão dos donos, quero saber o nome de quem promove essa campanha sórdida contra a democracia brasileira, por único medo do retorno de um político ao Poder Executivo.

Poderão argumentar: “geralmente, junto com a matéria vem o nome de quem a fez”. Não é a isso que me refiro. Explícitos, mas anônimos como “nossa reportagem constatou uma grande cratera na Rua Quintino Bocaiúva, centro velho de São Paulo”. A cratera é mais embaixo.

Não sou do meio jornalístico ou com ele convivo. Apenas, diletante, escrevo em publicações que me acolhem e de quem acolho as ideias. Mas quem está no meio, tenho certeza, poderá nominar a des(intelligentsia) dos principais responsáveis pelo esgoto que amedrontados repórteres são obrigados a mal escrever, assinar e publicar.

Quero suas biografias completas. Por onde passaram, o que estudaram, a quem apoiaram no passado, foram assessores de políticos, quem já os processou, chefiaram alguma Redação importante, aonde foram correspondentes.

Por exemplo, hoje, domingo materno, quem respondeu ao depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro e, assim, o condenou?

Comecemos a fulanizar. “Quem mandou publicar isso foi ‘João das Couves’ … Quem fez essa reportagem foi ´Antônio Repolho’ … Quem bolou essa manchete nada a ver com o texto final foi ‘Eurico Pepino’”.

Clamo aos excelentes pesquisadores de internet. Vocês, ótimos articulistas e analistas digitais, comecem a ajudar-nos e devolver na mesma moeda, pois de nós eles sabem tudo. São espertos.

Eu mesmo, pequeno, mas antes convidado frequente a palestrar sobre agronegócios, depois que passei a opinar neste GGN e em CartaCapital, não recebo convite do agro nem para ordenhar vacas.

Como não podemos fuzilá-los, seria crime, então, os fulanizar podemos. Desses infelizes, poupemos apenas suas mães, que hoje é Dia delas.

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

25 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Boa a idéia

    Salvo excessões que no Brasil se contam nos dedos da mão esquerda, todo resto é “voz do dono”. Na grande mirdia PLIMPIG, todos os jornalistas que tinham vergonha na cara foram demitidos. O resto que permaneceu é o resto. 

    Dirceu depois de dois anos de tortura na prisão ilegal chegou em casa e quase foi linchado pela turba midiota. Olho por olho, passou da hora dos felasdapu responderem pelo puxa saquismo.  O mesmo deve se extender aos políticos que não representam os seus eleitores. Aqui em Santos tem pelo menos um desses, um tal de beto mansur que gosta de ser reconhecido na rua. Eu o reconheço como papagaio de pirata golpista e explorador de trabalho escravo. 

    1. Emerson,

      como a proposta não é fácil de realizar, uma boa é essa do Beto Mansur. Detrate-o junto a seus familiares, amigos, no ambiente de trabalho. Faça fofocas sobre ele e os demais. Descubra seus amigos e ponha na roda. Vai ser divertido. A propósito, aí em Santos, tem “Dominó de Botequim” na Realejo Livros (brincando).

      Abraços

  2. Defendendo seu emprego

     A maioria dos jornalistas precisam opinar o que o chefe deles quer ouvir e não os culpo por isso, afinal todos nós precisamos levar o leitinho das crianças para casa, o que me surpreende que a maioria dos ouvintes ainda nao tem noção disso, acreditam em suas opinioes, levando ate trabalhador bater panela pra Fiesp contra Dilma, é o cumulo da ignorancia do trabalhador., bateu panela para aposentar no minimo aos 65 anos, seus filhos vao ser todos trabalhadores terceirizados, é o comunismo neoliberal, tudo ganhando r$ 1000,00 de salario, etc etc etc…

    1. Carlos Alberto,

      Concordo, mas é possível defender o emprego mesmo dizendo algum não. Basta habilidade. Saber contornar. Conspirar. Fui empregado durante 40 anos de vida profissional e, politicamente, sempre de esquerda. Você acha que meus patrões estavam em Cuba? Nada. Maiores reacionários e os impedi de fazerem muitas coisas contra os trabalhadores.

      Abraços

  3. Identificar e Boicotar

    RUI

    Sua proposta é justa: estamos num momento histórico que é preciso identificar quem está ao lado da Democracia e quem está do lado Fascista. Responsabilizar os servos que pretendem assumir a condição de vassalo.

    Mas há necessidade, também, de identificar os que ficam escondidos sob a etiqueta “Plutocracia” e que são os financiadores do golpe contra o povo brasileiro:

    Paulo Setúbal – Banco Itaú

    Benjamim Steinbruch – CSN

    Abílio Diniz – Carrefour e BRF

    Octávio de Barros – Banco Bradesco

    Thierry Fournier – Grupo Saint-Gobain (Brasilit, Weber Quartzolit, TelhaNorte)

    Marcílio Pousada – Rede Drogasil e Raia

    Os democratas devem  fazer um boicote aos produtos das empresas desses golpistas.

     

      1. Edna,

        Vamos juntos. Também compro lá. Problema: hoje há uma concentração entre essas grandes. O jeito é procurar farmácias independentes, menores, em nossos bairros. 

    1. boicote aos golpistas

      Excelente ideia Rui e ótima lista Marcos… Acrescentaria:

      Alexandre Ostrowiecki e Renato Feder – ambos da Multilaser, uma empresa que cresceu muito em virtude das políticas econômicas do Período Lula-Dilma. Não obstante, seus donos ajudaram a financiar manifestações pró-impeachment, produziram faixas e cartazes anti-PT e obrigaram seus executivos a engrossarem o coro pelo golpe, ameaçando-os de demissão caso estes se negassem a fazê-lo. De todo modo, boicotar os produtos Multilaser será tarefa bem fácil, pois são péssimos aparelhos e costumam dar defeitos frequentemente. NÂO COMPREMOS PRODUTOS MULTILASER!!!

       

       

      1. Ótima ideia, Marco

        Melhor e mais fácil que a minha. Outro dia, comentando sobre os palestrantes de um evento de nítido caráter neoliberal e golpista, ele falou de muita gente. Na mosca! Boicotar produtos. Incluam aí o Flávio Rocha, da Riachuelo.

        Abraços aos dois.

  4. Aceitemos que precisam

    Aceitemos que precisam defender o pão na mesa da família. Mas e todos aqueles que não aceitaram a humilhção e saíram ou foram demitidos ?  Em nome destes, devemos citar sim aqueles que ficaram e aceitaram o jogo sujo. 

    1. WG, caro

      É questão de justiça. Também não acredito que dentro de uma corporação ou empresa seja impossível, gradualmente, se vá construindo um ambiente interno de reação ao esgoto liberado por patrões, diretores, os mais altos na estrutura hierárquica. Sempre fiz isso nas empresas em que trabalhei. Usei rádio-peão, corredores, conversas sussurradas e, com isso, impedi muita merda do Poder. Só jornalista não pode arriscar o emprego?

      Abraços

  5. Dois me vêm à mente quase

    Dois me vêm à mente quase imediatamente: Diogo Mainardi e Diego Escosteguy, semelhantes no prenome e no caráter. 

    Essa história de que são “a voz do dono” pode servir para meia dúzia de bagrinhos: são muitos que procuram se destacar ao dar contribuição pessoal à quadrilhagem midiática dos patrões, como o bandido que procurou invadir o apartamento de um familiar do Lula.

    1. Então, André

      Tenho certeza de que no passado desses caras tem muita merda. No que fizeram, o que escreveram e foi chute falso, o que declararam, o que deles acham os colegas que com eles trabalharam. Apenas apontá-los como de direita, reacionários, é o óbvio. Eles até gostam. Mas escreveram um livro? Cacete crítico neles! Abraços

  6. O MÉTODO GOEBBELS PARA A DESNACIONALIZAÇÃO

     Com toda a certeza, o método é nazista, inspirado, é óbvio, em Goebbels, usando a imprensa toda para bestializar o povo.  

    E o pior estão conseguindo. A máxima foram três frases de Goebbles: a) uma Mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade; b) Nós não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um certo efeito; “a essência da propaganda é ganhar as pessoas para uma ideia de forma tão sincera, com tal vitalidade, que, no final, elas sucumbam a essa ideia completamente, de modo a nunca mais escaparem dela. A propaganda quer impregnar as pessoas com suas ideias. É claro que a propaganda tem um propósito. Contudo, este deve ser tão inteligente e virtuosamente escondido que aqueles que venham a ser influenciados por tal propósito NEM O PERCEBAM.”( frases extraídas do artigo ”  Frases Impactantes de Joseph Goebbels sobre o Regime Nazista..

    É certo que a ficha já começou a cair. Mas a ignorância, aliada à manipulação, produzem o fenômeno inexplicável: Bolsonaro tem milhares e milhares de votos.

    O nazismo era, no entanto, nacionalista e, pode-se constatar pela venda planejada de todos os ativos soberanos de nosso País, que este governo golpista não é nacionalista, ou seja, é pior que os regimes fortes da época, pois estes defenderam a soberania do País, mesmo desprezando a liberdade no País

    . O regime Forte – O estado Forte, melhor dizendo – apareceu quando a decadência do liberalismo produziu uma das maiores crises em todo o mundo, a crise de 1929 e como uma defesa contra o socialismo, este que era muito aceitável pelo povo que sofria e legava um grande medo da oligarquia. O estado forte defendeu os interesses oligárquicos, é claro, mas também preservaram os direitos dos trabalhadores, como ocorreu com Getúlio, aqui no Brasil, para evitar qualquer possibilidade de crescimento do socialismo. O Getulismo não foi um governo que buscou conquistas sobre outros países, como o Nazismo, porém, mesmo com evidente prejuízo ao direito de liberdade, foi um defensor de nossa soberania e buscou melhorar as condições de vida do povo trabalhador, em nosso País.

    Por incrível que pareça,  o golpe militar de 64 também não atacou os direitos trabalhistas e previdenciários como ocorre com o atual governo golpista.  Inclusive, acredito que os militares caíram porque não concordavam com a venda de bens soberanos, como o minério,  o petróleo, as terras brasileiras.Assim, o Tio Sam deu condições e apoio para derrubar os militares do poder.  Fui e continuo sendo contra a ditadura militar, máxime pela perseguição e o total desprezo pelos direitos de liberdade, quando inclusive ocorreram muitas, muitas mesmo, mortes, para o “cala boca” Entretanto, penso que devemos mostrar que este Golpe é muito pior, pois não há a base nacionalista. Ele vem apenas para impor-nos o corporativismo,  a oligarquia, os banqueiros,  os rentistas, prejudicando 90% do povo brasileiro.

    Infelizmente, aqui em nosso País, este está sendo, assim, o pior golpe na democracia em todos os tempos, máxime quando a mídia, todos os setores delas, juntas, concentram-se em atacar os líderes democráticos e dos trabalhadores e o governo golpista se aproveita para vender a nossa soberania.

    1. Caro Edward,

      por tudo o que vimos no passado sabemos exatamente aonde chegará essa última empreitada antidemocrática. Perceba, Edward, que passam os dias e só piora. Quanto otimismo ou relativização do avanço da direita já presenciamos aqui mesmo neste blog. E nada. Só piora. Achou-se que nossa reação viria pela internet. Eles a dominaram e, como sempre, com a “qualidade” de serem mais violentos do que nós. Repito, talvez, precisemos jogar um pouco mais “sujo”.

      Abraços

  7. Concordo. Eles querem ter seu

    Concordo. Eles querem ter seu emprego garantido e para isso tem que dançar conforme a música? Ok, então que arquem com as consequências. Vamos deixar claro para eles, jornalistas do pig, com raras exceções, que eles são cúmplices de uma ditadura judicial-midiática.

    Minto, mais que cúmplices, são soldados dessa ditadura. Assim como eram os cabos, sargentes, tenentes e capitães do exécito. O fato de ter que pagar aluguel ou sustentar uma família não anula essa realidade cristalina. Todos, esses jornalistas são co-responsaveis pela ditadura em que vivemos. São inimigos da democracia e assim serão tratados

    1. Juliano,

      exatamente assim. Em qualquer que seja a situação futura, eles deverão ser lembrados disso. Como quem “operou” para Pinochet, Videla, Fleury e outros. Da mesma forma. Abraços

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador