Cunha fraudou o áudio e culpou a Polícia Federal para vencer disputa na Câmara?

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Jornal GGN – Teria o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) fraudado o áudio que associa seu nome aos casos de corrupção investigados na Operação Lava Jato apenas para se fazer de vítima? A versão do peemedebista é que a “cúpula da Polícia Federal” é a autora do áudio que ele denunciou ao Ministério da Justiça essa semana. Mas a tentativa de “cavar um pênalti” em benefício próprio para garantir a vitória na disputa pela presidência da Câmara foi destacada, na quarta (21), pelo deputado Paulo Teixeira (PT). A CartaCapital recuperou o histórico de Cunha, que já foi acusado antes de falsificar documentos.

Eduardo Cunha, falsificador?

Da CartaCapital

Por André Barrocal

Líder do PMDB na Câmara se diz vítima de grampo forjado, mas já foi processado por uso de documentos falsos. ‘Ele se jogou na área para cavar pênalti’, diz deputado

O deputado Eduardo Cunha, líder do PMDB, acredita ter tido seu nome envolvido no esquema do doleiro Alberto Youssef graças a uma armação destinada a impedi-lo de conquistar a Presidência da Câmara em fevereiro. Na terça-feira 20, ele mandou ao Ministério da Justiça cópia de um áudio a indicar uma tentativa de chantagem contra ele e pediu que se investigue a origem do grampo. A gravação mostra a conversa entre o que parecem ser um assessor de Cunha e um achacador. O parlamentar diz ter recebido o material das mãos de um policial federal junto com a informação de que era uma fraude planejada na cúpula da Polícia Federal para prejudicar o parlamentar.

A boa qualidade do áudio de uma suposta conversa telefônica e a artificialidade do diálogo – o áudio está disponível na internet – levantam a suspeita de que se trata realmente de algo forjado. Mas haveria de fato uma perseguição contra o peemedebista nos altos escalões da PF, para evitar a chegada ao comando da Câmara de um nome indesejado pelo Palácio do Planalto? Ou a explicação seria outra? Quem sabe não teria sido o próprio deputado o responsável pelo áudio, montado com o objetivo de salvar sua candidatura e de tentar safar-se das apurações do esquema de Youssef?

A desconfiança é alimentada pelo currículo do parlamentar. Em 2010, Cunha foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Federal por uso de documentos falsos. O material fajuto foi utilizado em 2002, quando ele se defendia, perante o Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, da acusação de ter cometido irregularidades à frente da companhia estadual de habitação, a Cehab. O deputado teria fraudado licitações para favorecer a construtora de um colega de partido (na ocasião, Cunha era do PPB, hoje PP). A acusação provocou a demissão de Cunha da Cehab.

A falsidade dos documentos foi atestada pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli em 2008. O autor da farsa foi o subprocurador de Justiça do Rio no ano 2002, Elio Fischberg. Ele forjou a assinatura de colegas procuradores em alguns documentos e inventou um outro documento, atribuído ao Conselho Superior do Ministério Público. Com base em toda esta papelada, Fischberg emitiu uma certidão posteriormente usada por Cunha para ser inocentado no TCE.

O Ministério Público Federal viu conluio entre Fischberg, Cunha e o advogado deste na época, Jaime Cukier. Os três viraram réus na Justiça. O primeiro foi condenado em agosto de 2012, expulso do MP, multado em 300 mil reais e obrigado a prestar serviços comunitários. Cukier foi absolvido por falta de provas.

Como Cunha é deputado, seu processo foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em outubro de 2013, a corte abriu a ação penal 858 contra ele. A Procuradoria Geral da República (PGR) sustentou que Fischberg produziu os papéis falsos a pedido de Cunha, como mostrariam petições assinadas pelo deputado a solicitar a certidão emitida pelo ex-subprocurador.

Para a PGR, não haveria razão para Fischberg ter cometido a fraude por conta própria. “É verdade que não há como formar certeza absoluta de que o acusado entrou em conluio com Elio Fischberg para a produção dos documentos falsos”, diz a PGR na ação. “Mas é ainda mais verdade que, de acordo com as provas dos autos, o grau de probabilidade de ele ter entrado é altíssimo e que qualquer alternativa de configuração dos fatos simplesmente não faz sentido, caindo na chave de uma possibilidade frívola, de uma conjectura fantasiosa.”

Em agosto do ano passado, o STF arquivou o caso, por entender que não havia prova de que o parlamentar soubesse da falsidade dos documentos.

Por causa das investigações do esquema de Youssef, a PGR colocou de novo a mira em Cunha. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o procurador-geral, Rodrigo Janot, planeja pedir a abertura de um inquérito contra o deputado assim que o STF voltar do recesso, em fevereiro. O inquérito serviria para aprofundar a apuração de uma informação de que o parlamentar teria recebido dinheiro de Youssef por meio do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Seria deste policial a voz chantagista gravada no áudio entregue por Cunha ao Ministério da Justiça.

A pedido do ministério, a PF abriu um inquérito para investigar o grampo. Em nota pública, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal diz repudiar “veementemente a mera suposição” de que “alguém da cúpula da Polícia Federal tenha, a mando do governo, forjado gravação com o objetivo de prejudicar uma das candidaturas à presidência da Câmara dos Deputados”.

Ex-líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Teixeira (SP) lançou dúvidas sobre a motivação por trás da iniciativa de Eduardo Cunha. “Sentindo a derrota para a presidência da Câmara, inventa um factoide e atira-se na área para cavar um pênalti. Cartão amarelo!”, escreveu no Twitter na terça-feira 20.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

32 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Em teoria

    Porque o STF não aplicou a Teoria do Domínio do Fato para enquadrar o Deputado Cunha?

    Ou será que a tal teoria só pode ser utilizada para condenar determinadas pessoas?

  2. Ninguém se dá ao respeito

    Nassif,

    A surpresa não é o fato de o deputado ter ou não fraudado o áudio e culpar a PF.

    Fraude documental não é nenhuma novidade na vida política do deputado, novidade mesmo é deixá-lo na perspectiva de ser presidente da Câmara, isto é que é, de fato, surpreendente.  

    Uma personagem que tem contra si diversos processos judiciais que o Judiciário, sempre ele, coloca debaixo do armário, ou seja, um político que, em tese, não pode ser ficha limpa de jeito nenhum está na linha de frente para ser o 3º da República. Em resumo, nem o Judiciário e nem o Legislativo se dão ao respeito.

    Se a Grobo chamou o Molina ” míssil bolinha de papel” para analisar a fita, e divulgou a opinião do perito, fraude grosseira, é porque já sabe que o seu amigo da onça não vence.

  3. A novidade não é a nova

    A novidade não é a nova fraude de Cunha. É o espaço que os jornalões dedicaram a sua denúncia. A grande mídia brasileira esta parecendo pessoa traída: é sempre a última a saber. Quando o fato é contra o governo, que fique bem entendido.

     

  4. “STF arquivou o caso, por

    “STF arquivou o caso, por entender que não havia prova de que o parlamentar soubesse da falsidade dos documentos”:

    Sem comentarios…

     

    No mais, acabei de ouvir a gravacao de novo so pra ter certeza.  Tenho.  Recomendo escutarem tambem, pois isso eh trabalho tecnico que policia faz:

    Cunha lança a “Operação Me Lavem, a Jato”

    20 de janeiro de 2015 | 18:41 Autor: Fernando Brito

     

    Essa conversa NAO eh uma conversa telefonica.  O telefone era prop.  A conversa foi gravada ao vivo.  Tem frequencias e alturas especificas de um grampo que simplesmente nao estao presentes nessa gravacao, e o som do background eh SOM AMBIENTE MESMO e nao apresenta caracteristica nenhuma de background de chamada telefonica.

    Por exemplo, em “voce sabe os contatos” voce ouve a LINGUA do “assessor” estalar no primeiro “t” de “contatos”.  Ao fim de “Tenha calma, por favor” voce escuta a BOCA do “achacador” abrindo pra dizer “Eh, meu amigo”!  A palavra “tranquilidade” esta repetida identicamente depois de um click que pode fazer sentido se for um corte ou editagem OU a fala ta tao decorada que o monotone eh o mesmo.  Em “porque, porra”, de novo voce escuta o estalar DOS LABIOS no “p” de “porra”.  Em “O Cunha ta bem, cara” voce nitidamente ouve uma respiracao que nao eh e nem poderia ser de nenhum dos dois, portanto havia uma terceira pessoa perto do “achacador”. Em “a gente ta por telefone, voce sabe dos problemas que nos temos” de novo voce escuta a respiracao de uma terceira pessoa. e em “temos”, mesma sentenca, voce ouve nitidamente alguem sussurrando alguma coisa pro “assessor”.  Em “Por medidas de seguranca”, de novo ha uma terceira pessoa sussurrando alguma coisa.

    Perdoe me por suspeitar que a terceira pessoa era o PROPRIO Cunha se deliciando na direcao teatral

    Se tivesse equipamento tambem poderia mostrar pra voces que os volumes estao todos naturais, caracteristica que nao acontece em uma chamada telefonica -que eh “compressed” nos picos de ambos altura e frequencias extremas por razoes tecnologicas.

    Isso nao eh material de grampo nem aqui nem na China.

    Minha analise tecnica eh final e terminante:  eh fraude.  E eh Freud…

    Mencionano Freud de novo:  “ELE LHE TELEFONA” ao fim da gravacao..  Nao da pra deixar passar nao.

    1. Por sinal, lembram da cena da

      Por sinal, lembram da cena da carroca em (salvo engano) Gone with the Damn Wind, Dear”?  Ela teve que ser redublada porque nao havia movimento nenhum nas vozes, era como se eles estivessem em uma cabine de som fazendo dublagem.  Entao eles regravaram a dublagem em cima de uma “carroca” com um monte de gente a balancando pra la e pra ca pras vozes dos dois atores refletirem a realidade.

      Chegando ao ponto:  as vozes dessa gravacao nao refletem nem sequer um unico movimento do braco!  Os dois falantes estao completamente imoveis!

      Nao faz sentido nenhum.

    2. A importancia de lembrar  da

      A importancia de lembrar  da gravacao da carroca eh essa:  nao ha movimento nenhum refletido nas vozes, eles estao supostamente em ambientes separados e “conversando ao telefone”, ambos estao completamente imoveis, ambos estao falando de corrupcao, e no entanto ambos ttem alguem sussurrando em seus ouvidos!

      Nao da pra acreditar, eh impossivel.  Nao eh infinitamente mais demonstravel que ambos estao no mesmo lugar com UMA pessoa fazendo a direcao cenica?

      1. Nao eh.  E nao eh preciso

        Nao eh.  E nao eh preciso analise de spectro, embora ajudasse em muito.

        Overmiking nao ocorre com telefone, ponto final.  Em caso de “defeito”, digamos, seria impossivel o overmiking acontecer em ambos os lados de uma chamada telefonica:  isso eh impossivel.  Supondo que pelo menos um lado estivesse overmiked, nao haveria razao no mundo pra voce escutar subsons ambientes (lingua estalando, boca abrindo) em ambos os lados da chamada.  E a terceira pessoa sussura para ambos os ladosda suposta chamada telefonica..

        Esse “grampo” bem pode levar Cunha a ser cassado.

      1. SIM.  TODOS ELES.  A

        SIM.  TODOS ELES.  A CARIOCADA INTEIRA DEVE EXPLICACOES AO BRASIL.

        Pra variar, agora temos DOIS estados que devem explicacoes ao Brasil.  E as de Sao Paulo nao vao vir tao cedo…

  5. Um grampo “sem noção”… Onde estão os bandidos?

    Por que será que esse episódio me faz lembrar o grampo sem áudio entre Gimar Mendes e Demóstenes Torres?

    Recordar é viver.

     

     

    Grampo sem áudio: a suspeita que não pode ser esquecida

     QUA, 28/03/2012 – 21:38ATUALIZADO EM 10/04/2012 – 12:33

    Atualizado às 10:25 do dia 23/03/2012

    1. No episódio do grampo dos Correios,  revista Veja se aliou a Carlinhos Cachoeira para expulsar uma quadrilha concorrente do bicheiro. No capítulo “O Araponga e o Repórter”, da série “O caso de Veja”, descrevo essas relações promíscuas.

    2. No caso do grampo sem áudio – o suposto grampo de uma conversa entre Demóstenes e o então presidente do STF Gilmar Mendes -, mostra-se a relação espúria Demóstenes-Veja.

    3. Agora, a operação Monte Carlo, mostra as relações de Demóstenes e Carlinhos Cachoeira, inclusive revelando que o bicheiro era informado sobre movimentos políticos de Demóstenes, conforme matérias de hoje.

    Insisto na questão: vai-se varrer para baixo do tapete uma suspeita de crime que envolveu todos os poderes da República, o do grampo sem áudio? Até onde foram as relações Veja-Demóstenes-Carlinhos?

    À medida em que vão sendo reveladas as influências políticas múltiplas do bicheiro Carlinhos Cachoeira, é hora de tirar outros fantasmas do armário. Especialmente enquanto vai se desnudando a imagem pública do senador Demóstenes Torres.

    Um deles talvez seja a mais grave suspeita a pairar sobre a política brasileira: a de que foi engendrada uma falsificação envolvendo o próprio presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a maior revista do país, dando munição para uma CPI, servindo de instrumento de ameaça ao próprio presidente da República. Uma armação que, na história do país, tem o mesmo nível do Plano Cohen e das Cartas Brandi.

    Trata-se do grampo sem áudio da conversa de Demóstenes Torres com Gilmar Mendes divulgado pela revista Veja.

    A suspeita mais forte é a de que houve uma ligação de Demóstenes para Gilmar, acompanhada presencialmente por um repórter da Veja. O repórter teria anotado em detalhes as falas de Demóstenes; mas de Gilmar captou apenas frases curtas e soltas, conforme pode-se perceber na reconstituição do diálogo. Além disso, quem liga é Demóstenes, é ele quem dá o mote para a conversa. O que reforça a suspeita de que a transcrição só tinha acesso à fala de Demóstenes – por estar assistindo e anotando a conversa – e reconstituiu posteriormente a de Gilmar.

    Aparentemente, Gilmar foi o incauto nessa história e acabou endossando a farsa, inebriado que estava pela catarse montada em torno da Satiagraha, que o colocou no centro de todos os holofotes.

    É uma suspeita que não pode ser varrida para baixo do tapete. A CPI do Grampo foi prorrogada devido a esse episódio. Nem parlamentares, nem Ministério Público Federal nem Polícia Federal têm o direito de ignorar essa farsa.

    Aqui, a íntegra da conversa captada pelo suposto grampo:

    Gilmar Mendes – Oi, Demóstenes, tudo bem? Muito obrigado pelas suas declarações.

    Demóstenes Torres – Que é isso, Gilmar. Esse pessoal está maluco. Impeachment? Isso é coisa para bandido, não para presidente do Supremo. Podem até discordar do julgado, mas impeachment…

    Gilmar – Querem fazer tudo contra a lei, Demóstenes, só pelo gosto…

    Demóstenes – A segunda decisão foi uma afronta à sua, só pra te constranger, mas, felizmente, não tem ninguém aqui que embarcou nessa “porra-louquice”. Se houver mesmo esse pedido, não anda um milímetro. Não tem sentido.

    Gilmar – Obrigado.

    Demóstenes – Gilmar, obrigado pelo retorno, eu te liguei porque tem um caso aqui que vou precisar de você. É o seguinte: eu sou o relator da CPI da Pedofilia aqui no Senado e acabo de ser comunicado pelo pessoal do Ministério da Justiça que um juiz estadual de Roraima mandou uma decisão dele para o programa de proteção de vítimas ameaçadas para que uma pessoa protegida não seja ouvida pela CPI antes do juiz.

    Gilmar – Como é que é?

    Demóstenes – É isso mesmo! Dois promotores entraram com o pedido e o juiz estadual interferiu na agenda da CPI. Tem cabimento?

    Gilmar – É grave.

    Demóstenes – É uma vítima menor que foi molestada por um monte de autoridades de lá e parece que até por um deputado federal. É por isso que nós queremos ouvi-la, mas o juiz lá não tem qualquer noção de competência.

    Gilmar – O que você quer fazer?

    Demóstenes – Eu estou pensando em ligar para o procurador-geral de Justiça e ver se ele mostra para os promotores que eles não podem intervir em CPI federal, que aqui só pode chegar ordem do Supremo. Se eles resolverem lá, tudo bem. Se não, vou pedir ao advogado-geral da Casa para preparar alguma medida judicial para você restabelecer o direito.

    Gilmar – Está demais, não é, Demóstenes?

    Demóstenes – Burrice também devia ter limites, não é, Gilmar? Isso é caso até de Conselhão.

    (risos)

    Gilmar – Então está bom.

    Demóstenes – Se eu não resolver até amanhã, eu te procuro com uma ação para você analisar. Está bom?

    Gilmar – Está bom. Um abraço, e obrigado de novo.

    Demóstenes – Um abração, Gilmar. Até logo.

     

  6. Por Jorge Furtado

    Texto que publiquei em meu blog, em 6 de julho de 2009, quando a Polícia Federal comcluiu que grampo sem áudi não existe. 

    A gravação sem som e a ficha sem papel

     

    Quem armou a fraude do grampo sem áudio Gilmar-Demóstenes, capa da Veja?

     
    Quem armou a fraude da ficha digital de Dilma Roussef, capa da Folha?
     
    O mais alto juiz da nação provocou uma crise institucional (1) com base no que ele agora chama de denúncia “extremamente verossímil”, grandes jornais e revistas publicam em suas capas não os fatos, mas sim aquilo que dizem não poder “afirmar não ter acontecido”, testando hipóteses que, dizem, “não podem ser descartadas”.
     
    “Não se pode afirmar que não sejam” cúmplices do crime de fraude, no caso do grampo sem áudio, os ministros Gilmar Mendes e Nelson Jobim, bem como o senador Demóstenes Torres, do DEM e a revista Veja.
     
    “Não se pode afirmar que não tenham sido”, nesta fraude, amplamente apoiados por todos os grandes veículos de comunicação do país.
     
    “Não se pode descartar a hipótese” da ficha digital de Dilma Roussef, que Folha afirmou ter saído dos porões da ditadura brasileira, ter sido criada no departamento de arte do jornal.
     
    “Não se pode descartar a hipótese” da Folha ter publicado a fraude sabendo que era uma fraude.
     
    É “extremamente verossímil” que o que parece ser mentira e manipulação para favorecer um determinado grupo político seja exatamente o que parece ser.
     
    **********
     
    No momento em que a Polícia Federal, depois de 10 meses procurando cabeça em chifre de cavalo (quanto nos custou esta investigação?), conclui o óbvio, grampo sem áudio não existe, é bom reler este trecho do depoimento do ministro Nelson Jobim à CPI dos Grampos, em 6 de novembro de 2008:
     
    O SR. NELSON JOBIM – Veja, deputado, há um dado importante: tanto o Ministro Gilmar Mendes quanto o senador Demóstenes confirmam o diálogo.
     
    O DEPUTADO LAERTE BESSA – Confirmam.
     
    O SR. NELSON JOBIM – Logo, o diálogo houve. Se o diálogo houve, e confirmado pelos próprios integrantes, houve a gravação. E, se houve a gravação, a gravação foi ilícita.
     
    O DEPUTADO LAERTE BESSA – Foi ilícita.
     
    O SR. NELSON JOBIM – Então, não há que se discutir mais ter havido isso.
     
    Como agora se sabe, não há mesmo que se discutir ter havido isso. E agora? Como é que fica?
     
    Jorge Furtado
     
    (1) “Num país em que o presidente do Supremo Tribunal Federal se vê objeto de escutas telefônicas clandestinas, não há dúvida de que o direito à privacidade, garantia fundamental num regime democrático, encontra-se ameaçado.” Abertura do editorial da Folha de São Paulo, 12/09/08.

     

    http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/grava%C3%A7%C3%A3o-sem-som-e-ficha-sem-papel

    1. Existiu o grampo e o aúdio e foi gravado por Carlinhos Cachoeira

      Luciano Prado,

      Não sei porque se insiste em dizer que houve o grampo sem audio numa conversa entre Gilmar Mendes e Demostenes se todo mundo veio a saber que o telefone de Demóstenes era um telefone grampeado de Carlinhos Cachoeira.

      O grampo existiu e tudo foi gravado e, portanto, existe o audio.

       O fato de isso não ser divulgado é que para mim não faz sentido e nem faz sentido alguém sabendo que o telefone de Demóstenes fora doado por Carlinhos Cachoeira insiste em dizer que a conversa de Gilmar Mendes com Demostenes não fora gravada.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 28/01/2015

  7. a farsa contínua…

    é que faz do farsante um especialista ou perito

    atentem para o diálogo

    vai direto ao ponto, porque provavelmente passou pela mão de um especialista

    não resiste a um perito criminal federal, se a pedido da própria Presidência

  8. Paralelo

    Eduardo Cunha me faz lembrar o deputado Barreto Pinto, da época Vargas. Vulgar, politico do tipo balconista (seria lobista hoje), chamavam-lhe “palhaço da constituinte” devido a seu histrionismo épico. Segundo  Lira Neto, foi o primeiro parlamentar brasileiro a perder o mandato, durante o governo de Eurico Gaspar Dutra. Eduardo Cunha, com seus arroubos a la Demostenes, pode também ter o mesmo fim melancolico de Barreto Pinto.  

    1. Pessoalmente, eu adoraria

      Pessoalmente, eu adoraria saber se “possibilidade click possibilidade” eh ou nao eh editado ou robotizado pelo ator..

  9. com um histórico desses,

    com um histórico desses, cunha deveria ser cassado ou

    pelo menos estar detido.

    nunca ser candidato ao cargo máximo da camara.

    fora, cunha.

  10. O que seria mais vergonhoso a
    O que seria mais vergonhoso a PF montar uma fraude ou a PF montar uma fraude tão fajuta igual a essa? Até para ser pilantra, tem que ter talento. Nessa o Cunha me decepcionou.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador