Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Lourdes Nassif

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  1. O Taxista e Marcelo Tas, igualdade da desconstrução

    Um dia após a condenação de Lula por Sergio Moro, um motorista de táxi me perguntou: contente com a condenação de Lula? Quando me ouviu dizer que não, ficou muito alterado e desfiou uma lista de crimes que teriam sido cometidos por Lula para justificar que o Brasil necessitava se livrar dele. Dia 17 de julho, o jornalista, escritor e apresentador de TV, Marcelo Tas, perdeu a costumeira fleuma no programa que coordena na GNT (Papo de Segunda), quando um dos seus companheiros referiu a falta de provas da propriedade do triplex, que fora o mote da condenação de Lula. Tas alterou-se e disse que o triplex era um crime menor e nem tinha importância, mas que Lula deveria ser condenado porque era o responsável pela recessão, por 13 milhões de desempregados, por toda a corrupção e também pelo governo Temer, uma vez que havia feito aliança com o PMDB.

    Lula tem mais de 50% de rejeição nas pesquisas de opinião, em que pese ser o pré- candidato com a maior intenção de voto, mas a pergunta que não quer calar é: por que o discurso de ódio contra Lula, que faz sentido a um motorista de táxi, é o mesmo do intelectualizado Marcelo Tas? Uma resposta ligeira e do gosto de todos seria que os motoristas de táxi “são assim” e que Tas é funcionário da Rede Globo (GNT), portanto, parece óbvio que se colocaria desta forma. Entretanto, estas explicações estão longe de dar lastro para ensaiar uma reflexão sobre a crise da esquerda, do PT, sobre o avanço de discursos conservadores, reacionários, racistas , machistas.

    O primeiro discurso exitoso contra Lula se expressou em um discurso contra Dilma, mais frágil politicamente, mulher, sem grande apoio no próprio PT, portanto mais fácil de atacar. Dilma foi o primeiro fator unificador do discurso da direita política brasileira em 2014. De fato o objetivo não era ela, mas o afastamento do PT e a retirada do perigoso e popular Lula do campo da disputa política. Inventaram as pedaladas fiscais, afastaram Dilma e não a incomodaram mais. A culpa de Lewandowski , que estava participando da farsa, resultou na não cassação dos direitos políticos da então presidenta.

    Afastar Dilma foi só um primeiro passo. Havia importantes políticas neoliberais de ajuste a serem feitas pelos representantes do capital financeiro, da FIESP e da banca internacional. Entre os aspectos centrais das políticas neoliberais, aqui e alhures, estão a retirada dos direitos sociais e a desqualificação das conquistas dos trabalhadores como privilégios. Para que possam ser implementadas, não bastam um golpe e um presidente fantoche, é necessário haver garantias a longo prazo de que não haverá reação do povo. Por isso, é necessário destruir o povo como agente político, como sujeito político coletivo. Esta é a grande missão dos que agora estão no poder, secundados por parte do judiciário e parte do ministério público. Não importa se a reforma da previdência não passar agora, interessa é que ela passe, no ano que vem ou em 2019. Mas é necessário derrotar o povo de forma cabal.

    O que Lula tem a ver com isto? Tudo. Lula foi e ainda é um grande líder popular, se identifica com as classes populares que, durante seu governo, viram mudar as suas vidas, as possibilidades educacionais de seus filhos. O mundo viu Lula como uma nova esquerda. Como líder, Lula deu significado ao povo como sujeito político. Maior que o PT, maior que a esquerda, ele articulava as demandas populares, era o povo no poder.

    As forças de esquerda em geral e o PT, especificamente, não conseguiram construir lideranças para substituí-lo, não porque Lula não deixou, ou porque o partido não quis, mas porque a existência de Lula impediu que houvesse condições de emergência de novas lideranças, por mais que ele tivesse oposição, dentro e fora do partido.

    O poder simbólico que Lula representa precisa ser extirpado do Brasil para que o projeto neoliberal em curso se concretize. Por isso há esforço de arrancar Lula do centro do discurso popular e caracterizá-lo como o grande traidor, o corrupto, o operário que enriqueceu, o responsável pelas mazelas do Brasil, pela desordem, pela violência. É preciso romper o lastro discursivo do povo. Isso não se faz prometendo vantagens, mas exatamente prometendo sacrifícios. Recriando um novo sujeito político, individualizado, “responsável “, trabalhador, que não se interessa por “privilégios”, mas quer trabalhar em qualquer condição. Um individuo que não se preocupa se pessoas sem-teto são acordadas nas ruas geladas por jatos d‘agua, se usuários de drogas são caçados como bichos, se prédios ocupados por famílias que não têm onde morar são desocupados por batalhões de choque da polícia militar. Essas pessoas não importam, são “vagabundos“, perdedores, obstáculos para o restabelecimento da ordem.

    Na nova ordem neoliberal não há espaço para povo, para o sujeito coletivo. O que importa é cada um cuidar de si. O fracasso é pessoal, o sucesso está na compreensão dos novos tempos, do trabalho intermitente, do fim das políticas sociais. A nova ordem é a do individuo, não importa se ele é um trabalhador ou um intelectual da mídia. Para que a nova ordem se instale, é necessário acabar com o povo, com a ação do povo como coletivo, por isso é essencial destruir quem melhor o representou na política brasileira contemporânea – Luis Inácio Lula da Silva. Mas não basta colocá-lo na cadeia, antes é preciso destruí-lo como símbolo, o que só acontecerá ao destruir o povo, já que Lula significou o povo por longos anos, décadas.

    O motorista de táxi e o intelectual mediático representam muito bem este sujeito individualizado, que se constitui em um discurso de ódio contra Lula, contra o povo. São exemplares característicos dos tempos de pós democracia que vivemos.

    Por Céli Regina Jardim Pinto – Professora Titular do Departamento de História da UFRGS.

  2. O Tribunal de Roma, a Lava jato e o Mensalão
    No post de ontem, que copartilhei no meu face, amigos me cobraram o artigo que postei em março de 2016 e que considero muitíssimo atual. Ainda mais agora que Lula será investigado pelo Mensalão. Tá passando e muito da hora de atentarmos para esse tribunal.    Por Edivaldo Dias de Oliveira O Tribunal de Roma, a Lava jato e o Mensalão É correto o diagnóstico que afirma que os Poderes Executivo e Legislativo no Brasil vivem presentemente sob ataque sistemático por parte do Ministério Público, do Poder Judiciário e da Policia Federal, alem da grande mídia, não necessariamente nessa ordem. Também me ponho de acordo com aqueles que afirmam que tais ataques ocorrem em maior ou menor grau em quase todos os países e que os mesmos obedecem a uma Orientação Internacional de desacreditar a democracia, os políticos de forma geral e a prática política como forma de expressão da sociedade. Que tais ataques se dão quando interesses  específicos dessa OI são contrariados, como acontece geralmente com governos que buscam assegurar um mínimo de bem estar para sua população, como é o caso do Brasil. No entanto, apesar dos vários diagnósticos convergirem no mesmo sentido, era de se esperar ao fim e ao cabo dos mesmos que a receita fosse aviada para nos vermos livres desse flagelo. É aqui que o problema começa, pois apesar de tais convergências, não há se quer divergência entre propostas apresentadas, pois que não há rigorosamente nenhuma proposta para o enfrentamento do mal que a todos afetam, além, claro, da indignação, do terror e do choque. No mais das vezes o que se ouve e lê são apelos para que cessem os ataques, que o legislativo legisle e o judiciário julgue, deixando passar ileso o malefício da ação militante da mídia. Isso, a meu juízo e com todo o respeito que tenho por todos e cada um dos articulistas, equivale a orar para que isso aconteça e nós sabemos que política não é uma questão de fé, mas de ação. Por outro lado, esperar que aqueles que nos atormentam cessem o mal feito de moto próprio, é o mesmo que esperar de um prisioneiro que contribua para a segurança do presídio, evitando a fuga do mesmo, colocando sugestões na caixa de mensagens endereçadas ao diretor. Precisamos partir para a ação, para o contra ataque, com as armas que encontrarmos e tiver ao nosso alcance. É urgente iniciarmos uma contra ofensiva que detenha os fascistas e reafirme os valores da democracia. E para eles que apreciam nomear suas operações com nomes pomposos, que na prática desmentem o que anunciam, nomearemos a nossa ação de Operação Cipó de Aroeira. Eis pois, minha contribuição: O TPI – Tribunal Penal Internacional – ou Tribunal de Roma, foi criado em 1998 e sancionado pelo Brasil em 2002, no governo de FHC http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4388.htm  e se destina a julgar pessoas envolvidas em diversos crimes, entre os quais os Crimes Contra a Humanidade. Não deve ser confundida com o Tribunal de Haia, que foi fundado em 1945 após a 2ª Guerra, para resolver conflitos entre nações, embora funcionem ambas na mesma cidade de Haia. Em seu artigo 7º o Estatuto do tribunal tipifica esses crimes, como vemos abaixo em negrito e aí podemos enquadrar o tipo de crime de que muitos brasileiros estão sendo vítimas. Artigo 7 Crimes contra a Humanidade Para os fins do presente Estatuto, entende-se por “crime contra a humanidade” qualquer um dos seguintes atos quando praticados como parte de um ataque generalizado ou sistemático contra uma população civil e com conhecimento de tal ataque: Homicídio; Extermínio; Escravidão;Deportação ou transferência forçada de populações; Encarceramento ou outra privação grave da liberdade física, em violação às normas fundamentais do direito internacional; Tortura; Estupro, escravidão sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou outros abusos sexuais de gravidade comparável; Perseguição de um grupo ou coletividade com identidade própria, fundada em motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos, de gênero, como definido no parágrafo 3º, ou outros motivos universalmente reconhecidos como inaceitáveis conforme o direito internacional, em conexão com qualquer ato mencionado no presente parágrafo ou com qualquer crime da jurisdição deste Tribunal; Como vemos mais abaixo, a denúncia poderá ser feita tanto por autoridades governamentais, quanto pessoas e ONGs. Artigo 15 Procurador 1. O Procurador poderá, por sua própria iniciativa, abrir um inquérito com base em informações sobre a prática de crimes da competência do Tribunal. 2. O Procurador apreciará a seriedade da informação recebida. Para tal, poderá recolher informações suplementares junto aos Estados, aos órgãos da Organização das Nações Unidas, às Organizações Intergovernamentais ou Não Governamentais ou outras fontes fidedignas que considere apropriadas, bem como recolher depoimentos escritos ou orais na sede do Tribunal. 3. Se concluir que existe fundamento suficiente para abrir um inquérito, o Procurador apresentará um pedido de autorização nesse sentido ao Juízo de Instrução, acompanhado da documentação de apoio que tiver reunido. As vítimas poderão apresentar representações no Juízo de Instrução, de acordo com o Regulamento Processual. 4. Se, após examinar o pedido e a documentação que o acompanha, o Juízo de Instrução considerar que há fundamento suficiente para abrir um Inquérito e que o caso parece caber na jurisdição do Tribunal, autorizará a abertura do inquérito, sem prejuízo das decisões que o Tribunal vier a tomar posteriormente em matéria de competência e de admissibilidade. 5. A recusa do Juízo de Instrução em autorizar a abertura do inquérito não impedirá o Procurador de formular ulteriormente outro pedido com base em novos fatos ou provas respeitantes à mesma situação. O TPI nunca se deparou com uma situação como essa, pois o que ele tem julgado até agora são pessoas envolvidas em ações beligerantes, guerras, mas o fato é que seu estatuto não descarta tal possibilidade e a humanidade não deveria descartar também tal possibilidade a priori. Essa ação de denuncia deveria ser encabeçada pelo Lula a mais nova vítima desse flagelo, respaldada por amplo apoio internacional, que entraria como “Amicus Curiae”. Como vimos, creio que se possa denunciar tanto os protagonistas da Lava Jato como Moro, Dallagnol, Daiello, Janot, os irmãos Marinho e alguns jornalistas do grupo, como Bonner, Ali Kamel, Merval entre outros, como os do Mensalão como Antonio Francisco, Gurgel, Joaquin Barbosa, Aires Brito,que presidiu a corte e permitiu o espetáculo e de novo a família Marinho e seus principais jornalistas e apresentadores. De qualquer forma é de se pensar em tribunais supranacionais que julguem as ações de juízes, procuradores, delegados e demais pessoas envolvidas em questões judiciais de relevância, pois da forma como está, em que o CNJ e CNMP se transformaram em confrarias, que no mais das vezes chancelam as ações mais estapafúrdias de seus membros, perdendo assim, na prática as funções para as quais foram criadas, não me parece razoável. Por outro, os atuais tribunais supranacionais existentes, apenas reformam as decisões do juiz, deixando-o livre para outros desatinos. Portanto a sociedade precisa pensar seriamente em tribunais semelhantes ao de Roma em níveis continentais ou mesmo regionais como o Mercosul, ficando o TPI como uma espécie de Corte Suprema.    

  3. Empresas privadas permeando cobrança de impostos?

    O governo de Minas propõe a criação de 6 fundos imobiliários:

    https://jornalggn.com.br/noticia/governo-de-minas-faz-escola-com-projeto-que-cria-fundo-imobiliario-por-durval-angelo

    Auditora da Receita Federal  mostra quem vai ganhar dinheiro com fundos desse tipo e assemelhados, levados para aprovação ao Congresso: 

    https://www.conversaafiada.com.br/economia/fatorelli-pls-204-nova-maracutaia-do-serra-e-do-juca

  4. Golpe

    O STF e a Polícia Federal protegendo Aécio Neves:  ou são cúmplices ou reféns!  

                                           Resultado de imagem para O STF e a Polícia Federal protegendo Aécio Neves: ou são cúmplices ou reféns!

    Nem estou falando dos delegados da Lava Jato, que fizeram a campanha de Aécio Neves e chamaram, no blog de campanha, Lula e Dilma de “anta” e fazem de tudo, usando a máquina pública, para perseguir os representantes do povo.

     

    Nem estou me referindo à farsa montada pela Lava Jato que, na véspera da eleição, vazando, o que é crime, a delação mentirosa, divulgada, via Veja e Jornal Nacional da Globo, de que Lula e Dilma sabiam da corrupção na Petrobrás (9). O próprio advogado do delator, depois da eleição, desmentiu tudo. Aécio quase ganhou a eleição por conta dessa mentira!

     

    Até ali, a Justiça e a PF conseguiam jogar para baixo do tapete as inúmeras bandidagens  de Aécio Neves, como o helicoca e o aeroporto construído em Claudio, em terras da família e com dinheiro público, etc. (10,11).

     

    Mas continuar protegendo Aécio é até insano, depois da gravação divulgada do dono da JBS, onde Aécio Neves pedia dois milhões de propina e, como um gangster, dizia: ‘Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação’ (2).

    Inclusive várias personalidades, que haviam lhe declarado apoio, sentiram-se enganados e fizeram autocrítica (3).       

        

    Imprescindível deixar claro que não foi a Lava Jato que vazou essas pérolas de Aécio Neves, muito pelo contrário, a Lava Jato, apesar das sete delações contra o “Mineirinho”,  sentava em cima e nunca investigou Aécio.  

     

    E nós, brasileiros, sabendo de tudo do que Aécio é capaz, tivemos que assistir ao ministro do STF, Marco Aurélio Mello, devolver o mandato de senador e declarar ainda que Aécio Neves é “Chefe de Família” e de “Carreira Elogiável” (4). E ainda, agora, a Polícia Federal diz não ter provas do envolvimento de Aécio, no caso Furnas (5). Segundo denúncias, Aécio controlava uma diretoria de Furnas e recebia propina através de sua irmã (6,7,8).   

    A posição do STF e da PF é tão estapafúrdia, mesmo diante de uma prova irrefutável, uma gravação, em que Aécio, de viva voz,  pede propina e fala em matar quem o delatasse, que é preciso investigar: se essas pessoas que de forma absurda ainda defendem  Aécio Neves, se são  seus cumplices ou reféns!

     

    Fonte: 1 – http://www.viomundo.com.br/denuncias/os-delegados-da-pf-tinham-tanta-certeza-de-que-o-golpe-daria-certo-que-deixaram-digitais.html

    2 – http://noticias.band.uol.com.br/brasil/noticia/100000858696/gravacao-mostra-aecio-neves-pedindo-propina-de-r$-2-milhoes.html

    3 – https://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/05/artistas-pro-aecio-sao-cobrados-e-se-manifestam-nas-redes-sociais.html

    4 – http://www.diariodocentrodomundo.com.br/chefe-de-familia-e-carreira-elogiavel-ninguem-entendeu-piada-de-marco-aurelio-mello-sobre-aecio-por-kiko-nogueira/

    5 – http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2017-08-09/policia-federal.html

    6 – http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1750108-aecio-recebeu-propina-de-furnas-diz-delcidio-em-delacao.shtml

    7 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_Furnas

    8 – http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,janot-pede-arquivamento-de-inquerito-contra-aecio-citado-por-youssef,1644427

    9 – https://www.cartacapital.com.br/blogs/midiatico/retificacao-em-depoimento-de-youssef-e-mentira-diz-advogado-6661.html

    10 – http://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-a-denuncia-contra-o-aeroporto-do-tio-de-aecio-foi-arquivada-por-joaquim-de-carvalho/

    11 – http://www.diariodocentrodomundo.com.br/caso-helicoca-as-ligacoes-de-aecio-neves-com-zeze-perrella/

     

    Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2017. 

    Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, ex-presidente do Sindipetro-RJ, fundador e ex diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da FUP e fundador e coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido em: http://emanuelcancella.blogspot.com.br/2017/07/a-outra-face-de-sergio-moro-pontos-de.html.

    OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

    (Esse relato pode ser reproduzido livremente)

    Meus endereços eletrônicos:
    http://emanuelcancella.blogspot.com.
    https://www.facebook.com/emanuelcancella.cancella 

     

     

  5. Loko Ciro & Haddad
    ELEIÇÕES 2018

    Ciro Gomes: “Uma chapa com Haddad em 2018 seria o dream team”

    Pré-candidato à presidência diz que a esquerda perdeu a hegemonia moral da sociedade. Critica o “ambientalismo difuso” de Marina e se considera o ‘Macron’ brasileiro

    OtrosLoginLoginImprimirSão Paulo 10 AGO 2017 – 16:32 BRT

    Ciro Gomes está em plena pré-campanha rumo às eleições presidenciais de 2018. Agora abrigado no PDT, o ex-ministro e ex-governador do Ceará preenche sua agenda com debates em universidades e visitas a meios de imprensa, tudo para criar, ele diz, uma “corrente de opinião” capaz de levá-lo ao posto de candidato preferencial do campo progressista _de preferência sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no páreo. Numa tarde de junho, o pré-candidato recebeu o EL PAÍS em seu apartamento no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, por mais de duas horas. Jamais perdeu o pulso na conversa em que não faltaram defesas detalhadas de seus planos de reindustrialização e reformas nem suas típicas diatribes. Os alvos foram o prefeito de São Paulo, João Doria, ambientalistas “aproveitadores” e, emulando o líder histórico do seu atual partido, Leonel Brizola (1922-2004), a TV Globo. “Vou fazer 60 anos em novembro. Veja que não me apeguei aos 59. Tenho felicidades. Eu sou um cara feliz”, disse o ex-ministro, que só se queixa da distância do filho temporão. Gael, com pouco menos de dois anos de idade, segue no bastião político dos Gomes, o Ceará.

    Pergunta. Oficialmente candidato à presidência em 2018?

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    Resposta. Não, oficialmente não, porque só na data própria o partido formalizar. Estou pedindo para as pessoas não me ouvirem como possível candidato porque um candidato tem que expressar a média da sua coalizão e esta hora agora é de livre pensar. O que se impõe é tentar criar essa corrente de opinião. Escrever, formular, procurar essa inteligência do país. Sou signatário dessa iniciativa de Bresser Pereira chamada Brasil Nação, de discutir o projeto nacional de desenvolvimento, com base numa retomada da industrialização do país. Trabalhamos os preços centrais da economia, câmbio, juros, tributos, margem de lucro das empresas médias e o que fazer para coordenar de uma maneira proativa o desenvolvimento substituindo a prevalência do rentismo. No complexo industrial do agronegócio, por exemplo, a ideia é uma sinergia privada: 40% dos custos de produção são importados e não há razão para isso, a não ser falta de convergência. A capitalização será feita por uma coordenação estratégica que vai manipular crédito, subsídios, renúncia fiscal. E eventualmente ter uma presença setorial privatizável no futuro. A Petrobras entra com os insumos de fertilizantes, capitaliza uma empresa…

    P. O que sr. diz soa parecido com os planos do segundo Governo Dilma. Por que o eleitor que está vendo tudo o que foi feito de bem e de mal em nome dessa “nova matriz econômica”, incluindo suas derivações [campeãs nacionais do BNDES] que culminaram no caso JBS, deve acreditar na sua ideia?

    R. Estou apelando para a inteligência das pessoas. O grande problema não foi o conceito de fazer um esforço de política industrial e de comércio exterior. O erro foi fazer ele em bases clientelistas, não orgânicas, não partilhadas com a sociedade, sem controle social e elegendo arbitrária, quando não, corruptamente, os setores privilegiados. A questão não é nacionalismo, nem patriotada. Um país como o Brasil aguenta até quando o passivo externo líquido que nós estamos vendo crescer agora em serviços? O senhor Pedro Parente [presidente da Petrobras] fez uma carta-convite para investimento no Comperj [Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, afetado pela Lava Jato] para 17 empresas de construção pesada no estrangeiro. Carta-convite! Deixou as brasileiras todas fora, sob o pretexto moral de que estão enroladas em escândalo e o país vai começar a construir o passivo externo líquido agora em serviços que era positivo. Por cima de todos os erros de Dilma, de todas as grandes bobagens que ela fez, o que aconteceu mesmo foi que o passivo externo brasileiro ficou infinanciável porque o ciclo de commodities que sustentou o Lula despencou. E esse é o mesmo filme que derrubou o Fernando Henrique Cardoso. Isso é um filme claro para nós. É preciso desarmar essa bomba.

    P. Então é preciso tentar de novo…

    R. O grande problema do período Lula foi o caudilhismo.

    “Nunca respondi a um inquérito, nem sequer para ser absolvido! Isso não é vantagem nenhuma, é só minha obrigação.”

    P. Há quem diga que o senhor representa de certa forma isso também. O que acha da expressão “coronel esclarecido” que já ouvi ser relacionada a você?

    R. Coronel por quê? Só porque eu venho do Nordeste?

    P. Não, é porque sua família domina o poder no Ceará há décadas.

    R. [O governador] Camilo Santana do PT é da minha família? É um aliado meu do PT apoiado por uma frente progressista formada por todos os partidos de esquerda? Quantas rádios eu tenho? Faz parte da oligarquia de um coronel. E eu tenho alguma? Nenhuma! Fui ministro da Fazenda do Itamar [Franco].  Sabe quem tem rádio lá? Oito? O Tasso Jereissati [presidente do PSDB]. E a ele não chamam de coronel, só porque ele é rico. O problema é que tem uma pequena classe média que está mandando no Ceará. O voto popular é nosso. Todo mundo intelectual, universitário, sem empresa, sem sociedade com nada. Não temos rádio, não temos TV. Você sabe qual é a educação mais qualificada do Brasil [o Ceará tem um dos maiores índices de evolução]? Você já viu oligarca investir prioritariamente em educação para preparar o espírito crítica da população? É engraçado, eu nunca vi ninguém chamando o [governador de São Paulo] Alckmin de coronel. E eles mandam aqui há 20 anos. Evidentemente que é só porque eu sou do Nordeste. Só isso!

    “Nunca vi ninguém chamando o Alckmin de coronel como eu sou chamado. E eles mandam aqui há 20 anos. Evidentemente que é só porque eu sou do Nordeste”

    P. Saindo da provocação, e indo para uma pergunta mais direta. Há três anos assistimos às entranhas da corrupção sendo expostas, sem cor de partido, em todos os níveis e em muitos contratos públicos. Por que o eleitor deve acreditar que você e sua família conseguem governar por esse tempo todo fora do esquema que todo mundo diz que é o único possível?

    R. Isso é mentira. O mundanismo da política eu conheço. As transações, os entendimentos, as concessões, eu conheço. Mas há um limite que nos preserva que é a decência à lei. Vá ver se alguma vez eu respondi a um inquérito? 37 anos! Desde os anos 80. Já fui deputado de oposição, deputado líder de Governo, prefeito da quinta cidade brasileira, ministro da Fazenda, governador do oitavo estado do país, ministro da Integração Nacional. Manejei oportunidades importantes. Nunca respondi a um inquérito, nem sequer para ser absolvido! Isso não é vantagem nenhuma, é só minha obrigação. Mas eu tenho o direito de ser respeitado. Não fui morar no palácio. Você está aqui na casa que eu moro em São Paulo. Dá uma olhadinha se tem alguma opulência aqui, algum sintoma de apego a luxo. Eu estou morando em Santa Cecília, um lugar hipster, que eu soube agora. Mas repare, eu renunciei ao direito a ter três pensões mensais vitalícias que me dariam ao redor de 82 mil reais por mês. É a primeira vez que eu estou contando isso.

    O apartamento do ex-ministro fica num prédio de classe média, em uma rua que é divisa entre a Santa Cecília, um bairro tradicional em São Paulo (revitalizado por uma população jovem que circula nos novos estabelecimentos da zona) e a rica região de Higienópolis, apelidada de tucanistão, por abrigar próceres tucanos como ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ciro ri ao saber da alcunha tucana da zona e faz questão de apontar a sala com o sofá simples cor de creme, TV e consoles de videogame. Quando em São Paulo, ele divide o apartamento com um dos filhos e um sobrinho. A namorada, Gisele, assim como o filho Gael, de um relacionamento anterior, ficam em Fortaleza. O orgulho da casa são os aparelhos da cozinha, como máquina de lavar louças, que facilitam a vida doméstica do trio. “Nos Estados Unidos, eu aprendi a me virar”.

    “O Lula está sendo perseguido. Essa história da Globo botar o cara todo dia… Ninguém gosta disso. Comecei até a tomar simpatia por Temer! O que a Globo quer esculhambando Temer?”

    P. Como você paga suas contas e a de sua família?

    R. Eu ganho uma fortuna se comparado com a vida do povo. Eu cobro por uma palestra 20.000 reais líquido, mais Imposto de Renda na fonte, mais hospedagem, mais duas passagens. Eu tenho um escritório de advocacia, voltei agora. Eu estava trabalhando na CSN [Companhia Siderúrgica Nacional], mediante um salário que eu tenho até vergonha de falar. Era muito, muito dinheiro. Participação nos resultados e bônus de retenção.

    P. Você se orgulha de não responder a processos por acusação de corrupção, mas Joesley Batista, na delação da JBS, acusou seu irmão Cid Gomes de ter recebido propina. Vocês dizem que Joesley mentiu. Mentiu sobre Cid, mas falou a verdade sobre outros políticos?

    R. Esses caras são gângsters. Não estou dizendo que é mentira que pedimos dinheiro, mas nem foi o Cid quem pediu e não era propina. São indícios e eles que têm de explicar por que o mesmo dinheiro que deram na outra [campanha, em 2006] era propina e porque em outra campanha não era. Defendo o financiamento público de campanha desde sempre porque é o pior momento para um homem público decente se relacionar com esse tipo de gente. Acho uma aberração que o país deixe esses gângsters impunes. Para mim, deve se supor que as pessoas são inocentes, mas tem uma gravação do Aécio [Neves] conversando com Joesley em termos absolutamente chulos, pedindo dois milhões de reais e mandando a irmã ir buscar… Tem a mala entregue a Rodrigo Rocha Loures [ex-assessor do presidente Michel Temer]   Vai ver se tem uma gravação do Cid? Essa é a questão. Algumas são evidências e as outras são palavras de gângster que têm que ser postas em dúvida.

    Em suas passagens por São Paulo, Ciro divide o apartamento com um dos filhos e um sobrinho.Em suas passagens por São Paulo, Ciro divide o apartamento com um dos filhos e um sobrinho. TONI PIRES 

    P. Acha que a imunidade dada pela Lava Jato foi um preço alto demais?

    R. Claro! Esta concessão que se fez a esses gângsters é uma bofetada na cara do povo brasileiro trabalhador. A delação premiada não é troca de impunidade, não. Delação premiada é moderação da pena. Esses caras deviam ter uns 500 anos de cadeia. Que peguem 20!  [A Lava Jato] é um projeto bem-intencionado, mas em função do aplauso muito generoso, e da juventude também generosa, eles estão metendo os pés pelas mãos e estão caindo em calacradas que vão desmoralizá-los em futuro próximo. Por exemplo, como é que vão fazer com a história de Lula? Qualquer bacharel em direito, rábula olhando a denúncia sobre o Lula sabe que não dá para condená-lo. Um juiz que sai do seu universo dos autos, da sobriedade, já perdeu.

    Ciro faz a defesa jurídica de Lula, mas suas chances na corrida de 2018 estão ligadas ao destino do ex-presidente. Para muitos analistas, se o petista não for proibido de concorrer pela Justiça, diminuem as chances do cearense que nasceu em Pindamonhangaba, em São Paulo, de conseguir ter uma candidatura competitiva. Por ora, Ciro ainda aparece timidamente nas pesquisas de opinião.

    P. Você tem se colocado como um interlocutor interessado em assumir o timão do Brasil, mas nas pesquisas que colocam seu nome ainda não aparece um apoio considerável. Ao que você atribui isso?

    R. Minha decolagem é um Estado que tem 4% do eleitorado brasileiro, diferente de quem parte de São Paulo que tem 28% do eleitorado. Se o país me identificará ou não como seu verdadeiro intérprete, eu não deixarei que as pesquisas que são pagas pelos plutocratas eliminem essa possibilidade. A CUT contrata pesquisa para o Lula, o Datafolha faz pesquisa para os tucanos e eu não pago porque é muito caro. As pesquisas publicadas pelo Vox Populi dão o Lula ganhando no primeiro turno. O Lula nunca ganhou uma eleição no primeiro turno na brilhante história dele. Vai ganhar agora? Pergunte se dois anos antes o Aécio existia nas pesquisas? As pesquisas no Brasil são tucanocêntricas desde sempre! Você pega a pesquisa da eleição anterior e estava Dilma contra o Alckmin, a Dilma contra o Serra, a Dilma contra o Aécio. Ou não é verdade isso? Agora estão botando o Doria e não trocam o Lula. Se a gente quer simular, por que não tira o Lula e me bota?

    Ciro Gomes faz 60 anos em novembro.Ciro Gomes faz 60 anos em novembro. TONI PIRES 

    P. Qual o papel da esquerda na atual conjuntura e na disputa em 2018?

    R. Nós, a esquerda, perdemos a autoridade moral, a hegemonia moral sobre a sociedade. Falo da hegemonia do PT, mas eu não posso me absolver porque eu estava lá. Não rompi, mas não aceitei mais ser ministro. Fiquei até o fim com a Dilma, porque eu também conheço o outro lado e é muito pior. Mas muito pior. A surpresa é a vulgaridade do Aécio e do Sérgio Cabral. Sérgio Cabral eu conheço desde menino. Como é que o cara troca a oportunidade de ser líder de um Estado maravilhoso como o Rio de Janeiro por vulgaridade… Nós temos que fazer uma autocrítica. Quem colocou o Michel Temer na linha de sucessão, quem empoderou o Eduardo Cunha? Eu protestei publicamente contra isso, tenho artigos escritos. Eu chamei o Eduardo Cunha de ladrão nesta distância [aponta a repórter]. Fui ao Lula: “Lula, não é possível você entregar Furnas para o Cunha. Se esse cara tiver essa grana, ele vai comprar a Presidência da Câmara”. “Não, vai não… Ele está me chantageando aqui, mas não vai não…” No outro dia Cunha fez. O PT não faz uma autocrítica. Faz de conta que não está acontecendo nada. Entrega a presidência do partido para uma pessoa que está respondendo também um inquérito.

    P. Mas ainda assim você não descarta uma aliança com o PT, certo?

    R. Mas será nas minhas bases. O que imagino que possa acontecer e até idealizo é que o PT lance um candidato que não seja o Lula, que é o que deviam fazer. Ir para o povo, permitir que o país discutisse as coisas. Lula não é burro. Por que ele mandou tirar a candidatura dele da resolução do PT? Lula nunca ganhou no primeiro turno, nem no auge. Agora ele é preferido por uma parcela e odiado por outra. A odienta é maior do que a que o prefere. Claramente. Como é que vai o Lula em São Paulo? No Rio de Janeiro? No Sul? Tem uma coisa estranha aí. As pessoas não estão pensando em eleição, elas estão solidárias porque de fato o Lula está sendo perseguido. Essa história da Globo botar o cara todo dia… Ninguém gosta disso. Eu, por exemplo, comecei a tomar simpatia pelo Michel Temer, imagina! O que a Globo quer esculhambando o Michel Temer? Eu vou ficar do mesmo lado da Globo?

    P. Aceitaria ser vice de Fernando Haddad ou o Haddad de vice?

    R. Seria o dream team. Haddad representa o que há de melhor no PT e não carrega o estigma que é, em parte, injusto.

    P. Com qual partido não se aliaria?

    R. O PMDB.

    Com Haddad, seria odream team. Ele representa o que há de melhor no PT e não carrega o estigma que é, em parte, injusto

    P. Com tanto descrédito na política, não há espaço para um novo partido, um novo movimento, um Macron brasileiro?

    R. O Macron sou eu. É só olhar. O cara era do Partido Socialista, ministro de Hollande. De repente, com um conjunto de desgastes, sai e cria um movimento. A questão do Brasil é falta de hegemonia moral e intelectual. Nós não vamos inventar uma nova classe política, apesar do despotismo esclarecido e dessa imprensa que não tem compromisso nenhum com nada.

    P. Se você consegue passar pela barreira da conquista do voto popular, como é que governa num Congresso em que se repetisse esse modelo mais conservador, a bancada BBB [boi,bala,Bíblia], um grande PMDB…

    R. Não é verdade que o problema do Brasil seja o Congresso. Qual foi a proposta de reforma que o senhor Fernando Henrique fez que o Congresso não deixou? Resposta: nenhuma. Qual foi a proposta que o senhor Luiz Inácio propôs ao Congresso? Tirando a da tomada de três pinos…

    P. Os dois fizeram reforma da Previdências que agora vão ser refeitas..

    R. Estou perguntando qual foi a reforma estrutural que o Lula propôs e que o Congresso não deixou passar? Nenhuma. Isso quer dizer que o Congresso não é um problema? Não. O Congresso é um problema como é da natureza de impasse do presidencialismo. Como lida com isso? Aí em meu socorro vem a história brasileira: 100% dos presidentes, mesmo eleitos nesse contexto de impasse potencial, tiveram maiorias quase unânimes nos seis primeiros meses de governo. Todos! Fernando Henrique teve todo o poder do planeta na mão. Lula, no primeiro momento, teve o poder do planeta inteiro na mão. Não propuseram nada. Trocaram os riscos normais de uma reforma que o país precisa por microprojetos de poder. Presidencialismo de coalizão, esse nome pomposo, é uma impostura, que tem dois motivos: medo de CPI e usurpar o tempo de TV, para não deixar o adversário falar. Se você fizer uma política de governadores, de criar organicidade nesse primeiro mágico momento e propuser no primeiro as coisas, tentando mediar como o chefe de Estado os conflitos, a chance de passar se maximiza. Não estou dizendo que é fácil, mas se maximiza. E na permanência do impasse, o Brasil tem que chamar o povo para plebiscito e referendo. E pronto. São só essas duas reformas: fiscal e política.

    P. E a reforma política? Iria a referendo?

    R. Eu defendi a lista fechada e o financiamento público de campanha. Sendo que a lista tem que ser construída não por burocracias partidárias, mas com todos os convencionais sendo obrigados a votar para hierarquizar a lista. Isto é o ideal para um país como o nosso. Porém, agora eles estão propondo para livrar a cara dos picaretas da Lava Jato. Então eu estou contra as minhas ideias. O cara que era eleito numa institucionalidade é chamado a mudar essa institucionalidade? Você está chamando o cara para se suicidar politicamente. Ele não vai fazer isso nem que ele seja um deputado sueco. Então é preciso, em nome do bem público, que você tenha paciência e bote [a reforma] para entrar em vigor daqui a três eleições. Toda reforma política que acontece é para manter no poder quem está lá. E a atual é o seguinte: é para sobrevivência.

    P. E a reforma da Previdência? Nesse Governo passa?

    R. Não creio que passe. A questão da Previdência é um assunto relevante, estratégico no mundo, e no Brasil, especialmente porque nós ainda temos a janela demográfica de uns 10, 15 anos para resolver isso. Repare que nosso problema não é que a Previdência Social hoje tenha um déficit. Por isso que eu falo de reforma fiscal, que é tributária e previdenciária e elas duas estão casadas. Não pode falar uma separada da outra. Confiamos em debater com franqueza e passar a bola para o povo resolver. Eu estou me vendo na televisão: “Negada, é o seguinte: querem deixar para os filhos uma dívida ou uma poupança? Então agora eu vou chamar um grande debate em que nós vamos discutir”. Vou propor um regime de capitalização novo, novinho em folha, cujo desafio é a transição mas eu não vou deixar o desafio da transição me impedir de ajudar o povo a entender que o passo que nós precisamos dar é esse.

    Ciro Gomes: “Uma chapa com Haddad em 2018 seria o dream team” 

    P. Onde tem o modelo similar no mundo?

    R. No mundo inteiro. Ninguém mais tem regime de repartição. A grande questão é se é pública ou privada.

    P. No Chile deu errado a previdência privada.

    R. No Chile deu errado, portanto não pode ser privado.

    P. E a reforma tributária, seria profunda?

    R. Profunda! Eu tenho um modelo tributário que vai desonerar investimento, vai sobreonerar a retenção especulativa de propriedade e de capital intergeracional e lucros e dividendos contemporâneos, vai ser criada uma CPMF [contribuição provisória sobre movimentação financeira] transitória com alíquota partilhada: 0,38% com Estados e municípios para vincular ao serviço da dívida para entrar numa trajetória de queda consistente. Vou criar uma receita safadamente extraída da operação financeira com limite de 2.000 reais de isenção mensal para todo mundo. E daí para cima 0,38% totalmente vinculado ao serviço da dívida.

    “Doria enriqueceu pelo lobby. Milionário que tem jatinho e não tem uma roça. Nunca produziu um pé de nada, não tem um balcão de comércio. Não tem uma indústria, nunca produziu uma ruela”

    P. Você fala “criar uma CPMF acima de 2.000 reais…” Você já sentou com o Itaú, o Bradesco para explicar sua proposta? Porque se você não ganha este apoio do capital…

    R. Então nós não temos uma democracia. Vamos perguntar ao doutor Roberto Setubal [presidente do Itaú] o que ele quer para mandar fazer e acabar com essa farsa. Todo esse negócio de entrevistas… isso dá um trabalho imenso. Eu sou um democrata visceral, se eu não acreditar, não faz sentido o que estou fazendo. Eu não durmo dois dias em nenhum lugar há anos. Tenho um filhinho de 1 ano e 6 meses, a coisa mais linda do planeta! Fico com ele e fico pensando “por que eu vou sair na rua, meu Deus do céu? Vou fazer o que na rua?”. Mas eu digo “vai pra rua porque você não pode ficar cuidando do seu filho. Tem um monte de filho morrendo aí’. Aí ninguém acredita, fica todo mundo cético, todo mundo cínico, todo mundo frio. Eu, não! Eu sou apaixonado!

    P. Então são os primeiros seis meses de conflito e impasses se for para resolver as coisas?

    R. Seis meses de política quente, não é conflito, não. É uma dinâmica de entendimento. Aí a gente faz como? Deixa o povo fora, protestando na rua, sendo enfrentado por bala perdida ou chama todos? O conflito existe. O que é que eu quero fazer? Sistematizar o conflito e tentar uma solução civilizada, inclusive com transições. Veja bem, não é possível que o cara tenha sido governador do Estado, sendo mais popular do país, seja confundido com esse malucão que adora brigar.

    Ao citar a imagem de “malucão” Ciro Gomes luta contra seu próprio estigma: o de peixe apaixonado pela própria boca. Sua verve ferina e ágil, uma de suas marcas, é responsável por seu sucesso recente nas redes sociais com páginas não oficiais como a Cirão da Massa, que coleciona seus melhores momentos em palestras e entrevistas. Por outro lado, as palavras fortes e frases de efeito não só contra adversários, mas também direcionadas a potenciais aliados, como Lula e Marina Silva, são mostra que boutades têm seus custos.

    P. Tocando neste ponto, você falou em uma entrevista que ouviu de Caetano Veloso uma análise de que você se suicidou, metaforicamente falando, na campanha de 2002, com declarações desastradas. Está preparado para não fazer o mesmo agora?

    R. Eu nunca aceitei me embrutecer. Começou a se desenhar a possibilidade de eu ganhar a eleição contra o PSDB e contra o PT nunca testado ou seja, eu ia sofrer o diabo! Vocês não imaginam o que era aquela campanha…

    P. O Brasil está um pouco traumatizado com o estilo de liderança da Dilma…

    R. Quem te disse isso? Você está falando pelo Brasil com que autoridade?

    P. Falarei por mim. Como jornalista que acompanho e conheço pessoas que trabalharam na máquina durante o Governo Dilma, havia uma queixa sobre o estilo da presidenta, centralizador. As pessoas têm direito de pensar sobre o temperamento de seu líder. Você fala de erros do passado, mas há vídeos em que você, por exemplo, se indispôs com pessoas em palestras. Há uma espécie de temor de que você prefira a piada a perder o amigo ou o eleitor.

    R. Você acha mesmo que isso tem qualquer centralidade na cabeça de qualquer eleitor do Brasil? Sabe quem está em segundo lugar nas pesquisas [Bolsonaro]? Se alguém for me chamar de destemperado, eu vou dizer: “Então compara aí porque não pode usar a mesma palavra”.

    “Tenho um filhinho de 1 ano e 6 meses, a coisa mais linda do planeta! Fico pensando por que eu vou sair na rua? Aí digo “vai pra rua porque tem um monte de filho morrendo aí”

    P. Você usou palavras fortes com o prefeito de São Paulo, João Doria.

    R. Você está dizendo qual? Essa que ele inventou?

    P. Um palavrão envolvendo “areia”, conforme registro da imprensa [ele foi acusado de ter dito “Eu pego um viado cheio de areia no c.., que nem o Doria, e encho de porrada”, segundo noticiou-se à época].

    R. Pois é. Eu jamais disse nada parecido. Porque isso é completamente estúpido e me põe em desvantagem moral com ele. O que eu digo dele é que ele é um farsante que eu conheço desde que foi escorraçado da Embratur por fraude. Eu digo que ele é um rico que enriqueceu pelo lobby. Milionário que tem jatinho, que anda para cima e pra baixo e não tem uma roça. Nunca produziu um pé de nada, não tem um comércio, um balcão de comércio. Não tem nada. Não tem uma indústria, nunca produziu uma ruela. De onde é que vem essa fortuna? No Ceará se diz assim no popular: “quem não rouba nem herda enrica é merda”. E o Doria é isso! É um farsante que enriqueceu fazendo lobby. E lobby com dinheiro público do PSDB de Minas, do PSDB de São Paulo, do PSDB de Goiás. E ele agora está subornando o centro da imprensa brasileira e vai reinando. Mas não dura um ano. Foi isso o que eu disse dele. Aí aproveita a fama do cara, bota umas palavras na boca dele e fica crível. Aí vem uma jornalista respeitável do EL PAÍS, vai lá e acredita que é verdade e repete…

    P. Estamos perguntando para lhe dar a chance de falar.

    R. E eu estou respondendo, mas eu já disse que nunca falei isso. Um milhão de vezes. A imprensa brasileira quis fechar o site de vossas mercês. A imprensa brasileira foi na Justiça fechar o site de vossas mercês aqui presentes . E vocês são corporativas a esse ponto?

    P. Não somos corporativistas, é por isso que estamos aqui.

    P. Um dos motivos pelos quais a polêmica reverbera é porque há dúvidas em uma esquerda chamada identitária, os grupos LGBT, feministas, por exemplo, que não se sente representada no seu discurso e na sua plataforma de governo. O que você tem a dizer a eles?

    R. Por quê? Eu sou um estadista! Eu me esforço para ser um estadista. Eu não quero ser um esquerdista guru de costumes. Percebi de um tempo para cá que um presidente da República não é um guru de costumes. Muita gente boa me alertou disso. Qual é minha opinião sobre a união homoafetiva? Considero justa toda forma de amor para usar o verso do grande Lulu Santos. E a comunidade LGBT do Ceará me conhece de perto. Muito de perto. Muito. Apoio financiamento para concurso miss gay, tudo! Zero problemas! Muito recentemente fui num show lá numa boate gay, maravilhoso.

    P. Mas a gente está falando de política de Estado, de apoio à comunidade LGBT, não estamos falando de…

    R. … Repare bem, por isso que eu estou citando o Ceará eu acho que falar hoje no Brasil e merda é a mesma coisa. Eu acho que tem que dar exemplo. Então é o seguinte: o cara é homofóbico? Vamos ver a vida dele, a prática. Nunca falei nada. E a intenção é essa. Claramente. Lá atrás o Duda Mendonça criou essa mesma coisa. Isso é o PT. O PT criou a onda comigo com negro. Até lisonjeiro hoje em dia, antes eu me aborrecia muito, mas do jeito que está… Alckmin respondendo porque o cunhado levou dinheiro em sacola, Serra respondendo por 50 milhões na conta dele no estrangeiro. Aécio, coitado, dispensa comentários, Lula respondendo pelo que está respondendo e eu sou acusado de que?

    “O presidente tem que ser média. Eu estarei nesta média pendendo para a tolerância, para o respeito. Em nenhuma possibilidade normatização no meu Governo prosperará estigmatizando seja quem for”

    P. Estamos perguntando sobre plataforma de Governo, não estamos falando em ser guru de costumes…

    R. O meu Governo será protagonista de uma cultura de tolerância, de respeito à diversidade, de agasalhar as pessoas sofridas. Considera que o corpo da mulher a ela pertence, não é assunto de Estado, portanto o aborto é uma questão de saúde pública. Agora, eu, por exemplo, sei da importância estratégica da Igreja Católica e, mais recentemente, da crescente igreja neopentecostal, na solidariedade com os pobres, com o qual tenho total afinidade. Eles aderiram aos protestos contra esses retrocessos anti-povo. Mas eles são violentamente contra esses assuntos e eu quero ser presidente do Brasil. Então eu tenho que respeitar essas coisas. O presidente tem que ser média. Eu estarei nesta média pendendo para a tolerância, para o respeito. Em nenhuma possibilidade normatização no meu Governo prosperará estigmatizando seja quem for, seja por qual diferença for. No meu Governo na Prefeitura de Fortaleza, 50% dos secretários eram mulheres, quinta capital do Brasil. No meu Governo no Estado do Ceará, metade dos secretários eram mulheres. Pergunta qual governante nesse nível fez isso na história brasileira? Quer trocar por futrica? Troca. Isso é democracia.

    P. Você está vacinado para as armadilhas de campanha?

    R. Tenho pensado muito ultimamente no Churchill, conheço as biografias dele todas e o considero o maior homem do século 20. Apesar de conservador, era um visionário. Aguentou a barra contra o Hiltler muito tempo. Ele dizia que um político reclamar da imprensa é como marinheiro reclamar do mar e isso eu aprendi. Vai ter paz? Não. Um cara que pensa o que eu penso, que fala o que eu falo, que tem os antagonismos explícitos que eu tenho está condenado ao pão que o diabo amassou na transição e especialmente na governança. Por isso que estou imbuído que eu vou para fazer história. Vou para quebrar ou ser quebrado

    “MARINA SILVA NÃO PODE PENSAR QUE NOSSA SOLUÇÃO É MORALISMO DE GOELA, AMBIENTALISMO DIFUSO”

    Ciro Gomes diz que, em sua plataforma de candidato, “o meio ambiente é uma premissa, a sustentabilidade é uma premissa”, mas chama de “simplificações grosseiras” e até de “papo furado que europeu adora” críticas a projetos como a controversa usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. As críticas também alcançam a sua ex-colega de gabinete no Governo Lula e ex-candidata presidencial Marina Silva.

    “A Marina quer ser presidente do Brasil satanizando o agronegócio e a mineração que são os setores que, nos números da vida brasileira, são os que carregam o Brasil nas costas. Isso quer dizer que a gente autoriza eles a depredar o meio ambiente, a fazer matança de índio, a ter trabalho semiescravo? Claro que não”, diz Ciro. O pré-candidato, que celebra ter trazido para política o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e ter tido os votos de Jair Bolsonaro e da senadora e líder ruralista Kátia Abreu em 2002, defende que é possível trazer o agronegócio “para um modo civilizado”. “O meu projeto se sustenta em quem trabalha e produz. Essa é aliança que eu sonho. Esse agronegócio de hoje é tudo gente que era pobre ontem, que enriqueceu trabalhando, produzindo, com subsídio do Estado, com biotecnologia provida pelo Estado e que são anticomunistas pelo pavor de que alguém tome o que eles conquistaram.”

    O ex-ministro da Integração Nacional de Lula argumenta que a energia hidráulica é a solução mais barata e limpa para gerar energia no Brasil e, ante críticas sobre megaobras como Belo Monte, diz que a localização delas era intransponível. Já os custos socioambientais, com deslocamentos populacionais, impactos ao meio ambiente e reação de comunidades indígenas, ele considera sobrevalorizados. “Esses aproveitadores inventaram isso. Toda vida que o Governo brasileiro vai fazer um projeto que tem que ser feito em nome do coletivo, querem resolver problemas específicos de natureza social, econômica, onerando esses custos, que vai para as tarifas.”

    O pedetista se disse a favor do pacto mundial contra o aquecimento global, mas estabeleceu hierarquias. “No meu Governo, o meio ambiente é uma premissa, a sustentabilidade é uma premissa, mas eu não aceito simplificações grosseiras como eu não aceitei no São Francisco que está aí viável.” O ex-ministro lembrou seus embates com a colega de ministério Marina Silva durante a discussão do projeto de transposição de águas do rio São Francisco na década passada. “Ela encheu os olhos de lágrimas”, contou ele, descrevendo reunião em que a ministra defendeu estudo sobre o impacto da obra na população de peixes da bacia. “Ictiofauna, uma das discussões que a Marina me impôs. Como se perde tempo nesse país”, disse. Eu disse: “Marina, o povo morrendo de sede em seca extrema, o gado morrendo, o pessoal vindo para São Paulo para se humilhar em viaduto e tu preocupada com suruba de peixe?”

    Tanta virulência com Marina não a afasta como interlocutora nos projetos de Ciro de ser o Emmanuel Macron brasileiro? “No meu projeto de país, a Marina é uma interlocução respeitabilíssima. Eu estou forçando a mão. Eu mencionei a Marina porque ela não pode, com o peso que ela tem, com a excepcionalidade que ela tem, onde há pouquíssimos brasileiros minimamente respeitáveis pela população, jogar o Brasil nessa aí, de que a solução nossa é um moralismo de guela, um ambientalismo difuso. Provoco a Marina porque respeito, porque quero bem. Concordar com ela? De jeito nenhum.”

    ARQUIVADO EM:Ciro Gomes Eleições Brasil 2018 PDT Operação Lava Jato Eleições Brasil Caso Petrobras Investigação policial Subornos Financiamento ilegal Lavagem dinheiro Corrupção política Caixa dois Eleições Brasil Partidos políticos Polícia Corrupção América do Sul América Latina Força segurança América Empresas Delitos Política Economia

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  6. desastre anunciado

    Ha meses, desde fevereiro, nas intervervenções que faço nesse espaço venho dizendo e “redizendo” que o resultado previsto na LOA 2017 é uma ficção. Hoje o Ministério da Fazenda tinha agendado comunicar o desastre, mas, anunciar um buraco de 170 bi desanimou o maquinista e o foguista dessa locomotiva que, segundo anunciavam, havia sido posta nos trilhos.

    Pior que 170 bi é pouco.

    Os juros reais continuam altos, a redução da taxa básica, além de demorar para chegar na ponta final tomadora, no estado atual das coisas não tem mais o poder de mover a atividade econômica. O desemprego estrutural se mantém afetando o poder de compra das famílias. Os gastos do governo, represados, não serão fonte de aumento de consumo. Esse garrote fiscal no lado das despesas traz doi. s problemas, pressionam o resultado por efeito inercial e ajudaO waiver m a manter a atividade econômica em ponto morto. Os investimentos públicos foram abandonados e o setor privado, com empresas endividadas e capacidade instalada ociosa não irá dar mole para a fada da confiança. Assim, pode-se esperar mais frustração das receitas públicas aumentando o déficit primário e aumentando a dívida pública, desviando mais recursos ao pagamento de juros e tirando daquilo que importa.

    Essa conjuração demoníaca aumentará o fogo do inferno austral em que nos enfiaram. Como para baixo todo santo ajuda e, como a lei de Murphy ensina, o que pode dar errado dará errado. Então boto todas as fichas no vermelho 200!

    O waiver orçamentário ao Senado, no andar dessa carruagem não será o último. Mas, como já mencioinei em outra ocasião, Temer, o Postiço, Meirelles, o Breve e Ilan, The Zero Zero Boy (zero inflação e zero tudo) sabem que onde pisam nunca mais cresce grama. Então usam a estratégia do ponto futuro, ou seja, nunca falam e oolham para o seu rastro de terra arrasada, mas mantém e recomendam aos incautos pousar os olhos nos verdes campos que projetam mais a frente. Até quando?  Sei lá, só o Diabo sabe quando essa gigantesca Beotia irá acordar. 

  7. Lula

    Lula tem conta na Suíça!

     

     

    Agora, com provas e convicção, o bicho pegou, pois Lula tem conta na Suíça!

    E não foi Moro, Dallagnol ou Joesley que denuncia! Foi uma herdeira do banco  Creddit Suisse, Roberta Luchsinger, que revelou: Lula tem conta na Suíça. Essa neta de banqueiro coloca em cheque o que Cristo pregava: “É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no céu”.

    Se depender da vontade de ajudar os pobres, Roberta Luchsinger já entrou no reino do céu, pois acaba de doar cerca de R$ 500 mil a Luiz Inácio Lula da Silva. Ela e o mundo sabem o que a mídia brasileira tenta desesperadamente esconder: Lula,  quando presidente,  tirou 40 milhões da miséria e o Brasil do mapa de fome da ONU.

    “Com o bloqueio dos bens de Lula, Moro tenta inviabilizá-lo tanto na política quanto pessoalmente. Vou fazer uma doação para que o presidente possa usar conforme as necessidades dele”, diz Roberta.

    Entre eles, um relógio Rolex (R$ 100 mil) e um anel de diamantes da joalheira Emar Batalha (R$ 145 mil), que enfeitou um editorial da revista “Vogue”. “Lula vai poder penhorar tudo”, sugere a doadora..

    Segundo a Folha:

     Na mala, que será entregue pessoalmente nos próximos dias, em data que está sendo negociada com o ex-ministro Gilberto Carvalho, há ainda objetos de desejo de blogueiras e “it girls”: uma bolsa Chanel (R$ 32 mil), um par de sandálias Christian Louboutin (R$ 3 mil) e um vestido Dolce & Gabbana (R$ 30 mil) (1)…

    O mais bonito de tudo isso é que Roberta faz a doação em reposta a Moro que, com o bloqueio, tenta paralisar Lula em sua andança pelo país pregando o fim do golpe, a preservação da nossa soberania e o resgate dos direitos dos trabalhadores.

    A única preocupação é que a “Justiça”, em nosso país, considera doações para Lula e o PT como propina e, para os outros partidos, como doação de campanha.

    Vamos ficar de olho!

    Fonte: 1 – http://www1.folha.uol.com.br/colunas/redesocial/2017/08/1908731-bolsa-lula-herdeira-de-banco-suico-doa-r-500-mil-apos-bloqueio-de-moro.shtml    

     

    Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2017. 

    Autor: Emanuel Cancella, OAB/RJ 75.300, ex-presidente do Sindipetro-RJ, fundador e ex diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da FUP e fundador e coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese, sendo também autor do livro “A Outra Face de Sérgio Moro” que pode ser adquirido em: http://emanuelcancella.blogspot.com.br/2017/07/a-outra-face-de-sergio-moro-pontos-de.html.

    OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

    (Esse relato pode ser reproduzido livremente)

    Meus endereços eletrônicos:
    http://emanuelcancella.blogspot.com.
    https://www.facebook.com/emanuelcancella.cancella 

     

     

     

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