Cassação de Dilma pelo TSE é “extremamente complexa”, por Monica Bergamo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A jornalista Monica Bergamo analisa, em sua coluna, que a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer serem afastados, em decorrência de julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é “extremamente complexa”. Segundo ela, a tendência é que a Corte “aumente a temperatura da crise política”, dando visibilidade ao depoimento do delator Ricardo Pessoa, da UTC, no próximo dia 14 de julho, “sem, no entanto, chegar ao extremo do afastamento”.
 
Por Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo
 
Cassação de Dilma pelo TSE poderia ser vista como golpe, segundo ministro
 
A possibilidade de Dilma Rousseff e Michel Temer serem cassados por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é tida como extremamente complexa até por ministros tradicionalmente contrários à presidente e que integram a corte. Uma decisão tão drástica, tomada por um colegiado de apenas sete juízes, poderia ser encarada como um “golpe paraguaio”, nas palavras de magistrado considerado crítico ao governo.
 
MANCHA
Em 2012, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, foi afastado do cargo por votação do Legislativo endossada em poucas horas pelo tribunal eleitoral do país. A repercussão internacional foi péssima, com a condenação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização de Estados Americanos).
 
DAQUI NÃO SAIO
Uma cassação da chapa Dilma/Temer passaria o poder imediatamente ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), possibilidade que assusta até mesmo setores do PSDB que temem o perfil do parlamentar, considerado conservador e autoritário. Uma vez no comando direto do país, ele se movimentaria avidamente para nele permanecer, dando um “baile” nos tucanos pró-impeachment.
 
PLACAR
A tendência, portanto, é o TSE aumentar a temperatura da crise política, esquadrinhando as contas eleitorais de Dilma e Temer e dando visibilidade ao depoimento do delator Ricardo Pessoa, da UTC, que falará ao tribunal -sem, no entanto, chegar ao extremo do afastamento. Decisão tão drástica, como desenlace de eventual agravamento da crise, seria discutida no Congresso Nacional, de maior legitimidade democrática.
 
PLACAR 2
Entre os três ministros do TSE que são considerados alinhados com o governo, a posição é até mais rígida. Acham que o depoimento do delator deve ser relativizado ao máximo, caso ele não apresente provas cabais de que colaborou irregularmente para a campanha eleitoral de Dilma. Lembram que o empreiteiro deu recursos também para a chapa de Aécio Neves e do vice, Aloysio Nunes Ferreira, que foi inclusive citado na lista dos que receberam dinheiro irregularmente da UTC. Ele nega.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. O ímpeto golpista esbarra no

    O ímpeto golpista esbarra no argumento jurídico a ser usado para ‘esquentar’ o golpe de estado, escolha-se a motivação jurídica que quiser e tudo não passará do velho golpismo atávico das elites brasileiras.

    Além do mais, é preciso pensar no pós-golpe, que países reconheceriam o novo governo? o que aconteceria com o país, os ‘golpeados’ ficariam calados, haveria manifestações de rua? estado de sítio? como um governo tido como ilegítimo governaria?

    O certo é que as consequências da aventura golpista é imprevisível e pode ser um tiro no pé dos golpistas, jogar o país no caos também não seria bom para os interesses capitalistas tanto internos como externos. 

  2. Além do perigo Cunha, há em

    Além do perigo Cunha, há em curso um desmantelamento de todo o poder judiciário e do executivo, jogando nossa Constituição na fogueira. No Congresso e nos partidos, outra ameaça ronda. Vai surgir do nada um projeto de poder que será difícil mexer e a mordaça virá de várias maneiras.Partidos irão virar pó, mas o do pó fica, pelo visto. E quem vai ser o presidente e o 1o ministro? Vai ser uma briga de foice entre a direita. Sem martelo.  Num tem nada não. É na resistência que nos politizamos e. com o tempo, vamos conseguir o que os governos de esquerda não conseguiram. Reduzir as cinzas o mau jornalismo que nos abate hoje.

  3. O nível de emburrecimento a

    O nível de emburrecimento a que o PIG está levando os midiotas está chegando às raias da loucura: vi um velho midiota dizer que era culpa do PT o fato de haverem alguns cães vira latas perambulando pelo calçadão da praia.

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