Governo Temer lança o programa “menos médicos”, por Helena Sthephanowitz

 
Jornal GGN – Com cortes na saúde e redução no número mínimo de médicos exigidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), o governo Temer inicia seu programa “menos médicos”. A opinião é de Helena Stephanowitz, na Rede Brasil Atual. 
 
Para a articulista, o ministro da Saúde Ricardo Barros dá a impressão de sugerir que os brasileiros paguem planos de saúde privados. Ela lembra que o maior doador individual da campanha de Barros para deputado federal foi o empresário Elon Gomes de Almeida,  presidente da administradora de benefícios de saúde Aliança.
 
Em outra “coincidência” apontada por Stephanowitz é o lançamento, neste mês, do Next Saúde, um plano da operadora Amil voltada para pessoas com menor poder aquisitivo. Além disso, 4 mil cubanos que trabalhavam em municípios do país foram dispensados pelo ministério. 

 
Leia mais abaixo: 
 
Da Rede Brasil Atual 
 
 
Além de reduzir o número mínimo de médicos em Unidades de Pronto Atendimento, governo não renova contrato de milhares de profissionais cubanos que atendiam a saúde básica no interior do país
 
por Helena Sthephanowitz
 
O ministro da Saúde do governo Temer, Ricardo Barros, mais uma vez com a desculpa de fazer economia, abre o saco de maldades contra a população de baixa renda, ao criar uma regra que diminui o número mínimo exigido de médicos a serem contratados para atuar em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Tais equipamentos públicos recebem resolver grande parte das urgências e emergências da população, como pressão e febre alta, fraturas, cortes, infarto e outras.
 
Com a mudança inventada sob orientação de Temer, as unidades que atendem 24 horas terão obrigatoriamente apenas dois médicos para atendimento por dia – em vez de quatro, como era o mínimo exigido nos governos Lula e Dilma – , em turnos de 12 horas cada. De acordo com levantamento publicado no portal de notícias UOL, atualmente, há 165 unidades que funcionam em tempo integral no país. Há ainda outras 275 que tinham as obram em andamento até o afastamento da presidenta Dilma, das quais, 170 já com mais de 90% das obras finalizadas, de acordo com o portal do Ministério da Saúde na internet.
 
Questionado se a redução do total de médicos não poderia trazer redução na qualidade de atendimento, Barros foi irônico: “É melhor dois do que nenhum. O Brasil precisa cair na real. Não tem mais capacidade de contratar pessoal. É melhor ter essa UPA funcionando com um médico de dia e um de noite do que fechada.” Simples assim, só que não.
 
Com as novas regras, prefeitos e demais gestores responsáveis por UPAs 24 Horas terão de optar por um entre oito tipos diferentes de equipes, que variam em número de médicos e em custos, arcados por repasses do Ministério da Saúde.
 
O modelo varia entre equipes com dois médicos por dia – um durante o dia e um durante a noite – e que devem realizar no mínimo 2.250 atendimentos por mês, a até nove médicos e ao menos 13.500 atendimentos mensais. No governo Dilma, a regra previa três tipos de equipes, com regras mínimas que previam quatro, seis ou nove médicos cada. O número de outros profissionais de saúde que devem fazer parte das equipes não foi divulgado.
 
Questionado se a redução no número mínimo de profissionais exigidos não poderia trazer custos maiores ou deixar equipamentos ociosos, o ministro disse que o modelo prevê compartilhamento desses serviços dentro da rede de saúde. Ou seja, a ideia é que o paciente que antes tinha certeza de encontrar atendimento em uma UPA, agora pode ter que se deslocar a outra (ou outras) unidades(s), para encontrar um profissional ou um exame que precise.
 
Ricardo Barros só não pensou em fazer economia quando sugeriu a seus pares no Congresso, quando foi deputado federal, antes do golpe, a duplicação da verba destinada aos partidos políticos, via Fundo Partidário, aumentando os repasses, de R$ 311 milhões para R$ 600 milhões.
 
Parece que o ministro da saúde está sugerido aos brasileiros que paguem planos de saúde privados. Ele é defensor da criação de planos populares de saúde, com acesso a menos serviços do que a cobertura mínima obrigatória determinada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mas com menor custo ao consumidor. A ANS, órgão vinculado ao Ministério da Saúde, é responsável pela fiscalização e regulação dos planos de saúde no Brasil, setor que, com a atual crise econômica, perdeu 1,7 milhão de beneficiários.
 
Coincidência ou não, o maior doador individual da campanha eleitoral de Barros, nas cinco vezes que disputou e venceu as eleições para deputado federal pelo Paraná, foi um dos principais operadores de planos de saúde do país, o empresário Elon Gomes de Almeida, presidente da administradora de benefícios de saúde Aliança. Mas a relação de Barros com o setor privado de saúde não é recente. Na campanha eleitoral de 2006, o ministro recebeu polpuda doação da Unimed de Maringá (PR).
 
Recentemente ainda, Ricardo Barros disse que “em algum momento, o país não conseguirá mais sustentar os direitos que a Constituição garante – como o acesso universal à saúde – e que será preciso repensá-los”.
 
E aí a gente pensa logo em mais “coincidências”. A operadora Amil lança este mês o Next Saúde, voltado para pessoas de menor poder aquisitivo e que contempla a ideia do ministro de planos populares de menor cobertura – iniciativa bastante combatida por especialistas em saúde pública.
 
Curiosamente também, depois de o ministro defender que os brasileiros de baixa renda tenham um plano de saúde “barato” e com menos opções de serviços médicos, nada menos que 4 mil cubanos que trabalhavam em municípios carentes do interiorzão do Brasil, foram dispensados e retornaram a Cuba no inicio do mês. “Fiz um agradecimento formal à colaboração de Cuba, mas o “Mais Médicos é provisório, a intenção é de que a prioridade do programa seja dada a médicos brasileiros”, afirmou Barros.
 
Se o Mais Médicos é provisório, o “menos médicos” será definitivo.
 
 
Redação

8 Comentários

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  1. governo….

    E alguém tinha alguma dúvida? A idéia mais brilhante do governo do PT, o Programa Mais Médicos, deveria ser institucionalizada como Politica de Estado. Assim como outra genial idéia o SAMU, que muitas prefeituras e governos estaduais sabotam (as periferias sabem bem). Mas onde está o restante do Estado, para que cidadãos se defendam de mesquinhos interesses corporativos e politicos? Sem Estado só sobrará por mais 500 anos a bárbarie. Ou doenças medievais, decapitações em presidios, chacinas diárias em SP não nos escandalizam mais? 100.000 assassinatos por ano, até onde desceremos mais? (P.S. Os médicos cubanos, que foram desrespeitados por não receberem seus salários igualmente a todos os outros, deram uma lição de atendimento, competência, interesse e educação) 

  2. Raposa cuidando do galinheiro

    O Estado brasileiro está sendo corroído por dentro. A banca financeira, grande imprensa, stf, pgr, fiesp, oab, deputados e senadores unidos para entregar  o PATRIMÔNIO NACIONAL, desmantelar os AVANÇOS SOCIAIS, conquistados a duras penas nas últimas décadas.   Desconheço outra sociedade, com essas riquezas e mais de 200 milhões de habiatntes,  cuja elite ( elite???) tenha empreendido tamanha barbárie.   A Casa Grande continua intacta, assim como a Senzala, E os ovos da serpente parida em 1964 ainda estão eclodindo.

  3. Bem é preocupante o quadro

    Bem é preocupante o quadro atual, principalmente para a classe média. Não porque ela use saúde pública, principalmente se for da classe média esquerdista, mas porque se perde assim uma excepcional simbologia da luta – o serviço público gratuíto e de qualidade (duvidosa).

    Preocupante também porque este enxugamento vem acompanhado do corte de funcionários, algo que atinge també a classe média de esquerda, com seus médicos, enfermeiros, etc.

    É aquela velha história – eu quero que os meus primeiro, o resto (leia-se empregadas, garçons) que se danem
     

  4. Idiota
    Este secretário é um idiota porque ele não precisa do sus ele vai direto pro Aisten ou Sírio Libanês….pq se ele precisasse não estaria falando este monte de merda .. … não é ele quem vai atender a população escutar gritos xingos …dentre outras coisas….nao sou médica mas sou da área da saúde e sei bem o que acontece dentro de uma UPA com a população raivosa….quem leva são os mais fracos…..por isso pense bem antes de fazer essa caçada e sentar encima e rebolar….

  5. Idiota
    Este secretário é um idiota porque ele não precisa do sus ele vai direto pro Aisten ou Sírio Libanês….pq se ele precisasse não estaria falando este monte de merda .. … não é ele quem vai atender a população escutar gritos xingos …dentre outras coisas….nao sou médica mas sou da área da saúde e sei bem o que acontece dentro de uma UPA com a população raivosa….quem leva são os mais fracos…..por isso pense bem antes de fazer essa caçada e sentar encima e rebolar….

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