Delator corrige informação e diz que repasse não foi para Duque e Barusco

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O empresário da Setal retifica o depoimento prestado anteriormente e diz que os US$ 6 milhões foram, na verdade, para contas de suas empresas no exterior
 
 
Jornal GGN – Um dos delatores da Operação Lava Jato, o empresário Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Setal, mudou a versão do seu depoimento anterior e, nesta quinta-feira (27), disse que a quantia de US$ 6 milhões, depositados no exterior entre 2009 e 2012, não foi propina paga ao ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque, e ao ex-gerente da estatal, Pedro Barusco, mas depositado para contas internacionais de sua própria empresa.
 
Na semana passada, os advogados do empresário fizeram a retificação. O juiz Sérgio Moro convocou, então, Augusto Mendonça para fazer a “correção” do seu depoimento. Na versão anterior, Mendonça dizia que o montante foi repassado por meio de contas de “empresa de fachada”, do operador Adir Assad, até que chegasse às mãos de Duque e Barusco. Os dois são apontados de ligação com o PT no esquema de corrupção da Petrobras.
 
De O Globo
 
Empresário muda versão e diz que dinheiro enviado ao exterior não era para Duque
 
Por Germano Oliveira
 
Segundo Augusto Mendonça, os US$ 6 milhões enviados para fora do país eram de sua empresa
 
O empresário Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Setal, um dos delatores da Operação Lava-Jato, mudou nesta quinta-feira, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, a versão que havia dado anteriormente sobre o destino de US$ 6 milhões (aproximadamente R$ 21,3 milhões), depositados no exterior entre os anos de 2009 e 2012. Em depoimento anterior, Augusto Mendonça disse que esse dinheiro teria sido depositado em contas de empresas de fachada do operador Adir Assad para que o dinheiro chegasse às mãos de Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) e de Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobras), como propinas dos negócios na estatal. Em depoimento para corrigir essa informação, Mendonça disse que o dinheiro foi enviado para o exterior para contas de sua própria empresa.
 
O juiz Sérgio Moro convocou Augusto Mendonça para que ele fizesse a “correção” em seu depoimento, já que sua própria defesa fez a retificação em petição encaminhada a ele na semana passada. Nesta quinta-feira, Moro quis saber se o empresário havia repassado dinheiro a diretores da Petrobras, usando contas de Adir Assad, como a Rock Star e a Soterra. Mendonça confirmou que sim, mas disse que ao falar sobre os US$ 6 milhões, ele havia se equivocado.
 
“O senhor me perguntou se todos os recursos do Assad se destinavam a Renato Duque ou ao Pedro Barusco. Eu disse que sim. Mas depois disso, eu fui verificar e vi que os dados bancários se referiam a uma empresa nossa. Então uma parte dos recursos que transitaram pela Soterra, Rock Star, do Adir Assad, não se destinaram ao Duque, mas a uma companhia nossa”, disse Mendonça ao juiz.
 
Segundo Mendonça, esse dinheiro foi depositado em uma conta da Setal no Royal Bank do Canadá, agência de Montevidéu, em nome de uma empresa chamada Sanny Invest. “Essa conta já foi encerrada e o dinheiro que estava lá foi transferido para uma outra conta no Banco UBS, na Suíça, em nome de uma empresa nossa chamada Verank Lunk”.
 
“O senhor usou essa empresa para pagar propinas a dirigentes da Petrobras?”, perguntou Moro.
 
“Não senhor”, respondeu Mendonça.
 
O juiz, então, quis saber qual foi a conta que recebeu esses recursos no exterior para o pagamento de propinas a diretores da Petrobras.
 
“Foram depositados na conta da Marinelli (conta na Suíça do operador Mário Goes)”, respondeu Mendonça.
 
Ao juiz, Mendonça confirmou que depositou R$ 38 milhões entre 2009 e 2012 nas contas de Adir Assad, como a Legend, Soterra, Rock Star, SM e Port-Tem, destinados ao pagamento de propinas a dirigentes da Petrobras, são resultado de obras na estatal.
 
“E por que o senhor não falou isso antes?”, questionou o juiz.
 
“Porque depois que o senhor me mostrou os papeis na outra audiência, eu fui ver melhor”, justificou-se Mendonça.
 
Essa não foi a primeira vez que um delator da Lava-Jato mudou de versão. No mês passado, o delator Júlio Camargo disse que pagou, em 2011, US$ 5 milhões de propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como parte no negócio do aluguel, pela Petrobras, de dois navios-sonda da Samsung, na Coreia, nos anos de 2006 e 2007, pelo valor de US$ 1,2 bilhão.
 
O negócio, segundo Camargo, foi intermediado pelo operador Fernando Soares, o Fernando Baiano, que seria “sócio-oculto” de Cunha, e que teria recebido outros US$ 5 milhões na operação. Em depoimento na Procuradoria -Geral da República no começo do ano, Camargo não envolveu o nome de Cunha na transação. Cunha disse que Camargo foi pressionado pelos procuradores a mudar a versão. O presidente da Câmara nega ter recebido a propina.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

15 Comentários

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  1. Pode ate estar documentado e

    Pode ate estar documentado e tudo mais.  Soa verossimil tambem.

    Que ta com cheiro de armacao interna da PF/judiciario, isso ta!

  2. Porque será que ninguém se

    Porque será que ninguém se interessa pelo que esse delator (vide vídeo) tem a dizer?

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?t=280&v=vU0mfiDJ4p4%5D

     

    Era assim em Terras Imperiais do Baladeiro do Baixo Leblon. O que me espanta é a omissão e a total imobilidade dos deputados do Bloco Minas Sem Censura que ainda não convidaram esse senhor para dizer ALTO E BOM SOM em plenário da Casa tudo que ele sabe sobre o Aócio(DEPENDENTE CÍNICO DAS DROGAS DA DISSIMULAÇÃO E DO ENGODO).

     

     

     

  3. Até chegar ao STF tudo isso

    Até chegar ao STF tudo isso vai estar com tantos furos que nem vai poder ser  aproveitado tamanha a picaretagem que rola pelo Guantánamo paranaense.

  4. Até chegar ao STF tudo isso

    Até chegar ao STF tudo isso vai estar com tantos furos que nem vai poder ser  aproveitado tamanha a picaretagem que rola pelo Guantánamo paranaense.

  5. Os novos colaboradores da Jostiça Brasileira

    Os novos colaboradores da Jostiça Brasileira

    A Jostiça Brasileira ganhou no ano passado um novo tipo de profissional, o ‘colaborador premiado.

    Eles são muito persistentes e estão a toda hora verificando seus papéis, suas anotações, seus documentos. Nunca estão satisfeitos com o quanto já colaboraram e, assim, num perfeccionismo exacerbado, estão sempre procurando melhorar cada vez mais a Jostiça Brasileira.

    É verdade que ganham muito bem, em “pacotes de descontos premiados” de liberdade e também em “pacotes de dinheiro mesmo”, de comissões, bem lavadas pela Jostiça, sobre grana roubada dos cofres públicos. Assim, depois de um, dois ou três anos de trabalho colaborativo, saem, bem aposentados, com tempo e muito dinheiro para desfrutar da liberdade. 

    VIVA O BRASIL!

    —————————–

    (*) Jostiça = Josta de Justiça 

  6. até hoje encucado com um detalhe…

    se alguém me pergunta algo e eu respondo, não estou delatando

    e ainda há quem defenda que a coisa toda é espontânea

  7. COXINHA TEM MIOLO MOLE!

    Com a nova lei (petista) anticorrupção, os subornadores privados dos funcionários públicos são, agora, alcançados com punição qualificada. Mas, pela nova metodologia paranaense, se eles delatam o nome certo sabem que vão cumprir 1/6 da pena de 6 anos de prestação comunitária de 30 horinhas semanais ao invés dos 15 anos de tranca pela lei petista; percebem quem devem dedurar, observando quem é prejudicado pela mídia nos vazamentos seletivos. Veja bem: é menos de um ano fazendo palestras nos finais de semana! Mas, o dinheiro “não localizado” residual, como no caso do yussef, que pouco depois da primeira delação com o moro em 2004 já estava comprando até avião, garante a aposentadoria ou uma alavancagem nos negócios. Coxinha é otário mesmo e, como não tem osso, muito menos tem coluna vertebral…

  8. É por essas e outras que a

    É por essas e outras que a presidente Dilma, sàbia e corajosamente afirmou: “não confio em delator”. Enquanto as versões dos delatores foi útil para incriminar petistas ou pessoas com ligações com o PT ou com petistas importantes, a imprensa sempre as tratou como verdade absoluta. Há evidências de que o magistrado reponsável por julgar os processos decorrentes da Lava Jato direcionou os depoimentos dos delatores, de modo a preservar figuras do espectro político da oposição, centrando fogo no PT, e em figuras de partidos considerados ‘aliados’ do GF. O juiz Alexandre da Rosa já demonstrou que tanto o magistrado, os promotores/procuradores, os policiais federais, assim como os delatores e os advogados destes são ‘jogadores’. E quem joga conhecendo as regras do jôgo, vai usá-las em benefício próprio. Os delatores negociam redução ou extinção de pena;  e os ‘descontos’ oferecidos pelos proponentes do acôrdo de delação dependem de quais personagens serão delatados e quais serão preservados. A alguns delatores o acôrdo prevê até vantagem pecuniária, com um percentual do que for recuperado, depositado em contas desses ditos “colaboradores’.

    Só para refrescar a memória; Alberto Youssef descumpriu acôrdo anterior e voltou a delinqüir; no acôrdo anterior ele jogou para eliminar os concorrentes. No lugar da punição, recebeu do MPF e do juiz Sérgio Moro a permissão para novo acôrdo, que está usando com maestria. Youssef está bem instruído, sabe quando e o que revelar, quem entregar, quem preservar, onde aclarar e onde enevoar. Youssef embora condenado formalmente, está em liberdade vigiada (prisão domiciliar), receberá um percentual do que for recuperado. Leiam o artigo de Mauro Santayana, para entender melhor a estratégia do delator-mor.

    Outros delatores podem vir a retificar o que andaram dizendo. Os advogados devem ter dados orientações aos clientes ‘colaboradores’. Outra razão para essas retificações é que a delação em si NÃO é prova definitiva. E se os delatores NÃO apresentarem provas definitivas do que disseram ou a PF e o MP não obtiverem essas provas, o jôgo pode sofrer reviravoltas. Os perdedores serão o Estado investigador, acusador e julgador (PF, MP, PJ) e os delatores que tentar(am ) (em)se mostrar mais espertos e levar mais vantagem do que o acôrdo lhes permit(ia)(e).

  9. É por essas e outras que a

    É por essas e outras que a presidente Dilma, sàbia e corajosamente afirmou: “não confio em delator”. Enquanto as versões dos delatores foi útil para incriminar petistas ou pessoas com ligações com o PT ou com petistas importantes, a imprensa sempre as tratou como verdade absoluta. Há evidências de que o magistrado reponsável por julgar os processos decorrentes da Lava Jato direcionou os depoimentos dos delatores, de modo a preservar figuras do espectro político da oposição, centrando fogo no PT, e em figuras de partidos considerados ‘aliados’ do GF. O juiz Alexandre da Rosa já demonstrou que tanto o magistrado, os promotores/procuradores, os policiais federais, assim como os delatores e os advogados destes são ‘jogadores’. E quem joga conhecendo as regras do jôgo, vai usá-las em benefício próprio. Os delatores negociam redução ou extinção de pena;  e os ‘descontos’ oferecidos pelos proponentes do acôrdo de delação dependem de quais personagens serão delatados e quais serão preservados. A alguns delatores o acôrdo prevê até vantagem pecuniária, com um percentual do que for recuperado, depositado em contas desses ditos “colaboradores’.

    Só para refrescar a memória; Alberto Youssef descumpriu acôrdo anterior e voltou a delinqüir; no acôrdo anterior ele jogou para eliminar os concorrentes. No lugar da punição, recebeu do MPF e do juiz Sérgio Moro a permissão para novo acôrdo, que está usando com maestria. Youssef está bem instruído, sabe quando e o que revelar, quem entregar, quem preservar, onde aclarar e onde enevoar. Youssef embora condenado formalmente, está em liberdade vigiada (prisão domiciliar), receberá um percentual do que for recuperado. Leiam o artigo de Mauro Santayana, para entender melhor a estratégia do delator-mor.

    Outros delatores podem vir a retificar o que andaram dizendo. Os advogados devem ter dados orientações aos clientes ‘colaboradores’. Outra razão para essas retificações é que a delação em si NÃO é prova definitiva. E se os delatores NÃO apresentarem provas definitivas do que disseram ou a PF e o MP não obtiverem essas provas, o jôgo pode sofrer reviravoltas. Os perdedores serão o Estado investigador, acusador e julgador (PF, MP, PJ) e os delatores que tentar(am ) (em)se mostrar mais espertos e levar mais vantagem do que o acôrdo lhes permit(ia)(e).

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