Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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Jânio, Collor, Marina e os bons, por Aldo Fornazieri

O efeito avassalador provocado pela entrada de Marina na disputa eleitoral suscitou o aparecimento de análises que a comparam a Jânio Quadros e a Collor de Mello. Existem, de fato, algumas similitudes nas três conjunturas políticas e eleitorais, mas, no fundamental, prevalecem as diferenças tanto conjunturais, quanto de perfil de Marina em relação aos outros dois personagens. Estabelecer as similitudes e diferenças é importante para que não se faça uma tábua rasa na comparação entre os três, tentadora em momento de disputa eleitoral, mas equivocada do ponto de vista da análise política e histórica.

As Ambiguidades de Jânio Quadros         

O ano de 1960, quando Jânio foi eleito presidente, teve uma inflação acumulada de 25,4% e estava em queda já que no ano anterior fora de 35,9%. Juscelino havia implementado um plano antiinflacionário. Mesmo assim, a inflação era considerada alta. Em 1959, o presidente havia rompido com o plano antiinflacionáario elaborado por Lucas Lopes (Fazenda) e Roberto Campos (BNDE), substituindo ambos dos seus cargos. O crescimento do PIB naquele ano foi de 9,4%. Na véspera das eleições, o governo adotava atitudes ambíguas e existiam muitas dúvidas acerca de vários temas: o papel do Estado e do setor privado no desenvolvimento, a política industrial e salarial, as fontes do financiamento, etc.

 Em 1960 iniciara-se também a radicalização no campo e crescia a polarização entre nacionalismo e política mais aberta, de relacionamento com o governo americano e com o FMI. No plano político, o Congresso era dominado por oligarquias agrárias e os partidos expressavam mais grupos de interesses e privilégios particulares do que propriamente uma representação democrática da cidadania. Em suma, havia uma crise de representação e denúncias de corrupção.

Jânio Quadros surge nesse cenário após de ter ocupado, entre outros cargos, o de prefeito e governador de São Paulo e o de deputado Federal. Foi candidato pela coligação PTN-PDC-UDN-PR-PL, mas, na prática, não era comprometido efetivamente com nenhum partido. Obteve o apoio da direita, representada pela UDN, que havia conspirado contra Vargas e Juscelino, através de apelos a golpes militares. Jânio construiu a imagem de um líder antipolítico, honesto, inimigo figadal da corrupção e pregava a promessa de uma transformação radical da velha política do passado pré-1930 que ainda sobrevivia. Embora criticasse o passado, não foi um líder anti-varguista, mas angariou  o apoio da direita udenista, visceralmente inimiga de Vargas e seu legado. Mesmo com uma significativa carreira política, Janio era um outsider – um personagem que não tinha padrinhos, não era rico, não tinha compromissos com nenhum partido e se dirigia diretamente às massas. Adotava um posicionamento ambíguo entre a esquerda e a direita e com sua liderança carismática e uma promessa vaga, pregou uma fantasia que cativou tanto os mais ricos e conservadores, quanto os mais pobres. Como se sabe, o seu personalismo e ambivalências o levaram a um governo de crise, perdendo sustentação no Congresso e, finalmente, à renúncia.

Collor e a Fantasia Conservadora

Em 1989, ano da eleição de Collor, a inflação foi de 1.972,9% e, sem dúvida, foi um dos principais temas das campanhas. O crescimento do PIB foi de 3,2%, mas a hiperinflação corroia todos os ganhos salariais. No plano político, a situação estava muito deteriorada. O governo Sarney, o Congresso e os políticos estavam desmoralizados. O governo tinha sido marcado pelo clientelismo na sua relação com o Congresso, segundo uma lógica de troca de favores por apoio ao governo que levou aos 5 anos de mandato de Sarney. A máxima “é dando que se recebe” foi a marca do clientelismo e do fisiologismo na relação entre Executivo e Legislativo. Collor de Mello, ao contrário de Jânio, pertencia a uma família oligárquica tradicional de Alagoas, tinha padrinhos políticos, mas sua candidatura surgiu à margem dos centros de poder de então, o que permitiu que ele também se apresentasse como um outsider. Imitou deliberadamente Jânio: apresentou-se como o candidato contra tudo e contra todos, adotou um discurso antipolítico, ameaçou destroçar os marajás da política e vendeu a fantasia de uma revolução modernizadora que tiraria os descamisados da miséria e levaria o Brasil para uma era de modernidade e desenvolvimento. Triunfou nas urnas sem ter uma equipe consistente e sem base no Congresso. Adotando a ambigüidade janista, prometendo deixar a esquerda perplexa e a direita estupefata. Confiscou a poupança e deu o único tiro na inflação que, ao sair pela culatra, lhe acertou o coração. Sem apoio político e envolto em denúncias, seu governo foi de crise até ser decepado pelo impeachment.

Marina e os “Bons”

O Brasil de 2014 é bem diferente do Brasil de 1960 e de 1989. Naquele tempo não havia reeleição, ao contrário de hoje. O nível da pobreza diminuiu, não há uma crise social, o emprego é alto, a renda continua subindo, mas em velocidade maior, o crescimento do PIB é baixo e. embora a inflação não esteja descontrolada, o governo Dilma permitiu que o tema se tornasse um fator negativo para a sua reeleição. No plano político, as instituições, os partidos, o Congresso e os políticos carecem de legitimidade na medida em que são vistos como organizações que promovem negócios políticos para atender seus interesses e seus privilégios grupais. A conjuntura vem marcada também por um forte desprestígio do PT, partido identificado com práticas corruptas, por conta de uma onda de denúncias que nasceu com o mensalão, passa pela associação de André Vargas a um doleiro e chega na Petrobrás.

Em 2013 ocorreram uma série de manifestações que sacudiram o Brasil e não foram compreendidas pelo governo, pelo PT, pelo PSDB e pela maioria dos partidos. A conjuntura sofreu uma reviravolta radical e o desejo de mudança instalou-se no coração e nas mentes da maioria dos brasileiros. A presidente Dilma, com seu estilo autoritário e burocrático, com seu discurso de relatório, incapaz de conduzir política e moralmente o país, angariou grande rejeição e vai vendo a avaliação de seu governo e as intenções de voto se desidratarem lenta e gravemente desde os acontecimentos do ano passado.

É nessa conjuntura que surge Marina Silva, contando com o favor do acaso e do imprevisto ou da “providência divina”, segundo ela mesma. Sem padrinhos, teve que se abrigar num partido alheio e tal como Jânio, adota o discurso da ambigüidade situando-se entre o PT e o PSDB, entre Lula e FHC. Ainda como Jânio e Collor anuncia a promessa fantasiosa de uma transformação radical do Brasil através de uma “nova política” que varrerá a “velha política” do solo pátrio. Tal como os dois, consegue agregar o apoio dos mais ricos e de boa parcela dos mais pobres. Sem ser anti-Lula, consegue o apoio da direita conservadora antilulista e antipetista, assim como Jânio conseguiu o apoio da UDN sem ser anti-Vargas.

As semelhanças param por aí. Se Marina vencer, somente a história futura poderá nos dizer se ela será capaz de fugir ao anátema de Jânio e de Collor ou não. Promete levar para o governo os “bons” de todos os outros partidos. O problema é como Marina garantirá o apoio dos “bons”. Os recrutará com cargos à revelia dos partidos? Se assim proceder, mergulhará numa das mais nefastas práticas da velha política, enfraquecendo os partidos para que os interesses de grupos prevaleçam. Marina, na verdade, tem uma chance legal de recrutar os “bons” através da transformação da Rede Sustentabilidade em partido. A legislação permite que, na fundação de um novo partido, os parlamentares possam se transferir de partido sem perder os mandados. Provavelmente será isto que ocorrerá se ela triunfar. Mas ela conseguirá agregar força suficiente para governar? O PT, se perder, terá que passar necessariamente para a oposição, sob pena de fraudar a decisão soberana do eleitorado. O mais provável é que Marina teria, para governar, que se compor com o PSDB, configurando um governo de centro-direita. Assim, conseguiria fugir das ambigüidades de Jânio e de Collor ao custo do sacrifício da “nova política” no altar das conveniências do poder.

Aldo Fornazieri – Cientista Político e Professor da Escola de Sociologia e Política.

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

27 Comentários

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  1. E O PMDB?

    Marina contará certamente com o PMDB, de inicio sem toma lá e dá cá, apenas para manter o Brasil no rumo, depois

    a mesma prisão que está Dilma hoje.

    Cada partido tem sua identidade e essa é a marca do PMDB.

  2. a negação da política.
    Dilma impõe seriedade nas coisas. O que não é muito bom numa política brasileira acostumada a compadrio. Nao é autoritarismo, tão pouco burocracia. É alguém que faz tudo com muita seriedade. Pode não ter a popularidade do Lula, mas que trouxe seriedade e muita maturidade na gestão dos bens públicos, verdade inconteste. O oba oba da Marina é coisa séria a analisar, como dizem todos os que conhecem bem a política: a Marina é a negação do fazer político.

  3. Os eleitores de Marina

    A principal proposta de Jânio e Collor era o combate à corrupção – a Vassoura para varrer a roubalheira e o Caçador de Marajás.

    Marina não apela para o combate à corrupção.

    Até o momento, praticamente não citou o “mensalão” (petista ou tucano).

    Ela propõe coerência entre o discurso e a prática – ela e Erundina sempre tiveram uma imagem de coerência entre a prática política e seus princípios (Erundina deixou a campanha de Haddad por causa do Maluf).

    Esse seria a “nova política”: acabar ou reduzir o toma-lá-dá-cá.

    Em relação às políticas públicas, Marina disse claramente que se inspira em dois modelos “antigos”: a estabilidade econômica de Fernando Henrique e as políticas sociais de Lula.

    Com isso, ela está conseguindo o apoio, principalmente, de quatro segmentos da população:

    1.    Os antipetistas, que hoje apoiam qualquer um que seja contra o PT, mas que amanhã poderão se insurgir contra ela, se ela, por exemplo, ampliar o bolsa-família.

    2.    Os que são antipolíticos e que acreditam que ela poderá representá-los com a sua “nova política”. Esses poderão se decepcionar, se ela precisar compor com os “velhos políticos” para governar (o que é praticamente certo, muito embora ela possa ser mais moderada no “é dando que se recebe”, como foi, por exemplo, Itamar Franco).

    3.    Os evangélicos que estão cansados (e com medo) das políticas liberais apoiadas pela esquerda (aborto, casamento gay, leis contra homofobia, etc). Talvez esses também se arrependam se ela sancionar leis aprovadas no Congresso e que contenham esses temas.

    4.    Aqueles que querem uma nova visão de país (principalmente jovens). São os que querem mais transporte público, menos poluição, mais etanol, menos petróleo (a grande dúvida é o que ela vai fazer com o pré-sal), mais bicicleta, menos carro, mais biodiversidade e menos consumismo. Esses são os verdadeiros “Marinistas”, que querem fazer parte da “Rede”. Talvez esses não se decepcionem, se ela for eleita.

  4. Compor com o PSDB?

    Mas os tucanos terão quantos deputados?

    Aliás, mais do que nunca será importante saber como será a composição da câmara.

  5. fato!

    Jânio e Collor tinham já assegurados na disputa um bom tempo antes da eleição. Havia uma disputa acirrada dos dois na época e agora com Eduardo e Marina não, os índices mostravam que estava fora da disputa. No caso dos dois havia uma onda da Vassoura e dos Marajás como um slogan sustentando ideias e mudança para uma nova politica e no caso da Marina não existe. O fato distinto foi à morte do Eduardo Campos e esta comoção popular.

     O programa da Marina tem esta dualidade entre a esquerda e a direita é em verdade mais consistente entre o do PT e PSDB, que são muitos ruins, robustos e definidos ideologicamente como sabemos.  O fato de mudar o PT atualmente já é um avanço, uma sacudida para acorda e realinha seus políticos e lideranças.

    Destacando:

    …”o governo Dilma permitiu que o tema se tornasse um fator negativo para a sua reeleição”.

    “A presidente Dilma, com seu estilo autoritário e burocrático, com seu discurso de relatório, incapaz de conduzir política e moralmente o país, angariou grande rejeição e vai vendo a avaliação de seu governo e as intenções de voto se desidratarem lenta e gravemente desde os acontecimentos do ano passado.”

    Seria covardia minha colocar toda a culpa na Dilma. Ela tem uma grande parte das responsabilidades como presidente e o Partido dos Trabalhadores a outra parte dos encargos.

    Vamos ver como fica. Sempre acredito que será e pode ser melhor.

  6. é história que se repete à moda antiga…

    só que desta vez com um agravante muito perigoso, sem amor pelo Brasil, pela liberdade, Justiça e pela Democracia

    no caso de Marina vencer, mas não conseguir fazer tudo que promete, penso que uma parte da sociedade vai tocar maior terror pelas ruas e avenidas, conforme já testaram e viram que é possível e garantido pelas nossas próprias leis

    1. Parlamentarismo seria a solução!

      Se desde 1993 tivéssemos aprovado o Parlamentarismo em cada eleição para a Câmara estaríamos bem mais tranquilos, pois o sistem parlamentar controla a fidelidade dos partidos ao seus programas.

      Teríamos um executivo profissionalizado, sem um bando de CCs, cada crise seria simplesmente uma crise parlamentar e a existência de uma quantidade grande de partidos não teria nenhum problema.

      Com o parlamentarismo as coligações seria feitas depois de cada partido eleger seus representantes com sua própria cara.

      Com o sistema parlamentarismo o congresso teria importância, e todos os políticos teriam interesse em ter seu nome para primeiro ministro, acabando com o papel secundário do congresso e levando as discussões importantes para dentro desta casa.

      Perdemos esta oportunidade simplesmente porque políticos como Brizola queriam se eleger presidente da república, não se elegeu e nós ficamos com impasses a cada 4 anos!

      1. Parlamentarismo com Estado

        Parlamentarismo com Estado Unico não funciona.

        O país teria que ser uma federação de fato e não só no papel, com voto distrital , ai funcionaria o parlamentarismo. 

         

  7. Desta vez não terei dó

    Desta vez não terei dó do povão e seus adjacentes.

    Não suporto mais essa burrice coletiva nem olhar para um apaniguado pelo atual cenário de valorização da renda do trabalho (dono de um boteco marginal), reclamar e xingar desmesuradamente a presidente.

    Pasmem, criticas sem qualquer fundamento, mesmo que comparada a seu baixo nível de escolaridade.

    Não vou mais chorar 15% de desemprego, salário mínimo a 70 dólares, dívidas no FMI, gente morrendo de sede no nordeste, sem tetos, sem terras, sem nada…. muito menos vou chorar a pequena (minima para dizer a verdade) burguesia desescoralizada, inculta, cruelmente domestica pela religião e moral dos santuários, não vou chorar pelo presidente do BC ser um marionete de WALL STREET e, muito menos, por 25% de juro real…aliás vou ficar alegre pois meus filhos receberão uma herança muito MAIOR…. 

    CHEGA!!!! essa sociedade é tão estúpida que secam até as minhas lágrimas.

  8.  Eu já vi este filme: “Depois

     Eu já vi este filme: “Depois de eleger Marina, temos de ir para as ruas dar a ela a cobertura para que possa exigir do Congresso as mudanças necessárias ao país”. Beto Albuquerque. 

    1. Marina não gosta do

      Marina não gosta do Congresso. Não gosta dos partidos. Não gosta de plebiscito. Ela é muito mais a “Democracia Black Bloc”.

      Seria cômico, se não fosse trágico.

  9. O primeiro ato da Marina será

    O primeiro ato da Marina será criar edições horárias do Diário Oficial. Só assim para acompanhar as mudanças de acordo com o vento (ou o Twitter).

  10. As previsões furadas de Miriam Leitão e Sardemberg
    A velha mídia é o maior cabo eleitoral da oposição. Estadão, Globo, CBN, Valor Econômico, e as revistas da Abril, Exame e Veja, anunciam o caos no país a todo momento. Tudo daria errado na Copa, os estádios não ficariam prontos a tempo, os aeroportos não funcionariam, o Brasil ia passar vergonha. Mas, tudo deu certo, aliás, foi considerada pela imprensa internacional a melhor Copa de todos os tempos. Na economia, Miriam Leitão (Globo, CBN) previu o estouro da meta de inflação devido a alta do dólar, que subiu 15% em 2013, e que, segundo ela, deveria continuar subindo em 2014. Porém, este ano, a moeda norte-americana acumula queda de 5%. Carlos Sardemberg, colega de trabalho de Miriam, é outro que errou feio. Em 2008, afirmou: “o petróleo do pré-sal só existe na campanha do governo”. Hoje, a Petrobrás comemora a retirada de mais de 480 mil barris de petróleo por dia do pré-sal, fazendo da empresa brasileira a mais produtiva do mundo e avaliada em torno de R$ 98 bilhões, bem acima dos R$ 15,5 bilhões de 2003. Enquanto a mídia late, Dilma mostra números. Sucesso do programa Mais Médicos, Pronatec, Minha Casa Minha Vida, etc. Além dos programas sociais criados por Dilma, ela ainda tem que vetar propostas absurdas do Congresso, como foi o caso da criação de novos municípios que gerariam gastos desnecessários com novos prefeitos, vereadores e secretarias inúteis. Não tenho dúvida, em outubro, voto Dilma!

  11. “Estabelecer as similitudes e

    “Estabelecer as similitudes e diferenças é importante para que não se faça uma tábua rasa na comparação entre os três, tentadora em momento de disputa eleitoral, mas equivocada do ponto de vista da análise política e histórica.”

     

    Entendi que o objetivo do autor foi de “pagar pra ver” o que seria um governo de Marina, fazendo no final conjecturas baseadas no próprio discurso de Marina, ou seja, em nada.

    Pelo próprio texto, em absolutamente tudo a plataforma de Marina é igual a de Collor e Jânio.  O que diferem são as origens (que são diferentes entre todos – Jânio não era de família rica e color vinha das oligarquias de Alagoas) e a conjuntura nacional (que foi devidamente modelada para pior pela mídia).

    Ou seja, a conclusão que se chega até antes do último parágrafo do texto é que, vencendo Marina, vem catástrofe por aí.  No final, o autor tentou mudar o rumo, mas justificando-se no discurso vazio de Marina e não nos fatos e analogias que foram apresentados.

  12. O final do texto mostra “esperança no futuro” baseado em nada

    “Estabelecer as similitudes e diferenças é importante para que não se faça uma tábua rasa na comparação entre os três, tentadora em momento de disputa eleitoral, mas equivocada do ponto de vista da análise política e histórica.”

     

    Entendi que o objetivo do autor foi de “pagar pra ver” o que seria um governo de Marina, fazendo no final conjecturas baseadas no próprio discurso de Marina, ou seja, em nada.

    Pelo próprio texto, em absolutamente tudo a plataforma de Marina é igual a de Collor e Jânio.  O que diferem são as origens (que são diferentes entre todos – Jânio não era de família rica e color vinha das oligarquias de Alagoas) e a conjuntura nacional (que foi devidamente modelada para pior pela mídia).

    Ou seja, a conclusão que se chega até antes do último parágrafo do texto é que, vencendo Marina, vem catástrofe por aí.  No final, o autor tentou mudar o rumo, mas justificando-se no discurso vazio de Marina e não nos fatos e analogias que foram apresentados.

    1. Tenho resistências ao textos do autor, mas achei este razoável

       

      Ljunior (segunda-feira 01/09/2014 às 11:42),

      Ia fazer um comentário para Aldo Fornazieri, mas lendo o seu comentário achei que mais bem fazia se direcionasse o meu comentário para o seu. Avalio que você foi muito crítico em relação a este post “Jânio, Collor, Marina e os bons, por Aldo Fornazieri” de segunda-feira, 01/09/2014 às 09:17, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria de Aldo Fornazieri e que a sua crítica mereceria uma contraposição.

      Em minha avaliação, entretanto, este um dos melhores textos dele. Tenho feito muitas críticas a Aldo Fornazieri. Minha última crítica que eu lembro foi para o post “Protestos: um ano depois, por Aldo Fornazieri” de segunda-feira, 09/06/2014 às 10:06, aqui no blog de Luis Nassif e que pode ser visto no seguinte endereço:

      https://jornalggn.com.br/noticia/protestos-um-ano-depois-por-aldo-fornazieri

      Na verdade eu só li e comentei naqueles posts cujo título tivesse alguma vinculação ao que eu penso. Assim pode ter ocorrido de ele ter feito outros posts de que eu gostaria, mas que não os li. Reconheço, entretanto, que gostei deste post “Jânio, Collor, Marina e os bons, por Aldo Fornazieri”. Penso que ele é bastante informativo sobre a nossa história política recente e serve a uma boa leitura.

      Permanecem ainda dois vieses que eu já vira em outros textos dele. O primeiro diz respeito ao fisiologismo que ele trata quando fala sobre o governo José Sarney. Vou transcrever trecho deste post “Jânio, Collor, Marina e os bons, por Aldo Fornazieri” em que há essa referência. Diz Aldo Fornazieri lá:

      “Em 1989, ano da eleição de Collor, a inflação foi de 1.972,9% e, sem dúvida, foi um dos principais temas das campanhas. O crescimento do PIB foi de 3,2%, mas a hiperinflação corroia todos os ganhos salariais. No plano político, a situação estava muito deteriorada. O governo Sarney, o Congresso e os políticos estavam desmoralizados. O governo tinha sido marcado pelo clientelismo na sua relação com o Congresso, segundo uma lógica de troca de favores por apoio ao governo que levou aos 5 anos de mandato de Sarney. A máxima “é dando que se recebe” foi a marca do clientelismo e do fisiologismo na relação entre Executivo e Legislativo”.

      Você talvez não tenha dado importância a este trecho porque você concorda com o que Aldo Fornazieri disse. Agora eu pergunto para você, você consegue apontar um governo democrático onde não exista o fisiologismo (Ou clientelismo, ou “é dando que se recebe” ou “toma-lá-dá-cá”)? Na verdade o fisiologismo só não existe se a democracia for direta ou onde não existir democracia. Infelizmente não se ensina política nas escolas e, se as pessoas só aprenderem as lições antigas, a maioria vai ficar com esta impressão nefasta de que é possível construir o processo democrático em uma democracia representativa sem o fisiologismo. Fisiologismo é da essência da democracia representativa e quanto mais fisiológica for uma democracia mais ela é democrática. Quanto menos fisiologia se praticar em uma democracia, mais se trata de uma democracia autoritária se ainda se puder dizer que se trata de uma democracia.

      E o outro questionamento que eu faço diz respeito à avaliação que ele faz da presidenta Dilma Rousseff e que pode ser vista no trecho transcrito a seguir. Diz lá Algo Fornazieri:

      “Em 2013 ocorreram uma série de manifestações que sacudiram o Brasil e não foram compreendidas pelo governo, pelo PT, pelo PSDB e pela maioria dos partidos. A conjuntura sofreu uma reviravolta radical e o desejo de mudança instalou-se no coração e nas mentes da maioria dos brasileiros. A presidente Dilma, com seu estilo autoritário e burocrático, com seu discurso de relatório, incapaz de conduzir política e moralmente o país, angariou grande rejeição e vai vendo a avaliação de seu governo e as intenções de voto se desidratarem lenta e gravemente desde os acontecimentos do ano passado”.

      O que há nesta frase é a importância que Aldo Fornazieri dá ao carisma. De certo modo eu também considero o carisma importante. Carisma para mim é medido pela capacidade que uma liderança tem de convencimento. A razão do carisma é de várias origens. Às vezes o carisma aparece com a idade, outras ele vai com a idade. O timbre de voz, as feições, as palavras que usa, a forma de expressar, tudo isso pode conferir carisma a uma pessoa. Há pessoas que são carismáticas com os seus alunos, mas não conseguem ser carismáticas fora da sala de aula. Este me parece ser o caso por exemplo de Fernando Henrique Cardoso, pois seus ex-alunos o admiram bastante.

      Agora, o carisma para mim é importante porque ele permite que uma liderança política seja formada. Uma pessoa carismática tem mais possibilidade de ganhar uma eleição e assim novo ele já pode ter uma experiência de chefe de executivo. E até chegar ao topo ele terá uma experiência e tanto. O Aldo Fornazieri defende o carisma para ser usado como fator de aglutinação da sociedade em uma causa comum. Este uso para mim é ruim. As sociedades são quebradiças. Juntar tudo em um único formato parece-me uma idealização da sociedade. Para que um governante passe a conduzir política e moralmente um país, é preciso que ou se tenha o interesse maior da nação bem delineado, ou se tenha um engodo. Ou então se encaminha para uma espécie de fascismo da política. Quando se tem o interesse maior da nação bem definido não há necessidade de liderança nenhuma para conduzir a sociedade.

      Uma das críticas que eu faço ao Plano Real é que, do modo como ele foi feito e sendo usado para assegurar a reeleição de Fernando Henrique Cardoso e em razão de outros fatores que ocorreram posteriormente, desde a eleição de 1994, há uma ausência de lideranças carismáticas nas disputas presidenciais. O Plano Real junto com uma espécie de acordo entre o PT e o PSDB foram fatores decisivos para tirar das campanhas presidenciais as lideranças carismáticas. Lula tem carisma, mas é um carisma junto a determinadas classes sociais. E ele tinha uma grande rejeição na sociedade. Tanto assim que na eleição de 2002, a todo momento aparecia uma candidatura que o superava. Em suma a eleição dele decorreu mais do histórico da vida dele, do histórico do partido dos trabalhadores, da história da disputa com Fernando Collor de Mello em 1989, e do fato de José Serra ter criado inimizade com os apoiadores de Roseana Sarney e com Ciro Gomes.

      Há ainda outro trecho em que o Aldo Fornazieri não foi muito fiel aos fatos. Transcrevo o trecho em que ele fala da ação do governo em relação à inflação. Diz o Aldo Fornazieri:

      “embora a inflação não esteja descontrolada, o governo Dilma permitiu que o tema se tornasse um fator negativo para a sua reeleição”.

      Se as eleições fossem no início do ano, o Aldo Fornazieri estaria coberto de razão. Aliás, as manifestações de junho de 2013, talvez tivessem origem no julgamento da Ação Penal 470 no STF e também no aumento da inflação que começou a ocorrer no início daquele ano. Só que, ao contrário do que Aldo Fornazieri disse, a presidenta Dilma Rousseff neste período de eleição pode bem usar os baixos índices de inflação como fator positivo para a reeleição dela. O governo tudo fez para que a inflação fique baixa até a reeleição.

      Então a sua crítica pareceu-me fruto de uma dificuldade de entendimento do texto de Aldo Fornazieri. Esta dificuldade não é decorrente de você. Talvez tenha lido poucos textos dele. O problema maior nos textos de Aldo Fornazieri é ainda a ideologia em formação dele, e que pode ser vista aqui ao de um lado dá contornos de modernidade ao valorizar o carisma e de outro dá sinais de atraso ao criticar o fisiologismo.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 01/09/2014

  13. é piada o beto albuquerque

    é piada o beto albuquerque achar que todos os movimentos sociais vão sair por aí, adoidados,apovando possíveis absurdos que eles quiserem.

    mas pode ser que alguns saiam por boas causas,

    mas duvido porque os movimentos sociais e a estrutura partidária do pt foi formda depois de lutas intermináveis durante um tempo histórico que nao se pode comparar com qualquer tsunami que ocorre de vez em quano, embora a matéria dopost fale sobre isso.

    mas o que ocorreu com janio e collor ocorreu justamente por falta desse tempo histórico que os legitimassem.

    nasceram do vazio e cairam no vazio.

    1. Marina só esqueceu de um

      Marina só esqueceu de um pequeno detalhe: enquanto oposição e “terceira via”, “contra tudo o que está aí”, ela é pedra. No momento em que estiver no governo, vira vidraça.

      Ela acha que, no governo, vai conseguir angariar o apoio dos manifestantes, mas por quanto tempo? Manifestações CONTRA o executivo são fáceis de se fazer. Manifestações A FAVOR do executivo? Como ela vai conseguir isso? Vai chamar todo mundo no congresso de ladrão? Vai criar uma crise institucional? Vai fechar o congresso?

      Socorro, Tony Stark!

  14. O analfabetismo político

    O analfabetismo político derrota os trabalhadores. Vejam a ignorância: pergunto como está a vida dos novos antipetistas e eles respondem que, “graças a deus”, estão adquindo tudo que pensavam em possuir, estão estudando pelo prouni, mudaram seus móveis velhos por novos, enfim, estão bem. Pergunto: por que, então, não vão votar na Dilma? Eles ficam pensando um pouco e responde que é porque o pt é muito corrupto, ou apenas dizem “eu odeio o pt” porque o Brasil está. muio mal, a gente vê todia isso na tv. Isso se chama analfabetismo político. Gente, em sã consciência, quem não votaria num governo que lhes está dando qualidade de vida? ANALFABETO POLÍTICO, a única explicação.

  15. Razoavel

    “A presidente Dilma, com seu estilo autoritário e burocrático, com seu discurso de relatório, incapaz de conduzir política e moralmente o país”

    Dizer isto é ignorar tudo o que Dilma Rousseff fez até aqui. Se ela sofreu um enfraquecimento, foi justamente por tentar romper com os antigos paradigmas da politica. Moralmente é a presidente mais à altura que ja tivemos, gosto-se ou não de seu estilo, e demonstrou ter capacidade politica, sim. As manifestações de junho/13 chegaram quase a formar uma tusanami, a qual a presidente, com muito sangue frio, desarmou naquele momento. Uma de suas atuações politicas. 

    E, sinceramente, não é de moralistas à la Jânio, Collor ou Marina que precisamos.

  16. é prá rir????

    Com todo respeito ao analista: Dizer que Marina não tem “padrinhos” é fazer de conta que desconhece a realidade. Vamos ficar só na herdeira do Itaú…tá bom???? Se quiser mais um pouco. podemos chegar aos grupos internacionais que disseminam tags como “sustentabilidade” e outros como cavalos de tróia modernos…. as centenas de ong’s  estrangeiras espealhadas em território nacional que o digam. Sabe de Nada… Inocente,

  17. Marina tem a verborragia do

    Marina tem a verborragia do Jânio e a prepotência do Collor, apesar de politicamente ter istória distinta de ambos e merecer mais respeito que eles. Marina em si não preocupa ninguém, nem deveria preocupar, porque espera-se dela um pouco de honestidade à sua própria biografia, que a cada fala ela despeja um pouco no lixo. NÃO TENHO MEDO DA MARINA!

     

    Mas me preocupa muito os que a cercam. Sem apoios no congresso e com o poder econômico disposto a pagar quantos mensalões forem necessários para manter o congresso na base do mensalão que jamais deixou os corredores de Brasília, como querem acreditar alguns.

     

    Marina oferece uma oportunidade formidável e única a uma extrema direita desesperada e que não vislumbrava chance alguma de retornar ao poder, pelo menos até 2018.

     

    Marina poderá mergulhar o nosso país em uma terrível onda conservadora e aprofundar exatamente a velha política que ela diz combater, praticando os mesmos atos que diz repudiar.

     

  18. PMDB

    O PMDB, lamentavelmente, por carência ideológica e falta de liderança, optou por pfelizar: andar a reboque dos outros partidos, caso do PT. Isso não é bom para a política, e não faz bem ao Brasil. Partido desse porte há que se apresentar, mesmo que perca a eleição.  O PMDB, cá entre nós, acomodou-se, perdeu a velha garra. As benesses do poder, assim como a esmola, ou vicia  ou mata o cidadão. Em política, a sadia política, há que haver o contrapeso, não é o caso brasileiro. Aqui a boidada está pendendo para um lado só. Isso não é bom, nem salutar. NInguém aguenta a esquerda(hoje no poder) e a direita burras, mas quando inteligentes são imprescindíveis ao processo democrático. 

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