O Estado de exceção e o papel da mídia na crise política

Jornal GGN – Em entrevista ao programa Mundo Político, da TV Assembleia de Minas Gerais,  jornalista e editor do GGN Luis Nassif fala sobre a mídia e o Estado de Direito no Brasil.

Nassif avalia o papel desempenhado pela imprensa atual crise política, apontando um maior acirramento política por parte da mídia a partir de 2005, principalmente em razão do início das redes sociais e dos problemas financeiros das empresas de comunicação.

Na entrevista, Nassif também critica a seletividade nas ações da Operação Lava Jato e na forma como as notícias sobre corrupção são abordadas pela imprensa.

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Redação

8 Comentários

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  1. igreja & estado

    Porque seria ingenuidade querer um sistema político para o Brasil como é por exemplo o da Suécia? Era para isso que a Presidente Dilma esperava que o “judiciário” encaminhasse o País.

    Mas fica assim atestado: Brasil país de políticos ladrões e “judiciário” ladrão. Em época de eleição os corruptos beijam a mão dos “bispo” que assim, enganando o povo ajudam a eleger ladrões,e fica tudo por isso mesmo.

    O otimismo – O povo já não é mais bobo: roubou devolva ao povo, é nisso que se cumprem as Leis e a Constituição do país.

  2. Imprensa mineira

    Quando ouvimos os grampos de Aécio e Andrea logo concluimos que eram além de hipocritas, muito autoritários.

    Os dois estao numa grande enrascada pelas várias acusacoes de corrupcao feitas a eles.

    Consequentemente, penso que  a imprensa de Minas também está envolvida no esquema pois durante desesseis anos ela protegeu o governo deles de todas as mazelas que atualmente sao acusados.

    Quer dizer ,sabiam e nao noticiavam  nada pois estavam suficientemente remunerados para  tal . O famoso calaboca

    Acho que toda imprensa mineira envolvida nesse processo, agora tem que responder, inclusive judicialmente, pois está claro que eram conivente com a gravidade da situacao agora um pouco desvendada. Acho que tem muito mais ainda a ser descoberto, afinal sao quatro mandatos dos tucanos onde muita coisa errada deve ter sido acobertado.

     

    José Emílio Guedes Lages- Belo Horizonte

    1. Adendo
      Na eleição para presidente ,principalmente no 2° turno jornalistas da TV Alterosa afiliada do SBT denunciavam(anonimamente e que foi repercutido por alguns blogueiros) que eram obrigados a usar o botão do Aecio e que a sede da TV virou um comite de campanha cheio de material do Aecio.

  3. Imprensa mineira

    Não se enganem com a imprensa mineira. No mínimo a metade dos jornalistas aqui são direitas, ditatoriais, coxinhas. Não precisaram ser pressionados para participar da campanha de esgoto contra Lula, o PT e a democracia brasileira. Estão silenciosamente revoltados com tudo que está acontecendo com Aécio e Andrea Neves. E prontos prá reassumir seus postos assim que a maré virar.

  4. Coitada da Vivian Menezes,

    Coitada da Vivian Menezes, rs… nosso anfitrião quase a deixou sem esperança…

    Mas uns comentários , aí, mesmo sem niguém ter pedido:

    Assim como não é preciso ter pedido explícito aos candidatos a juiz do TSE (“Olha bem, a gente está te indicando mas é para livrar a cara do Temer, hein? Para dar continuidade ao nosso golpe, tá?”), quando Vivian pergunta se ninguém tem controle, creio que a resposta não é um “Não” definitivo e taxativo. Mas é óbvio que o Executivo não vai indicar alguém que não esteja minimamente comprometido com o golpe, independente até de pessoalidades como Temer, Janot ou outros. A indicação será sempre de pessoas alinhadas com esse programa de governo que está sendo imposto: terceirização, privatização, todo o poder público voltado às demandas do capital baseado no dólar do FMI.

    A autoria do controle do golpe pode ser de difícil percepção pela ausência de uma pessoa coordenadora, mas se observarmos as diversas ações dos golpistas, pelo seu alinhamento, fica muito evidente que há uma coordenação. se a coordenação não está centralizada em uma única pessoa é porque está coincidente em todos os operadores. E se considerarmos que há as armas de fogo, que coagem pela ameaça física, talvez possamos considerar as armas morais, as que coagem ameaçando a integridade de outras instâncias para além da física (mas que nem por isso são menos importantes e até vitais para a existência das pessoas enquanto humanas). E aí fica mais fácil entender o papel da mídia oligopolizada e tacitamente cartelizada: são a infantaria de ataque. O ataque moral e intelectual é a especialidade desse exército. Ou seja, essas empresas privadas que se dedicam à comunicação social são a força mais aparente dentre os golpistas mas não são nem a única e nem a mais importante força. O Instituto Millenium não abriga apenas firmas de comunicação de massa…

    Por fim, chutar Aécio e Temer é apenas chutar cachorro morto. Com a vantagem da expectativa de disfarçar a seletividade de Moro e procuradores da Lava Jato, tentar calar a boca daqueles que dizem que a Lava Jato é apenas contra o PT. De fato a Lava Jato não é apenas contra o PT, é contra qualquer um que se ponha a defender um país justo, soberano, próspero e independente para o Brasil. Aécio, Temer e outros títeres dos golpistas, apesar de defenderem um Brasil com distância muito grande entre casa grande e senzala, podem ser queimados, podem ter suas reputações assassinadas pelos golpistas através de seu braço armado – a mídia -, sem nenhum problema. Mas imagina se alguém tentar prender os Setubal ou os Moreira Salles, ou até pior, se tentar afastar a Chevron do petróleo brasileiro “só porque” eles contribuíram para campanhas políticas… Mais seletiva que a Lava Jato, tô prá ver.

     

    Em tempo: observando o que a Vivian Menezes coloca como premissa nas questões que levanta ao Nassif, seu posicionamento – ou pelo menos o posicionamento que adotava antes dessa entrevista – fica claro. Não que o Nassif aceite aquelas premissas. Mas que a jornalista tentou, ah… isso tentou, sim. Dá para entender: Minas foi Aécio por muito tempo, vai levar muito tempo ainda para que as influências de Aécio evanesçam… Imagina o que será se o PSDB perder o estado de São Paulo, quanto tempo – e trabalho – será necessário até que a fumaça poluente alkimista, serrista etc. se dissipem nas instituições paulistas?

  5. Logo no início Nassif expôe

    Logo no início Nassif expôe interessantes aspectos da crise da mídia. Não obstante, a entrevitadora – quando Nassif embalava – mudou o tema. Abaixo fiz uma rápida transcrição do foi dito pelo entrevistado sobre esse ponto da crise da mídia:,

    – A desconstrução até do projeto nacional a mídia começou em 2005. Uma campanha sistemática de jogar para baixo qualquer conquista do país e que se amplia depois do mensalão e atinge o auge com a Dilma. 

    – 2005 porque se tem uma crise global na mídia (02:03). Com o avanço das redes sociais e com a internet. Aquelas barreiras de entrada para grupos estrangeiros foi demolido. Grupo estrangeiro não conseguia entrar no Brasil: televisão aberta é concessão, jornais e tudo uma legislação impedia. Com a internet essas barreiras cairam. Então globalmente se tem uma crise terminal no modelo tradicional de mída (02:31).

    – No Brasil, os jornais, os grupos de mídia usaram o modelo do Mudok lá nos EUA para se organizarem. Que consiste no quê? (02:41). Você tem uma desorganização no mercado de informações com as redes sociais (02:45); em vez de organizar esse mercado de acordo com filtros (02:49), vamos aproveitar e fazer o jogo da pós-verdade (02:52), inventar o que nós pudermos inventar para (02:54), eleger alguém que estando na presidência impeça a entrada dos concorrentes… 

    – … Sempre, sempre negócio (03:00)… você têm um viés ideológico que você tem uma posição pré-mercado tradicional da mídia (3:16)

    Um bom tema a merecer uma matéria em continuação

    1. Sobre o tema acima Murdoch e

      Sobre o tema acima Murdoch e a m’dia brasileira:

      https://jornalggn.com.br/noticia/o-dia-em-que-a-midia-brasileira-descobriu-murdoch
       

      O dia em que a mídia brasileira descobriu Murdoch

      Atualizado em 12/08/2015 – 10:13

       

       

      Em meados dos anos 2.000, subitamente o Olimpo da mídia passou a ser invadido por corpos estranhos, dinossauros de direita que se supunha extintos desde o final da Guerra Fria, com uma linguagem vociferante, bélica, atacando outros jornalistas, pessoas públicas, partidos políticos, com um grau de agressividade inédito. Inaugurava-se o que batizei, na época, de jornalismo de esgoto.

      O grande movimento começou por volta de 2005, coincidindo com a montagem do cartel midiático liderado por Roberto Civita, o cappo da Editora Abril.

      ***

      Inspirada no australiano-americano Rupert Murdoch, a estratégia adotada consistia em juntar todos os grandes grupos de mídia em uma guerra visando ganhar influência para enfrentar os grupos que surgiam no bojo das novas tecnologias.

       

       

      Desde seus primórdios, a indústria de comunicação de massa ganhou a capacidade de criar um universo virtual, com enorme influência sobre o universo real. Personalidades construídas pela mídia são agentes poderosos de influência em todos os campos. Ao contrário, as vítimas de ataques sofrem consequências terríveis em sua vida pessoal, profissional.

       

      Nas democracias imperfeitas – como é o caso da brasileira -, com enorme concentração de poder, trata-se de um poder tão ilimitado que uma das “punições” mais graves impostas a recalcitrantes é a “lista negra”, a proibição da citação de seu nome em qualquer veículo. O sujeito “morre”, desaparece.

      Em um modelo competitivo de mídia, essas idiossincrasias são superáveis, permitindo a diversificação de pensamento.

      De fato, o fim da guerra fria – no caso brasileiro, o fim da ditadura e o pacto das diretas – produziu um universo relativamente diversificado de personalidades, entre jornalistas, intelectuais, empresários, artistas e celebridades em geral, bom para o pluralismo e para o jornalismo, ruim para as estratégias políticas da mídia.

      Montado o pacto, o primeiro passo foi homogeneizar o universo midiático, acabando com o contraditório.

      ***

      Nos Estados Unidos, a estratégia de Rupert Murdoch foi criar um inimigo externo, que substituísse os antigos personagens da Guerra Fria. Os atentados às Torres Gemeas vieram a calhar. E calar eventuais vozes independentes, de jornalistas, com ataques desqualificadores, para impedir o exercício do contraponto.

      A estratégia brasileira imitou esse modelo, criando fantasmas bolivarianos, ameaças ficcionais à democracia e ataques desqualificadores aos críticos.

      O fuzilamento de recalcitrantes baseou-se em um modelo retratado no filme “The Crusader” que, no Brasil, recebeu o nome de “O Poder da Mídia” – dirigido por Bryan Goeres, tendo no elenco, entre outros, Andrew McCarthy e Michael York. É de 2004.

      Narra a história de uma disputa no mercado de telecomunicações, no qual o dono da rede de televisão é cooptado por um dos lados. A estratégia consistiu em pegar um repórter medíocre e turbiná-lo com vários dossiês até transformá-lo em uma celebridade. Tornando-se celebridade, o novo poder era utilizado nas manobras do grupo.

      Por aqui o modelo foi testado com um colunista de temas culturais, Diogo Mainardi. Sem conhecimentos maiores do mundo político e empresarial, foi alimentado com dossiês, liberdade para ofender, agredir e, adicionalmente, tornar-se protagonista nas disputas do banqueiro Daniel Dantas em torno das teles brasileiras.

      Lançado seu livro, os jornais seguiram o script de “construir” uma reputação da noite para o dia e alça-lo à condição de celebridade. O ápice foi uma resenha do Estadão  comparando-o a Carlos Lacerda e um perfil na Veja tratando-o como “o guru do Leblon”. Tornaram-se peças antológicas do ridículo desses tempos de trevas.

      Foi usado e jogado fora, quando não mais necessário. Seus ataques a vários jornalistas serviram de álibi para as organizações fazerem o expurgo e montarem a grande noite de São Bartolomeu da mídia.

      ***

      A segunda parte do jogo foi a reconstrução do Olimpo midiático com uma nova fauna, que se dispusesse a preencher os requisitos exigidos, de total adesão à estratégia do cartel. Não bastava apenas a crítica contra o governo e o partido adversário. Tinha que se alinhar com o preconceito, a intolerância, expelir ódio por todos os poros, tratar cada pessoa que ousasse pensar diferente como inimigo a ser destruído.

      Vários candidatos se apresentaram para atender à nova demanda. De repente, doces produtores musicais, esquecidos no mundo midiático, transformaram-se em colunistas políticos vociferantes e voltaram a ganhar os holofotes da mídia; intelectuais sem peso no seu meio tornaram-se fontes em permanente disponibilidade repetindo os mesmos mantras; humoristas ganharam programas especiais e roqueiros espaço em troca das catilinárias. Dessa fauna caricata se exigia a lealdade absoluta, a capacidade de exercitar a palavra “canalha” para se referir a adversários e nenhum pudor para repetir os mantras ideológicos das senhoras de Santana.

      ***

      Mas a parte que interessa agora – para entender a ação que me move o diretor da Globo Ali Kamel – foi o papel desempenhado por diretores de redação com ambições intelectuais.

      Com autorização para matar e para criar a nova elite de celebridades midiáticas, ambicionaram não apenas o poder midiático, mas julgaram que eles próprios poderiam cavalgar a onda e ocupar o posto de liderança da nova intelectualidade que a mídia pretendia forjar a golpes de machado. Eles construíam o novo Olimpo e se candidatavam ao posto de profetas, assumindo outro Olimpo – o do mundo intelectual – que estava a léguas de distância de sua capacidade.

      Montaram um acordo com a editora Record e, de repente, todos se tornaram pensadores e escritores. Cada lançamento recebia cobertura intensiva de todos os veículos do cartel, páginas na Veja e na Época, resenhas na Folha, Globo e Estadão, entrevistas na Globonews e no programa do Jô.

      Durante algum tempo, o mundo intelectual tupiniquim testemunhou um dos capítulos mais vexaminosos de auto-louvação, uma troca de elogios e de favores indecente, sem limite, que empurrou a grande mídia brasileira para o provincianismo mais rotundo.

      Diretor da Veja, Mário Sabino lançou um romance que mereceu uma crítica louvaminhas na própria Veja, escrita por um seu subordinado e campanhas de outdoor em ônibus bancada pela própria Record – que disseminava a lenda de que o livro estaria sendo recebido de forma consagradora em vários países. O livro de Kamel foi saudado pela revista Época, do mesmo grupo Globo, como um dos dez mais importantes da década.

      Coube à blogosfera desmascarar aquele ridículo atroz, denunciando a manipulação da lista dos livros mais vendidos de Veja, por Sabino, para que sua obra prima pudesse entrar (http://migre.me/o8OmT). E revelando total ausência das supostas edições estrangeiras de Sabino na mais afamada e global livraria virtual, a Amazon.

      Na ação que me move, um dos pontos realçados por Kamel foi o fato de ter colocado em meu blog um vídeo com a música “O cordão dos puxa sacos”, para mostrar o que pensava da lista dos livros mais relevantes da década da revista Época.

      ***

      Graças à democratização trazida pelas redes sociais, os neo-intelectuais não resistiram à exposição de suas fraquezas. Voltaram para o limbo da subcultura midiática.

      Kamel conformou-se com seu papel de todo-poderoso da Globo, mas com atuação restrita aos bastidores, onde seus subordinados são obrigados a aceitar seu brilho e acatar suas orientações; Sabino desistiu da carreira de candidato ao Nobel de literatura.

      Derrotados no campo jornalístico, no mano-a-mano das disputas intelectuais, recorreram ao poder das suas empresas para tentar vencer no tapetão das ações judiciais, tanto Kamel quanto Sabino, Mainardi, Eurípides.

      Ao esconder-se nas barras da saia das suas corporações, passaram a ideia clara sobre a dimensão dos homens públicos que eram, quando despidos das armaduras corporativas.

       

       

  6. SEGUE A VALSA: MORO, JANOT E FACHIN NO “BAILE” DO “ACORDÃO”

    SEGUE A VALSA: MORO, JANOT E FACHIN NO “BAILE” DO “ACORDÃO” VOL. 2

    Por Romulus & Núcleo Duro

    Como temos registrado no blog, houve nos últimos dias muitas “piscadelas”, de um lado, e “exibição de músculo”, do outro, entre os diferentes atores do “baile” do acordão possível. E segue a valsa!

    Eis a atualização com os fatos desta semana. Incluindo: TSE, Henrique Alves, denúncia de Temer ao STF pelo PGR e… Forças Armadas (!).

     

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