Fora de Pauta

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Luis Nassif

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  1. Brasil deve reforçar a multipolaridade internacional

    SOBRE A RÚSSIA, O BRASIL E OS BRICS – Segundo o insuspeito¹ Goldman Sachs, a Rússia terá em 2050 (faltam apenas 36 anos, ou seja, é logo ali) a 6ª maior economia do globo terrestre. 

    Entre as 05 maiores economias em 2050, 03 fazem parte dos BRICS, cuja próxima Cúpula será em Fortaleza, no Brasil, em julho deste ano de 2014. 

    Entre as 10 maiores economias do mundo em 2050, 04 fazem parte dos BRICS! Seguem as dez primeiras economias em 2050, segundo o Goldman Sachs:

    1- China;
    2- Estados Unidos;
    3- Índia;
    4- Brasil;
    5- México;
    6- Rússia;
    7- Indonésia;
    8- Japão;
    9- Reino Unido;
    10- Alemanha.

    E não é só isso. Também de acordo com as projeções do Goldman Sachs, a Rússia terá o 4º maior PIB per capita do globo terrestre, entre as grandes nações, no ano de 2050. 

    Mais uma vez contata-se que entre os 12 países com maior renda per capita, no ano de 2050, teremos a presença de 03 representantes dos BRICS. Segue a projeção:

    1- Estados Unidos;
    2- Coréia do Sul;
    3- Reino Unido;
    4- Rússia;
    5- Canadá;
    6- França;
    7- Alemanha;
    8- Japão;
    9- México;
    10- Itália;
    11- Brasil;
    12- China.

    Como vemos, é um disparate completo e absoluto dizer que a Rússia não terá papel relevante no mundo nas próximas décadas. Este disparate é fruto de mentes colonizadas que ao invés de estudar com rigor as projeções políticas, econômicas e sociais do mundo, trocam o rigor analítico pela repetição acrítica da propaganda ocidental.

    A Rússia já é um ator importantíssimo no globo terrestre e todas as projeções futuras aumentam a projeção política, econômica e bélica da Rússia, não o contrário!

    O que está a acontecer agora, neste episódio da Ucrânia e da Crimeia, é que alguns reacionários, verdadeiros papagaios dos interesses dos EUA, repetidores de fantasias que são, tratam de escrever textos inúteis e imprestáveis, verdadeiras peças de propaganda anti Rússia e anti multipolaridade de poder global. 

    Passam vergonha estes colonizados, mas o tempo há de lhes mostrar o ridículo de suas estúpidas posições.

    Agora um pouco mais sobre a propaganda e a tática diversionista do Ocidente, repetida pelos seus papagaios colonizados. Para não falar no Golpe de Estado praticado por nazistas financiados pelos EUA, deitam falação contra a Rússia! 

    A quem pensam que enganam com esta torpe tática? Nem o mais idiota ser humano da face da Terra acredita nestes leguleios dos golpistas, dos nazistas e dos imperialistas!

    Quanto a questão da Crimeia, basta lembrar que ela cumpriu os mesmos trâmites internacionais pelos quais passaram o Kosovo (quando se separou da Sérvia) e a própria Ucrânia (quando se separou da antiga URSS). Nestes dois casos citados, o Kosovo e a Ucrânia contaram com o apoio incondicional dos EUA, da União Europeia e da OTAN. 

    Ou seja, os cínicos criticam a Rússia e a Crimeia a respeito de medidas que eles próprios apoiaram e implementaram em passado não muito distante!

    Enfim, as críticas à Rússia são apenas uma lamúria de papagaios dos interesses dos EUA. De papagaios que perderam de vez o senso crítico e o senso do ridículo. 

    Que lamentável é constatar que mentes colonizadas insistem com as suas medíocres falácias, e que insistem em trocar a realidade concreta e objetiva dos fatos pelos seus sonhos, delírios e devaneios. 

    E chegam, para tanto, os papagaios do discurso dos EUA, até mesmo a apoiar nazistas!

    Por fim, notem que em 2050 o PIB dos BRICS será superior ao PIB somado dos EUA e da União Europeia. 

    Alguma dúvida sobre o fato de que o Brasil deve aprofundar imediatamente os seus laços políticos, econômicos, sociais, culturais e de infraestruturas com os demais países que compõe os BRICS?

    ¹ Insuspeito de ser contrário aos interesses dos EUA e da União Europeia.

      1. Chora Bananeira, Bananeira Chora!

        Os tucanos que estiveram e ainda estão em alguns governos caipiras já levaram os impostos do petróleo no Rio, querem agora levar a água do Rio. Será que amanhã vão querer levar as praias do Rio para o planalto paulistano????

  2. De Luiza Trajano para

    De Luiza Trajano para Mainardi: “Menino, estamos vendendo mais ainda. Toma juízo…”

    Fernando Brito

     

    Caro Diego Mainardi,

    Como não nos falamos mais desde aquele dia em que – você me perdoe – tive de dar um “fora” em você por ter sugerido que eu vendesse o Magazine Luiza para a Amazon, quero mandar uns dados fresquinhos para você sobre as vendas no varejo, isto é, para o povão.

    Menino, sabe que a gente teve um aumento danado nas vendas desde aquele dia?

    Este mês,o pessoal lá do Instituto de Desenvolvimento do Varejo – aquela instituição de que falei, que tem um monte de gente bacana, como é o  Jorge Paulo Lemann, o Sicupira e o Herman Telles, os top de linha da Forbes – calculou que as vendas aumentaram 7,5 por cento sobre fevereiro do ano passado.

    Tem uns economistas chatos que disseram que foi porque o fevereiro deste ano não teve carnaval. Que nada, janeiro foi a mesma coisa e as vendas subiram, no bimestre, 7,1 por cento em relação a janeiro e fevereiro passados. 

    Tô mandando o link para você conferir. E é link da Reuters, não é da Veja, você pode confiar que não é mentiroso como lá.

    E se prepare, Diego, que mais perto da Copa, vai crescer mais, acima de 10%.

    E olha que o mar não tá para peixe no mundo, não. Você viu a notícia de que a Amazon, que você acha o máximo, levou um tombaço no início do  ano, com resultados muito abaixo do esperado”.

    Se continuar assim, o Magazine é que compra eles… Brincadeirinha…

    Mas, sério,pergunta ao Lemann se ele quer vender as Americanas? Nem morta, santa! Está tão otimista com as vendas que está abrindo, só no Rio e em Niterói, 950 vagas agora para a Páscoa…

    Assim que o pessoal preparar os gráficos te mando, como daquela vez, está bem?

    Beijos e vê se fala pro papai se acalmar e parar de ficar pedindo golpe militar, está bem?

    Cordiamente,

    Luiza.

    PS. Coloco aí embaixo um vídeo que gravei, lá na CartaCapital, chiquérrimo, né?  Vê se presta atenção no que falo sobre o Brasil hoje ter emprego para todo mundo, tá?

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=Ct1-0VbClfI%5D

    1. Grande Luíza !

      Não sei se o Fernando Brito “criou” esta maravilhosa resposta, ou se a Luíza Trajano, respondeu ao “menino” mesmo.

      De um jeito ou de outro, a resposta e os números(corretíssimos por sinal)e as perspectivas para os meses seguintes, prometem !

      Mesmo quando ela era concorrente da empresa na qual trabalhei durante muitos anos, sempre admirei a confiança e a grande capacidade de gestora, desta grande mulher. 

      Parabens Luíza ! É de pessoas como você, que o Brasil precisa, e não de jornalistas de 1/2 tijela, como o Mainardi. 

  3. Frei Betto: A CIA financiou o golpe militar de 64

    O financiamento das marchas pró-golpe militar pela CIA, no Blog do Zé Dirceu

     

    Frei Betto

    A colaboração das igrejas com a ditadura e/ou sua resistência ao regime militar tornou-se assunto meio tabu no Brasil, pouco discutida e quando debatido pouco aprofundado nestes 50 anos decorridos do golpe. Agora há um grupo na Comissão Nacional da Verdade especialmente voltado para o levantamento e estudo dessa questão e que vem enfrentando dificuldades porque, a exemplo do que que se verificou no último meio século, poucos querem falar.

    Pois bem, a colaboração da Igreja com a ditadura e, também, sua resistência, as duas posturas e as cisões que marcaram a Igreja Católica no Brasil, são agora rememoradas por Frei Betto em uma entrevista imperdível que ele concedeu ao portal UOL sobre os 50 anos do Golpe.

    Uma entrevista, aliás, que vem em boa hora, quando a famigerada Marcha pela Família com Deus e pela Liberdade encontra-se prestes a ser reeditada neste sábado (22.03), no país – no que depender de seus organizadores, em mais de 200 cidades brasileiras. Nesta entrevista Frei Betto explica, com todos os detalhes, como a CIA financiou a Igreja Católica em marchas pró-golpe militar.

    Ele conta que em meados de abril de 1964, como membro da direção nacional da Ação Católica, participou na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de uma “furiosa discussão entre bispos conservadores e progressistas, tendo ganhado o setor conservador”. O religioso lembra que “o caldo de cultura do golpe havia sido preparado pela CIA no Brasil através do padre Patrick Peyton, que era o pároco de Hollywood e veio ao Brasil.”

    O pagamento da CIA e o surgimento dos bispos progressistas

    “Hoje – prossegue Frei Betto – já se sabe com documentos que ele era pago pela CIA para fazer as Marchas da Família com Deus pela Liberdade. Ele promovia grandes mobilizações nesse sentido. Portanto, quando veio o golpe, a Igreja agradece a Nossa Senhora Aparecida ter livrado o Brasil da ameaça comunista”.

    Lembra, porém, que havia bispos progressistas que resistiram ao golpe, mas que eram minoria. “Os primeiros bispos progressistas estavam praticamente aparecendo no cenário brasileiro, como o d. Helder (Câmara, do Recife), o d. Waldyr Calheiros, que era bispo de Volta Redonda (RJ), o d. José Vicente Távora, de Aracaju. Mas eram poucos. O d. Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, de São Paulo (presidente da CNBB à época), era um moderado, mais para progressista. Era muito amigo do Juscelino (Kubistchek)”.

    Em relação às marchas em defesa do golpe, Frei Betto destaca dois militantes de extrema direita no episcopado: d. Geraldo Proença Sigaud, de Diamantina (MG), e d. (Antônio de) Castro Mayer, de Campos (RJ). Segundo ele, eram “patronos da TFP (Tradição Família e Propriedade)” – uma das mais conservadoras entidades já montadas no país – e “dois militantes ferozes do fundamentalismo conservador na igreja”, que “tiveram muita atividade, muito empenho, nessa aprovação do golpe por parte da CNBB”.

    Perseguição a religiosos levou Igreja a abandonar posição conservadora

    A mudança (nessa posição conservadora), porém, aconteceu. “A igreja mudou de posição à medida que padres, bispos e religiosos eram também perseguidos e vitimizados pela ditadura”, explica Frei Betto. Ele lembra que “o papa não se posicionou no início. Mais tarde, o Vaticano veio a censurar a ditadura. Porque com o tempo a repressão se estendeu também à igreja e daí criou-se nela não só uma divisão, mas a própria CNBB foi se afastando da ditadura”.

    Isso fez com que, a partir dos anos 70, a CNBB fosse “praticamente a grande voz de defesa das vítimas da ditadura. Tanto que o mais importante documento sobre os mais de 20 anos de ditadura foi produzido pelo d. Paulo Evaristo Arns, o livro ‘Brasil Nunca Mais’, editado em parceria com o pastor presbiteriano reverendo Jaime Wright. A igreja e a própria CNBB se tornaram, a partir do AI-5 (baixado em 1968) , uma voz contra a ditadura.”

    Não deixem de ler a íntegra da entrevista.

  4. Retórica e ideologia como encobrimento da realidade

    Retórica e ideologia como encobrimento da realidade

    – A tua argumentação é retórica.

    – A tua retórica é que não tem argumentos.

    É assim que rola o papo nas redes sociais.

    Cada interlocutor quer vencer pela retórica sem ser chamado de retórico. Nos duelos da internet, o que mais se lê é:

    – Não generaliza. Toda generalização é um erro.

    – Essa tua generalização também?

    Outra astúcia da nova retórica é o golpe do equilíbrio. Depois de muita polarizar, um dos debatedores, se for gaúcho, tenta por a bola no meio:

    – Não grenaliza, cara.

    É pura astúcia retórica. Se o sujeito é de direita, jamais foge ao já clássico e risível clichê ideológico:

    – Não tem mais essa de esquerda e direita.

    Quanto mais ideológico é o indivíduo, mais provável que num determinado momento ele infle o peito e afirme:

    – As ideologias acabaram. Isso é coisa do passado.

    Figura típica das redes sociais é o “trollador”, o mala que se encarna em alguém disparando clichês e tentando desqualificar tudo o que outro diz. Tem o “trollador” que não se vê como tal. “Trolla” todo mundo. Quando “trollado”, finge-se de santo ou de equilibrado.

    – Eu só estava tentando mostrar o outro lado.

    Divertidos são os antipetistas. Exageram tudo o que possa ser ruim para o PT, omitem tudo o que possa prejudicar a direita, especialmente o PSDB. Aí dizem:

    – Não dá para aguentar essa redução de tudo a PT e PSDB.

    As estratégias discursivas do momento desconhecem o princípio da não-contradição. O saudoso de Médici e da censura do regime militar brasileiro cobra liberdade de imprensa na Venezuela, que chama de ditadura bolivariana.

    – Mas tem eleições lá.

    – Fraudadas.

    – Com observadores internacionais presentes?

    – Encenação. Não tem liberdade de imprensa.

    – Mas os jornais impressos são todos de oposição.

    – Me engana que eu gosto. Kkkkkkk!

    Raras vezes a situação esteve tão polarizada. A internet é um campo de oposição dogmática entre direita e esquerda. Reflete nitidamente o que continua ocorrendo em qualquer esfera da vida. Só que na rede tudo se diz. É o espaço do insulto, do palavrão, da provocação frontal. Um teórico dos anos 1960, no estilo Roland Barthes, talvez cravasse numa fórmula: “O cidadão morreu. A internet é fascista”. Favorece a intolerância. A internet, contudo, pode ser o renascimento do cidadão. O fascismo gostaria de controlá-la. Manter só os seus “trolladores” em ação.

    O velho esquerdista deixa escorrer a nostalgia:

    – A esquerda de hoje não tem projetos.

    O novo esquerdista tira uma onda:

    – O projeto da velha esquerda era o totalitarismo.

    Políticos “realistas” de hoje, revolucionários ou resistentes de ontem, que a direita chamava de baderneiros, rotulam os jovens manifestantes na bucha:

    – Terroristas esses black blocs.

    – Fascistas esses defensores do AI-5 da Copa.

    O inimigo dos direitos humanos nunca vacila:

    – Leva o bandido para casa.

    O lacerdinha da direita Miami nunca esquece o:

    – Vai para Cuba.

    http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=5739

  5. Almino Affonso: a história de quem perdeu

    http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed790_almino_affonso__a_historia_de_quem_perdeu

    Almino Affonso: a história de quem perdeu

    Por Paulo Totti em 18/03/2014 na edição 790

    Reproduzido do Valor Econômico, 14/3/2014; intertítulos do OI

    Em 10 de abril de 1964, o Brasil soube que Almino Monteiro Álvares Affonso era o inimigo público número 14 da República. Esta foi sua posição na lista de 102 brasileiros que tiveram direitos políticos suspensos por integrar, ou apoiar, segundo registros da época, o governo “comuno-petebo-sindicalista” deposto pelas Forças Armadas entre os dias 31 de março e 2 de abril. João Goulart foi o primeiro. Seguiam-no Jânio Quadros, Luiz Carlos Prestes, Miguel Arraes, Leonel Brizola. O sexto era Rubens Paiva. Celso Furtado, o décimo. Em 9 de abril, o golpismo vitorioso se considerou “autêntica revolução” e se investiu em poder constituinte, conforme o Ato Institucional assinado nesse dia pela junta militar.

    O Ato ficou sem número porque os autores não pensaram na hipótese de uma sequência. Mas, em outubro de 1965, veio o AI-2. Depois, o AI-3, o feroz AI-5, até o AI-17, em 1969, além de 104 Atos Complementares, com anexas cassações de mais políticos eleitos, ministros do STF, militares dissidentes e de potenciais candidatos à Presidência, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek e até o ex-governador Carlos Lacerda, líder civil, nos primórdios, do que também se chamou “redentora”.

    Almino Affonso testemunhou em Brasília a agonia do regime constitucional. Em 44 horas, ruiu um governo que se considerava forte, confiado em apoio popular despido de organização para a resistência e em dispositivo militar que não agiu nem reagiu.

    Aos 85 anos, Almino diz que o golpe foi mais que simples quartelada. “Fez parte da história do século XX, capítulo do entrechoque entre Estados Unidos e União Soviética. Sem considerar a Guerra Fria não se entende o golpe no Brasil.” O ex-deputado amazonense, na época líder do PTB, partido de Jango, rejeita a versão de que o país foi salvo do comunismo iminente. “Os comunistas não tinham como chegar ao poder. Por eleições, nem falar; por luta armada, nem falar; muito menos em aliança com Jango. A que título um proprietário de terras faria aliança que levasse ao comunismo?”

    Sobre o fato de Jango abandonar o poder sem luta, é incisivo: “Não se pode chamar de covarde a quem, tendo um canivete, não reage ao ataque de alguém armado com metralhadora”.

    – Houve traição, incompetência? O general Argemiro Assis Brasil, chefe da Casa Militar, dizia que armara invencível dispositivo militar para repelir tentativas golpistas.

    – Não tenho condições de dizer se houve omissão traiçoeira. Mas houve, no mínimo, incompetência.

    “Anulei a portaria”

    As reflexões de Almino estão no livro “1964: Na Visão do Ministro do Trabalho de João Goulart”, a ser lançado em noite de autógrafos na Livraria Cultura, em São Paulo, no dia 31. Passados 50 anos, uma conversa com Almino é sempre uma revisita – com redescobertas – à história recente do país.

    Bigodes e cabelos levemente grisalhos, glicemia sob controle, ainda vigoroso no vozeirão, no sorriso e na memória, indicou o Ristorante Santo Colomba para este “À Mesa com o Valor”. É casa de comida italiana na região dos Jardins, decoração transplantada de antigo bar do Jockey Club do Rio, com a peculiaridade de não aceitar cartões de crédito ou débito. Almino e o proprietário-chefe-de-cozinha, José Alencar de Souza, mineiro de Montes Claros, são amigos de longa data. Encontram-se no corredor e ali mesmo, de pé, decidem que se servirá no jantar arroz com frutos do mar para três. A fotógrafa Ana Paula Paiva e o repórter assistem. Alencar sugere vinho branco. Almino discorda: “No Chile, virei ‘tintero’, só tomo vinho tinto”. Chegam a feliz acordo. O arroz, perfeito no cozimento, e a textura suave do polvo, dos camarões, da lula, conviveriam em harmonia com o Carmenère.

    Traçar o perfil de Almino requer recursos de “flashback”, recuos e avanços. Líder estudantil, candidato a vereador em São Paulo, deputado federal pelo Amazonas, ministro do Trabalho no governo Goulart, cassado, exilado, secretário de Negócios Metropolitanos no governo de Franco Montoro em São Paulo, vice no de Orestes Quércia, candidato a governador, novamente deputado federal e candidato ao Senado. Vitórias e derrotas nas passagens por siglas como PSB, PST, PTB, MDB, PMDB, PSDB e PDT. Às quais se agregaria PT, se frutificasse o flerte com Luiz Inácio Lula da Silva, em 1979/80 – “diálogos com Lula, razão talvez para outro livro”. Aposentado pelos três mandatos de deputado, vive em São Paulo. Sem partido e “inquieto com a falta de representatividade e respeitabilidade de todos os partidos”.

    “Fale do que viveu, viu e ouviu naqueles dias”, pede o repórter.

    31 de março. O líder do PTB chega à Câmara pela manhã e surpreende-se com tantos deputados nos corredores. “Não sabe? O general Olímpio Mourão Filho, comandante da guarnição de Juiz de Fora, desde as seis horas está em marcha para derrubar o Jango.” Almino liga para o líder do PTB no Senado, Artur Virgílio, pai do hoje prefeito de Manaus. O senador também nada sabe e convida Almino a ir até seu apartamento. De lá, Virgílio telefona para o Palácio das Laranjeiras, no Rio. Almino ouve na extensão. Jango diz que é tudo boato e faz uma pausa. Ouve-se alguém entrar no gabinete. “General”, diz Jango, “o que há de verdade sobre sublevação do Mourão?” Uma voz responde: “Nada, presidente, é um movimento de rotina, comum”. O interlocutor era o general Assis Brasil. “Nada mais, general?”. “Nada mais, presidente, é só isso”. Jango ao senador: “Ouviste, Artur? É mais uma falsidade dessa oposição”.

    À tarde, a Câmara inteira está nos corredores. “Entro numa daquelas rodas e digo: ‘De onde vocês tiram tanta fantasia?’ E contei o que ouvi. O sobrinho do Juscelino, deputado Carlos Murilo, me tira da roda e diz: ‘Se o que você disse é jogada do presidente para criar um clima de distensão, não sei se tem utilidade. Mas, se diz isso porque acredita, está perdido. Belo Horizonte está em pé de guerra. O governador Magalhães Pinto assumiu o comando civil do que chamam de revolução, o general Carlos Luiz Guedes, comandante da IV Infantaria Divisionária, sediada em BH, é o comandante militar. Como é que o presidente não sabe disso?”

    O presidente não sabia. A conversa com Virgílio foi ao meio-dia e o presidente só soube oficialmente da sublevação às seis da tarde, quando o ministro da Justiça, Abelardo Jurema, interrompeu um despacho e entregou-lhe um bilhete. A essa altura, Mourão estava às portas do Rio. Ainda agora, Almino se exaspera: “Do meio-dia às seis da tarde! Como é que o Assis Brasil, questionado por Jango ao meio-dia, não tomou providências, não se informou? Ligasse a um compadre. ‘Me conta aí, está havendo algo em Minas?’”

    À noite, Jango recebe políticos, Juscelino entre eles, que aconselham recuos: “Rompa com os sindicatos”, “demita ministro tal”, “feche a UNE [presidida por José Serra]”. Jango se negava. Na manhã do dia 1º, voa para Brasília, depois de saber que o general Amaury Kruel, comandante do II Exército, até então amigo, além de compadre, aderira à sedição. O general Armando Âncora, substituto do ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, operado de câncer, alega não poder garantir a segurança do presidente no Rio.

    Às duas da tarde, Jango chama a uma reunião na Granja do Torto o senador Artur Virgílio e os deputados Tancredo Neves, Doutel de Andrade, Temperani Pereira, Luiz Fernando Bocayuva Cunha e Almino. “Vi o presidente com fisionomia abatida, barba por fazer, terno amarfanhado. Telefona o general Ladário Pereira Teles, comandante do III Exército, e recomenda a ida imediata para Porto Alegre, onde imaginava poder resistir. Jango pede nossa opinião. Tancredo e sucessivamente os demais são a favor. Jango concordou, mas deixou claro que não queria dividir o país e repetiu o que já dissera: ‘Não suporto a hipótese de derramar sangue do povo em nome do meu mandato’”.

    Conseguiram o avião mais moderno do país, o Convair 990 da Varig, conhecido como Coronado, 920 quilômetros por hora em voo cruzeiro. Com ele, Jango iria depressa para Porto Alegre. Era começo da noite, aeroporto cheio de aliados civis.

    “Detalhe inquietante, o general Nicolau Fico, comandante militar de Brasília, chega de cara amarrada, mal cumprimenta o presidente e retira-se.” Jango vai para o avião, aos poucos as pessoas deixam o aeroporto. “Ficamos, Tancredo, Bocayuva, grande pessoa, meu irmão, e eu. E o avião enorme ali, todo iluminado, não saía do lugar. Já eram dez horas, e nada. Soldados da Aeronáutica fecham o acesso ao pátio do aeroporto. Fiquei com dor no estômago. ‘Tancredo, minha sensação é que vão prender o presidente aqui, na cara da gente’. Disse o Tancredo: ‘Vamos lá falar com o presidente, tomar alguma providência’”.

    “Os soldados puseram baioneta na nossa cara. Aí, o Tancredo: ‘Abaixem as armas, somos representantes do povo’. Um coronel nos deixa passar. Jango, com Assis Brasil atrás dele, já descia a escada do avião. Abraça-nos e diz: ‘Pois é, houve uma pane. É o que dizem’. Levaram Jango para um Avro da FAB, turbo-hélice, um aviãozinho. E naquilo foi Jango para Porto Alegre”.

    À saída do aeroporto, Tancredo disse: “Há dez anos, participei da última reunião presidida pelo doutor Getúlio. Agora me pergunto se a história se repete e foi a última vez que abracei Jango como presidente”.

    “Ô, Tancredo, por que tanto pessimismo?”, disse Almino.

    “Vocês são jovens. Acreditam que o Rio Grande tem condições de resistir sozinho.”

    À meia-noite, vem o aviso de que o presidente do Senado, Auro Moura Andrade, convocava o Congresso para sessão extraordinária à uma da manhã. “Sentei na primeira fila, ao lado de Tancredo. Auro abre a sessão e lê uma carta do Darcy Ribeiro, chefe da Casa Civil, em que este informava ter o presidente viajado para o Rio Grande do Sul. Encontrava-se, portanto, em território nacional. Ato contínuo, Auro faz o discurso que todos conhecem, diz que o governo está acéfalo e pronuncia as frases célebres: ‘Declaro vago o cargo de presidente da República… O presidente da Câmara dos Deputados, Rainieri Mazilli, assume a Presidência da República’”.

    “Tancredo se levanta e grita: “Canalha! Canalha!” E o deputado Rogê Ferreira, do PSB de São Paulo, porte atlético, empurra os seguranças, vai até Auro e cospe nele duas vezes. Desde então, chamo isso de cusparada cívica. Aconteceu entre uma e meia e duas da madrugada de 2 de abril. Esta é a data do golpe”.

    Jango chega a Porto Alegre às 3p5. Reúne-se com Ladário e constatam que também as guarnições do III Exército, no interior do Estado, em Santa Catarina e no Paraná, estavam com o golpe. O governador Ildo Meneghetti, golpista, fugira para Passo Fundo, mas controlava a Brigada Militar. Ladário ainda insiste: “Vamos lutar”. Jango é o mais sensato, conclui que, ante a total desarticulação, ou inexistência, do “dispositivo”, a luta seria suicida. Às 11p5 do dia 2, parte para o Uruguai.

    – Onde entra a Guerra Fria nisso?

    – A política externa não agradava aos americanos. O Brasil reatou relações com a União Soviética, foi contra a expulsão de Cuba da OEA. Na crise dos mísseis, Kennedy mandou uma carta que era verdadeira convocação para o Brasil acompanhar os Estados Unidos num ataque a Cuba. Lembro a data: 22 de outubro de 1962. Jango reuniu, no Palácio, Francisco Clementino de San Tiago Dantas, chanceler; Evandro Lins e Silva, procurador-geral da República; Antônio Balbino, ex-consultor geral da República; general Albino Silva, então chefe da Casa Militar, e este jovem. Jango mostra a carta e já traz sua opinião, com anotações à mão, uns garranchos. A opinião dele era o respeito ao princípio de não intervenção. San Tiago escreveu o texto da recusa. Em Genebra, numa conferência sobre desarmamento, o Brasil anuncia que é não alinhado, não se subordina a nenhum bloco militar. Tudo isso contrariava a estratégia dos Estados Unidos, que tinham a América Latina como território seu. Daí o apoio aos golpes em todo o continente. No caso do Brasil, está provado, tropas americanas desembarcariam em Pernambuco se houvesse resistência. Jango já sabia disso, avisado pelo ex-chanceler Afonso Arinos. Não precisaram intervir, pois o financiamento a entidades como Ibad e Ipes, a campanha massiva anti-Jango na imprensa, acabaram por convencer os militares de que o governo ia comunizar o país.

    – Um ano depois, o Brasil invade a República Dominicana para derrubar o presidente Francisco Camaño, tido como castrista. Mas não foi só para alinhar o Brasil aos Estados Unidos que aconteceu o golpe.

    – Claro que não. A crise social e econômica foi fator propiciatório. A inflação era galopante e havia greves. Em São Paulo houve uma greve de 700 mil trabalhadores, sem intervenção do Ministério do Trabalho. Imagine o que a Fiesp achou disso. As Ligas Camponesas assustavam os latifundiários com o radicalismo da reforma agrária “na lei ou na marra”.

    – Saiu o Estatuto do Trabalhador Rural…

    – O projeto era do tempo de Getúlio. O deputado Fernando Ferrari, então líder do PTB, desengavetou-o e fez dele sua bandeira. Foi aprovado já com Ferrari fora do partido. Ele fundou o Movimento de Renovação Trabalhista (MRT) e se candidatou a vice-presidente, direto contra Jango. Sem rancor, Jango promulgou a lei, que tem a assinatura dele, a minha, como ministro do Trabalho, e a de José Ermírio de Moraes, ministro da Agricultura. O Estatuto jogou os ruralistas contra Jango com violência maior do que a luta pela reforma agrária. Mesmo que fosse possível iniciarmos a reforma agrária, ela, por natureza, não seria instantânea, é um processo. O Estatuto, não. Publicada a lei, no dia seguinte já tem que pagar salário mínimo e dar outros direitos ao trabalhador rural. Dois meses depois, num desastre de avião, morre o Fernando…

    – Que outros fatores levaram a quase totalidade dos empresários a apoiar o golpe?

    – Uma portaria proibia os sindicatos de unir-se em torno da mesma reivindicação. Como ministro, anulei a portaria. Surgiram os Pactos de Unidade e Ação (PUA), o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), que organizou o comício de 13 de março na Central do Brasil. E havia a UNE, com greve pela participação dos estudantes na congregação da Universidade.

    Quadro instável

    “A Varig demite o comandante Melo Bastos, com imunidade sindical. A greve que começou na empresa se alastra para outras categorias. Jango me chama, preocupado com a Companhia Siderúrgica Nacional também parar. ‘Já pensaste naqueles fornos petrificados?’ Digo que ministro do Trabalho não agiria contra uma greve que queria o cumprimento da lei. ‘Mas se o senhor pensa diferente, é meu dever entregar o cargo agora mesmo.’ Jango reage: ‘Ah é? Tu sais de herói, e eu?’ Lembro ao presidente que ele foi ministro do Trabalho de Getúlio. ‘O senhor usaria a polícia contra os grevistas?’ Jango pensou um pouco. ‘Esquece.’ E ligou para o presidente da Varig, Rubem Berta. ‘Ô, Alemão, tá querendo complicar meu governo? Tu faz o favor de readmitir o Melo Bastos. Primeiro, porque tu erraste. Segundo, porque quem tá te falando é o presidente da República.’ Berta readmitiu Melo Bastos, a greve acabou, os fornos de Volta Redonda seguiram acesos. Tudo isso acumulou ódios intermináveis.”

    Almino nasceu em Humaitá, às margens do rio Madeira. Começou o curso de advocacia em Manaus e o concluiu em São Paulo, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde venceu um concurso nacional de oratória. O dom seria reconhecido mais tarde até pelos inimigos. Carlos Lacerda, líder da UDN na Câmara, diria: “Que grande orador é o senhor, o senhor tem asas”. O general Mourão desancou Almino em suas memórias, mas destacou a “voz de barítono”, a “fluência verbal”. O jovem acabou presidente da União Estadual de Estudantes (UEE) e se candidatou a vereador pelo Partido Socialista Brasileiro. Os 870 votos não serviram sequer para boa posição entre os suplentes.

    Em 1958, amigos sugerem que, se São Paulo lhe negava a vereança, fosse ao Amazonas e voltasse deputado federal. Em sua terra, filia-se ao PST e, em campanha de “três meses menos três dias”, torna-se, aos 28 anos, um dos sete da representação amazonense na Câmara. Usou megafone, banquinho e a voz potente para discursar pelas esquinas de Manaus. O discurso, porém, era diferente, mesclava temas locais aos federais, como a defesa da Petrobrás (ainda com acento).

    Na Câmara, entrou para o PTB e chegou a líder da bancada. Integrou a Frente Parlamentar Nacionalista, reelegeu-se, e foi ministro do Trabalho de João Goulart por seis meses. Uma tarde, Juscelino o convidou para um café, disse que queria voltar à Presidência em 1965, faria a reforma agrária, e se sentiria honrado se Almino aceitasse ser seu vice. Veio o golpe, foram ambos cassados e não se falou mais nisso.

    – No dia 3 de abril de 64, começou a caça às bruxas. Achou que ia ser preso?

    – Rainieri Mazzilli, presidente por duas semanas, pois teve que entregar o poder ao general Humberto Castello Branco, mandou avisar que deputados seriam presos e ele não poderia evitar. Citou meu nome e o de Francisco Julião.

    A notícia da cassação chegou quando recebia a visita de San Tiago. O ex-chanceler lhe disse: “O homem público não deve deixar-se prender. Apequena-se, humilha-se, é exposto a vexames. [Em Recife, dias depois, o comunista Gregório Bezerra, descalço, pés em carne viva e puxado por uma corda no pescoço, foi exibido como troféu pelas ruas do bairro da Casa Forte.] Opte pelo exílio. Passará alguns anos fora. No máximo, quatro. Você é jovem”. San Tiago morreu de câncer no pulmão cinco meses depois. Almino, no dia 11, entrou na embaixada da Iugoslávia. Exílio de 12 anos.

    A embaixada estava vazia. Os móveis, vindos no ano anterior para a visita do marechal Josip Broz Tito a Brasília, voltaram para o Rio. Não sobrou uma cadeira. Na primeira noite, os asilados, eram uma dúzia, dormiram no chão, depois arrumaram camas de vento e se cotizaram para comida e sabonetes. No início, estavam lá os deputados Bocayuva e Lício Hauer, do Rio, Fernando Santana, da Bahia, e José Aparecido de Oliveira, da “bossa nova” da UDN mineira. Rubens Paiva, “outro amigo-irmão”, chegou mais tarde. Viajaram para Belgrado num navio cargueiro. Rubens Paiva conseguiu ir logo para Paris e, com a mulher, Eunice, foi de carro buscar Almino dois meses depois. Em Paris, Almino recebia “westerns” do Uruguai, “venha, venha”, porque Montevidéu se transformava na capital política do exílio. Atendeu ao chamado. O Uruguai ainda não ingressara no clube das ditaduras sul-americanas. Apesar disso, o governo brasileiro pressionou e o uruguaio, então um colegiado, expulsou Almino, em abril de 1965.

    – Sua família, onde ficou?

    – Ficou no drama, em Brasília. Estivemos 18 meses separados. Quando me asilei, tudo que tinha eram R$ 6 mil, dinheiro de hoje, sempre fui de marré-marré. Estava na embaixada quando nasceu meu quarto filho. Minha mulher, Lígia Britto, trabalhava no Ministério da Fazenda, concursada, já estava lá quando nos conhecemos. O salário dela, que não era alto, teve que suportar as despesas da casa e ainda sustentar sua mãe. Os amigos se cotizaram para nos ajudar. Do Uruguai fui para o Chile, contratado pela Organização Internacional do Trabalho, OIT. Pude, então, trazer a família para Santiago.

    Lígia morreu há seis anos. O segundo dos quatro filhos, Sérgio Britto, é tecladista da banda Titãs, parceiro de Arnaldo Antunes.

    Augusto Pinochet dá o golpe no Chile e a OIT o transfere para o Peru. Lígia e os filhos voltam para o Brasil, os garotos, alfabetizados em espanhol, estudarão em escolas brasileiras. O quadro político no Peru também era instável e a Argentina vivia curta, e tempestuosa, pausa entre ditaduras (governo Isabel Perón). Almino vai trabalhar na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) em Buenos Aires. De seis em seis meses, a família ia visitá-lo. Volta ao Brasil e à política brasileira em 1976, mas teria que esperar até 1985 para rever um civil no Palácio do Planalto.

    Presidente eleito por voto direto, só em março de 1990.

    ***

    Paulo Totti, para o Valor Econômico

     

  6. Nasa prevê que planeta está à beira do colapso

    Nasa prevê que planeta está à beira do colapso

    Do Yahoo

    http://br.noticias.yahoo.com/nasa-prev%C3%AA-planeta-est%C3%A1-%C3%A0-beira-colapso-090000268.html

    RIO – Impérios como Roma e Mesopotâmia entre tantos outros, espalharam-se por territórios imensos, criaram culturas sofisticadas e instituições complexas que influenciaram cada aspecto do cotidiano de seus habitantes – até, séculos depois, e por diversas razões, sucumbirem. A civilização ocidental segue o mesmo caminho e está a um salto do abismo, segundo um estudo divulgado ontem pela Nasa. As raízes do colapso são o crescimento da população e as mudanças climáticas.

    O estudo foi baseado em um modelo desenvolvido por um matemático da Universidade de Maryland. Safa Motesharrei analisou ciências ambientais e sociais e concluiu que a modernidade não vai livrar o homem do caos. Segundo ele, “o processo de ascensão-e-colapso é, na verdade, um ciclo recorrente encontrado em toda a História”.

    “A queda do Império Romano, e também (entre outros) dos impérios Han, Máuria e Gupta, assim como tantos impérios mesopotâmios, são testemunhos do fato de que civilizações baseadas em uma cultura avançada, sofisticada, complexa e criativa também podem ser frágeis e inconstantes”, escreveu em seu estudo, financiado pelo Goddard Space Flight Center, da Nasa.

    Motesharrei lista os ingredientes para o fim do mundo. O colapso pode vir da falta de controle de aspectos básicos que regem uma civilização, como a população, o clima, o estado das culturas agrícolas e a disponibilidade de água e energia. O Observatório da Nasa já constatou diversas vezes a multiplicação de eventos climáticos extremos, como o frio intenso do último inverno na América do Norte e o calor que, nos últimos meses, afligiu a Austrália e a América do Sul. Seus estragos paralisam setores vitais para o funcionamento da sociedade.

    A economia também desempenha um papel importante. Quanto maior for a diferença entre ricos e pobres, maiores as chances de um desastre. Segundo a pesquisa, a desigualdade entre as classes sociais pauta o fim de impérios há mais de cinco mil anos.

    Com o desenvolvimento tecnológico, agricultura e indústria registraram um aumento de produtividade nos últimos 200 anos. Ao mesmo tempo, porém, contribuíram para que a demanda crescesse de um modo quase incessante. Hoje, se todos adotassem o estilo de vida dos americanos, seriam necessários cinco planetas para atender as necessidades da população. Por isso, segundo Motesharrei e sua equipe, “achamos difícil evitar o colapso”.

    A pesquisa da Nasa, no entanto, ressalta que o fim da civilização ainda pode ser evitado, desde que ela passe por grandes modificações. As principais são controlar a taxa de crescimento populacional e diminuir a dependência por recursos naturais – além disso, estes bens deveriam ser distribuídos de um modo mais igualitário.

    No documento, a agência lida mais com análises teóricas. Outros estudos mostram como crises no clima ou em setores como o energético podem criar uma convulsão social.

    Ignorância sobre o clima

    Outra pesquisa, divulgada ontem pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, faz uma espécie de cartilha para os principais debates sobre as mudanças climáticas.

    Professor da Universidade da Califórnia, Mario Molina (vencedor do Nobel por ter descoberto a camada de ozônio) destaca que, devido às emissões de carbono, o clima é, hoje, mais imprevisível do que há milhões de anos. Molina alerta que os gases-estufa ficarão na atmosfera por mais de uma geração e que, por isso, é preciso tomar ações urgentes para reduz a emissão de gases-estufa.

    Mesmo rodeado por fenômenos rigorosos, como nevascas e furacões, apenas 42% dos americanos acreditavam, em 2013, que a maioria dos cientistas estava convencido do aquecimento global. Molina ressalta que 97% da comunidade científica está certa da influência do homem. O relatório conclui que faltam informações básicas para a sociedade entender como é grave o momento atual.

  7. Macarronada tributária
    18 de

    Macarronada tributária

    18 de março de 2014 | 10p7

    José Paulo Kupfer

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    É mais do que sabido que o sistema tributário brasileiro é tão ruim que nem um colégio dos maiores tributaristas, se provocado, conseguiria produzir algo pior. Além do caráter regressivo e da indução distorcida ao desenvolvimento econômico, nos aspectos formais, nosso sistema é detalhista ao extremo, acumula camadas de leis e normas sobrepostas e reúne uma quantidade anormal de textos imprecisos.

    Trata-se de uma indigesta macarronada tributária, que leva a um número absurdo de litígios entre contribuintes e fisco, nas esferas administrativa e judicial. Prova da anomalia do sistema, o estoque de disputas passa fácil do milhão e os valores envolvidos equivalem, por baixo, a um quarto do PIB.

    Uma interessante aproximação desse gravíssimo problema, que afeta, de forma direta e indireta, a competitividade e o potencial de crescimento da economia, foi oferecida em artigo publicado ontem no Estado pelo ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Bernard Appy, hoje diretor da LCA Consultores, e pela economista da LCA Lorreine Messias. O texto ajuda a dimensionar a energia produtiva e os recursos financeiros que descem pelo ralo do ambiente tributário conturbado. Sem falar nas óbvias dificuldades, sobretudo para os investimentos, que a insegurança jurídica, bem nutrida pela malha infernal de regras e procedimentos incertos, acaba acarretando.

    Dados da OCDE, mencionados no artigo, colocam o Brasil na terceira posição, numa comparação entre 18 países, com maior volume de recursos envolvidos em contenciosos tributários. Mas, com base em estudo de Lorreine Messias, apresentado em setembro do ano passado à Escola de Direito de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, o País deve ocupar, com grande folga, o posto de campeão da indesejável modalidade.

    Só em disputas administrativas, nas esfera federal, o volume de recursos envolvidos alcança 11% do PIB. Se fossem incluídas as disputas tributárias na Justiça e no âmbito administrativo regional, abarcando estados e municípios, o porcentual sem dúvida ficaria anos-luz acima do captado no levantamento da OCDE. Quando se sabe que, nos demais países analisados, a mediana do valor total dos contenciosos não passa de 0,2% do PIB, tem-se uma ideia do tamanho das distorções brasileiras.

    Difícil escolher qual o maior problema entre tantos que povoam o mundo tributário nacional. Mas a sobreposição de normas e procedimentos é certamente um dos mais danosos. Leis, normas e regras vão sendo produzidas e empilhadas uma sobre as outras, sem que haja preocupação em adequar novos e antigos procedimentos.

    Um bom exemplo dessa barafunda é a apuração do ganho capital em transações imobiliárias, para efeitos de Imposto de Renda. A regra manda apurar o chamado lucro imobiliário e pagá-lo até o último dia útil do mês seguinte ao da venda do imóvel. Mas a “MP do Bem”, de 2005, permite abater, no cálculo do lucro, obedecidas algumas limitações, a parcela utilizada na compra de um outro imóvel, adquirido em até 180 dias da operação que gerou o tributo.

    OK, é um estímulo justo para quem não está mais do que trocando de residência. Se, contudo, o novo imóvel for adquirido depois dos 30 dias da regra “normal”, ainda que dentro dos 180 dias previsto na MP,  o infeliz contribuinte terá, sim, direito ao abatimento, mas terá de pagar multa, juros e correção monetária pelo prazo que ultrapassar os 30 dias da venda de sua casa. Na prática, a teoria tributária brasileira é outra.

    Tudo isso só torna mais nítida a prioridade das prioridades, caso se queira começar, de fato, um ataque às nossas inúmeras e danosas distorções tributárias. Antes de grandes reformas, politicamente complexas porque afetam, necessariamente, o status quo fiscal, uma faxina em regra na legislação, eliminando sobreposições e simplificando procedimentos, traria uma grande e positiva contribuição ao ambiente de negócios no País.

     

  8.  E que tal acabar com as
     E que tal acabar com as classes mistas no ensino de 1º e 2º graus?     Do EL PAÍS São Paulo 20 MAR 2014 – 14:15 BRT

     

    AssédioTransporte públicoViolência gêneroViolênciaMulheresConflitosProblemas sociaisTransporteAcontecimentosSociedade

    Passageiros esperam o metrô na linha verde, em São Paulo. / B. Martín

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    Em pouco mais de 48 horas, três homens foram parar na delegacia em São Paulo acusados de abusos contra mulheres nos trens e metrôs da cidade. Na segunda-feira 17, Adilton Aquino dos Santos, de 24 anos, foi preso quando fazia o uso do trem da linha 7-Rubi, acusado de ejacular nas pernas de uma mulher. A imprensa noticiou que Santos disse que “o trem estava muito cheio” e ele “não aguentou”. Além do trauma, a vítima, uma supervisora de 30 anos, ficou com uma luxação no braço, resultado da truculência empregada pelo criminoso que tentou imobilizá-la.

    Nesta quarta-feira 19, Bruno de Roma Perroni, de 24 anos, foi preso acusado de filmar, com uma câmera de celular, as partes íntimas das mulheres por baixo de suas roupas, enquanto Eduardo Ferreira do Nascimento, de 26 anos, foi levado à delegacia sob a acusação de ter enfiado a mão por baixo das pernas de uma vendedora de 33 anos. Ambos os acusados estavam na estação da Sé do metrô. Os dois responderão em liberdade, já que se trata de um crime “com menor potencial ofensivo”, de acordo com as palavras do delegado Cícero Simão Costa, que acompanha as duas ocorrências.

    Classificar os abusos sexuais no transporte público como crime é outra face desse problema. Não há um termo jurídico para esse tipo de delito. Por isso, muitas vezes, o criminoso não leva pena alguma – ou é punido com castigos brandos, como realizar trabalho voluntário ou pagar cestas básicas. Criar uma lei que aponte como crime de violência sexual – cuja pena vai de um a dois anos de prisão – o ato de assediar, molestar e / ou bolinar as mulheres no transporte público e – por que não? – nas ruas, poderia ser uma maneira de reduzir essas ocorrências.

    Só neste ano, já são 20 o número de ataques sexuais contra mulheres ocorridos no metrô ou nos trens da cidade, de acordo com a Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom), responsável pela investigação. Enquanto 20 mulheres tiveram a coragem de prestar queixa, outras dezenas, diariamente, se calam. “São atos costumeiros. As pessoas sabem que diariamente ocorrem estas situações, mais do que aparecem na imprensa ou na delegacia”, diz o psicólogo especialista em sexualidade Oswaldo Rodrigues Jr.

    Não bastasse ser um ato tido como corriqueiro, existem agora organizações na internet criadas e conduzidas por homens para trocar experiências sobre os abusos. O Facebook tirou do ar algumas comunidades de “encoxadores” e outros nomes parecidos, que continham relatos e “dicas” de como se esfregar nas mulheres dentro de um vagão lotado de um trem ou metrô. A Polícia Civil de São Paulo anunciou nesta quarta-feira 19, que está investigando 30 grupos de molestadores que atuam no sistema de transporte e que se organizam pela internet.

    O assédio sexual nos trens interfere na rotina das mulheres. Na estação da Luz, na região central, a promotora de eventos Mariane dos Santos Lima, de 24 anos, conta que já trocou a roupa que iria usar porque iria andar de trem e não queria atrair a atenção dos homens. “Isso sempre acontece”, disse. No percurso de trem da Estação da Luz até Francisco Morato, que dura mais de 50 minutos, a gerente Elisângela da Silva, de 34 anos, relatou que tem sua própria tática para não ser molestada. “Quando eu entro no trem, procuro ficar encostada em alguma parede para que ninguém fique atrás de mim”, diz. “Sempre presencio algum caso de homens se esfregando nas mulheres”.

    Vagão Rosa

    Os casos recentes – ou diários – reacendem a discussão sobre a criação de vagões exclusivos para mulheres no transporte público. No Rio de Janeiro, desde 2006 existe o Vagão Rosa, onde, nos horários de pico (nos dias de semana, das 06h às 9h e das 17h às 20h), o uso é destinado exclusivamente para as mulheres. Porém, uma reportagem da rede Record revelou que os homens não respeitam essa lei, e usam o vagão feminino como se fosse um vagão qualquer. Talvez fosse o caso de criar um vagão exclusivo para os homens, o que poderia fazer com que eles se sentissem especiais e deixassem de invadir o espaço destinado às mulheres.

    Os vagões só para as mulheres dividem opiniões. Por funcionar apenas em horário de pico, eles deixam as mulheres sujeitas aos ataques nos outros horários. Além disso, a mulher que não consegue entrar no vagão exclusivo e pega o comum, pode dar a entender que estaria ali aceitando ser abordada. A criação de vagões femininos também pode ser vista como uma grande derrota civilizatória, como se homens e mulheres não pudessem conviver no mesmo espaço físico sem que ocorram abusos sexuais.

    Para a estudante Gabriely Santana, de 21 anos, usuária do metrô, os vagões femininos não são uma solução. “O problema não é esse. O problema é a falta de educação, o machismo”, diz, enquanto esperava o metrô na estação da Consolação. A opinião é compartilhada pela professora Eliane Lanar, de 56 anos: “De nada adianta um vagão para mulheres, se, quando a gente sai do trem, a gente cruza com esses sujeitos na rua depois”, diz. “O vagão nos protege aqui dentro. E lá fora?”.

    Para o psicólogo Rodrigues Jr, a questão levantada pela professora é de grande importância na discussão da criação de vagões femininos. “Os vagões aliviam a situação de algumas mulheres, mas não de todas. Certamente não modificará a tendência destes homens de buscar suas formas de obter prazeres sexuais”, diz. “Afinal, a vida continua existindo fora dos vagões dos metrôs e trens”.

    A socióloga Wânia Pasinato acredita que os vagões exclusivos podem ser uma boa medida. “Acho importante para tirar as mulheres dessa situação de constrangimento em que elas são colocadas”, diz. “Mas também deveria haver uma campanha intensiva dizendo que esses atos são crimes”. Na estação da Luz, a técnica de enfermagem Mariana Fernandes, de 27 anos, concorda com a socióloga: “Se esses vagões existissem, eu só andaria neles. Acharia ótimo, porque sempre há algum homem tentando colocar a mão na nossa perna, ou em partes mais íntimas”, disse.

    Em São Paulo, há dois projetos de lei que tratam do assunto. Ambos estão parados na Assembleia Legislativa do Estado. Nenhum deles foi apresentado por mulheres. Em outros estados, há projetos semelhantes, também de autoria de homens. O deputado estadual Eduardo Porto (PSDB), por exemplo, é o autor do projeto que estipula vagões exclusivos para mulheres em Recife. Lá, segundo a ONG SOS Corpo, 28 mulheres foram estupradas no transporte coletivo entre 1998 e 2012.

    A orientação da polícia para as mulheres que sofrem esse tipo de violência se resume a quatro palavras: procurar imediatamente a delegacia. Em São Paulo, há um posto da Delpom, que funciona 24 horas por dia, dentro da estação de metrô da Barra Funda. Em alguns casos, é possível registrar queixa pela internet. “O ideal seria ter uma testemunha do caso”, explica o delegado Costa. Para que isso aconteça, talvez devesse haver uma campanha por parte do metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) orientando as mulheres a agir em caso de assédio sexual no transporte público.

    Além do registro da queixa, a socióloga Wânia Pasinato diz que a mulher precisa agir no momento em que é molestada. “O único jeito é apontar o dedo na cara do sujeito, na hora que acontece, porque depois ele está totalmente protegido pelo anonimato e pela multidão. Quando sai do vagão, ninguém mais o acha”, diz. “Você tem que constranger o sujeito. Hoje quem é constrangida é a vítima, que tem medo e até vergonha de reagir”.

    Abusos pelo mundo

    O problema do assédio sexual não ocorre apenas em São Paulo ou no Brasil. Em virtude dos abusos, os vagões exclusivos para mulheres existem em diversos países como o Japão, Filipinas, Rússia e Índia. No México, há, não só vagões nos metrôs, como ônibus exclusivos para o uso das mulheres.

    Mas não há um levantamento global que aponte que essa é a solução para reduzir – ou, preferencialmente acabar – com os assédios sexuais no transporte público.

    Um exemplo concreto do que pode funcionar, é a iniciativa da cidade de Londres que, no ano passado, lançou uma campanha que consiste em preparar a polícia que atua nos metrôs para cuidar dos casos de abuso e, ao mesmo tempo, conscientizar as mulheres sobre a importância de prestar queixa quando se sentirem molestadas. Batizada de Project Guardian, a campanha foi iniciada depois de uma pesquisa concluir que 15% das meninas e mulheres usuárias do metrô já tinham vivenciado algum abuso, mas 90% delas não prestaram queixa.

    2.000 mil policiais foram treinados, aumentando em 20% a quantidade de denúncias de 2012 para 2013. Entre abril e agosto do ano passado, os casos de detenções em consequência de abusos sexuais no metrô aumentaram 32%, com 170 pessoas presas.

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  9. A tolerância e a sinceridade,

    A tolerância e a sinceridade, sengundo Gustavo Cisneros,

     

    Do ELPAÍS

    Tolerância e diálogo sinceros, os caminhos da reconstrução na Venezuela

    É possível não concordar com o modelo, mas não se pode negar que a situação é insustentável para o país

      20 MAR 2014  

    Com a violência aumentando, a situação na Venezuela chegou a um nível insustentável, ao qual não podemos ficar alheios. Ideologias à parte, o país exige uma reconfiguração e imediata tomada de decisões que nos permitam definir o rumo que a Venezuela necessita tomar para encontrar – de comum acordo – o caminho da paz, da reconciliação e do crescimento.

    Infelizmente, hoje, a intolerância e a desconfiança, bem como a disposição para o confronto vista em nossas ruas, parecem reinar no país. A recente advertência por parte da Comissão Nacional de Telecomunicações (CONATEL) a provedores de Internet para bloquear os sites que “agridam o povo venezuelano”e causem desestabilização e inquietação”é uma clara amostra disso, bem como a consideração das autoridades sobre uma possível restrição de acesso a redes sociais como Twitter e YouTube.

    Diante desse tipo de atitude, a ideia de que duas Venezuelas tão distintas se sentem à mesa parece distante. No entanto, resolver os grandes problemas que hoje nos afetam –criminalidade e violência, desabastecimento, um alto índice de inflação e uma premente situação econômica– requer a vontade de todos. É necessária uma abertura na qual cada uma das partes reconheça os direitos de seus interlocutores, passando por cima de qualquer diferença, essa grande coincidência que nos une a todos os venezuelanos: o amor e a luta pela nossa pátria.

    Necessitamos começar um diálogo sincero, trabalhar juntos na construção do país que todos desejamos: um país no qual todas as opiniões contem; no qual o respeito dos direitos humanos, os direitos das minorias e a estabilidade não estejam em disputa. Um país de progresso no qual as mães de família não precisem ficar numa longa fila para adquirir o básico. Um país no qual as pessoas possam caminhar confiantes pela rua. Um país em que os jovens possam alcançar seus sonhos. Um país em que seus jornalistas não tenham que arriscar a vida todos os dias para fazer seu trabalho, em que a liberdade de expressão e o setor da comunicação sejam respeitados. Um país em que todos os venezuelanos possam expressar-se e ser ouvidos.

    Estamos no momento justo para demonstrar a maturidade política da Venezuela

    Estamos no momento justo para demonstrar a maturidade política da Venezuela e decidir a forma de resolver um conflito que está afetando todo o povo venezuelano, não só o governo ou à oposição. O nível de polarização que a Venezuela alcançou merece já a mediação externa de uma figura que desfrute de credibilidade em ambas as partes: um árbitro que conheça, goste da Venezuela e compreenda a complexidade de sua situação. Alguém que tenha capacidade técnica para fazer um chamado à reconciliação, com disposição para o diálogo e cujo objetivo final seja a obtenção da paz e união entre todos os venezuelanos.

    Nesse contexto – tal como diversos personagens já propuseram– a intervenção de uma figura à margem de qualquer interesse político, como a do papa Francisco e a equânime chancelaria do Vaticano, emergem como a opção mais viável. Desde o recrudescimento dos protestos na Venezuela, o sumo pontífice se mostrou especialmente preocupado com a violência desencadeada e foi um dos primeiros a fazer um chamado “à paz e à harmonia” ao pedir que “todo o povo venezuelano, começando pelos políticos e instituições, se unam para favorecer a reconciliação nacional por meio do perdão mútuo e o diálogo sincero, o respeito pela verdade e a justiça, capazes de fazer frente a questões concretas para o bem comum”. O Vaticano conta, além disso, com figuras como o cardeal Pietro Parolin, hoje secretário de Estado, que, na condição de núncio apostólico da Venezuela, teve a oportunidade de conhecer de perto nossa situação e conta também com grande experiência em matéria de negociação internacional. A Conferência Episcopal Venezuelana é respeitada no país e poderia tomar parte dessa arbitragem e do estabelecimento de um ambiente propício para um diálogo sem exclusões.

    Pode-se ou não estar de acordo com o proposto hoje na Venezuela. É justo esse debate que dá força a toda a democracia. O que não podemos negar é a situação insustentável que atravessa o nosso país, onde o protesto é um direito como em qualquer sociedade democrática; no entanto, deve poder ser feito sem violência.

    Se queremos encontrar a reconciliação, é indispensável o fim da perseguição

    Se queremos encontrar a reconciliação, é indispensável o fim da perseguição, assim como a investigação independente e transparente das mortes ocorridas e as denuncias existentes sobre violações dos direitos humanos durante os protestos. A violência –venha de onde vier- é totalmente condenável.

    Como é frequente nas grandes transformações da América Latina, os jovens venezuelanos têm sido os primeiros a levantar a mão, mostrando ao mundo o espírito de nossa pátria: seguem em frente, são decididos, valentes, não se dobram. Trata-se de jovens que entendem que o progresso também está ligado ao bem-estar dos menos favorecidos, que são capazes de visualizar as consequências, a médio e longo prazo, que a falta de certezas traz; e que lutam pela reconstrução do país.

    A Venezuela requer a união do governo, instituições, partidos políticos e cidadãos, um debate construtivo que nos permita recuperar essa Venezuela de oportunidades, de progresso e bem-estar.

    Hoje me dói minha Venezuela tão dividida, dói o grau que alcançaram nossos desentendimentos. Dói uma Venezuela que sofre, mas acredito que o amor que nós, venezuelanos, sentimos pela por nossa pátria nos permitirá superar a intolerância que dominou o cenário político nos últimos anos, para dar passagem ao debate democrático e à recuperação da confiança nas instituições. Não podemos nos dar ao luxo de continuar divididos.

    Embora este pronunciamento vá receber, tenho certeza, críticas de muitos, também estou convencido de que se as partes se sentam à mesa de diálogo –contando com uma mediação externa, como a do Vaticano– meu país encontrará de comum acordo a paz e a reconciliação a que todos aspiramos.

    Gustavo Cisneros é presidente do Conselho da Organização Cisneros

     

  10. UPP o flerte com o perigo.

    Chances desperdiçadas e muito mais perigo à vista.

     Desde que foram implantadas as UPP, este blog, na contracorrente, se colocou como totalmente contrário a política de ocupação militarizada de parcelas dos territórios da cidade do Rio de Janeiro, sempre as mais pobres. Os textos que tratam do assunto você pode ler aquiaquiaqui Ao largo da questão geográfica implícita, onde a tomada destes territórios abria caminho a toda sorte de interesses especulativos imobiliários e as demandas da investida dos grandes eventos destinados a ampliar a noção capitalista de cidade-espetáculo, nós argumentamos pela questão, digamos, técnica, que em si também trazia uma visão política embutida. Claro que nossa crítica não desprezou nunca o reconhecimento de que a perspectiva de diminuição dos conflitos armados entre policiais e criminosos, ou entre facções rivais destes grupos criminosos, seria um alento às comunidades atingidas. Mas alertamos que esta medida paliativa vinha com data de validade vencida, por representar apenas mais do mesmo: imaginar que aqueles territórios (favelas) seriam os palcos principais de combate do tipo de atividade criminosa que se dizia querer combater, ou em palavras mais simples, a ocupação trata a questão dos grupos armados e suas ações de venda no varejo de drogas como causa do crime, e não como efeito de um intrincado processo que se desdobra até chegar a este ponto. Logo, fica óbvio que passado o impacto inicial do aumento da pressão estatal, estas atividades que mantiveram suas cadeias anteriores intactas (distribuição, produção, transporte, armazenamento, armas, lavagem de dinheiro) recomeçam a sua redistribuição espacial, bem como renovam suas táticas de enfrentamento. E façamos justiça, este processo não se dá apenas aqui, ou não é “culpa” da incapacidade dos governos ou policiais (apenas), mas é a dinâmica desta modalidade delitiva que coroou de fracasso cada tentativa de abordagem que deu ênfase a militarização, a ocupação, ao enfrentamento violento como premissa. No México ou na Itália. Desde que o castelo de cartas das UPP começou a ruir, venho observando um dado curioso. O tráfico de drogas, como toda atividade econômica, e porque não dizer, como todos os aspectos da vida social no planeta, experimentaram uma enorme revolução nas suas estruturas com o advento da neoliberalização mundial. A “desregulamentação da vida” é um traço que modificou dramaticamente os laços culturais e de solidariedade, desde pequenas comunidades interioranas, até as vizinhanças da megalópoles, onde ter dinheiro passou ser a medida de tudo e de todos. Nos morros do Rio, estes laços que vinculavam os traficantes e a população local, geralmente cantadas  pelo folclore local (ver Bezerra da Silva e outros) como um misto de assistência social e tribunais de rua, foram cruelmente modificados, bem como a própria evolução destas micro-organizações criminosas sofreram forte alteração, e a principal delas, decorrente do alto índice de letalidade que atingia seus integrantes, foi o fato de que cada vez mais, os mais jovens subiam aos cargos mais altos da hierarquia do varejo de drogas. Com isto, o aumento da violência foi quase imediato, pois jovens com laços precários com a comunidade, sem esposas, filhos, etc, armados, e desejosos de angariar toda a ascensão social possível no curto tempo de vida que imagina ter, estão muito mais propensos a ações suicidas ou ao comportamento inclemente com policiais, adversários, traidores, moradores, etc. Foi este relacionamento agastado entre comunidade e traficantes que superou até o verdadeiro horror que os moradores pelos policiais, que acabou por legitimar a ocupação das UPP, talvez porque os moradores, intuitivamente, se dispusessem a aceitar um “mal menor”. É verdade que uma parcela importante das comunidades ocupadas desejavam a ocupação. No entanto, os limites que a própria noção de ocupação traz em si, e que já mencionamos: a inexistência de uma ação de combate ao crime que ultrapassasse o limite dos territórios ocupados, com atenção voltada para as rotas de tráfico de armas, os atacadistas de drogas, lavagem de dinheiro, etc, e a transformação previsibilíssima das forças de ocupação em transtorno diário, quando passam a controlar gestos, costumes e a vida social do local ocupado, realimentaram uma relação entre traficantes e moradores que se julgava irreversivelmente partida. A estranha mistura de temores, resultado das chantagens semi-terroristas dos grupos de vândalos sobre manifestações na Copa 2014, a permanência dos gargalos estruturais nas comunidades, que continuam a enxergar apenas a polícia como face mais visível do Estado, apesar das enormes melhores, dentre outros fatores combustíveis, estão a oferecer aos traficantes uma oportunidade de retomada de território. Ontem uma UPP foi incendiada como suposta retaliação a ação da polícia para desalojar invasores de um prédio, e se confirmada a versão, dará uma dimensão da mistura de objetivos, onde a polícia acabou, mais uma vez, a funcionar como ferramenta de coerção em conflitos sociais (e não criminais). Esta mistura, se capturada pelos artífices do tráfico, e bem manipulada, pode dar uma inédita coesão ao que já acontece de forma aleatória e desorganizada: o uso de manifestações de cunho político e social por grupos armados criminosos. A união de grupos políticos com falanges criminosas não é novidade, e está em nossa memória recente, só que naquela oportunidade, a fusão se deu no interior das cadeias. Grupos como black blocks, ou parte de seus integrantes, extremistas de partidos políticos que desejam o desgaste da Democracia para encetar rupturas institucionais, e células de traficantes armados nos morros não é uma mistura improvável, e só os setores de inteligência (totalmente militarizada) da Secretaria de Segurança parecem não enxergar, pois continuam a agir como se mais e mais força vá trazer algum resultado desejável. A um Estado onde o governador já disse que sai em breve (e a leitura é: não estou nem aí), e que chama o Governo Federal a cada “balanço mais forte”, o que restará? Bem, para quem acredita, rezar… Se alguém temia a volta do grupo da lapa ao Governo do Estado, agora sim temos um universo que atinge seus adversários e aumenta exponencialmente suas chances que eram poucas: O futuro ex-governador e seu candidato pelos motivos já expostos. O candidato do PT porque se a Presidenta mandar ajuda e der errado, ele (Lindberg) sai mais chamuscado que ela. De todo jeito, esta cooperação pedida pode ter sido o abraço de afogado (pensado ou não) do futuro ex-governador.

     

  11. O jornalista que colocou a

    O jornalista que colocou a ética no banco dos réus

    Por Guilherme Meirelles, Observatório da Imprensa

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    A esmagadora maioria dos profissionais de imprensa no Brasil pode não ter a menor ideia de quem foi o jornalista e escritor americano Joe McGinniss, morto aos 71 anos, no dia 10 de março, em Massachusetts. McGinniss não era nenhum Gay Talese ou John Hersey, mas deixou o seu nome no jornalismo literário americano tanto pelas suas obras recheadas de realidade e ficção como pelas encrencas em que se envolveu. Nos portais, os parcos obituários se limitaram a citar seus trabalhos de cunho político, como The sellling of the President (lançada no Brasil com o título Vende-se um Presidente, há anos fora de catálogo), que lhe deu fama nacional, sobre a campanha de Richard Nixon à Presidência, e o mais recente, a controversa The Rogue: searching for the real Sarah Palin, no qual traça um perfil surpreendente da conservadora líder republicana, em que não faltam situações de uso de drogas e até um caso extraconjugal, negado de forma enfática por ela.

    No Brasil, o nome de Joe McGinniss ficou conhecido como personagem do livro O Jornalista e o Assassino (Companhia das Letras, 1990), de autoria da jornalista Janet Malcolm, colaboradora da prestigiosa revista New Yorker. No final da década de 70, quando estava meio em baixa, McGinniss fechou um contrato com uma editora para escrever um romance jornalístico, mediante um adiantamento de US$ 300 mil, nos moldes do new journalism, sobre o assassinato de Colette MacDonald, então grávida, e suas duas filhas, Kimberly e Kristen, de cinco e dois anos de idade. As vítimas foram brutalmente assassinadas em fevereiro de 1970 por meio de pauladas e facadas, em Fort Bragg, na Carolina do Norte. O principal suspeito era o médico Jeffrey MacDonald, que negou o crime desde o início, apesar de várias evidências reveladas pela polícia.

    Médico de sucesso e bem visto pela comunidade local, alegou que estava presente na residência e que teria visto quatro homens chacinando sua mulher e suas famílias e, ao tentar defende-las, foi nocauteado e ficou levemente ferido. A história jamais convenceu as autoridades, mas em um primeiro julgamento MacDonald foi absolvido por falta de provas. Inconformada, a Justiça americana reabriu o processo e MacDonald viu-se novamente obrigado a provar a sua inocência. Foi quando manteve contato com McGinniss, que se apresentou ao réu disposto a escrever um livro contando a sua inocência. Meses após o primeiro encontro, MacDonald foi novamente julgado e condenado à prisão perpétua pelos três assassinatos.

    Ética jornalística e liberdade de imprensa

    Graças à legislação americana, o jornalista e o assassino continuaram mantendo contatos presenciais e trocando correspondências. Em todas elas, o tom proposto por McGinniss era sempre de colaboração e garantia que a obra seria uma ferramenta que o ajudaria a alterar a decisão da Justiça para uma pena mais branda.

    Porém, no decorrer das entrevistas e da apuração dos fatos, McGinniss reformulou a sua convicção e passou a enxergar MacDonald como um psicopata frio e cruel, sem jamais revelar ao réu sua nova versão sobre os crimes. Lançado em 1983, Fatal Vision tornou-se um best-seller e provocou uma reviravolta no caso junto à opinião pública. Nas correspondências, a promessa era que MacDonald seria apresentado como “pai e marido extremado”, “médico dedicado” e “realizador esforçado”. Mas, o que se lia em Fatal Vision eram termos como “sedento de publicidade”, “mulherengo” e “homossexual latente”. Com a repercussão do livro, nos anos posteriores, todos os recursos apresentados pela defesa do médico para reabertura do caso foram negados pela Justiça.

    Na prisão, revoltado com o que considerava uma traição e um gesto antiético, MacDonald moveu um processo contra McGinniss e, em 1987, após diversas audiências, optou-se por um acordo no qual McGinniss pagou (por meio da seguradora da editora) US$ 325 mil a MacDonald. As provas apresentadas (cartas e gravações) pelo assassino demonstravam de forma cabal que McGinniss havia lançado mão de meios antiéticos para poder concluir seu livro. O desfecho do caso abalou a reputação de McGinniss e provocou um questionamento sobre a Ética nas práticas do Jornalismo. Afinal, como jornalista, ele foi correto ao fechar um acordo com o biografado mediante a promessa de um livro que lhe fosse favorável? Ou deveria ter rompido o acordo (e consequentemente o contrato com a editora) a partir do momento em que deixou de acreditar na inocência do réu?

    Em O Jornalista e o Assassino, Janet Malcolm disseca profundamente a ética no jornalismo ao entrevistar advogados envolvidos no caso e reproduzindo fartos trechos das cartas e gravações dos dois principais personagens. Fora de catálogo há anos, o livro pode ser encontrado em sebos e é uma leitura fundamental a todos que se interessam em desvendar os limites entre ética jornalística e a liberdade de imprensa. Passados 27 anos do acordo judicial, Jeffrey MacDonald permanece preso na Carolina da Norte e tem perdido todos os recursos para obter a liberdade condicional.

    ***

     

    1. Que história estranha!

      Que história mais estranha, não é, Marco St.? Para relatar uma verdade que a Justiça não conseguiu desvendar, o jornalista enrolou o assassino, fazendo o que aquele vinha fazendo durante muito tempo – mentiu.

      Dizem que detetives e investigadores no Brasil usam e abusam do “direito” de mentir para os interrogados, para ver se conseguem dar continuidade a um levantamento de pistas.

      Não conhecia esses livros. Vou ler.

      http://blogs.estadao.com.br/luiz-zanin/o-jornalista-e-o-assassino/

      http://www.estantevirtual.com.br/codigo/Joe-Mcginniss-Vende-Se-um-Presidente-97329090

      http://en.wikipedia.org/wiki/Joe_McGinniss

      File:Joe McGinniss 1969.JPG

      https://openlibrary.org/books/OL4571771M/The_selling_of_the_President_1968.

       

  12. E o Nobel da Paz é o Obama…

     

    Presidente do Uruguai afirma que ‘não se deve fazer novela’ em torno da concessão de refúgio a cinco prisioneiros, que poderão ‘fazer ninho’ em seu país, tirando um ‘peso das costas’ do norte-americano
    por Redação RBA

    PRESIDÊNCIA URUGUAI

    Mujica explicou que, por ter ficado tanto tempo preso, sentiu-se solidário aos detentos de Guantánamo

    São Paulo – O presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, confirmou hoje (20) que seu país abrigará cinco presos da base de Guantánamo em qualidade de “refugiados” e por uma questão de “direitos humanos” após um pedido do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O fechamento da prisão mantida pelos norte-americanos, dentro da ilha de Cuba, é uma promessa da primeira campanha de Obama, em 2008.

    “Não se deve fazer novela, não há nenhum acordo. É um pedido por uma questão de direitos humanos. Há 120 pessoas que estão presas há 13 anos. Não viram um juiz, não viram um promotor, e o presidente dos Estados Unidos quer tirar esse problema das costas. O Senado lhe exige 60 coisas, então pediu a um montão de países se podiam dar refúgio a alguns e eu lhe disse que sim”, explicou Mujica à imprensa horas depois de revelado o acordo.

    Mais cedo, os Estados Unidos confirmaram as negociações e disseram que há tratativas com outros países sul-americanos para que recebam os internos de Guantánamo, distribuídos em três centros de detenção abertos em 2002, durante a administração do republicano George W. Bush. Desde o começo há acusações de presos mantidos sem acusação formal e submetidos a uma série de torturas.

    O acordo com o Uruguai prevê que os presos fiquem no país durante dois anos. Não foi esclarecido até agora em que formato se dará a transferência, mas, segundo as declarações de Mujica, eles virão na condição de refugiados.

    Mujica declarou que sua resposta ao pedido dos Estados Unidos foi afirmativa porque ele passou “um montão de anos preso”. O presidente, de 78 anos, foi um dos líderes históricos do movimento guerrilheiro Tupamaros e esteve preso 13 anos em duras condições antes e durante a ditadura que governou o Uruguai entre 1973 e 1985. “Vêm como refugiados e o Uruguai lhes dá um lugar se querem trazer a família e tudo o demais”, acrescentou o presidente, que afirmou ainda que se os presos “querem fazer ninho e trabalhar no país, que fiquem no país”.

    No mês seguinte à vitória eleitoral, em 2008, Obama suspendeu a moratória para transferir presos de Guantánamo ao Iêmen e pediu ao Congresso para suspender as restrições às demais transferências. Agora, segundo a revistaBúsqueda, que revelou o caso, a intenção dos Estados Unidos é “distribuir os detentos em mais de uma dúzia de países de distintas partes do mundo” e que “Mujica decidiu aceitar a proposta após uma série de consultas e de enviar emissários aos Estados Unidos e a Guantánamo”.

    Além disso, durante sua última visita a Cuba, no final de janeiro, para participar da Cúpula Presidencial da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o presidente “informou a seu par desse país, Raúl Castro, sobre a ideia de Obama e ambos concordaram em apoiá-la”.

    Com informações da Agência EFE
    Rede Brasil Atual

     

  13. Para bom entendedor

    Para bom entendedor…

     

    Fundos querem vaga no conselho da Petrobrás

     

    Acionistas estrangeiros se uniram para pedir ‘aprimoramento’ da administração da estatal

     

      Antonio Pita – O Estado de S.Paulo

    RIO – Na esteira de críticas dos conselhos de administração e fiscal à gestão da Petrobrás, principalmente no que se refere ao endividamento da empresa, diversos fundos de investimento estrangeiros se uniram em torno de uma nova candidatura para fortalecer a posição dos acionistas minoritários na empresa. Capitaneado pelo fundo britânico Aberdeen Asset, o grupo defende a abertura de uma nova vaga independente para “aprimorar” a governança da estatal, considerada “crítica”.

    O grupo formalizou na última sexta-feira uma chapa com indicações tanto para o conselho de administração quanto para o conselho fiscal, reivindicando a eleição de dois membros para cada tipo de minoritário, detentores de títulos ordinários e preferenciais.

    Em comunicado, o grupo, que detém cerca de 0,5% do capital social da Petrobrás, critica a ingerência do governo sobre as decisões da companhia. “A política de definição de preços de gasolina e diesel tem sido prejudicial para acionistas da empresa nos últimos anos e ainda requer transparência. Olhando mais adiante, acreditamos que isso comprometerá a capacidade de investimento e de expansão da Petrobrás no longo prazo”, diz o comunicado dos acionistas.

    Para os investidores, mesmo as mudanças no modelo de precificação anunciadas pelo Conselho de Administração não se mostraram efetivas para os acionistas.

    A indicação dos fundos estrangeiros é para a candidatura de José Monforte, que se uniria a Mauro Cunha, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), que já ocupa um assento no Conselho de Administração.

    Cunha foi o único integrante a se opor à aprovação das demonstrações financeiras da companhia na última reunião, realizada em fevereiro. Ele criticou a demora na liberação de informações para análise, além de operações relacionadas às refinarias e de hedge accounting – essa operação, utilizada pela empresa desde meados do último ano, busca diminuir o impacto da variação cambial sobre o endividamento.

    Eleito no último ano, ele foi considerado o primeiro conselheiro legítimo representante dos minoritários. Até então, os nomes que ocupavam o cargo eram simpáticos às diretrizes do governo. Com a união dos fundos de investimento, os minoritários esperam conseguir maior poder de voto nas instâncias de governança da estatal.

    Entre os investidores que apoiam a nova chapa, estão os fundos British Columbia Investment, The California State Teacher’s Retirement System e Hermes Equity Ownership Services, entre outros.

    Eles também indicaram os nomes de Reginaldo Ferreira Alexandre e Walter Albertoni para o Conselho Fiscal. Na última reunião, também em fevereiro, o colegiado alertou, em ata, para o risco de rebaixamento no rating de crédito da empresa em função do alto endividamento.

     

  14. DO PRÓPRIO BLOG, POR

    DO PRÓPRIO BLOG, POR REKERN:

     

    Pasadena quase cem anos de história

    A refinaria de Pasadena foi fundada em 1920, pela Crown Central Petroleum, uma das companhias remanescentes do império Rockfeller, cujo grupo Standard Oil havia chegado a controlar 88% do refino de petróleo nos EUA.

    Em 1911, a Suprema Corte americana valida uma lei anti-truste defendida pelo governo (Sherman Antitrust Act) e a Standard é dividida em 34 empresas. Uma delas, será a Standard Oil of Indiana, que depois será renomeada para Amoco, a qual, por sua vez, dará origem a Crown Central Petroleum.

    Os herdeiros mais conhecidos da Crown, os Rosenberg, decidiram, no início dos anos 2000, vender os ativos da companhia, incluindo a refinaria de Pasadena.

    Não foi uma venda fácil. Em 2003, um artigo no Baltimore Sun explicava porque se tratava de um negócio complexo. Construir uma nova refinaria igual àquela custaria mais de US$ 1 bilhão, estimava o autor da matéria, Jay Hancock. Nos livros contábeis da Crown, ela vinha avaliada por US$ 270 milhões, mas operadores do mercado diziam que os Rosenberg teriam sorte se conseguissem US$ 100 milhões por ela.

    Ao cabo, a refinaria foi vendida para Astra Holding USA, uma subsidiária da Astra Oil, sediada na California, e que por sua vez é controlada pela belga Transcor Astra Group.

    Nunca se soube o preço final da refinaria. A imprensa tem repetido que a Astra adquiriu a refinaria em 2005 por US$ 42 milhões. Mas eu ainda não consegui encontrar esse valor em lugar nenhum. É preciso verificar qual era o estado da refinaria antes da compra pela Astra, e que melhorias, exatamente, foram feitas. O que eu sei é que a refinaria vinha enfrentando, há décadas, uma dura oposição da comunidade local, por causa da poluição emitida, e que a justiça havia tomado decisões, mais ou menos na época da venda, que obrigavam a refinaria a se adaptar às novas exigências ambientais do governo.

    Está claro que a Astra, logo após a compra, fez uma série de investimentos na refinaria. Aí entra a primeira grande confusão: compara-se o preço de compra pela Astra em 2005, com o preço pago pela Petrobrás, em 2006. São negócios diferentes. A Astra compra uma refinaria que há anos não era modernizada. No momento da compra, o novo presidente da refinaria, Chuck Dunlap, declara que a Astra investiria US$ 40 milhões nas instalações, preparando-as para processar outros tipo de petróleo e fabricar mais variedades de derivados. “Nós temos grandes planos”, asseverou um animado Dunlap à imprensa local.

    Uma refinaria moderna é altamente tecnificada, com poucos funcionários. Seu principal ativo são os equipamentos e a tecnologia usada, mas a localização é fundamental, naturalmente. A refinaria de Pasadena, por exemplo, fica bem no coração do “Houston Ship Channel”, uma espécie de eixo no porto de Houston, aberto para o Golfo do México (onde ficam os principais poços de petróleo em operação nos EUA) e com ligações modais para todo os EUA.

    Em 2006, a Petrobrás pagou US$ 360 milhões para entrar no negócio, sendo US$ 190 milhões por 50% das ações e US$ 170 milhões pelos estoques da refinaria. No balanço da Petrobrás de 2006, o valor total para a aquisição da refinaria de Pasadena, incluindo despesas tributárias, ficou estabelecido em US$ 415,8 milhões.

    Isso tudo aconteceu no início de 2006.

    Ao final do mesmo ano, o negócio foi abalado com a descoberta do pré-sal no Brasil.

    Até então a Petrobrás tinha planos de investir na refinaria de Pasadena para adaptá-la ao refino de óleo pesado vindo do Brasil. A companhia planejava abocanhar um pedacinho do mercado de refino dos EUA, de longe o maior do mundo.

    Com a descoberta do pré-sal, houve uma revolução nos planos da Petrobrás. Todo o capital da empresa teve de ser imediatamente remanejado para o desenvolvimento de exploração em águas profundas e prospecção nas áreas adjacentes às primeiras descobertas. A refinaria de Pasadena teria que esperar.

    Aí veio 2008, e a crise financeira que fez evaporar os créditos no mundo inteiro. A Astra, provavelmente já aborrecida porque a Petrobrás havia deixado Pasadena de lado, e espremida pelo aperto financeiro que asfixiava empresas em todo mundo, decide sair do negócio. E obtém uma vitória judicial espetacular na Corte Americana, obrigando a Petrobrás a pagar US$ 296 milhões pelos 50% da Astra, mais US$ 170 milhões de sua parcela no estoque.

    Esses estoques de petróleo e derivados, sempre é bom lembrar, não constituíram prejuízo à Petrobrás, porque foram consumidos e vendidos.

    A esse montante foram acrescidos mais US$ 173 milhões, correspondente a garantias bancárias, juros, honorários e despesas processuais.

    Com isso, o total a ser pago pela Petrobrás elevou-se a US$ 639 milhões. Como a Petrobrás recorreu, naturalmente, a decisão final saiu apenas em junho de 2012, após acordo extrajudicial. O total, agora acrescido de mais juros e mais custos legais, ficou em US$ 820 milhões.

    A refinaria continua lá. É um ativo da Petrobrás. A presidente da Petrobrás relatou a ministros do TCU que teria recebido propostas de venda da refinaria entre US$ 50 e US$ 200 milhões, mas rejeitou as ofertas.

    A descoberta sucessiva de novos campos do pré-sal demandam cada vez mais capital da Petrobrás, a qual não pode, por isso, desviar nenhum recurso para investir na refinaria de Pasadena, cuja capacidade de refino permanece em torno de 120 mil barris por dia.

    O problema principal da refinaria de Pasadena, portanto, foi a descoberta do pré-sal, conforme a própria Petrobrás respondeu, em fevereiro de 2013.

    Eis a resposta da Petrobrás, publicada no blog da companhia.

    A aquisição de 50% das ações da Pasadena Refining System Inc. (“PRSI”) – proprietária de refinaria em Pasadena, no Texas (EUA) em 2006, estava alinhada ao Planejamento Estratégico da Petrobras, à época, no que se referia ao incremento da capacidade de refino de petróleo no exterior, contribuindo para o aumento da comercialização de petróleo e derivados produzidos pela Companhia. Vale destacar que a refinaria está estrategicamente localizada no Houston Ship Channel, facilitando o transporte de derivados de petróleo ao mercado consumidor norte-americano.

    Todas as aquisições de refinarias no exterior cumpriam com o mesmo objetivo estratégico que determinava a expansão internacional da Petrobras, apoiada nos seguintes pilares: processamento de excedentes de petróleos pesados brasileiros; diversificação dos riscos empresariais e atuação comercial em novos mercados de modo integrado com as atividades da companhia no Brasil e em outros mercados.

    É importante esclarecer que a aquisição ocorreu antes da confirmação do potencial dos reservatórios descobertos na camada pré-sal, quando o crescimento da produção de petróleo da Petrobras se dava basicamente por descobertas de petróleos cada vez mais pesados. Portanto, para atender às necessidades da época, era estrategicamente interessante para a Companhia adquirir, no mercado americano, refinarias desenvolvidas para processar óleos leves, as quais apresentam valores de mercado mais baixos, e adaptá-las para processar óleos pesados, exatamente como a Petrobras havia feito com suas refinarias no Brasil.

     

  15. Serra descendo sua

    Serra descendo sua ladeira.

     

    Do facebook

    José Serra

    Erros sem fim

    Eu falei ontem sobre a tendência compulsiva dos governos do PT para cometer erros prejudiciais ao país. Errar, todo governo erra. Fazê-lo de forma metódica virou um patrimônio petista. Isso reflete a
    combinação entre amadorismo e desconhecimento administrativo. Não se trata apenas do despreparo da presidente, cada vez mais público e notório, mas também da equipe de governo. Ela não tem culpa por ser despreparada – nem ambicionava o cargo.

    A responsabilidade foi de Lula, que, para surpresa geral, a pinçou do
    ministério de Minas e Energia para ser candidata. Mas ela tem culpa,
    sim, pelo baixíssimo nível dos ministros, secretários e assessores que
    a cercam, pois ignora o beabá da cartilha do bom governante: ter, em cada área, pessoas mais preparadas do que ela; ao contrário, a
    presidente nivela por baixo. Quem chefia deve fixar prioridades,
    arbitrar diferenças, controlar a execução dos programas de governo e comandar a relação do Executivo com o mundo político.

    Diga-se que o PT e seus aliados não são inocentes nisso tudo, uma vez que o cardápio de nomes a serem escolhidos é, direta ou indiretamente, apresentado pelos partidos. Aliás, o ex-diretor da Petrobrás que está preso foi posto no cargo pelo PP. Isso é fruto do loteamento que envenenou a Nova República e que a era petista levou ao paroxismo.

    Os erros cometidos, entre muitas outras coisas, quebraram duas megaestatais. A Petrobras perdeu metade do seu valor. A Eletrobras, mais de 80%. Imaginem por onde anda a confiança dos investidores privados que gravitam em torno da regulação e das atividades dessas empresas

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    A história de Pasadena que a mídia não contou

    Enviado por on 20/03/2014 – 5:15 pm 90 comentários

    Já que o assunto do momento é Pasadena, fomos pesquisar a origem da refinaria, e tentar esclarecer algumas confusões.

    A nossa mídia, como de praxe, está muito mais interessada em produzir uma crise política do que em esclarecer a sociedade.

    A refinaria de Pasadena foi fundada em 1920, pela Crown Central Petroleum, uma das companhias remanescentes do império Rockfeller, cujo grupo Standard Oil havia chegado a controlar 88% do refino de petróleo nos EUA.

    Em 1911, a Suprema Corte americana valida uma lei anti-truste defendida pelo governo (Sherman Antitrust Act) e a Standard é dividida em 34 empresas. Uma delas, será a Standard Oil of Indiana, que depois será renomeada para Amoco, a qual, por sua vez, dará origem a Crown Central Petroleum.

    Os herdeiros mais conhecidos da Crown, os Rosenberg, decidiram, no início dos anos 2000, vender os ativos da companhia, incluindo a refinaria de Pasadena.

    Não foi uma venda fácil. Em 2003, um artigo no Baltimore Sun explicava porque se tratava de um negócio complexo. Construir uma nova refinaria igual àquela custaria mais de US$ 1 bilhão, estimava o autor da matéria, Jay Hancock. Nos livros contábeis da Crown, ela vinha avaliada em US$ 270 milhões, mas operadores do mercado diziam que os Rosenberg teriam sorte se conseguissem US$ 100 milhões por ela.

    Ao cabo, a refinaria foi vendida para Astra Holding USA, uma subsidiária da Astra Oil, sediada na California, e que por sua vez é controlada pela belga Transcor Astra Group.

    Nunca se soube o preço final da refinaria. A imprensa tem repetido que a Astra adquiriu a refinaria em 2005 por US$ 42 milhões. Mas eu ainda não consegui encontrar esse valor em lugar nenhum. É preciso verificar qual era o estado da refinaria antes da compra pela Astra, e que melhorias, exatamente, foram feitas. O que eu sei é que a refinaria vinha enfrentando, há décadas, uma dura oposição da comunidade local, por causa da poluição emitida, e que a justiça havia tomado decisões, mais ou menos na época da venda, que obrigavam a refinaria a se adaptar às novas exigências ambientais do governo.

    Está claro que a Astra, logo após a compra, fez uma série de investimentos na refinaria. Aí entra a primeira grande confusão: compara-se o preço de compra pela Astra em 2005, com o preço pago pela Petrobrás, em 2006. São negócios diferentes. A Astra compra uma refinaria que há anos não era modernizada. No momento da compra, o novo presidente da refinaria, Chuck Dunlap, declara que a Astra investiria US$ 40 milhões nas instalações, preparando-as para processar outros tipo de petróleo e fabricar mais variedades de derivados. “Nós temos grandes planos”, asseverou um animado Dunlap à imprensa local.

    Uma refinaria moderna é altamente tecnificada, com poucos funcionários. Seu principal ativo são os equipamentos e a tecnologia usada, mas a localização é fundamental, naturalmente. A refinaria de Pasadena, por exemplo, fica bem no coração do “Houston Ship Channel”, uma espécie de eixo no porto de Houston, aberto para o Golfo do México (onde ficam os principais poços de petróleo em operação nos EUA) e com ligações modais para todo os EUA.

    Em 2006, a Petrobrás pagou US$ 360 milhões para entrar no negócio, sendo US$ 190 milhões por 50% das ações e US$ 170 milhões pelos estoques da refinaria. No balanço da Petrobrás de 2006, o valor total para a aquisição da refinaria de Pasadena, incluindo despesas tributárias, ficou estabelecido em US$ 415,8 milhões.

    Isso tudo aconteceu no início de 2006.

    Ao final do mesmo ano, o negócio foi abalado com a descoberta do pré-sal no Brasil.

    Até então a Petrobrás tinha planos de investir na refinaria de Pasadena para adaptá-la ao refino de óleo pesado vindo do Brasil. A companhia planejava abocanhar um pedacinho do mercado de refino dos EUA, de longe o maior do mundo.

    Com a descoberta do pré-sal, houve uma revolução nos planos da Petrobrás. Todo o capital da empresa teve de ser imediatamente remanejado para o desenvolvimento de exploração em águas profundas e prospecção nas áreas adjacentes às primeiras descobertas. A refinaria de Pasadena teria que esperar.

    Aí veio 2008, e a crise financeira que fez evaporar os créditos no mundo inteiro. A Astra, provavelmente já aborrecida porque a Petrobrás havia deixado Pasadena de lado, e espremida pelo aperto financeiro que asfixiava empresas em todo mundo, decide sair do negócio. E obtém uma vitória judicial espetacular na Corte Americana, obrigando a Petrobrás a pagar US$ 296 milhões pelos 50% da Astra, mais US$ 170 milhões de sua parcela no estoque.

    Esses estoques de petróleo e derivados, sempre é bom lembrar, não constituíram prejuízo à Petrobrás, porque foram consumidos e vendidos.

    A esse montante foram acrescidos mais US$ 173 milhões, correspondente a garantias bancárias, juros, honorários e despesas processuais.

    Com isso, o total a ser pago pela Petrobrás elevou-se a US$ 639 milhões. Como a Petrobrás recorreu, naturalmente, a decisão final saiu apenas em junho de 2012, após acordo extrajudicial. O total, agora acrescido de mais juros e mais custos legais, ficou em US$ 820 milhões.

    A refinaria continua lá. É um ativo da Petrobrás. A presidente da Petrobrás relatou a ministros do TCU que teria recebido propostas de venda da refinaria entre US$ 50 e US$ 200 milhões, mas rejeitou as ofertas.

    A descoberta sucessiva de novos campos do pré-sal demandam cada vez mais capital da Petrobrás, a qual não pode, por isso, desviar nenhum recurso para investir na refinaria de Pasadena, cuja capacidade de refino permanece em torno de 120 mil barris por dia.

    O problema principal da refinaria de Pasadena, portanto, foi a descoberta do pré-sal, conforme a própria Petrobrás respondeu, em fevereiro de 2013.

    Eis a resposta da Petrobrás, publicada no blog da companhia.

    A aquisição de 50% das ações da Pasadena Refining System Inc. (“PRSI”) – proprietária de refinaria em Pasadena, no Texas (EUA) em 2006, estava alinhada ao Planejamento Estratégico da Petrobras, à época, no que se referia ao incremento da capacidade de refino de petróleo no exterior, contribuindo para o aumento da comercialização de petróleo e derivados produzidos pela Companhia. Vale destacar que a refinaria está estrategicamente localizada no Houston Ship Channel, facilitando o transporte de derivados de petróleo ao mercado consumidor norte-americano.

    Todas as aquisições de refinarias no exterior cumpriam com o mesmo objetivo estratégico que determinava a expansão internacional da Petrobras, apoiada nos seguintes pilares: processamento de excedentes de petróleos pesados brasileiros; diversificação dos riscos empresariais e atuação comercial em novos mercados de modo integrado com as atividades da companhia no Brasil e em outros mercados.

    É importante esclarecer que a aquisição ocorreu antes da confirmação do potencial dos reservatórios descobertos na camada pré-sal, quando o crescimento da produção de petróleo da Petrobras se dava basicamente por descobertas de petróleos cada vez mais pesados. Portanto, para atender às necessidades da época, era estrategicamente interessante para a Companhia adquirir, no mercado americano, refinarias desenvolvidas para processar óleos leves, as quais apresentam valores de mercado mais baixos, e adaptá-las para processar óleos pesados, exatamente como a Petrobras havia feito com suas refinarias no Brasil.

    pasadena

    Refinaria de Pasadena (Fonte da foto

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    A história de Pasadena que a mídia não contou

    Enviado por on 20/03/2014 – 5:15 pm 90 comentários

    Já que o assunto do momento é Pasadena, fomos pesquisar a origem da refinaria, e tentar esclarecer algumas confusões.

    A nossa mídia, como de praxe, está muito mais interessada em produzir uma crise política do que em esclarecer a sociedade.

    A refinaria de Pasadena foi fundada em 1920, pela Crown Central Petroleum, uma das companhias remanescentes do império Rockfeller, cujo grupo Standard Oil havia chegado a controlar 88% do refino de petróleo nos EUA.

    Em 1911, a Suprema Corte americana valida uma lei anti-truste defendida pelo governo (Sherman Antitrust Act) e a Standard é dividida em 34 empresas. Uma delas, será a Standard Oil of Indiana, que depois será renomeada para Amoco, a qual, por sua vez, dará origem a Crown Central Petroleum.

    Os herdeiros mais conhecidos da Crown, os Rosenberg, decidiram, no início dos anos 2000, vender os ativos da companhia, incluindo a refinaria de Pasadena.

    Não foi uma venda fácil. Em 2003, um artigo no Baltimore Sun explicava porque se tratava de um negócio complexo. Construir uma nova refinaria igual àquela custaria mais de US$ 1 bilhão, estimava o autor da matéria, Jay Hancock. Nos livros contábeis da Crown, ela vinha avaliada em US$ 270 milhões, mas operadores do mercado diziam que os Rosenberg teriam sorte se conseguissem US$ 100 milhões por ela.

    Ao cabo, a refinaria foi vendida para Astra Holding USA, uma subsidiária da Astra Oil, sediada na California, e que por sua vez é controlada pela belga Transcor Astra Group.

    Nunca se soube o preço final da refinaria. A imprensa tem repetido que a Astra adquiriu a refinaria em 2005 por US$ 42 milhões. Mas eu ainda não consegui encontrar esse valor em lugar nenhum. É preciso verificar qual era o estado da refinaria antes da compra pela Astra, e que melhorias, exatamente, foram feitas. O que eu sei é que a refinaria vinha enfrentando, há décadas, uma dura oposição da comunidade local, por causa da poluição emitida, e que a justiça havia tomado decisões, mais ou menos na época da venda, que obrigavam a refinaria a se adaptar às novas exigências ambientais do governo.

    Está claro que a Astra, logo após a compra, fez uma série de investimentos na refinaria. Aí entra a primeira grande confusão: compara-se o preço de compra pela Astra em 2005, com o preço pago pela Petrobrás, em 2006. São negócios diferentes. A Astra compra uma refinaria que há anos não era modernizada. No momento da compra, o novo presidente da refinaria, Chuck Dunlap, declara que a Astra investiria US$ 40 milhões nas instalações, preparando-as para processar outros tipo de petróleo e fabricar mais variedades de derivados. “Nós temos grandes planos”, asseverou um animado Dunlap à imprensa local.

    Uma refinaria moderna é altamente tecnificada, com poucos funcionários. Seu principal ativo são os equipamentos e a tecnologia usada, mas a localização é fundamental, naturalmente. A refinaria de Pasadena, por exemplo, fica bem no coração do “Houston Ship Channel”, uma espécie de eixo no porto de Houston, aberto para o Golfo do México (onde ficam os principais poços de petróleo em operação nos EUA) e com ligações modais para todo os EUA.

    Em 2006, a Petrobrás pagou US$ 360 milhões para entrar no negócio, sendo US$ 190 milhões por 50% das ações e US$ 170 milhões pelos estoques da refinaria. No balanço da Petrobrás de 2006, o valor total para a aquisição da refinaria de Pasadena, incluindo despesas tributárias, ficou estabelecido em US$ 415,8 milhões.

    Isso tudo aconteceu no início de 2006.

    Ao final do mesmo ano, o negócio foi abalado com a descoberta do pré-sal no Brasil.

    Até então a Petrobrás tinha planos de investir na refinaria de Pasadena para adaptá-la ao refino de óleo pesado vindo do Brasil. A companhia planejava abocanhar um pedacinho do mercado de refino dos EUA, de longe o maior do mundo.

    Com a descoberta do pré-sal, houve uma revolução nos planos da Petrobrás. Todo o capital da empresa teve de ser imediatamente remanejado para o desenvolvimento de exploração em águas profundas e prospecção nas áreas adjacentes às primeiras descobertas. A refinaria de Pasadena teria que esperar.

    Aí veio 2008, e a crise financeira que fez evaporar os créditos no mundo inteiro. A Astra, provavelmente já aborrecida porque a Petrobrás havia deixado Pasadena de lado, e espremida pelo aperto financeiro que asfixiava empresas em todo mundo, decide sair do negócio. E obtém uma vitória judicial espetacular na Corte Americana, obrigando a Petrobrás a pagar US$ 296 milhões pelos 50% da Astra, mais US$ 170 milhões de sua parcela no estoque.

    Esses estoques de petróleo e derivados, sempre é bom lembrar, não constituíram prejuízo à Petrobrás, porque foram consumidos e vendidos.

    A esse montante foram acrescidos mais US$ 173 milhões, correspondente a garantias bancárias, juros, honorários e despesas processuais.

    Com isso, o total a ser pago pela Petrobrás elevou-se a US$ 639 milhões. Como a Petrobrás recorreu, naturalmente, a decisão final saiu apenas em junho de 2012, após acordo extrajudicial. O total, agora acrescido de mais juros e mais custos legais, ficou em US$ 820 milhões.

    A refinaria continua lá. É um ativo da Petrobrás. A presidente da Petrobrás relatou a ministros do TCU que teria recebido propostas de venda da refinaria entre US$ 50 e US$ 200 milhões, mas rejeitou as ofertas.

    A descoberta sucessiva de novos campos do pré-sal demandam cada vez mais capital da Petrobrás, a qual não pode, por isso, desviar nenhum recurso para investir na refinaria de Pasadena, cuja capacidade de refino permanece em torno de 120 mil barris por dia.

    O problema principal da refinaria de Pasadena, portanto, foi a descoberta do pré-sal, conforme a própria Petrobrás respondeu, em fevereiro de 2013.

    Eis a resposta da Petrobrás, publicada no blog da companhia.

    A aquisição de 50% das ações da Pasadena Refining System Inc. (“PRSI”) – proprietária de refinaria em Pasadena, no Texas (EUA) em 2006, estava alinhada ao Planejamento Estratégico da Petrobras, à época, no que se referia ao incremento da capacidade de refino de petróleo no exterior, contribuindo para o aumento da comercialização de petróleo e derivados produzidos pela Companhia. Vale destacar que a refinaria está estrategicamente localizada no Houston Ship Channel, facilitando o transporte de derivados de petróleo ao mercado consumidor norte-americano.

    Todas as aquisições de refinarias no exterior cumpriam com o mesmo objetivo estratégico que determinava a expansão internacional da Petrobras, apoiada nos seguintes pilares: processamento de excedentes de petróleos pesados brasileiros; diversificação dos riscos empresariais e atuação comercial em novos mercados de modo integrado com as atividades da companhia no Brasil e em outros mercados.

    É importante esclarecer que a aquisição ocorreu antes da confirmação do potencial dos reservatórios descobertos na camada pré-sal, quando o crescimento da produção de petróleo da Petrobras se dava basicamente por descobertas de petróleos cada vez mais pesados. Portanto, para atender às necessidades da época, era estrategicamente interessante para a Companhia adquirir, no mercado americano, refinarias desenvolvidas para processar óleos leves, as quais apresentam valores de mercado mais baixos, e adaptá-las para processar óleos pesados, exatamente como a Petrobras havia feito com suas refinarias no Brasil.

     

     

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  17. Copa 2014 é sucesso

    Nassif,

    Mais um golpe nos netos herdeiros.

    E o caosaereo, cadê o caosaereo com mais de 8 milhões de passageiros/mês, mais de 100 milhões/ano rsrsrs? Sumiu o caosaereo, ninguém sabe ninguém viu.

     

    A partir do Conversa Afiada

    21/03/2014 às 13p3

    Copa do Mundo no Brasil faz Fifa bater recorde de faturamento

    Compartilhar:    Por Folhapress

    SÃO PAULO  –  A Copa do Mundo de 2014, que será disputada no Brasil, rendeu à Fifa o maior faturamento da história da entidade. 

     Marcello Casal Jr/ABr

     

    O balanço financeiro da entidade, divulgado nesta sexta-feira, aponta que o órgão faturou no ano passado US$ 1,38 bilhão (R$ 3,2 bilhões). 

    O crescimento nas receitas foi de 7,4% em relação ao recorde anterior, US$ 1,29 bilhão (R$ 3 bilhões, na cotação atual), estabelecido em 2010, ano da Copa da África do Sul. 

    Em relação ao mesmo período do ciclo anterior, o faturamento aumentou em 30,87%, já que em 2009, um ano antes do último Mundial, a Fifa viu entrar nos seus cofres US$ 1,05 bilhão (R$ 2,5 bilhões). 

    Só com marketing e venda dos direitos de transmissão, a Copa de 2014 rendeu à entidade aproximadamente US$ 1 bilhão (R$ 2,3 bilhões) no ano passado. 

    “A maior parte dos direitos de transmissão foram vendidos antes mesmo de o Brasil ser escolhido sede da Copa. Batemos todos os recordes com vendas de ingressos e pacotes de hospitalidade. Isso mostra que o Brasil é o país do futebol”, disse o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. 

    Apesar de todas as marcas positivas, o lucro da Fifa em 2013 não foi tão alto assim. A entidade fechou o balanço com US$ 72 milhões (R$ 167 milhões) positivos, menos que os US$ 89 milhões (R$ 206 milhões) do ano passado. 

    Em 2010, seu melhor balanço financeiro, o lucro foi de R$ 202 milhões (R$ 469 milhões).

     

     

  18. Internautas ironizam Marcha da Família

    http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,internautas-ironizam-marcha-da-familia,1143515,0.htm

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    Usuários das redes sociais compartilham memes e piadas sobre o evento que acontece neste sábado, 22

     

    Cinquenta anos após a primeira Marcha da Família com Deus pela Liberdade – movimento deflagrado em 19 de março de 1964 em São Paulo contra o governo João Goulart -, pelo menos 15 capitais terão a versão reeditada do protesto neste sábado, 22. Em São Paulo, os manifestantes vão se concentrar a partir das 16h na Praça da Sé, centro da capital.

     

    Nos últimos dias, os internautas usaram a criatividade e passaram a compartilhar memes e piadas ironizando a Marcha. Entre os usuários das redes sociais, o evento tem sido chamado de “Marcha da Família Adams” e “Marcha da família Mussarela”. Alguns falam ainda em “Marcha com Deus e o Diabo na Terra do Sol”, em referência ao filme de Glauber Rocha. 

     

  19. Desprezo imediato

    Nassif.

    Só  uma pergunta, quem precisa de parceiros deste tipo? O incompetente ex-PGR maria vai com as outras conseguiu um jeito de posar prá grande mídia, enquanto os cinco senadores deveriam pular prá oposição, por que não? 

     

    CINCO SENADORES DA BASE TENTAM EMPAREDAR DILMA

    :

     

    Numa ação conjunta, os parlamentares Randolfe Rodrigues (Psol-AP), Pedro Simon (PMDB-RS), Ana Amélia (PP-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) decidiram recorrer à procuradoria-geral da República para cobrar explicações da presidente Dilma Rousseff sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas; nesta sexta-feira, o ex-procurador-geral, Roberto Gurgel, classificou o caso como “gravíssimo”; conselheiros da estatal externaram posições que corroboram o que foi dito pela presidente

     

    21 DE MARÇO DE 2014 ÀS 18:54

     

    247 – A compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras deve chegar à procuradoria-geral da República. É o que pretendem fazer, numa ação conjunta, cinco senadores da base aliada. São eles: Randolfe Rodrigues (Psol-AP), Pedro Simon (PMDB-RS), Ana Amélia (PP-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

    A decisão de levar ou não o caso adiante será do procurador-geral, Rodrigo Janot. Nesta sexta-feira, o antecessor de Janot, Roberto Gurgel qualificou o caso como “gravíssimo” e disse que a presidente Dilma, em tese, poderia ser investigada pela PGR.

    Em nota divulgada na quarta-feira, a presidente afirmou que votou favoravelmente à compra de Pasadena, como integrante do conselho de administração da Petrobras, porque recebeu um parecer “falho” e “omisso” da diretoria. Depois disso, outros ex-integrantes do conselho da companhia, como Jorge Gerdau, da siderúrgica Gerdau, e Fábio Barbosa, da Abril, corroboraram a posição de Dilma.

    Os senadores, no entanto, não estão satisfeitos com as explicações e pretendem fazer a presidente sangrar com o tema. Randolfe Rodrigues é candidato à presidência da República. Rollemberg é um dos braços direitos do também presidenciável Eduardo Campos. Ana Amélia concorrerá ao governo do Rio Grande do Sul, contra o petista Tarso Genro. Simon, por sua vez, deve apoiar Aécio Neves. E Cristovam Buarque se afastou do PT desde que deixou o Ministério da Educação, após ser demitido pelo ex-presidente Lula.

     

  20. Guerra Fria 2.0

     

    http://redanarcoutopistalibre.blogspot.com.br/2014/03/guerra-fria-20.html

    O trecho do livro Cypherpunks já mostrava que o governo Russo vinha se preocupado com a segurança de seus sitema de pagamentos:

    ” Andy: Mas acho que podemos todos concordar em um ponto, o de que o sistema
    monetário, a infraestrutura econômica para o intercâmbio monetário, está num estado
    lastimável. E até uma pessoa que só tem uma conta no eBay concordaria com isso sem
    pestanejar, porque o que o Paypal, a Visa e o MasterCard estão fazendo, na prática, é forçar
    uma situação de monopólio. Os comunicados diplomáticos norte-americanos aos quais o
    WikiLeaks teve acesso também revelavam que o governo russo tentou negociar para que os
    pagamentos de seus cidadãos à Visa e ao MasterCard realizados dentro da Rússia fossem
    processados no próprio país, e ambas as empresas se recusaram2.

    Julian: Sim, o poder combinado da embaixada dos Estados Unidos e da Visa foi suficiente
    para impedir até mesmo a Rússia de implementar o próprio sistema nacional de pagamento de
    cartões no país.

    Andy: O que significa que até os pagamentos feitos por cidadãos russos em lojas russas
    serão processados em centros de dados norte-americanos. E isso quer dizer que o governo dos
    Estados Unidos terá um controle jurisdicional sobre isso, ou pelo menos uma ideia do que
    está se passando.

    Julian: Pois é, e aí, quando Putin sair para comprar uma Coca-Cola, trinta segundos depois
    Washington já estará sabendo.
    Andy: E essa, naturalmente, é uma situação bastante insatisfatória, independente de eu
    gostar ou não dos Estados Unidos. É extremamente perigoso armazenar todos os pagamentos
    em uma localização central, porque isso é um verdadeiro convite para todo tipo de utilização
    desses dados.

    Jacob: Um dos pontos fundamentais que os cypherpunks reconheceram é o fato de a
    arquitetura efetivamente determinar a situação política, de forma que, se tivermos uma
    arquitetura centralizada, mesmo que as melhores pessoas do mundo estejam no controle dela,
    essa centralização é um verdadeiro ímã de pessoas mal-intencionadas, que usam o poder de
    maneiras que os designers originais jamais usariam. E é importante saber que a motivação
    para isso é monetária.”

    No link a seguir é possível ver a preocupação dos americanos com as movimentações preventivas do governo Russo buscando aprovar uma lei para reduzir a sua dependência de seus sistema de pagamentos das empresas norte americanas Visa/Mastercard (de acordo com o documento a Visa e Mastercard tem 85% do mercado de meios de pagamento eletrônicona Russia).

    http://wikileaks.org/cable/2010/02/10MOSCOW228.html

     

  21. Será que falhou a previsão para o dia 17/03/2014?

    Como pudemos observar, na data de 17/03/2014 não aconteceu o que eu esperava, porém não se pode dizer que a data passou em branco, sem nada de relevante.

    No dia 17/03/2014 o presidente da Rússia Valdemir Putin assinou um decreto pelo qual seu país reconhece a independência da península separatista Ucraniana da Criméia, fato mais significativo desde a crise dos mísseis em Cuba durante a Guerra Fria.

    Na matéria : https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/sobre-os-sete-ultimos-papas , imaginei que algo muito importante aconteceria com a igreja no dia 17/03/2014, mais especificamente, achei que fosse o fim do papado de Francisco, porém a data não passou em branco, mesmo assim resolvi flexibilizar um pouco mais a linha de raciocício. 

    No cálculo do altar, foi considerado os dias entre 11/02/2013 (data em que Bento XVI anunciou sua renúncia e que coincide com o aniversário dos 84 anos de reinados, pois o vaticano se tornou estado em 11/02/1929, sendo considerados 42 anos para cada testemunha) até a data da renúncia de Bento XVI que se deu em 28/02/2013 (17 dias depois do anúncio da renuncia) mais os 13 dias de vacância até a data de 13/03/2013 (data em que Francisco foi eleito) mais três papados (dois papados a mais de Bento IX e a volta de Bento XVI), sendo o total de 33 dias iguais aos dias de papado de João Paulo I que foi considerado um átrio fora do templo.

    Flexibilizando um pouco o raciocínio, resolvi considerar apenas os treze dias de vacância, mantendo o restante do cálculo como está. Desta forma continuamos com a data estabelecida de 17/03/2014, visto que a mesma não passou em branco, e adicionamos a esta data os 20 dias que ficaram faltando para completar o altar de 33 dias, desta forma temos uma outra data que pode ser importante, que é 06/04/2014 (na verdade a data é 06/04/2014 menos um papado resultando em 05/04/2014). Observe que agora estaremos considerando apenas a besta da terra que segundo esta lógica inicia-se nos 13 dias de vacância após a renúncia de Bento XVI.

    Como eu disse em: https://jornalggn.com.br/fora-pauta/a-luz-do-encontro-de-paz-reverbera , achava que Bento XVI voltaria 21 dias após 17/03/2014 (data que eu achava ser o fim do papado de Francisco), vou mostrar como cheguei nesta data:

    Imagine que temos um animal em movimento, seus pês dianteiros representam os castiçais, quando um castiças está no chão o outro se levanta para dar o próximo passo, desta forma teremos dois lados, que podemos chamar de Norte e Sul. A um dos lados somaremos todos os dias de vacância do período (que resulta em 125 dias) e ambos os lados devem ser igual a 15.120 dias, pois 15120 / 360 = 42 (360 são os dias de um ano de meses de 30 dias), um dos lados somado aos 125 dias resulta em 15120, o outro lado atinje este número 19 dias após a data de 17/03/2014, descontando-se o átrio e os 17 dias dentro do templo de Bento XVI e somando-se o que eu achava ser o templo de Francisco que são 369 dias que estão entre o início do papado de Francisco e a anexação da Criméia em 17/03/2014. Como já foi observado, agora estamos calculando apenas o templo da besta da terra, e esta possui apenas um papado a mais, portanto 19 dias + 1 = 20 dias (acho que errei ao achar que eram 21 dias). Veja a tabela abaixo:

     

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