As diferenças entre o abastecimento elétrico atual e o de 2001

Do Valor

Especialistas veem diferenças entre crise atual e a de 2001
 
Por Rodrigo Polito
 
Comparar o cenário de abastecimento elétrico atual com aquele do período pré-racionamento em 2001 não faz sentido, segundo especialistas ouvidos pelo Valor. Apesar da semelhança do nível crítico de armazenamento dos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, entre os dois períodos, o parque termelétrico atual é muito maior do que o existente há 13 anos. Por outro lado, o consumo de energia do país também é muito superior. “A nossa capacidade de geração termelétrica hoje é muito maior”, afirma o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ, professor Nivalde de Castro.
 
O Brasil possui hoje 36,5 mil megawatts (MW) de capacidade termelétrica a gás natural, óleo combustível, biomassa e carvão, além de cerca de 2 mil MW de potência de usinas nucleares. Na primeira semana de abril, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) previa acionar 17 mil MW médios de energia proveniente de termelétricas. Segundo Castro, apesar do crescimento substancial do parque termelétrico brasileiro, a maioria dessas usinas não foi projetada para operar continuamente, o que os técnicos do setor chamam de “operar na base”.

 
Na mesma linha, o especialista Ronaldo Bicalho, pesquisador do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, afirma que a realidade do setor mudou, com o crescimento do consumo de energia nos últimos anos e a falta de novas hidrelétricas com capacidade para estocar água em grande quantidade.
 
Nesse cenário, segundo ele, as térmicas vão operar por um período maior do que o previsto. Diz que é preciso rever vários mecanismos do setor, como o despacho das usinas térmicas, a formação do preço de curto prazo e a forma de contratação de usinas nos leilões.
 
Para Bicalho, o governo diz que o problema é conjuntural, para culpar as chuvas. A oposição também alega que a situação é conjuntural, mas devido à má gestão do governo Dilma Rousseff. “Mas a discussão deveria ser muito mais ampla”, diz.
 
De acordo com o pesquisador, o ponto positivo é que a agenda energética brasileira se assemelha à de outros países, o que facilita o diálogo e a troca de experiências. “Na Alemanha, as térmicas foram contratadas para operar continuamente e hoje funcionam como ‘back-up’. No Brasil, ocorre o inverso, as térmicas foram contratadas para funciona como reserva, e estão operando continuamente”. diz.

 

Redação

8 Comentários

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  1. Esse é um dos motivos pelos

    Esse é um dos motivos pelos quais eu acho que a imprensa tem prejudicado, não apenas ao governo, mas a sociedade brasileira como um todo. Se houvesse isenção na grande imprensa, o governo poderia ir aa televisão e pedir às pessoas para economizarem energia. Explicaria que isso não é culpa do governo, mas das condições climáticas.Tenho certeza que em um cenário de imprensa isenta o governo faria isso. Contudo, por receio de que a solicitação de “economia de energia” seja deturpada pela imprensa e usado eleitoralmente, o governo prefere tomar as medidas que está tomando. Ou seja, em algumas situações somos refém da grande imprensa. Quem paga com isso é a sociedade. Essa é a diferença da imprensa em um mundo civilizado. Elas podem até discordar dos governos. Mas amam seus respectivos paises. Não é o nosso caso.

  2. Solução sistêmica, gestão e perfumarias

    A diferença principal entre os tempos neoliberais de FHC e os de hoje é a preocupação.

    Naquele tempo, o governo deste país, de imensos problemas, só tinha olhos para o desmonte e a doação dos recursos e do patrimônio da nação. $ó pen$ava “naquilo”…

    O restante, muito mais relevante e estratégico, ficou abandonado, entregue às moscas e à sorte divina. 

    Desde aposentados “vagabundos” até aquele povo faminto e “sarnento” que habita estas plagas tão ricas. Que “injustiça”! Um “contrasenso” que não fossem exploradas por povos mais “cheirosos”…

    Hoje (até o Valor “reconhece”) a preocupação principal (sem abandonar as secundárias) é o povo deste país. Nós todos!

    Transformar “mal cheirosos” em “perfumado”s, não com o extermínio, isolamento ou uso de desinfetantes bioquímicos.

    Mas com a (mais complexa) química biológica da transformação e do desenvolvimento.

  3. Interessante…
    Apagão é um

    Interessante…

    Apagão é um fantasma produzido por FHC que a direita tenta ressucitar em cada primeiro semestre…

    Mais real seria perguntar vai ter água na copa para banho e uso dos turistas?

  4. Foi pura incompetência o racionamento de 2001

    O que fica claro com um texto curto como esse, é que: o racionamento de energia elétrica ocorrido em 2001, foi decorrente de incompetência, haja vista que o consumo era menor, os níveis dos reservatórios estavam equivalentes aos atuais, e ainda assim houve necessidade de racionar energia. 
    Foi constrangedor vir a tona que nosso consumo energético per capita àquela época era quase 10 vezes menor do que o americano, e ainda assim, tínhamos que racionar.
    Acredito que o governo Dilma Roussef dará a devida respostas nos programas eleitorais, não vale a pena se desgastar agora com isso, vai fazê-lo nos últimos 3 meses para que seja apreendido pela população.

  5. A integração das águas por fios

    Por sermos um país imenso, as condições climáticas em nosso território dificilmente serão iguais nas suas diferentes partes. Vejamos por ex.que enquanto represas secam aqui no Sudeste, temos enchentes no Acre. (o governador paulista provavelmente vai propor que o governo federal construa para ele um aqueduto do Acre até a Cantareira, hehe).

    Depois do abandono e descaso neoliberal fernandista, retomamos a construção de hidrelétricas, bem como a integração de seus diversos sistemas e da reserva termelétrica de contingência, onde um pode suprir demandas de outros.

    Os oposicionistas (que nada fizeram, além de jogar um racionamento e seu custo sobre a população) tentam criticar, esquecendo-se que as novas hidrelétricas, que estão sendo feitas hoje, são um desafio muito maior e mais lento que nos tempos de JK e da ditadura, onde o dinheiro (endividatório) era farto, e não havia maior compromisso em utilizá-lo com “gente”, apenas com “coisas”. Não havia também a preocupação do equacionamento ambiental e social (índios, peixes, matas, etc.).

    Portanto, embora o tão propaladamente mutante  clima seja um risco real, governos existem para prevení-los (e não ignor-a-los enquanto cuidam de negócios privados com o patrimônio e recursos públicos).

    A menos que o país (ou especificamente, o consumo de energia) se desenvolva mais rápidamente do que prevemos (um paradoxo desejável?), podemos prever que o país está se preparando mais e melhor para estas dificuldades climáticas (regionais e interligadas) e com aumento de oferta dentro de um dos melhores modelos energéticos do MUNDO! Com seriedade e competência.

    O resto é futrico de oposição. 

  6. Interligação do Sistema

    Nos tempos de FFHH o Sistema Elétrico – as redes de transmissão, linhões – não eram totalmente interligados. Existia uma rede no Norte-Nordeste-Centro-Oeste e outra no Sudeste-Sul. Eram indenpendentes. Sub-sistemas. Assim não havia o manejo da carga de acordo com a Região. Hoje menos de 2% da rede elétrica (mormente na região Norte) está fora do Sistema Integrado Nacional (coisa bem feita no Brasil, nos EEUU é praticamente cada Estado por si – a California é vítima de apagões constantes). Parece que FFHH não se preocupava em investir, em fazer obras, pois a prentensão deles era entregar o negócio pra iniciativa privada. Mas não choveu o suficiente em 2000 e deu chabu em 2001/ 2002. (qualquer semelhança com o Sistema Cantereira não é mera coincidência).

    Hoje, depois de obras e novos linhões, o Sistema está interligado. Isso faz muita diferença para a conservação dos reservatórios, fora a capacidade de gerar em térmica, que podem responder em até 20% da carga de 70 mil MW hora. E ter térmicas não é feio, ainda mais quando a Petrobras vai gerar oferta de gás com o acréscimo de produção do pré-sal.

    É certo de não houve chuvas na Bacia do Rio Grande e provoca baixa no lago de Furnas – em especial na região da Mantiqueira, no sul de Minas Gerais (isso reflete muito na falta d’água na região Cantareira e também do Paraíba do Sul). Mas houve – e ainda há – chuvas regulares em no sul de Goias e isso alimenta a bacia do Rio Paraibuna (outro formador do Rio Paraná) – que contribui bastante para a geração de energia. O verão foi seco além da conta, em especial na região de Furnas. Isso de fato pode acarretar problemas para o ano de 2015. Mas por enquanto segue como especulação.

  7. Irmãos ou adversários, competição ou colaboração?

    Tanto o rio Paraiba quanto o afluente Jaguari já foram , sem alarde, represados em SP por seus governos, sabe-se lá com que autorizações, aparelhamentos federais, conhecimento, concordância ou participação dos estados vizinhos MG e RJ.

    O fato é que o rio Paraíba também está secando embora com as represas paulistas recheadas e intenções da apropriação unilateral de suas águas.

    Não vejo problemas em repartir federativamente recursos e dificuldades, desde que estejam sob controle dos envolvidos.

    No caso, é essencial que o controle de vazão destas represas seja feito a 8 mãos (MG, SP, RJ e União) para que ninguém seja beneficiado em detrimento de outrém.

    Vejam (uma das) reportagem(ns) em:

    http://www.hojeemdia.com.br/noticias/devido-a-seca-bacia-do-rio-paraiba-do-sul-pode-secar-em-8-meses-1.231818

    Até quando as oligarquias que governam SP desde sempre, agirão como se o resto do país fosse seu quintal e não entender que uma federação deve ser colaborativa e não concorrencial ou prevalente?

    Até quando agirão como no revelador lema de sua capital? Até quando este rídiculo “non ducor, duco” corrompido prevalecerá nas cabeças vazias (mas poderosas) destes medíocres brasileiros elitopatas?

  8. Como é fácil enganar um
    Como é fácil enganar um repórter que não sabe do que está falando.

    O primeiro parágrafo não faz o menor sentido.
    Querido, o nosso backup está ligado quando era para estar desligado.
    No inverno, quando a geração hídrica for menor, Qual será o backup do backup?

    Mas calma. Não tem problema porque a culpa é de Jesus Cristo.
    Sempre desconfiei….

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