Cunha ainda é um célebre desconhecido, por Janio de Freitas

Ninguém – jornalistas, cientistas políticos, polícia ou Justiça -, conhece o poder de influência de Cunha

Jornal GGN – Eduardo Cunha é um dos nomes mais citados no jornalismo político, desde que tomou à presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro de 2015. Ainda assim nem todos conhecem a verdadeira face do ex-parlamentar, defende à seguir o colunista Janio de Freitas. 
 
Desde que se tornou presidente da Câmara, Cunha apareceu nos noticiários como principal inimigo do governo Dilma, responsável pelo início do impeachment e queda da petista, ao mesmo tempo como um dos parlamentares envolvidos no escândalo da Petrobras, acusado de possuir contas na Suíça de dinheiro não declarado à Receita, o que foi comprovado pelo próprio Ministério Público Suíço. Foi destituído da presidência da Câmara e perdeu o título de deputado por esse motivo e, mais recentemente, preso pela Operação Lava Jato. Esse mini currículo do ex-parlamentar, defende Janio, não é suficiente para conhecer o verdadeiro Eduardo Cunha. Veja a seguir.  
 
Eduardo Cunha ainda é um célebre desconhecido
 
Janio de Freitas
 
Eduardo Cunha ainda é um desconhecido. Não só do público que se gratifica com sua prisão. Mesmo do jornalismo, dos que se intitulam cientistas políticos, da polícia até, como da Justiça. A esses setores que têm a atenção por ofício, porém, Eduardo Cunha não negou oportunidades desde a sua primeira fatia de poder de influência.
 
Jovem presidente da Telerj, originário do gabinete de Abi-Ackel, ministro da Justiça de Figueiredo, com passagem pela campanha de Collor como auxiliar de PC Farias, Cunha não demorou a introduzir uma novidade muito apreciada. Entre os custos da telefônica, incluiu uma quantidade progressiva de pagamentos mensais, a destinatários fixos e com a peculiaridade de nada fornecerem à empresa.
 
As inquietações da moeda dificultam a citação de valores. Mas não inferiorizam a ideia de que mesmo hoje seria alta a verba dada, mês a mês, a cada um dos deputados admitidos à gentileza. Seria injusto com Eduardo Cunha e com os deputados restringir essa cadeia da felicidade a políticos. O segmento da comunicação teve também o seu reconhecimento, com uma corrente de jornalistas, pessoal de TV e rádio, sem discriminação contra alguns dirigentes e mesmo proprietários. Eduardo Cunha e a Telerj promoviam a melhoria da renda per capita.
 
A interrupção do governo Collor deixou sobrevida pequena a Eduardo Cunha no meio oficial, durante o governo Itamar Franco. Mas sua ascensão na iniciativa privada, e põe iniciativa nisso, não foi menos veloz. Eduardo Cunha aproximou-se de Jorge Serpa, expoente, por décadas, em intermediação do poder econômico com o poder político. Não é lobby, é uma atividade em altos níveis, no mundo sigiloso, quase sempre para procedimentos que contornem as vias e soluções convencionais em negócios.
 
Basta um episódio para bem ilustrar a nova escala de Eduardo Cunha. Jorge Serpa e ele foram os principais criadores da nomeação, muito improvável, de um novo desembargador federal. Era um ex-assessor de Cunha, como advogado do departamento jurídico da Telerj. Ao desembargador ficou atribuída, no mundo dos sigilos, a rota misteriosa em que entrou o processo protagonizado por Eduardo Cunha e pelo doleiro argentino Jorge La Salvia, ex-procurador de PC Farias em determinadas transações.
 
O processo resultou da constatação de práticas originais na Cehab, presidida por Cunha no governo Garotinho. Uma dessas criações consistiu em negociar com cartórios a realização das escrituras referentes aos terrenos e a 140 mil moradias. Os compradores perdiam o desconto, dado a pessoas de renda baixa, outros o recebiam, e ainda havia o pagamento do cartório pela escolha. La Salvia, como o colega brasileiro, apareceu depois em mais inquéritos.
 
Eduardo Cunha não faltou, também, a quem preferisse assunto mais propriamente policial. Genro, em seu primeiro casamento, do coronel Dytz –um daqueles tantos coronéis que povoavam os palácios no governo Figueiredo, Dytz para comprar e vender cavalos do general– Cunha teve à época uma vida familiar conflituosa. Na qual não faltou sequer uma arma de fogo em sua mão. Com a afirmação logo corrente, e não encontrada em noticiário algum, de que sua então mulher estava ferida, diziam, em uma perna.
 
Eduardo Cunha é um desconhecido, inclusive, da Lava Jato. Foram bloqueados R$ 220 milhões seus. Em junho. Desde então, não acharam um centavo que fosse bloqueável. A Lava Jato diz que o dinheiro de Eduardo Cunha equivale a 53 vezes o declarado ou identificado. Ninguém, a não ser o próprio, sabe quanto Eduardo Cunha tem, em que lugares está distribuído o que tem, e que bens possui. É o desconhecido, afinal. 
Redação

11 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Mas a Casa Grande o reconhece, é claro.

    Tanto isto é verdade que demoraram o máximo que puderam para fingir que o estavam prendendo.  

    E moldaram um jeito de prendê-lo em tudo parecido com um faz-de-conta, (se comparado com o jeitão brutamontes das prisões anteriores), substituindo as pesadas metralhadoras e uniformes de combate “adequadas” aos aprisionamentos até então,  por um desarmado  senhor com roupas civis . 

    Resultado de imagem para policiais prendem  cunha fotos

    1. Está estranhando o quê?
      Esta

      Está estranhando o quê?

      Esta é a lava rato. Depois dizem que são imparciais.

      Só prenderam o cunha, antes devem ter pedido mil desculpas, porque estava ficando feio demais.

      Os verdadeiros traidores do país são a força tarefa da lava rato e o poder judiciário. Nos dois casos não tem ninguém que tenha sido eleito pelo povo. Nem por isto se acanharam em destruir o país com o claríssimo objetivo de levar o psdb ao poder central.

      Deu errado, por enquanto, porque os pilantras do pmdb não são tão idiotas quanto os do PT.

      Vem aí a lei de abuso de autoridade. Ainda acho que vão pagar caro.

  2. Mas seus efeitos são

    Mas seus efeitos são reais…

    Destituição de uma presidenta e por isso tudo estima-se que a venda de veículos poderá demorar quase uma década para retornar aos patamares de 2014!

    Para não dizer das vidas que foram alcançadas pelo desemprego dentro de uma recessão!

  3. O pior cego ?!

    ” (…)Eduardo Cunha é um desconhecido ( …) .Mesmo do jornalismo, dos que se intitulam cientistas políticos, da polícia até, como da Justiça. A esses setores que têm a atenção por ofício, porém, Eduardo Cunha não negou oportunidades desde a sua primeira fatia de poder de influência”. Janio, ao menos reconhece a “cegueira” da mídia, ao contrário do Clovis Rossi em artigo semelhante que só aponta o “olho branco” feito pelos parlamentares ao histórico de Eduardo Cunha ao longo de décadas. No caso da mídia foi incompetência ou falta de interesse nesse personagem “desconhecido”??

  4. E “comentaristas de política”

    E “comentaristas de política”, como a Cristiana GLobo, fazem questão de esconder todo esse passado de Cunha, inclusive o fato de ter se casado com uma ex-jornalista da emissora, sua atual mulher, bastante favorecida pelas falcatruas do marido. E principalmente escondem o óbvio, que toda a mídia internacional estampou nas manchetes quando da prisão de Cunha: ele foi o protagonista da destituição de Dilma.

  5. Elemento

    Esse tipo de criatura só prospera num pais onde as auroridades (e o povo!) não são patriotas. Onde vive gente que não tem amor ao território pátrio. Lugar de povo sectário e midiotizado. Moradia de sociedade de castas fascista.

    Falta muito para deixarmos de ser macacos!

    1. penso por aí também…

      por isso também acredito que só o que é escondido pode ser respeitado…………………….

      mídia brasileira nos forjou assim e a pedidos

      qualquer dúvida, considere o como e o porque de não conseguirem, mídia, afetar nossas crianças

      são incapazes de esconder segredos………………………………….proteção natural da criação natural

      bypassam o escondido ou segredo, criando realidades paralelas, só delas………………………………………………….

      toda criança é a última chance dada a Deus, como conhecido pela maioria dos humanos

       

  6. Tenho nojo de toda elite, intelectual, política, econômico…

    Todos omissos, silenciam diante de crimes e se consideram dignos de algum alento.

  7. Por que o blog teima em fazer

    Por que o blog teima em fazer a propaganda da tal revista semanal “olha”? uma publicação criminosa. Há anos – desde a publicação do caso pelo Nassif em todos os meus expediente uso de outras expressões como: olhe, leia, assista, sinta, perceba, descubra, a se ver…etc… “LEIA A SEGUIR”  fica, inclusive, mais elegante….

  8. Cunha & Cia.

    Memórias, de PC Farias a Cunha

    CLÓVIS ROSSI

    “… nada que venha do mundo político me espanta. Passei da idade das ilusões. Convivi com esse mundo, por obrigação profissional, tempo suficiente para esperar o pior dele, salvo em raros momentos. Na verdade, o que me espanta são os ataques à Operação Lava Jato. Não os que partem da classe política, porque, como Cunha bem avisou a propósito de sua cassação, qualquer um de seus pares poderia ser alcançado.

    Logo, é natural que tentem se defender preventivamente, atacando seus presumíveis algozes.

    O que me espanta, na verdade, são comentários de personalidades pelas quais cheguei a ter respeito e até admiração que se juntam ao que há de pior na política para tentar atacar a operação, quando ela começa a lancetar esse câncer que é a promiscuidade entre políticos e empreiteiras.

    Criticar eventuais abusos é saudável, mas o ataque sistemático e desabrido soa como uma reabilitação póstuma de PC Farias e de seus sucessores. “

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador